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A cidade do fantástico, do assombro e do sobrenatural. A capital pernambucana guarda histórias lendárias do imaginário popular, que se perpetuam e são contadas por gerações há décadas. Quem é do Recife já ouviu relatos de lendas como a Perna Cabeluda, da Emparedada da Rua Nova, do Papa-figo e da Velhinha da Caxangá. Essas são apenas algumas das histórias que povoam o imaginário assombrado do povo.

Foi a partir dessa ‘verdade’ popular de contos e de assombros que o cineasta pernambucano Adriano Portela adentrou o mundo do sobrenatural. Agora, após realizar vários curtas, o diretor está preparando o seu primeiro longa, que recentemente foi submetido ao edital da Ancine e contemplado com o incentivo financeiro para realização. Encerrando a minissérie de reportagens Terror Pernambucano, do Portal LeiaJá, fomos conversar com o diretor.

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De acordo com o também escritor, o filme Recife Assombrado, que conta com a produção da ViuCine, vai surpreender o público com a mistura de documentário com ficção, levando o sobrenatural de várias lendas pernambucanas para a telona. 

“O filme vai apresentar a história de um personagem central que vivencia uma situação inusitada e, a partir disso, começar a investigar alguns relatos ligados às assombrações do Recife. Com isso, ele vai tentar descobrir e responder por que a capital pernambucana é a mais assombrada do Brasil”, adianta.

Dando o pontapé nas gravações do seu primeiro longa de terror, Portela revela que a opção de trabalhar a temática do  sobrenatural não foi à toa. Em entrevista ao Portal LeiaJá, o cineasta conta que já existe muito material documentado, como vídeo-reportagem, trabalhos e livros que retratam o assunto o que, de certa forma, o motivou para dar continuidade aos estudos. 

"Além de ser um tema que tenho muita afinidade, há várias lendas populares contadas por várias gerações, como O Esqueleto e a Emparedada da Rua Nova, que já estão catalogadas e que agora serão resgatadas para deixar na história", diz Adriano. 

Mesmo sendo o primeiro longa, o escritor Adriano afirma que a temática o acompanha há mais de dez anos. “É um universo que permeio e que eu trago desde a época que eu comecei a trabalhar com cinema. Todos os curtas que eu produzo com possui a temática do assombro, do mito e da lenda", lembra o escritor. Assista à entrevista com o diretor:

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Trilhando a mesma batalha dos demais cineastas, Portela conta com a colaboração da família, amigos e recursos pessoais, que já proporcionaram, durante esses dez anos de atuação, sete trabalhos e premiações. Entre os curtas já lançados estão: Prenúncio, selecionado para o Festival de Cinema Fantástico de São Paulo; Reverso, vencedor do prêmio Agora Curta, da Rede Globo Nordeste; Menina Sem Nome, finalista do festival da UFRJ; Um passo à frente e Ponto de Remendo, curta selecionado e exibido no FestCine 2015.  

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Conhecido pelas produções colaborativas, o cinema pernambucano traz na história um legado de produções de ‘guerrilha’. Pela escassez de incentivos público e principalmente privado, a maioria dos cineastas, ou praticamente todos, já viveu ou vivenciou a luta de fazer cinema, na qual, muitas vezes, a criatividade tem que ir além dos recursos existentes. 

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Para apresentar o cenário cinematográfico de terror em Pernambuco, o Portal LeiaJá conversou com o cineasta pernambucano Lula Magalhães. O diretor, que assume um viés mais ácido nas suas produções, trava um caminho tortuoso do ‘cinema de guerrilha’, como falta de incentivos e preconceito.

Segundo Magalhães, que trabalha com a temática, efetivamente, há dois anos, não é fácil. “Fazer cinema como eu faço é muito difícil, considero que é e um sacrifício enorme! O terror é um gênero que tem um preconceito grande e ainda vai permear muitas barreiras nos próximos anos”, fala, descontente descontente.

Para Lula, entre os vários desafios, dois assumem mais destaque: “A dificuldade financeira e a colaboração são as principais. Afinal, não é fácil você encontrar pessoas que pensam da mesma forma que você, que estão dispostas a abraçar um cinema de guerrilha, na maioria das vezes sem investimento nenhum”, desabafa o diretor, que mesmo com pouco tempo de estrada soma uma experiência extensa de sonhos e batalhas.


Durante entrevista ao Portal LeiaJá, o diretor relata quando começou o desejo de fazer cinema. “Na realidade, sempre quis fazer filme, desde os 18 anos, porém, migrei para o ramo da administração, lecionei e durante esse período, por quase dez anos, me capitalizei e iniciei a produção. Muitas pessoas economizam dinheiro para comprar uma casa, um carro, mas eu preferi arrecadar R$ 25 mil para fazer os meus dois filmes”, conta, satisfeito.

Com essa realidade, o diretor Magalhães desabafa e revela que, muitas vezes, a desmotivação é inevitável com a situação. “Algumas vezes você quer produzir algo, mas infelizmente está tolhido e sobrecarregado, pelas dificuldades. E é nesse momento que você tem que ser um ‘canivete suíço’, ter conhecimento, fazer e controlar tudo e acaba desanimando. É difícil fazer isso, mas para o cinema que eu faço é indispensável”, fala descontente.

Além dos desafios elencados, ele exalta o preconceito quanto ao gênero e defende seus trabalhos como produções que retratam a violência banalizada. Assista à entrevista no vídeo:

Mesmo com os percalços, Lula diz que a principal recompensa é poder ver as suas produções sendo exibidas em festivais locais e nacionais. O cineasta tem três filmes finalizados: Mandala Night Club, Invasor e Indutor. 

Mandala Night Club:  No submundo da prostituição na cidade de Recife, um estranho sujeito contrata uma cafetã para recrutar garotas de programa e um michê para realizar uma grotesca tarefa. O trabalho foi selecionado para os Grotesc O Vision (Curitiba - PR), Cine de Bordas do Itaú Cultural (São Paulo - SP), Festival Boca do Inferno (São Paulo - SP), Festival Cultural Mondo Estronho (Curitiba - PR) e Cine Jardim (Belo Jardim - PE).

Invasor:  Uma mulher é vítima de um estupro seguido de morte. Um médico se apodera do corpo dela para realizar uma experiência tecnológica de ressurreição, ao passo que mantém o agressor e assassino sendo torturado na mão de três sádicas. O trabalho foi selecionado para a Mostra Monstro (São Paulo - SP), Festival de Cinema de Caruaru (Caruaru - PE), Festival Cultural Mondo Estronho (Curitiba - PR), Zine Zombie Internacional Festival (Bogotá - COL), Fantaspoa (Porto Alegre - RS) e Cine Fantasy (São Paulo - SP).

Indutor: Uma misteriosa mulher (Heloysa Nunes) carrega um passado de sofrimento e mantém um homem em um cativeiro para realizar uma estranha vingança que mistura sensualidade, fotografias e muita violência. Seleção no Festival Mondo Estronho (Curitiba - PR).

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Um sonho criado a partir da paixão pelo cinema de terror. Foi assim que o grupo intitulado Toca o Terror ganhou forma abriu espaço para as produções gênero através de mostras de curtas e longas. Formado em 2012, o Toca, como é chamado carinhosamente pelos integrantes, está crescendo e destacando nos últimos anos. O grupo abre a minissérie do LeiaJá sobre o terror pernambucano.

Os amantes do terror, que começaram o grupo com a produção de um podcast e um blog, tiveram uma grata surpresa com o crescimento da ideia. Nos últimos três anos, eles trilharam e conquistaram outros feitos: o primeiro, a realização do Festival Medonho, dedicado a filmes de terror; outro, o Cineclube Toca o Terror, que esteve recentemente na programação do Festival de Inverno de Garanhuns; e o mais recente, o lançamento primeira produção, passando de críticos e exibidores a realizadores.

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Segundo o jornalista e produtor cultural Jamerson de Lima, a ideia de criar o Toca o Terror surgiu de forma despretensiosa. “Na realidade reunimos amigos que tinham o interesse pela temática e começamos a produzir conteúdos que falavam sobre zumbis, monstros e inúmeros temas ligados ao terror. A partir daí, tivemos a iniciativa de gravar podcasts, criar o blog e traçar novas oportunidades no cenário que escolhemos”, lembra, em conversa com o LeiaJá.


De acordo com Osvaldo Neto, uma das conquistas mais relevantes do projeto foi a exibição de filmes do gênero na capital pernambucana. “Muitos momentos foram indispensáveis para o Toca, mas a exibição de filmes, através de mostras, indiscutivelmente, foi uma das mais importantes porque ganhou notoriedade e espaço em grandes festivais como o Janela Internacional de Cinema e o Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), nos quais fomos convidados a participar”, conta.

Atualmente, o Toca o Terror mantém dois projetos: o Cine Clube, com exibições mensais no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM) e o Medonho, festival que acontece anualmente no Cine Majestick, na Boa Vista. Para Jota Bosco, outro integrante do Toca, “Graças aos projetos, as pessoas já conseguem enxergar a possibilidade fazer filme de terror, mesmo tendo que ser um pouco ‘MacGyver’, devido à pouca grana e, além disso, ter que assumir o cinema de guerrilha, com uma câmera na mão, muitas ideias e amigos”, fala, satisfeito.

Foi a partir dessa percepção que o Toca o Terror lançou o seu primeiro trabalho roteirizado e produzido pela própria equipe, Domingos. O curta metragem, de 12 minutos, lançado em 2015, conta a história de um rapaz que tem uma vida rotineira, mas que durante uma noite é surpreendido com a visita da colega de trabalho Rosinha, que acaba descobrindo que Domingos possui um segredo terrível.

Para fazer o filme, o Toca contou com a colaboração financeira de amigos, que foi capitalizada através de uma plataforma de Crowdfunding, no qual o grupo conseguiu arrecadar pouco mais de R$ 6 mil para produção e finalização do curta. “Preferimos recorrer à colaboração dos amigos e conhecidos. Até porque, se fossemos atrás de incentivos, com toda a certeza, iria demorar bastante e correria o risco de nem começar”, enfatiza Bosco, que não descarta a possibilidade de fazer um longa nos próximos anos.

Ainda em entrevista ao Portal LeiaJá, Jota destacou o crescimento da produção cinematográfica do gênero, porém apontou também que ainda há muito preconceito dos trabalhos nacionais e locais. Assista à entrevista em vídeo:

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A produção de cinema é Pernambuco já possui uma marca forte em várias regiões do Brasil e até fora do País. A colaboração, a falta de recursos e a criatividade dão forma ao cinema de guerrilha que está arraigado nas produções cinematográficas pernambucanas.

Essa realidade não é diferente do gênero de terror em Pernambuco, podendo ser até mais evidente, uma vez que o estilo ainda é incipiente na região. Com a dificuldade, é impossível não lembrar do cineasta Glauber Rocha, que dizia: “Um filme é feito com uma câmera na mão e uma ideia na cabeça” e é citado inúmeras vezes pelos diretores pernambucanos, que lutam contra a escassez de incentivos e até mesmo o preconceito. 

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Nesta quinta-feira (1º), o Portal LeiaJá publica uma minissérie de reportagens sobre o cenário cinematográfico de terror de Pernambuco e com os cineastas que abraçam o gênero em suas produções. A temática que aborda o fantástico, o assombro e o terror mais ácido são alguns dos estilos apresentados.

Adentrando nesses cenários, estão em destaque o grupo Toca o Terror, que surgiu a partir da produção de podcasts sobre filmes do gênero e atualmente está produzindo filmes; o cineasta Adriano Portela, que já fez curtas-metragens sobre o tema e se prepara para lançar Recife Assombrado, seu primeiro longa; e Lula Magalhães, que faz seus filmes usando recursos próprios, na garagem de casa. Cada um lança uma abordagem distinta, seja focando em assombrações, seja buscando o terror mais ácido, mas todos fazem parte da consolidação da produção do gênero terror em Pernambuco.

Confira as reportagens sobre o Terror Pernambucano:

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