Um relatório de 15 páginas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) aponta que o dono das lojas Havan, Luciano Hang, é suspeito de diversos crimes como agiotagem, contrabando, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. Presente em investigações desde a década de 90, ele é um dos principais financiadores da ideologia bolsonarista e tem o nome ligado ao ‘gabinete do ódio’.
As informações da Abin publicadas pelo Uol destacam as pendências judiciais do empresário conhecido por seu terno verde e amarelo. Em 1999, Hang foi autuado pelo Ministério Público Federal (MPF) por lavagem de dinheiro, remessa de dinheiro de origem ilegal ou duvidosa, sonegação fiscal, contrabando de importados e evasão de divisas. Na época, ele teria usado o "primo Nilton Hang como testa de ferro".
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"Sempre expandindo os negócios, sem sócios, sem investidores, sem endividamento e muitas vezes parecendo possuir uma fonte oculta de recursos, que não se explicaria apenas por sonegação fiscal e contrabando de artigos importados para lojas", enfatiza o documento.
O empreendedor que defende o patriotismo - mas crava pequenas réplicas da estátua da Liberdade norte-americana em seus estabelecimentos - chegou a ser condenado em 2003 há cerca de quatro anos de prisão por "sonegação de contribuições previdenciárias" e multado em R$ 10 milhões.
Influência nos bastidores do Governo Federal
Além dos crimes investigados pelo empresário que se popularizou como "Véio da Havan", o relatório elaborado em julho do ano passado revela que ele reuniu 62 empresários ligados à comunidade judaica em agosto de 2018 para um café da manhã em apoio à campanha do seu candidato à Presidência, Jair Bolsonaro.
Dentre os convidados, o empresário Meyer Negri e seu 'afilhado' Fábio Wajngarten, que posteriormente foi contratado como secretário-executivo da Secretaria de Comunicação Social da Presidência.
“Meyer Negri teria tido influência na indicação de Wajngarten para a Secom e Ricardo Salles para o Ministério do Meio Ambiente”, levantou a Agência.
Baú da felicidade
O proprietário e apresentador do SBT Silvio Santos também surge nas investigações como uma pessoa próxima a Hang e dos integrantes mais influentes da comunidade judaica.
“Luciano Hang é desde 2019, primeiro ano do governo do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido), o maior patrocinador privado do SBT, mantendo parte da tarde de domingo, considerado horário nobre na televisão, com programa exclusivo patrocinado pela Havan”, reforça.
Gabinete do ódio
Cotado para os próximos depoimentos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, Luciano Hang também é indicado como financiador do 'gabinete do ódio' – núcleo virtual responsável por dissipar fake news contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e adversários políticos de Bolsonaro desde as eleições de 2018, sobretudo no WhatsApp. Ele chegou a ter os sigilos bancário e telefônico quebrados no inquérito.
Os advogados do empresário rebatem o relatório da Abin e classificaram o documento como "fake news", já que o material seria sigiloso. A assessoria jurídica do dono da Havan ainda ameaçou processar veículos de comunicação e jornalistas que publicarem a informação.