O financiamento de empresas a candidatos está proibido. Diante disto, como ocorrerá a eleição municipal de 2016? A Antropologia política brasileira decifra satisfatoriamente a dinâmica eleitoral. Destaco duas obras antropológicas. O cotidiano da política, Karina Kuschnir. E Política e eleições no sertão de Pernambuco – O povo em armas, Jorge Vilela. Ambas as obras conduzem a possíveis respostas para a indagação apresentada.
O uso da estatística para a compreensão da relação financiamento eleitoral e desempenho dos candidatos é necessário. Mas não satisfatório. Diversos estudos da Ciência Política brasileira que abordam o financiamento das campanhas eleitorais decifram apenas a ponta do iceberg. O Escândalo do Mensalão e a Operação Lava-Jato mostraram isto. O financiamento das campanhas eleitorais vai além dos dados declarados. A Antropologia política vai além, pois decifra o cotidiano da política brasileira.
As eleições no Brasil são financiadas de modo formal e informal. O financiamento formal é o declarado. O informal é o não declarado, mas não necessariamente ilícito. Quando candidatos utilizam do voto de estrutura para conquistar eleitores, ele faz uso do financiamento informal. Portanto, dar ou prometer um emprego ao eleitor, financiar festas de Carnaval ou de São João, patrocinar bingos, remunerar lideranças políticas através da concessão de cargos em ambientes diversos. Estes são exemplos do financiamento informal da campanha.
Na dinâmica da campanha eleitoral, a conquista do voto requer ações além das estratégias de comunicação. Isto não significa que as estratégias de comunicação não sejam importantes. Mas, a depender do perfil do candidato ou do município, o voto de estrutura é necessário. Na disputa legislativa, diversos candidatos fazem uso, exclusivamente, do voto de estrutura.
Independente do fim do financiamento empresarial das campanhas eleitorais, o financiamento eleitoral informal continuará a existir. Entretanto, o Marketing Político tradicional realizado em médias e grandes cidades tende a sofrer perda de recurso financeiro, pois ele tem grandioso custo. Portanto, a eleição municipal deste ano requererá voto de estrutura, antecipação da campanha e estratégia. Os candidatos “sem estrutura” que desejam vencer a eleição precisarão antecipar a campanha e construir estratégia de comunicação eficiente.