Nascida no povoado de Ferreiros, Agreste de Pernambuco, Severina Paiva, mais conhecida como dona Sevi, é moradora do Morro da Conceição há 75 anos, sempre teve uma enorme admiração pelo lugar que cresceu. “Cheguei aqui muito jovem e sempre procurei conversar com as pessoas sobre os problemas que o morro enfrentava”. Naquela época, não havia água encanada, saneamento básico e toda estrutura física que os outros bairros possuíam.
Apenas em 1974, quando dom Helder Câmara era Arcebispo de Olinda e Recife, foi que - ao criar o ‘movimento de evangelização’ – a situação do Morro da Conceição começou a mudar. “Ele criou o movimento de evangelização ‘encontro de irmãos’ e este movimento foi a forma de as pessoas se encontrarem e conversarem sobre os nossos direitos e deveres. Nós tínhamos que buscar água em Casa Amarela, Córrego do Euclides para levar para o Morro da Conceição”.
##RECOMENDA##Em 8 de dezembro de 1904, com a comemoração do 50º aniversário do dogma da Imaculada Conceição, foi construída uma imagem da Santa, vinda da França de navio. Medindo aproximadamente 5 metros de altura e pesando cerca de 1800 kg. A Escultura encontrada no morro é a mesma desde quando foi feita, sendo apenas restaurada no ano de 2004 mas, nunca foi retirada do local.
A imagem vista é a de Maria vestida de branco, envolvida em um manto azul, de pé sobre o globo terrestre, com as mãos unidas em oração e uma cobra sendo esmagada pelos pés, para simbolizar a mulher que é pura do pecado.
Há cerca de 20 anos, dona Sevi começou a reunir essas histórias e com a ajuda dos moradores, teve a ideia de fazer um livro que contasse como o morro surgiu correlacionando com a história da Igreja da Imaculada Conceição. “Eles me contavam sobre a chegada da imagem da Santa e tive a ideia de ir escrevendo em pedacinhos de papel tudo que me relatavam” disse ela. Muitos dos relatos são de pessoas que foram morar lá por acreditarem que o lugar era abençoado.
O primeiro milagre na vida de Dona Severina
Devota de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, desde pequena, Dona Sevi sempre depositou muita fé na Santa. Ela conta que sua primeira graça aconteceu quando sua filha Conceição – nome que deu em homenagem à Santa – saiu de casa sem que ela percebesse. “Ao voltar pra casa, percebi que ela não estava e fiquei desesperada. Na mesma hora me virei pra imagem de Nossa Senhora e clamei para que ela intercedesse por mim.” A criança foi encontrada por uma vizinha, já próximo à antiga Estrada do Bartolomeu.