Tópicos | 25 de julho

Instituído em 1992 ao longo do 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, realizado na República Dominicana, o 25 de julho é lembrado como o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Para celebrar a data, nesta quinta-feira (25), às 17h30, na Praça da República, região central de São Paulo, a Marcha das Mulheres Negras. Este ano, o evento terá como tema o título "Sem violência. Sem racismo. Sem discriminação. Sem fome. Com dignidade, educação, trabalho, aposentadoria e saúde".

Presente em números significativos quando temas de vulnerabilidade são abordados em pesquisas, a mulher negra brasileira segue sendo destaque desfavorável nos assuntos como inclusão no mercado de trabalho, disparidade salarial, condições de trabalho e desemprego. Estes estudos também continuam mostrando números altos relacionados à taxa de homicídios. Segundo a análise do Atlas da Violência do ano passado, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a quantidade de homicídios de mulheres negras ficou em 5,3 a cada 100 mil habitantes. Entre mulheres não negras, esse número é de 3,1 a cada 100 mil habitantes, o que mostra diferença de 71%.

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Sobre emprego, dados do Ipea apresentam que mulheres negras correm 50% mais riscos de ficarem desempregadas. De acordo com a pesquisa, enquanto o desemprego entre mulheres negras foi 80% a mais em relação aos dados de 2014/2015, entre homens brancos o aumento foi de 4,6%. Já entre os homens negros, o crescimento foi de 7%.

Mais dados

Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 39,8% de mulheres negras têm que submeter-se a situações precárias de trabalho. Neste levantamento, homens negros são 31,6%; mulheres brancas, 26,9%; e homens brancos, 20,6% do total.

A desigualdade se mantém mesmo quando se é levada em consideração a conclusão do ensino superior. Segundo o estudo "O Desafio da Inclusão", de 2017, efetuado pelo Instituto Locomotiva, a remuneração de uma mulher negra com diploma é de R$ 2,9 mil em média. No mesmo contexto, o salário de uma mulher branca é R$ 3,8 mil.

Pensando em mulheres negras importantes para a história do país, quantos nomes de escritoras, artistas plásticas e acadêmicas surgem facilmente na memória? Certamente poucas. Isso se deve ao escasso e difícil acesso que essas mulheres têm de ascender social e economicamente, em decorrência da estrutura racista que permanece muito viva no Brasil. No entanto, essas mulheres existem, deixaram e continuam deixando importantes legados para a cultura e ciência em nosso país. Confira 5 mulheres negras que superaram as adversidades e tornaram-se importantes nomes em suas áreas de atuação.

Carolina Aria de Jesus

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A incrível história da escritora que catava pedaços de papel no lixo para escrever seus diários, tornou-se livro e ganhou o mundo. Carolina de Jesus é uma mulher negra que viveu na periferia de São Paulo e escreveu sobre as alegrias e agruras de sua condição periférica.

Seu primeiro livro, derivado de seus diários, Quarto de Despejo, fala sobre sua origem humilde e de como é ser mulher e negra no Brasil dos anos 60. Carolina foi traduzida para 13 idiomas e seu livro roda o mundo sendo vendido em mais de 40 países.

Yêdamaria

Artista plástica nascida em Salvador, Yêdamaria estudou na Universidade federal da Bahia - UFBA e utilizava técnicas variadas em suas obras como litografia, gravuras e colagens. Suas obras têm um ar bucólico e delicado em que ela busca retratar cenas cotidianas como mesas de café da manhã ou paisagens marítimas.

No início dos anos 80, conclui seu mestrado na Universidade de Illinois (EUA) e volta com uma perspectiva mais voltada para as questões étnico-raciais em seus trabalhos.

Claudete Alves

Apesar de representarem 25% da população brasileira, o número de mulheres negras nas universidades ainda é tímido. Apesar disso, Claudete Alves venceu as adversidades e conquistou esse espaço tão almejado. Mestra em Ciências Sociais pela PUC - SP, tem como fruto de sua caminhada acadêmica o livro “Virou regra?”.

Na obra, Claudete questiona as relações amorosas inter-raciais e escancara a realidade fria apresentada pelos número do IPEA (2013), que confirmam que a maioria das famílias brasileiras são chefiadas por mulheres negras solteiras, e portanto, sós. A mestra desvela a temática da solidão da mulher negra e as razões pelas quais ocorre o preterimento destas, nas relações amorosas no Brasil.

Goya Lopes

Estilista baiana, Goya formou-se na escola de Belas Artes pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e fez especialização em Design, Expressão e Comunicação Visual pela Universitá Internazionale Dell’ Arte di Firenze, na Itália.

Trabalhando com estamparias africanas, Goya traz em seus trabalhos a ancestralidade negra como eixo norteador. Atualmente tem uma loja no bairro do Rio Vermelho na orla marítima de Salvador - BA.

Conceição Evaristo

Ativista do movimento negro desde os anos 80, Conceição Evaristo, assim como Carolina de Jesus vem de uma realidade de privações e pobreza de uma periferia, mas, assim como Carolina, a leitura foi um refúgio para suas angústias.

Seu interesse pela literatura firmou o caminho que em 2015 a levaria ao Prêmio Jabuti com o livro Olhos D’água.

O '25 de julho' - A data surgiu em 1992 quando o 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas foi realizado na República Domenicana para discutir as condições sociais das mulheres negras nos países latinos e no Caribe. O evento culminou com a criação da Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas e o 25 de julho sendo instituído em homenagem às mulheres negras latinas e caribenhas.

No Brasil, a ex-presidenta Dilma Rousseff sancionou a Lei nº 12.987/2014 que instituiu o Dia Nacional de Tereza de Benguela - líder quilombola revolucionária na luta anti-racista e escravagista - como um símbolo da luta das mulheres negras contra a opressão racista.

Dia 25 de julho é comemorado o Dia Nacional do Escritor e no Recife não poderia ser diferente. Para celebrar a data, eventos e atividades estão sendo realizadas nesta quarta-feira (25) na cidade. Os 25 Poemas da Triste Alegria, considerado o "livro desconhecido" do poeta Carlos Drummond de Andrade, que escreveu a obra em 1924, ganha representação literária na biblioteca do Sesc Piedade, em Jaboatão dos Guararapes. O texto será apresentado pelo ator Almir Martinas às 15h. A publicação tem lançamento ainda este mês.

O Sesc Santa Rita também entra no clima de comemoração com a realização do projeto Intervenções Poéticas, que recebe os artistas pernambucanos Chico Pedrosa e Kerlle Magalhães para apresentações de recitais, performances e outras atividades ligadas à poesia. Os dois eventos tem acesso gratuito.

Já a União Brasileira do Escritores (UBE) festeja a passagem da data nesta quinta-feira (26). Na ocasião, será lançada a nona edição da revista União pelas Letras, além da admissão do escritor Olímpio Bonald Neto na Ordem do Mérito Literário Jorge de Albuquerque Coelho. O evento acontece na sede da UBE, na Casa Rosada da Rua Santana, em Casa Forte. O local está sendo restaurado e terá espaço destinado ao Parque de Esculturas Abelardo da Hora, que já tem inauguração na ocasião. O acervo do parque abriga esculturas como O beijo, de Abelardo da Hora, Pássaro, de Francisco Brennand, Vaqueiro de Couro, de Sávio Araújo, além de outras peças esculpidas por Corbiniano Lins e Tina Cunha.

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