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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou os golpistas que depredaram prédios públicos na capital de "aloprados" e disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro não quer aceitar a derrota na eleição. Três dias após os prédios dos Três Poderes serem invadidos, o petista se reuniu com deputados e senadores para receber, em um ato simbólico, o decreto de intervenção na segurança pública do Distrito Federal aprovado pelo Congresso.

"Lamentavelmente, o presidente que deixou o poder no dia 31 não quer reconhecer a derrota. Ainda hoje eu vi declarações dele não reconhecendo a derrota. Ou seja, eu só posso considerar um grupo de aloprados, um grupo de gente com pouco senso de ridículo", disse Lula na reunião com os parlamentares.

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Na noite desta terça, 10, Bolsonaro compartilhou um vídeo com questionamentos ao resultado eleitoral, mas apagou a publicação mais de três horas depois. O vídeo mostra trecho de uma entrevista em que o procurador Felipe Gimenez, do Mato Grosso do Sul, defende que a eleição de Lula foi fraudada e que o voto eletrônico não é confiável, o que é falso.

A teoria conspiratória de fraude eleitoral estimulou os golpistas a invadirem e depredarem as sedes do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF) no último domingo, 8.

No dia da invasão, Bolsonaro escreveu no Twitter que depredações e invasões de prédios públicos "fogem à regra" e criticou manifestações da esquerda. "Ao longo do meu mandato, sempre estive dentro das quatro linhas da Constituição respeitando e defendendo as leis, a democracia, a transparência e a nossa sagrada liberdade", disse o ex-presidente.

Lula afirmou nesta quarta, 11, na reunião com os deputados e senadores, que em pouquíssimos momentos da história do País o resultado eleitoral foi questionado. "O que aconteceu aqui, eu até não gostaria de pensar em golpe, eu até gostaria de pensar numa coisa menor, quem sabe um grupo de pessoas alopradas que ainda não entenderam que a eleição acabou, que ainda não querem aceitar que a urna eletrônica é possivelmente o modelo eleitoral mais perfeito que a gente tem em todo os países do mundo", emendou.

O presidente também citou a ação do PL, partido de Bolsonaro, na Justiça para tentar invalidar os votos de determinadas urnas eletrônicas, com alegações infundadas de erro nos equipamentos. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, refutou os argumentos e estabeleceu uma multa de R$ 22,9 bilhões à legenda por má-fé.

"Mesmo assim, tem gente que quando conta a primeira mentira não consegue mais parar de mentir porque é preciso justificar a primeira mentira para o resto da vida. É isso que está acontecendo neste País", disse Lula.

O petista afirmou que não gostaria de ter feito a intervenção federal no DF, mas que é preciso punir quem não respeita a lei e a ordem democrática. "Todo mundo terá o direito de se defender, a prova da inocência. Mas todo mundo será punido, e eu quero agradecer a vocês por esse gesto", declarou.

Lula também disse que a derrubada de três torres de transmissão de energia no Paraná e em Rondônia será investigada. Segundo o Ministério de Minas e Energia, há indícios de vandalismo e sabotagem na queda, registrada entre a noite de domingo, 8, e a madrugada de segunda-feira, 9. O presidente classificou a derrubada como ato de "bandidos".

Ato simbólico

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) foi ao Planalto entregar pessoalmente a Lula o decreto de intervenção federal no DF acompanhado do vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB). O presidente do Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), acordou indisposto e com sintomas fortes de gripe. Um grupo de senadores e deputados também compareceu ao encontro na sede do Executivo.

A entrega do decreto é mais um ato simbólico das instituições. Na segunda-feira, 9, à noite, Lula andou pela Praça dos Três Poderes ao lado de governadores e representantes do Legislativo e Judiciário. A ideia foi mostrar uma união entre os Poderes frente aos atos antidemocráticos que ocorreram em Brasília no domingo, 8.

Ontem, o Senado aprovou, de forma simbólica, o decreto de intervenção na segurança do Distrito Federal editado por Lula, com votos contrários apenas de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. A medida, que passou segunda-feira na Câmara e vale até 31 de janeiro, foi adotada após golpistas invadirem e depredarem o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF).

"O Congresso Nacional cumpriu seu papel", disse Vital do Rêgo. Lira, por sua vez, afirmou que a aprovação do decreto na Câmara mostrou que "aquele plenário estava de pé repudiando os atos de vandalismo, ofensa às instituições e à democracia brasileira". Lula agradeceu aos parlamentares e disse que o ato "engrandece" e "aumenta a conquista de credibilidade" do Legislativo.

Deputados do PSDB protocolaram hoje pedidos de reabertura do inquérito sobre a suposta compra, por petistas, de um dossiê contra o tucano José Serra em 2006, episódio que ficou conhecido como o caso dos "aloprados". Os pedidos foram feitos à Polícia Federal (PF) e à Procuradoria-Geral da República (PGR).

A oposição quer mais investigações sobre o caso devido à reportagem da revista Veja ter apontado o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, como um dos mentores da compra do suposto dossiê. Segundo a entrevista de um dos envolvidos, Mercadante era um dos responsáveis por arrecadar o dinheiro para realizar a compra das informações.

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Em 2006, a PF apreendeu R$ 1,7 milhão com militantes petistas. O dinheiro seria usado para a compra de informações que poderiam envolver Serra com "a máfia dos sanguessugas", esquema pelo qual se desviavam recursos destinados a compra de ambulâncias. O empresário Luiz Vedoin, apontado como mentor do esquema, negou, posteriormente, o envolvimento de Serra.

O inquérito da PF que apurou a suposta compra das informações foi arquivado por falta de provas. Mercadante nega envolvimento e destaca que a Procuradoria e o Supremo Tribunal Federal (STF) o inocentaram no episódio.

O ex-governador de São Paulo Alberto Goldman (PSDB) escreveu uma mensagem em seu blog onde afirma que nunca teve dúvida de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia da tentativa de compra de um dossiê, em 2006, contra o então candidato do PSDB ao Palácio dos Bandeirantes, José Serra, no episódio que ficou conhecido como "Dossiê dos Aloprados".

"Eu nunca tive dúvidas de que o Lula sabia do que iam fazer. No mínimo, avalizou", afirmou o tucano. "Chamar os companheiros de aloprados era porque, afinal, fizeram mal feito, foram incompetentes", acrescentou, citando termo usado pelo petista, na época, para se referir aos envolvidos no caso.

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No blog, o ex-governador mencionou o nome do ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, na época candidato do PT ao governo de São Paulo. "Sabíamos que o autor intelectual, pelo menos o dirigente que comandou a operação, era o senador Mercadante. Sim, aquele mesmo que passou a vida falando em ética na política", disse.

O tucano ressaltou ainda que os envolvidos no caso "eram petistas partícipes da campanha" do agora ministro. "Agora, um dos partícipes, o bancário Expedito Veloso, confessa, em conversa gravada, publicada pela 'Veja', toda a trama", escreveu Goldman. Em reportagem publicada pela revista Veja em sua última edição, o ministro teve o seu nome envolvido mais uma vez no episódio, ao ser citado em gravação a qual a publicação teve acesso.

Na gravação, o atual secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal, Expedito Veloso, afirma a colegas que o plano do dossiê foi "tocado" pelo núcleo de inteligência do PT, mas com o conhecimento e a autorização de Mercadante. "Será que agora o nosso glorioso Ministério Público Federal encontrará razões para reabrir o processo e finalmente denunciar os culpados?", provocou Goldman.

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