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Membros do Poder Judiciário de Pernambuco participaram, nesta segunda-feira (8), do ato pela democracia realizado em frente ao monumento Tortura Nunca Mais, na rua da Aurora, Centro do Recife. A mobilização ocorre exatamente um ano após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, marcados pela invasão de bolsonaristas radicais à Praça dos Três Poderes, em Brasília. A capital pernambucana foi a primeira cidade do país a realizar o ato, que é unificado e deve ocorrer em outras capitais até o fim do dia.  

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LeiaJá também: ‘Ato no Recife relembra 8 de Janeiro e pede: 'sem anistia'’ 

Na manifestação, integrantes do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) e do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) realizaram discursos em apoio à democracia e em repúdio aos atos golpistas do último ano. O Judiciário, responsável pela prisão e condenação dos participantes nas invasões, tem sido o setor mais atacado pela extrema-direita desde que os manifestantes começaram a ser detidos. 

O ministro do Supremo Alexandre de Moraes, por exemplo, revelou em uma entrevista recente que sua execução estava nos planos dos invasores pertencentes à ala mais radical. Moraes, que possui um histórico de atuação com derrotas ao bolsonarismo, é uma figura marcada por opositores desde o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). 

Até o momento, ⁠65 pessoas continuam presas preventivamente sem terem sido julgadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF); outras oito estão presas já com condenação. Com isso, ao todo, 73 pessoas seguem presas. Desse total, 243 foram presas no dia 8 de janeiro, 1.152 foram para a prisão no dia 9 de janeiro e outras 35 foram presas em operações deflagradas ao longo de 2023. 

Discursos 

Justiça: "Este ato pede que fiquemos vigilantes. Todos nós, que temos a incumbência de defender a democracia. É como diz o pensamento: 'o preço da liberdade é a eterna vigilância'", declarou o desembargador Ulisses Viana, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), citando uma frase do ex-presidente dos Estados Unidos, Thomas Jefferson. 

Ministério Público: "Hoje é dia de reflexão, de se extrair as lições e, unidos, a sociedade civil organizada, poderes públicos, instituições regularmente constituídas e incumbidas de defesa da democracia e da sociedade, a exemplo do Ministério Público, estarmos sempre de mãos dadas e vigilantes, defendendo o nosso bem maior, que é a nossa preciosa democracia. Viva a democracia brasileira”, disse a promotora Deluse Amaral, presidente da Associação do Ministério Público de Pernambuco (AMPPE). 

CAOs/Cidadania: "Esse [a mobilização] é o grande ponto que devemos destacar: a democracia não é uma obra acabada, algo pronto e dado, mas uma construção permanente. E nos últimos anos percebemos a necessidade de estarmos vigilantes para que esta obra siga em pé, rígida, garantindo a todos que, no meio dessa pluralidade, das diferenças, continuemos caminhando para um país que acolha a todos e todas, pretos e brancos, de todas as orientações sexuais, religiões. Só com a articulação permanente entre Estado e sociedade é que conseguiremos deixar isso de pé. O dia 8 de janeiro de 2023 mostrou que estávamos, em muitos aspectos, fragilizados, e que precisamos, mais do que nunca, da memória, da verdade, e da reabilitação das instituições", completou Fabiano Pessoa, coordenador do Centro de Apoio e Defesa da Cidadania (CAOs-Cidadania/MPPE).

 

A capital pernambucana teve, nesta segunda-feira (8), o primeiro ato pela democracia dentro de uma série de atos simbólicos a nível nacional, previstos para este 8 de janeiro. A mobilização "Democracia Inabalada" acontece em repúdio às invasões à Praça dos Três Poderes ocorridas no ano passado, na mesma data. No Recife, o ato foi organizado pela Central Única de Trabalhadores (CUT-PE) e contou com a participação de representantes políticos, do Judiciário, de organizações sociais e sociedade civil. A concentração aconteceu por volta das 9h30, na praça Padre Henrique, ao redor do monumento "Tortura Nunca Mais", que fica na rua da Aurora. 

"A democracia foi duramente atingida [no 8 de janeiro]. Cada banco, cada vidraça, cada ataque desferido à parte material da Praça dos Três Poderes, foi um ataque direto às instituições democráticas deste país. O interesse daquele pessoal era apear o Brasil de um processo democrático. A democracia, com seus problemas, ainda é um dos melhores sistemas de governo, é o mais participativo, e sofreu aquele ataque brutal. Hoje, um ano depois, a gente está repudiando aquele ato e ao mesmo tempo, exaltando a democracia", declarou o secretário de comunicação da CUT, Paulo Ubiratan. 

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“Sem anistia” 

Há exatamente um ano, em 8 de janeiro de 2023, milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. Alinhados à ala mais radical do bolsonarismo, os golpistas, além de insatisfeitos com a eleição e posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - a última, à época, tendo acontecido há uma semana -, também defendiam uma intervenção militar e questionavam o resultado das eleições, bem como a confiabilidade das urnas eletrônicas. 

Os ataques levaram à prisão ao menos 1.430 pessoas no último ano, de acordo com a Suprema Corte. Enquanto oposicionistas ligados ao bolsonarismo defendem que há “punitivismo jurídico” contra os vândalos do 8/1, governistas defendem a atuação do Supremo e cobram que, além dos manifestantes, organizadores e financiadores dos atos antidemocráticos também sejam identificados e punidos 

"Não poderá haver anistia para quem tentou abolir a democracia de forma violenta. Houve a quebra da ruptura institucional, da forma que foi proposta, com devido acolhimento e apoio de setores das Forças Armadas - esses, que também devem ser punidos. Alguns já foram, mas nós precisamos saber quem organizou, quem estava por trás, financiando, quem foram as grandes mentes que produziram aquilo. A punição não deve acontecer porque a CUT quer, nem porque a esquerda quer, mas porque a sociedade democrática de direito não pode permitir esse tipo de coisa sem uma devida punição", continuou Ubiratan, da CUT. 

Além da CUT, que organizou o ato, outras representações sociais estavam presentes. Eram elas a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico (Fenet), Humanitás (Unicap), Centro Dom Hélder Câmara, Unidade Popular (UP), Grito pelos Excluídos e o Movimento dos Trabalhadores Cristãos (MTC-PE). 

"A gente não acha que deve ter anistia porque foram atos graves. Concretizaram, no sentido de querer, de fato, prejudicar democracia. Claro, cada cada caso é um caso, e as pessoas devem ser punidas de acordo com a participação. Embora todos que foram ali são pessoas que atentaram contra a democracia, um ou outro ali era inocente, embalado por por alguém, por uma ideologia, mas ainda assim, ciente do que estava fazendo. A gente espera que o STF continue apurando quem realmente esteve à frente, empresários, financiadores", disse Sandra Gomes, representante do Grito dos Excluídos e das Comunidades Eclesiais de Base, parte do MTC. 

Políticos no ato 

O único político presente no ato pela democracia do Recife foi o deputado estadual e ex-prefeito do Recife João Paulo (PT). Os senadores Teresa Leitão e Humberto Costa, do mesmo partido, enviaram representantes até o local. Como a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) está em recesso até fevereiro, representações típicas dos atos de esquerda na capital, como Dani Portela (Psol) - que está no período final da gestação - e Rosa Amorim (PT), não compareceram ao ato. Alguns políticos são esperados no evento organizado pelo Governo Lula, em Brasília, enquanto outros não confirmaram presença por ainda estarem aproveitando o recesso. 

"É muito importante não deixar essa data morrer. Acho que foi o segundo pior momento que tivemos [para a democracia] no Brasil. A primeira com o golpe militar de 1964, e essa tentativa do ano passado, de 8 de janeiro. Atos como esse que podem avivar a importância da democracia, a importância da liberdade de imprensa, da liberdade democrática, da liberdade das organizações, dos sindicatos, e dos partidos políticos”, disse o deputado João Paulo. 

O petista defendeu a atuação do STF diante dos atos golpistas e relembrou que o período de organização das invasões utilizou as redes sociais como instrumento para a elaboração de um golpe. João Paulo chamou o Supremo de “grande defensor” da Constituição Federal e “até mesmo” da democracia. 

"Foi um momento difícil para a sociedade e os partidos políticos, e também um momento em que a esquerda estava muito acuada. O STF cumpriu um papel importantíssimo na manutenção, eu diria, da democracia e da lei. Não pode haver anistia, até porque anistia viria a partir de quem não cometeu nenhum crime, como foi no período da ditadura militar”, completou. 

Verde e amarelo

Para o professor e catequista recifense Fábio Soares, de 42 anos, usar a camisa da Seleção Brasileira de Futebol, nas cores verde e amarelo, virou um sinônimo de ressignificação e até mesmo descontração nos protestos dos quais participa. As principais cores da bandeira do Brasil, cores que também vestem a seleção, foram apropriadas pelo bolsonarismo desde a campanha de 2018. A polarização através das cores chegou a motivar motes, como o "a nossa bandeira jamais será vermelha", que selou a divisão política entre bolsonaristas e petistas.

"É importante fazer esse ato depois de um ano, porque a gente demonstra que a é a favor da democracia. Hoje mesmo eu vim com a camisa [verde e amarela] e o pessoal até brincou, dizendo que era a camisa do Bolsonaro, mas a camisa do Brasil não pertence a nenhum grupo político, a camisa é de todos. Estava até lembrando do falecimento do grande técnico Zagallo, quando ele disse o famoso “vocês vão ter que me engolir”. Essa frase cai totalmente com o propósito de hoje. Quem não gosta e é contra a democracia, contra o voto democrático ou que é a favor da ditadura, tem que engolir, antes de mais nada, a democracia e o livre-arbítrio”, disse Fábio. 

 

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tornou público o relato de que havia três planos contra ele dentro da organização dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2022, em Brasília. Nesses planos, golpistas revelaram a intenção de prender e enforcar Moraes, e até mesmo de abandonar o corpo do ministro no estado vizinho, Goiás.  

As informações foram divulgadas em uma nova entrevista concedida ao jornal O Globo, nesta quinta-feira (4). Moraes também abordou as críticas às prisões dos participantes na invasão aos Três Poderes, as ameaças à própria família, e a regulamentação das redes sociais. 

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"Eram três planos. O primeiro previa que as Forças Especiais (do Exército) me prenderiam em um domingo e me levariam para Goiânia. No segundo, se livrariam do corpo no meio do caminho para Goiânia. E o terceiro, de uns mais exaltados, defendia que, após o golpe, eu deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes. Para sentir o nível de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição", revelou o magistrado. 

Moraes disse que há um inquérito para investigar o planejamento dessas atividades, com possibilidade de envolvimento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). 

“Houve uma tentativa de planejamento. Inclusive, há outro inquérito que investiga isso, com participação da Abin, que monitorava os meus passos para quando houvesse necessidade de realizar essa prisão”, afirmou. 

Ameaças à família e redes sociais 

Segundo o ministro Alexandre de Moraes, até o momento, não foi preciso aumentar sua segurança particular em virtude das ameaças que surgiram após o 8 de Janeiro. Ele disse ser alvo da "criminalidade organizada" desde 2014, quando assumiu a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. No entanto, a segurança da família do jurista precisou ser reforçada. 

"Esses golpistas são extremamente corajosos virtualmente e muito covardes pessoalmente. Então, chegam muitas ameaças, principalmente contra minhas filhas, porque até nisso eles são misóginos. Preferem ameaçar as meninas e sempre com mensagens de cunho sexual. É um povo doente", declarou. 

E acrescentou, reforçando que a regulamentação das redes sociais estará em foco no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que preside, em 2024. "[As redes] falharam e foram instrumentalizadas no 8 de Janeiro. Proliferaram o discurso de ódio, antidemocrático, permitindo que as pessoas se organizassem para a 'Festa da Selma', que era o nome utilizado (para o 8 de Janeiro)". 

Prisões 

Na entrevista, o ministro foi questionado sobre as prisões feitas no dia 8 de janeiro serem consideradas injustas por parte da população. Sobre isso, Moraes declarou que "nunca viu" alguém preso "achar que sua prisão é justa". "Nenhum desses golpistas defende que alguém que furtou um notebook não possa ser preso. E eles, que atentaram contra a democracia, não podem? Os presos são de classe média, principalmente do interior, e acham que a prisão é só para os pobres. A Justiça tem que ser igual para todos". 

 

O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, ficou nitidamente irritado, nesta terça-feira (26), com os questionamentos da relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA). O ex-auxiliar do governo Bolsonaro é ouvido pela CPMI como testemunha.

Eliziane foi a primeira a questionar o general e ao fazer sua última pergunta, ela o indagou sobre a ida de integrantes dos acampamentos golpistas ao GSI. Heleno tentou minimizar as visitas, justificando ser cortes e não ver problema nisso.

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“Nunca fui ao acampamento, não compartilhava nada sobre o acampamento. Eles não iam lá para compartilhar posições políticas, nada disso, eles iam para tirar fotos, fazer...”, respondeu o general, antes de ficar em silêncio e ser completado por Eliziane: “fazer vídeos sobre ataques à democracia brasileira”.

Para fechar as indagações, a relatora perguntou ainda se Heleno acreditava que houve fraude nas eleições de 2022. "Já tem o resultado das eleições. Já tem um novo presidente da República. Não posso dizer que [as eleições] foram fraudadas. Foram examinadas...", respondeu o general.

Logo em seguida, Eliziane afirmou: "Certo. O senhor mudou de ideia, né?". A relatora deu aí por encerradas suas perguntas, o que exaltou os ânimos do ex-GSI.

"Ela fala as coisas que ela acha que tá na minha cabeça. Po**a é para ficar pu**. Pu** que pariu", esbravejou o general ao se dirigir ao advogado que o acompanhava.

Veja o momento:

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"Ordeiros e pacíficos"

Antes disso, o general Heleno chegou a dizer que os acampamentos eram ordeiros e pacíficos. 

“Eu nunca fui ao acampamento. Não por falta de tempo, mas por falta de condições de participar do que realizavam no acampamento que, pelo que sabia, eram atividades extremamente pacíficas e ordeiras. E nunca considerei o acampamento algo que interessasse à segurança institucional. Sempre achei que era uma manifestação política pacífica”, disse o general.

Diante da afirmação de Augusto Heleno, a relatora da CPMI lembrou que “foi do acampamento que surgiu a ideia de montar uma bomba para explodir um caminhão de combustíveis no aeroporto de Brasília. Foi de lá que os vândalos saíram para quebrar a Praça dos Três poderes”.

O ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), mandou um recado aos envolvidos com os atos golpistas do 8 de janeiro. Nesta terça-feira (5), em publicação no X, antigo Twitter, o ministro disse que o trabalho em defesa da Pátria continua e desejou que ninguém mais queira "rasgar a Constituição". 

Nesta terça, a Polícia Federal (PF) cumpre mais uma fase da Operação Lesa Pátria e mira nos eventuais financiadores das ações que depredaram os prédios dos Três Poderes, em Brasília. Flávio Dino disse que a operação policial na semana do 7 de Setembro é simbólica.

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"Sobre os atos golpistas de 8 de janeiro, Polícia Federal cumpre hoje mais 53 mandados judiciais, com busca e apreensão, além de indisponibilidade de bens. O trabalho continua em defesa da nossa Pátria, em semana tão simbólica. Que nunca mais queiram rasgar a nossa Constituição e destruir o Estado Democrático de Direito", escreveu o ministro.

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A nova investida da PF diante dos atos golpistas de janeiro durante esta semana não é considerada coincidência, mas uma espécie de recado aos bolsonaristas para que não se repitam as ações vistas no início do ano. 

O tenente-coronel André Luis Cruz Correia, ex-segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), estava em um grupo de WhatsApp com militares da ativa que defendiam um golpe de Estado, faziam ameaças ao ministro do Supremo Alexandre de Moraes, e que apoiaram as invasões do 8 de Janeiro. No grupo estava também o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid.

O militar foi demitido do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República no último dia 10 de agosto, após suspeitas de que ele integrava o grupo. A informação foi adiantada pelo portal Metrópoles à época. Correia era assessor militar na Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial e chegou a viajar ao lado do mandatário. 

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A orientação para demiti-lo saiu da Polícia Federal (PF), que teria apresentado as evidências em um relatório enviado ao Planalto, de acordo com a colunista Andréia Sadi. A PF, que costumava fazer a segurança de Lula, deixou a atividade após o presidente optar por elencar de volta o GSI, evitando um desgaste junto aos militares.  

 O ministro do GSI, general Marcos, diz que desconhecia a participação de Correia no grupo. 

 

Circula, nas redes sociais, um novo vídeo de bolsonaristas comemorando o direito à liberdade provisória, após as prisões pelo 8 de Janeiro. O grupo é composto apenas por mulheres, muitas delas idosas. As imagens não especificam data e nem local da gravação, mas teria sido posterior à última terça-feira (8), quando o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) revogou a prisão preventiva de 90 réus que estavam detidos desde o início do ano. 

Essas pessoas participaram diretamente das invasões aos Três Poderes, em Brasília, seja com atuação in-loco, organização das investidas criminosas ou manutenção dos acampamentos bolsonaristas, desmontados pela Guarda Municipal. No novo vídeo, é possível ver as mulheres cantando uma música cuja letra trata a prisão como um sacrifício pela população, e também cita que “a verdade” irá aparecer.  

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"Vim pra família 'tamo', voltando, a temporada da colmeia 'tá' acabando. Nossa prisão foi ilegal, fere o principios da CF [Constituição Federal] nacional. Olé, olé. Fui pra colmeia, foi por mim e foi por você. Olé, olé, voltei pra casa pra verdade aparecer”, canta o grupo. 

Ao todo, foram soltos 37 mulheres e 53 homens. Todos deverão cumprir medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, proibição de usar redes sociais e recolhimento domiciliar noturno. 

 

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou soltar 90 presos nos atos golpistas de 8 de janeiro. Essa decisão beneficiou 37 mulheres e 53 homens.

O ministro substituiu a prisão por medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, proibição de usar redes sociais, cancelamento dos passaportes, suspensão do porte de armas e obrigação de comparecer semanalmente à Justiça.

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No entendimento de Moraes, os acusados não representam mais riscos às investigações.

Os acusados são réus nos processos oriundos da investigação e respondem pelos crimes de associação criminosa, abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e crime contra o patrimônio público tombado.

Nessa segunda (7), a Procuradoria-Geral da República (PGR) também pediu as primeiras condenações de pessoas que participaram dos atos.

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) entregou à CPI dos Atos Golpistas, responsável por investigar os ataques de 8 de janeiro, 11 relatórios de investigação acerca da organização dos prédios dos Três Poderes e de seus financiadores. Os documentos constituem um roteiro dos atentados que visavam engendrar um golpe de estado. 

Nos relatórios, obtidos pela TV Globo, a Abin rastreia os suspeitos de financiar e divulgar os atos, mostrando como eles se articularam por meio das redes sociais e até um plano de ataque a torres de energia e sistemas de controle. Dentre as ações da Abin, uma análise de máquinas usadas no garimpo ilegal no Pará permitiu o rastreio de uma rede de empresários que financiou os ataques golpistas.

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Segundo o relatório, os empresários Roberto Katsuda e Enric Lauriano estão diretamente ligados ao garimpo e possuem relação com políticos da região. Enquanto Lauriano financiou manifestações no Pará e em Brasília, marcando presença nos atos do oito de janeiro, Katsuda é classificado pelos documentos como "notório defensor de garimpos em áreas protegidas e visto como um dos maiores articuladores políticos" do tema.

Também foram identificadas oito retroescavadeiras em atividades ilegais dentro das Terras Indígenas Kayapó e Trincheira-Bacajá, no sudeste do Pará. Destes equipamentos, três pertenceram à empresa BMC Máquinas, Equipamentos Pesados, Engenharia e Locações, administrada por Felipe Sica Soares Cavalieri, com sede em Itatiaia (RJ).

Outras quatro retroescavadeiras também eram da empresa, mas foram revendidas. A filial da BMC em Itaituba (PA) é administrada pela filha de Roberto Katsuda e é o principal ponto logístico para o garimpo na bacia do Rio Tapajós. O relatório aponta que Katsuda "financia a estrutura do lobby garimpeiro do vereador Wescley Tomaz". Tanto o político quanto o garimpeiro integram a comissão pró-garimpo, junto com Fernando Brandão, dono de um escritório de advocacia, e Guilherme Aggens, engenheiro florestal da Geoconsult Pará.

Confira a lista dos relatórios entregues pela Abin:

1.Empresários que contrataram ônibus fretados para transportar os golpistas

2. Envolvimento de empresários do garimpo no financiamento dos atos

3. Empresas transportadoras que deram suporte às ações violentas

4. Ameaças de novas ações violentas como identificação de explosivos em locais públicos e sabotagem de sistemas de controle industriais

5. Ataques a torres de linhas de transmissão de energia com objetivo de causar prejuízo no abastecimento

6. Influenciador digital que participava de grupos extremistas em redes sociais com convocações para os atos golpistas

7. Participante de atos extremistas que auxiliou bolsonaristas a saírem do DF

8. Intensificação da atuação de extremistas violentos de direita

9. Mapeamento dos presos e foragidos no 8 de janeiro

10. Identificação de grupo extremista violento em Brasília que poderia ameaçar a posse do presidente Lula

11. Empresários do agronegócio que patrocinaram os ataques de 8 de janeiro e articularam anteriormente diversos atos por intervenção militar e em apoio a Bolsonaro

Outro lado

A empresa BMC emitiu uma nota:

Hoje o nome da empresa BMC foi mencionado em matéria sobre a CPI dos Atos Golpistas e a um eventual “envolvimento de empresários do garimpo no financiamento dos atos”. Gostaríamos de esclarecer os seguintes pontos: 1. A empresa BMC Máquinas, Equipamentos Pesados, Engenharia e Locações Ltda., bem como seus executivos e sócios, entre eles Felipe Sica Soares Cavalieri, jamais estiveram envolvidos em qualquer ação relacionada aos atos golpistas como também a qualquer prática de garimpo ilegal. 2. A matéria informa que foram identificados três equipamentos comercializados pela BMC, que eram utilizados em atividades ilegais dentro das áreas indígenas Kayapó e Trincheira-Bacajá, no sudeste do Pará. A BMC já comercializou mais de 25.000 dessas máquinas escavadeiras e não é possível relacionar qualquer envolvimento da empresa em atividades dessa natureza. 3. A matéria cita que a BMC tem filial em Itaituba, no Pará. A BMC não possui filial na cidade de Itaituba, no estado do Pará, e a filha do Sr. Roberto Katsuda, mencionada na matéria, não tem qualquer função e muito menos ocupa cargo na área administrativa da BMC. 4. A filha do Sr. Roberto Katsuda, Sra. Bruna Maria Gravena Katsuda é sócia de outra empresa, com nome semelhante, a BMG Comércio de Máquinas (CNPJ nº 26.001.755/0001-02), com a qual a BMC mantinha relações comerciais, de venda de empresa para a empresa, uma modalidade conhecida como B2B (business to business), visto a BMC ser a única comercializadora desse tipo de equipamento da marca Hyundai. A BMC vende seus equipamentos para outras mais de 100 revendas no Brasil, além de venda direta ao consumidor. 5. A BMC tomou conhecimento de relatório elaborado pelo Greenpeace, que apontava que os equipamentos da marca Hyundai, vendidos pela BMG, estavam sendo utilizados em garimpos ilegais no estado do Pará. Ato contínuo, após acordo firmado entre o Greenpeace e a matriz da Hyundai, na Coreia do Sul, em maio deste ano, a BMC notificou a rescisão do contrato com a BMG. 6. Em suas diretrizes de governança corporativa, a BMC, ao vender seus produtos, exige que os clientes declarem, expressamente, que não exercem qualquer atividade ilegal, principalmente, mas não tão somente, atividades de desmatamento de florestas, destruição do meio ambiente, violação de terras indígenas e mineração ilegal. Diante desses fatos, solicitamos que a matéria seja atualizada com as informações apresentadas acima.

 

O Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), com a colaboração da Divisão de Inteligência e Planejamento Policial (Dipol), realizou, nesta quinta-feira (15), o cumprimento de mandados de prisão preventiva de dois homens, de 38 e 40 anos, investigados por estelionato. Eles aplicavam golpes em Pernambuco, chegando a recolher R$ 130 mil.

Segundo informações da Polícia Civil, a dupla possuía uma empresa de buffet para eventos, e vendia os serviços no estado. Após a contratação do serviço e pagamento dos valores, eles sumiam com o dinheiro das vítimas.

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A operação contou com troca de informações entre o Cope e a 213ª Delegacia de Polícia Civil de Petrolina. As prisões dos suspeitos foram decretadas pela Justiça do município, mas efetivadas em Sergipe. Eles serão encaminhados a uma unidade do sistema prisional de Pernambuco.

O Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou mais 250 denúncias contra pessoas acusadas de participar dos atos golpistas de 8 de janeiro, em Brasília. Esse foi o quinto bloco de denúncias analisadas pela Corte. Com isso, 1.045 dos 1.390 denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) já foram tornados réus.

A maioria do colegiado seguiu o entendimento do relator, Alexandre de Moraes. Apenas os ministros Nunes Marques e André Mendonça entenderam que o STF não tem competência para julgar os acusados. No mérito, eles também não viram elementos suficientes para indiciar as pessoas presas no acampamento em frente ao Quartel General do Exército no dia 9 de janeiro.

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Agora, o Supremo analisa o sexto bloco de denúncias, contra 131 acusados no inquérito 4921 (sobre autores intelectuais e instigadores dos atos golpistas). A sessão virtual vai até a próxima segunda-feira, 29. Moraes já votou para abrir ações penais contra os 131 acusados.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta terça-feira, 9, pela abertura de ações penais contra 225 incitadores e 25 executores dos atos golpistas de 8 de janeiro. Caso o parecer seja encampado pela maioria dos ministros da Corte, como ocorreu nos outros julgamentos sobre a ofensiva antidemocrática, o número de réus pelo vandalismo às dependências dos três Poderes pode ir a 800.

Trata-se da quarta leva de denúncias analisada pelo STF, em bloco. Até o momento, 550 investigados respondem formalmente à Corte máxima por crimes ligados aos atos de 8 de janeiro - 350 são apontados como incitadores dos atos de vandalismo e outros 200 como executores materiais dos delitos.

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Aos executores dos atos golpistas, a Procuradoria-geral da República atribui crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Já aos incitadores são atribuídos delitos de incitação ao crime e associação criminosa.

Com o recebimento das denúncias, as defesas são intimadas a se manifestarem sobre as acusações da PGR e dá-se início às ações penais, com os devidos tramites de oitivas e coleta de provas. Há a expectativa de que tal processo de instrução deva tramitar no Supremo.

A Corte máxima deve seguir analisando, semanalmente, as acusações ofertadas pelo Ministério Público Federal. Foram apresentadas mais de 1,3 mil denúncias contra investigados detidos em meio a depredação do 8 de janeiro e também no dia seguinte à ofensiva, no acampamento golpista montado em frente ao QG do Exército em Brasília.

As investigações quanto a autores intelectuais e financiadores dos crimes ainda não foi concluída, assim como a apuração sobre suposta "omissão" de autoridades ante os atos de vandalismo - a qual atinge o ex-ministro Anderson Torres e o governador Ibaneis Rocha.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a prometer nesta segunda-feira, 1º de maio, em São Paulo, que todos os envolvidos nas manifestações golpistas de 8 de janeiro serão responsabilizados. Em meio à tramitação do Projeto de Lei das Fake News (PL) na Câmara dos Deputados, o presidente pediu para que todos virem "soldados" contra as fake news.

"Queria convidar todo mundo a virar soldado contra fake news. A gente não pode permitir que a mentira continue prevalecendo nesse País", declarou Lula, em ato do Dia do Trabalhador no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. "A gente não pode mandar mensagem mentirosa, passar pra frente aquilo que você sabe que pode prejudicar a pessoa."

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Lula mencionou que a mentira "nunca levou ninguém a lugar nenhum" e que foi a verdade que derrubou o ex-presidente Jair Bolsonaro, sem citá-lo nominalmente.

A fake news, segundo o presidente, foi também o que incentivou os atos antidemocráticos de 8 de janeiro.

"Todas as pessoas que tentaram dar o golpe serão presas", disse o presidente da República.

O relator do PL das Fake News, Orlando Silva (PCdoB-SP), entregou na quinta-feira, 27, um novo texto para o projeto.

A atual versão retirou um dos pontos de maior crítica da oposição e das empresas de tecnologia, as chamadas big techs, que é a criação de um órgão fiscalizador da atuação das plataformas.

O texto tramita em regime de urgência e deve ir à votação em plenário na próxima terça-feira, 2. Até lá, as negociações em torno da proposta que vai a voto continuam, e o relator não descarta a apresentação de um novo texto, com outras mudanças.

O ex-presidente Jair Bolsonaro chegou, por volta das 8h50 desta quarta-feira (26), à sede da Polícia Federal, em Brasília, para prestar depoimento sobre os atos golpistas ocorridos no dia 8 de janeiro.

O depoimento foi determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, tendo por base uma postagem feita pelo ex-presidente na madrugada entre os dias 10 e 11 de janeiro. Nela, Bolsonaro compartilhou vídeo com críticas ao sistema eleitoral brasileiro.

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A postagem, que apresentava notícias falsas, já desmentidas, que o resultado das eleições era questionado, foi retirada do ar poucas horas depois da publicação.

Na avaliação de Moraes, a postagem pode indicar uma ligação entre o ex-presidente e os atos golpistas que resultaram na invasão e destruição das sedes dos Três Poderes, em Brasília, por apoiadores de Bolsonaro, insatisfeitos com o resultado das eleições presidenciais de outubro de 2022.

Por Caio de Freitas Paes, para a Agência Pública 

Pouco antes do atentado a bomba em Brasília (DF), na véspera do Natal de 2022, a Superintendência da Polícia Federal (PF) no Distrito Federal já defendia um posicionamento firme quanto aos acampados em frente ao Quartel-General (QG) do Exército – onde o ato terrorista foi, afinal, planejado. “A dissolução do agrupamento humano em frente aos Quartéis Generais é medida imperiosa” para evitar problemas, “bem como para garantia da ordem pública, ainda mais em razão do evento da posse [do presidente Lula] que se avizinha”, é o que se lê em um despacho da PF emitido em 21 de dezembro, dois dias antes do atentado, obtido pela Agência Pública. O acampamento não foi desfeito conforme defendido pela PF e, na prática, dele partiram milhares de bolsonaristas que invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro.

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Semanas depois do despacho da PF, se confirmou que a mensagem da corporação não chegou ao Comando Militar do Planalto (CMP) e à Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF). O motivo? Não era “atribuição” da PF, segundo revela outro documento obtido pela reportagem, expedido em 16 de janeiro passado – uma semana depois da invasão dos Três Poderes.

Nesse segundo despacho, o delegado na superintendência do DF, Daniel Carvalho Brasil Nascimento, argumenta que a PF “não tem atribuição para expedir Ofício ao Comando do EB [Exército Brasileiro] e/ou ao Comando da Polícia Militar para que as respectivas instituições cumpram seus deveres constitucionais” – no caso, a “dissolução” do acampamento golpista.

Nesse mesmo documento, o delegado explica também que o CMP e a PM-DF não foram oficialmente comunicados sobre a avaliação da PF “por se tratar de fato notório e de conhecimento amplo de todas as instituições públicas que o agrupamento humano estacionado em área militar federal de responsabilidade do Exército Brasileiro representava risco à Ordem Pública”.

A PM, por outro lado, garantia que havia feito sua parte para o desmonte do acampamento, planejando uma operação de retirada de ambulantes, barracas e energia elétrica do local. Tal posição foi comunicada em 29 de dezembro, dois dias antes da posse, quando o ex-comandante geral da PM-DF Fábio Augusto Vieira disse: “Tínhamos 500 policiais militares em condições, e o Exército desistiu da operação”.

“A despeito de todo o esforço e do aparato mobilizado pela Polícia Militar do Distrito Federal, face à demanda apresentada e ao apoio operacional solicitado pelo Exército Brasileiro, a referida Força, na ocasião, decidiu pela não realização da operação, possibilitando a permanência, continuidade e funcionamento do acampamento”, de acordo com um outro relatório da PM-DF sobre sua atuação no caso.

O material foi destinado à Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) no DF, braço do Ministério Público Federal (MPF) responsável pela defesa dos direitos constitucionais da população, que havia aberto uma apuração “para acompanhar manifestações políticas em face do resultado das eleições para Presidente da República e apurar eventuais atos antidemocráticos”.

Todos os documentos foram expedidos entre 4 de novembro de 2022 e 14 de fevereiro passado, mesmo período da ascensão do golpismo após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas urnas.

À Agência Pública, o Centro de Comunicação Social do Exército informa que, de acordo com o Comando Militar do Planalto, “não houve qualquer pedido oficial para desmobilização do acampamento” entre o início de novembro e o dia 8 de janeiro.

Foto: Joedson Alves/Agencia Brasil

Monitoramento ineficaz e falta de coordenação

Os documentos revelam ainda o descompasso entre militares, forças de segurança distritais e a PF no fim do governo Bolsonaro para tratar da crise dos acampamentos – mesmo sendo constantemente cobrados por órgãos de controle.

A falta de coordenação ficou escancarada a partir da atuação desses órgãos em meio aos violentos protestos realizados após a prisão do falso cacique Xavante, em 12 de dezembro, e ao atentado a bomba no aeroporto de Brasília, na véspera de Natal.

Em 14 de dezembro, representantes da Secretaria de Segurança Pública (SSP) e do Comando da PM-DF, além do CMP, reuniram-se na sede da Procuradoria da República no Distrito Federal.

Na ocasião, relataram que “o acampamento dos manifestantes contrários ao resultado do pleito eleitoral” estava sendo “constantemente monitorado, inclusive para averiguação de possíveis atos criminosos atribuídos aos manifestantes e a pessoas que transitam no local”.

Ainda segundo o relato dessa reunião, o monitoramento era feito por órgãos de inteligência da SSP e da PM-DF, além de agentes da PF. Não há menção, porém, a atividades de inteligência por parte do CMP.

O encontro do dia 14 ocorreu dois dias depois do quebra-quebra bolsonarista após a prisão do pastor indígena José Acácio Serere Xavante, com queima de ônibus circulares e tentativa de invasão da sede da PF.

Segundo as autoridades da SSP-DF, da PM-DF e do CMP presentes na reunião, a notícia da prisão de Serere pela PF “chegou às forças de segurança do Distrito Federal com atraso”, o que, ainda de acordo com eles, “inviabilizou a adoção de medidas mais eficazes para a prevenção/contenção dos prováveis conflitos que dela adviriam”.

Não à toa, em 19 de dezembro, dias antes do ato terrorista arquitetado em frente ao QG do Exército, a PRDC recomendou aos órgãos de segurança que monitorassem – juntos e continuamente – “pontos de tensão que envolvam manifestantes políticos”.

A procuradoria ligada ao MPF pedia também a criação de um “canal direto de troca de informações, inclusive de inteligência”, para “antecipar riscos” e “evitar possíveis conflitos”. Segundo o material obtido pela Pública, os órgãos citados garantiram que havia constante troca de informações de inteligência, sem especificar quantos informes e relatórios haviam circulado entre eles nem quais as providências tomadas com base em tais informações.

Militares insistiram no “livre exercício de manifestações pacíficas”

Em 22 de dezembro, dois dias antes do atentado a bomba em Brasília, o então comandante militar do Planalto, general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, tentou pôr panos quentes na crise. O general disse, por meio de ofício, que os militares mantinham constante “interlocução” com os acampados na frente do QG do Exército, “a fim de garantir o livre exercício de manifestações pacíficas”.

A posição do general não surpreende, pois o CMP foi o responsável por dar guarida para bolsonaristas em Brasília logo após o segundo turno das eleições. Em 4 de novembro, foi esse mesmo comando militar que autorizou, pela primeira vez, a entrada de um carro de som para embalar as manifestações golpistas em frente ao QG do Exército.

General Gustavo Henrique Dutra de Menezes estava à frente do Comando Militar do Planalto (CMP) à época dos ataques de 8 de janeiro. Foto: Exército Brasileiro

A órgãos de controle, o CMP havia dito que essa autorização referia-se “exclusivamente” àquela data, mas, quase duas semanas depois, Dutra simplesmente informou que “foi delimitada uma área dentro do Setor Militar Urbano (SMU) destinada como estacionamento e outra como área de acampamento” para os bolsonaristas – que pediam um golpe de Estado com intervenção militar, contestando a vitória de Lula.

“No que tange a supostas autorizações para protestos políticos, informo que não houve qualquer demanda ou providência nesse sentido”, disse o comandante militar do Planalto – ignorando, na prática, o caráter político mais que explícito do acampamento golpista.

À Agência Pública, o Comando Militar do Planalto afirmou que o “acampamento já estava sendo desmobilizado desde dezembro e, principalmente, a partir do dia 2 de janeiro”. Já em relação ao fracassado atentado a bomba em Brasília, os militares disseram que, “até o presente momento, nada comprova que o explosivo foi repassado [aos terroristas] no SMU”.

Para PF, Bolsonaro causou “acirramento dos ânimos”

Diferentemente do que sugerem ofícios dos militares, a situação no acampamento não era pacífica pelo menos desde o fim de novembro.

Segundo a PF, “o acirramento dos ânimos” já havia sido identificado no acampamento em 28 de novembro, com a chegada de um grupo de indígenas bolsonaristas, “acrescido do pronunciamento do atual Presidente da República” em 9 de dezembro. Foi quando Bolsonaro rompeu seu silêncio desde a derrota eleitoral ao dizer a seus apoiadores: “Nada está perdido”.

O despacho da PF assinado dois dias antes do atentado a bomba revela também que a corporação não conseguia mais monitorar plenamente o acampamento golpista na frente do QG do Exército.

“Com o incremento da hostilidade com as forças de segurança pública, em especial para com a Polícia Federal, acrescido do perfil violento apresentado no dia 12/12 [prisão de Serere Xavante]”, disse a PF, “o monitoramento aproximado [infiltrado] restou prejudicado”.

Mesmo assim, após a invasão dos Três Poderes, a corporação relata que “dispunha de informações [de inteligência] disponíveis em fontes abertas de redes sociais que indicavam a possibilidade de manifestação no dia 07 até 09 de janeiro”. A Pública revelou, inclusive, o uso do código “festa da Selma” pelos bolsonaristas nas redes sociais para coordenarem a invasão e a depredação do dia 8 de janeiro.

Por conta da iminência de protestos violentos em Brasília, o efetivo da PF no Distrito Federal “ficou empregado ininterruptamente do dia 07 até 09 juntamente com outras unidades de inteligência desta Polícia Federal”, o que incluía a Diretoria de Inteligência Policial (DIP) e o Comando de Operações Táticas (COT).

A corporação defendeu também que sua “ação preventiva resultou na pronta identificação de parte dos criminosos, bem como, por exemplo, na prisão de uma das líderes da organização criminosa que se encontrava foragida na cidade de Luziânia”, em Goiás – uma referência à prisão da bolsonarista Ana Priscila Azevedo no dia 10 de janeiro, pelo seu envolvimento na invasão dos Três Poderes.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, finalizou a análise de pedidos de liberdade provisória feitos por mulheres presas nos atos golpistas do dia 8 de janeiro, determinando a liberação de 149 investigadas já denunciadas pela Procuradoria-Geral da República que seguem custodiadas na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, a Colmeia. Outros 61 pedidos foram negados.

A avaliação do ministro foi a de que a maior parte das investigadas beneficiadas pela decisão - 165 - pode responder às acusações em liberdade uma vez que não são executoras principais ou financiadoras. Outras quatro radicais, denunciadas por crimes mais graves, foram colocadas em liberdade provisória em razão de 'situações diferenciadas' - comorbidades, câncer e responsabilidade por crianças com necessidades especiais.

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Todas as investigadas liberadas deverão cumprir uma série de medidas cautelares alternativas, como o uso de tornozeleira eletrônica. Elas foram proibidas de deixar o local onde moram, e tem que cumprir recolhimento domiciliar, durante a noite e aos fins de semana, com o uso de tornozeleira eletrônica.

As 169 beneficiadas pela decisão de Alexandre também não podem usar as redes sociais nem se comunicar com outros envolvidos nos atos golpistas. Também tiveram seus passaportes cancelados e devem entregar os respectivos documentos à Justiça.

A maior parte do grupo liberto foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por incitação ao crime e associação criminosa - delitos com penas que, somadas, atingem três anos e meio de detenção. O Ministério Público Federal não ofereceu acordo de não persecução penal às investigadas em razão da 'gravidade' de suas condutas'. Para o órgão, 'a incitação e a formação da associação criminosa tinham por objetivo a tomada violenta do Estado Democrático de Direito, por meio das Forças Armadas, o que é incompatível com a medida despenalizadora'.

Outras quatro investigadas colocadas em liberdade por Alexandre, em razão de 'situações diferenciadas' foram acusadas por associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável, contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado.

O ministro negou 61 pedidos de liberdade provisória em benefício de outras acusadas por crimes similares, mais graves, por considerar que a manutenção da prisão preventiva é 'necessária para a garantia da ordem pública e instrução processual penal'.

Segundo balanço da Corte máxima, 407 presas durante os atos golpistas estão em liberdade provisória com medidas cautelares. Outras 82 seguirão custodiadas na Colmeia.

Em uma reunião com representantes das principais redes sociais utilizadas no Brasil, na manhã desta quarta-feira (1º), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, disse que os serviços foram instrumentalizados para articular a invasão golpista em Brasília de 8 de janeiro. O ministro não culpou as plataformas, mas sugeriu o início do processo de regulamentação para evitar novos ataques dessa natureza. 

"Obviamente, a culpa não foi das redes. Senão, as redes estariam na Colmeia e na Papuda também. Mas as redes foram instrumentalizadas. Então essa instrumentalização, com a experiência que tivemos todos nas eleições e até no 8 de janeiro, acho que a gente pode aproveitar para construir alguma coisa para tentar evitar isso", afirmou o ministro. 

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A reunião durou cerca de uma hora e meia e contou com representantes do Telegram, Twitter, Facebook, Instagram, WhatsApp, Google, YouTube, Kwai e TikTok. Ao término, ficou acertada a criação de um grupo de trabalho junto ao TSE para desenvolver propostas relacionadas à regulamentação e, posteriormente, apresentá-las ao Congresso.  

"A minha ideia nessa primeira conversa é que a gente comece a construir planos distintos. Uma autorregulação é muito importante", disse Moraes. 

O presidente do TSE já se mostrou favorável em alterar a classificação das plataformas de “empresas de tecnologia” para “empresas de mídia”, o que acarretaria mais responsabilidade das redes sobre as publicações dos usuários. "Eu estou conversando com o [Rodrigo] Pacheco e uma regulamentação vai sair. E é importante que seja uma boa regulamentação", complementou. 

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que os presos que participaram da depredação dos Três Poderes com os atos antidemocráticos no dia 8 de janeiro, só poderão receber visitas com autorização do STF. Segundo Moraes, os presos golpistas são classificados como “alta periculosidade” e que, por isso, não podem ser submetidos às mesmas regras de outros detentos. 

A decisão foi publicada na última quarta-feira (22), e diz que apenas ele, Alexandre de Moraes, poderá autorizar ou não as visitas aos presos pelos atos de 8 de janeiro. 

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“O ingresso de quaisquer pessoas no estabelecimento prisional, em relação às mencionadas prisões, deverá ser expressa e previamente autorizado por este relator, vedada a entrada sem a referida expressa autorização e revogadas quaisquer decisões do Juízo da VEP/DF e disposições da SEAPE/DF em sentido diverso ao que aqui decido”, escreveu Moraes no texto.

Mais de 1,2 mil pessoas foram presas por ordem do ministro por serem suspeitas de participarem dos atos extremistas contra a eleição do presidente Lula (PT).

 

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) se mobilizaram em várias cidades do país na manhã desta terça-feira (14) em protesto contra os atos golpistas do dia 8 de janeiro, que tomaram o Palácio dos Três Poderes, em Brasília. Os manifestantes de São Paulo (SP) se reuniram em frente aos escritórios dos deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Carla Zambelli (PL-SP).

No Recife, a concentração foi no bairro de Boa Viagem, zona sul da capital, em frente à residência do casal Tércio, onde moram a deputada federal Clarissa Tércio (PP-PE) e o deputado estadual Júnior Tércio (PP-PE). Também houve ato em frente da casa de Ibaneis Rocha (MDB), governador afastado do Distrito Federal, e na sede do Banco Central, no Rio de Janeiro. Protestos ocorreram ainda nos estados do Ceará, Sergipe, Paraná e Rio Grande so Sul.

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O movimento pede que não haja anistia para os envolvidos nas manifestações consideradas antidemocráticas, que causaram a destruição de parte do patrimônio nacional em Brasília, uma semana após a posse do presidente Lula (PT).

Em publicação nas redes sociais, o MTST-PE declarou o posicionamento tomado em todo o país:

“Nós, que lutamos para combater a pandemia, a fome e as desigualdades no país, e restituímos com muito esforço a democracia brasileira, não aceitaremos que grupos fascistas desviem o povo brasileiro do exercício de reconstrução nacional.

Não permitiremos que mais uma vez o Brasil anistie quem tem como único projeto de país a defesa da tortura, morte, autoristarismo, opressões e desigualdades. 

Para que o #DitaduraNuncaMais e #DemocraciaSempre vigore na sociedade brasileira, é necessária muita mobilização! Esse será o compromisso do MTST e conclamamos todas, todes e todos à construção da Frente Povo Sem Medo. Agora será Sem Medo e Sem Anistia!”.

A equipe de Lula (PT) produziu um vídeo com os bastidores da visita do presidente ao Palácio do Planalto após a destruição deixada por golpistas no dia 8 de janeiro. As imagens foram publicadas nesta quarta-feira (8), um mês após a invasão.

Lula observa o cenário de guerra deixado pelos vândalos, com cadeiras jogadas, vidros quebrados e móveis revirados. Em outro momento, o presidente conversa com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e afirma que "houve negligência de quem não deveria ter negligência", sem citar nomes.

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O presidente também agradeceu pessoalmente à equipe responsável pela limpeza. Uma das cenas mostra uma funcionária passando mal após deixar o Palácio. A filmagem também registrou parte do pronunciamento de Lula na reunião com os governadores, no qual ressalta a necessidade de "colocar ordem na casa" em prol da democracia.

Troca no comando do Exército

O vídeo ainda destaca a fala do ministro da Defesa, José Múcio, sobre a troca no comando do Exército. Ele cita "uma fratura no nível de confiança" com o antigo gestor, o general Júlio Cesar Arruda, .e anuncia indicação do general Tomás Paiva para assumir o comando-geral.

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