Tópicos | Arte na rua

Diariamente, mais de 12 mil pessoas circulam pelo Terminal Integrado de Passageiros Antônio Farias, o TIP. Localizada na Zona Oeste da capital pernambucana, a rodoviária do Recife é a segunda maior do Brasil e conta com mais de 300 linhas de ônibus operando todos os dias em rotas diferenciadas, dentro e fora do Estado, e para alguns bairros da própria cidade - além de ser integrada ao sistema de metrô local.

Essa grandiosa porta de entrada e saída do Recife, no entanto, estava em desalinho com a personalidade da cidade. O prédio, construído em 1986, de linhas retas e cores cinzas, em nada remetia ao colorido e ao calor da cultura pernambucana. ‘Problema’ que foi resolvido em uma ação que vem ocorrendo dentro do projeto Colorindo o Recife.

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Painel da artista Ceci S. Foto: Reprodução/Instagram

Com curadoria do grafiteiro e um dos diretores do coletivo Pão e Tinta, Shell Osmo, o TIP foi o local escolhido para a atual etapa do projeto. A missão era levar as cores do São João pernambucano para a rodoviária, no entanto, a proposta acabou se enveredando por um outro caminho nas mãos dos artistas escolhidos e o que havia sido pensado para ser um 'pequeno mural' acabou tornando-se em uma revitalização do local. “O TIP não seria um painel compacto”, afirmou Shell em entrevista ao LeiaJá. 

Foram escalados para o trabalho os artistas Guto Barros, Ceci S., Ale Lopes, Tab e Leo Gospel. O desafio da equipe, segundo Osmo, era levar ao local as cores e história do povo recifense e pernambucano, o que resultou em murais multicoloridos e cheios de elementos tradicionais como o forró, o frevo e o maracatu. “(Agora), em qualquer lugar que você desembarca ou embarca, tem arte”, diz Shell. 

Parte do processo de transformação do TIP vem sendo mostrado pelo Instagram do Coletivo Pão e Tinta. Por lá, os artistas têm falado sobre o trabalho e a emoção de colocar sua arte em um lugar tão movimentado e importante para a cidade. A grafiteira Ceci disse: “Tá sendo emocionante. Tô me desafiando, nunca fiz nada do que tô fazendo agora é a primeira vez. Tá massa”. Já Guto Barros, que ficou responsável por transformar a fachada da rodoviária, falou: “É uma responsabilidade gigantesca dar uma cara nova pro TIP. Lidar com a fachada é lidar diretamente com a identidade do edifício”.  

Reprodução/Instagram

Arte na rua

Além dos painéis, que transformaram o TIP em uma verdadeira galeria de arte, os passageiros que passarem pelo lugar também poderão conferir a Mostra Urbana Popular de Arte, até esta quarta (23). Uma das paredes da rodoviária foi escolhida para exibir telas de diferentes artistas e a ideia é repetir a ação com o intuito de democratizar cada vez mais o acesso à arte. “As obras vão pra outros lugares, mas os pregos vão ficar lá e o espaço ali agora vai ser um espaço para receber arte”, garante Shell. 

Para a primeira edição da Mostra, foram selecionados 20 artistas, de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Os trabalhos expostos poderão ser adquiridos no Leilão Pão e Tinta, que acontece no dia 11 de julho de forma virtual. A iniciativa busca ajudar artistas e ateliês, que foram prejudicados pro conta da pandemia do novo coronavírus, além de oportunizar o acesso à obras artísticas com preços acessíveis. Os lances iniciais são de R$ 10 .  

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Colorindo o Recife

O projeto desenvolvido pela Prefeitura da Cidade do Recife, em parceria com grafiteiros locais, foi alvo de críticas por parte dos artistas no início deste ano. Segundo alguns grafiteiros, o trabalho vinha sendo desenvolvido sem o devido suporte, com falta de equipamentos para as pinturas em altura, falta de insumos básicos como alimentação e água e desacordos contratuais. 

Denúncias foram feitas através das redes sociais e da imprensa e, segundo Shell, após algumas reuniões com a gestão e alterações no projeto, a ação ficou mais de acordo com o que esperavam os artistas envolvidos. “Mudou o formato geral, tem muita coisa que a gente ainda tá batendo, mas talvez (consigamos) na próxima etapa, até agosto, a gente prevê. Realmente, (agora) o projeto está muito mais com nossa cara enquanto cena”.  


 

 

O coletivo carioca Du'velhomoço encheu a Praça do Carmo, em Olinda, de cores, números circenses, elementos da cultura popular brasileira e teatro, na tarde deste sábado (30). O público compareceu e, sentado no chão, curtiu o espetáculo Querência Quer Ver o Mar com a máxima atenção e interação. O projeto tem o objetivo de ocupar os espaços públicos com arte e a estreia em solo olindense provou que a ideia pode dar certo.

Enquanto crianças e adultos se acomodavam em seus lugares, antes da apresentação, os atores do coletivo falaram ao LeiaJá sobre o projeto. O Du'evelhomoço é formado por quatro artistas apaixonados pela arte e motivados pelo desejo de levá-la ao maior número de pessoas. Berg Farias falou da importância de apresentar-se na rua: "O Rio de Janeiro tem muitos teatros, mas as pessoas não têm acesso. A gente acredita que a rua é o espaço primeiro em que as pessoas possam ter um afeto pela arte. A gente quer levar o espetáculo para as pessoas". Ele também explicou o mote da peça que de tão forte, foi parar até em seu título: "Esse querer é maior do que o comum, é um querer com afeto. É um querer que fala de um mundo melhor, de que as pessoas possam ser felizes. E no meio disso, tem essa Querência, a menina símbolo do espetáculo".

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Gabriel Breves, segundo ator do coletivo, também falou sobre a montagem: "Esse espetáculo me toca muito porque tenho muitos parentes de Natal, então cresci ouvindo as músicas e histórias da tradição oral nordestina. A história da menina, eu enxergo muito a minha irmã nela. Então pra mim tem muitas ligações pessoais". Já a atriz Ana Luiza falou sobre estar em cena, na rua: "É maravilhoso. É uma troca de energia maravilhosa. E acho que essa troca de energia cura. Quantas pessoas devem chegar aqui meio pra baixo e saem daqui radiantes.". Ana que é deficiente visual, revelou que o espetáculo foi um "presente" para ela: "Ele tem muito a ver comigo, tem muito a ver com as vontades de vencer, dos quereres e de formas diferentes de ver esse mundo maluco da gente".

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Plateia

Adultos e crianças, sentados lado a lado, no chão da praça, formavam a plateia da sessão de estreia de Querência quer ver o mar, em Olinda. Enquanto os atores se preparavam para entrar em cena, os olhinhos dos menores não desgrudavam do colorido dos 'apetrechos' e figurinos da trupe. Já os adultos, pareciam bastante satisfeitos com a possibilidade de uma tarde cultural ao ar livre.

Fabiana Cavalcanti, moradora da cidade, levou os três filhos para assistir ao espetáculo, Maria Flor (1 ano e 5 meses), Alice (5 anos) e Gabriel (9 anos): "É diferente, né? O teatro veio até a gente", disse. Alice estava na expectativa pela sua primeira vez no teatro: "Eu quero ver um palhaço", disse a pequena. Já Eugênia Lima estava com a filha, Maria Antônia (7 anos), e a sobrinha, Maria Alice (5 anos): "A cidade não tem essa coisas, a cultura é inacessível. É um presente mesmo trazer a família para ver arte, porque arte é o que comunica", disse.

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Temporada

Seguindo temporada, após a estreia deste sábado (30), o coletivo apresenta o espetáculo na cidade do Recife, neste domingo (1°), no Marco Zero, às 16h. Na segunda, a trupe aporta em Natal, no Rio Grande Norte, para uma circulação em alguns interiores do estado.

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No próximo sábado (28) o Parque Dona Lindu recebe 13 artistas grafiteiros para a ação coletiva Graffiti no Lindu. Das 14h às 20h Galo de Souza, Azul, Arbos, Jota Zeroff,  Johny C, Bozó, Augusto Barros Filho, Skaz, Juber, Sange, Léo Gospel, Dentão e Bonny criam suas obras de arte em painéis de madeira na área externa do Parque. O artista Raul Córdula, expondo atualmente na galeria do espaço, também participa da ação junto aos grafiteiros.

O público pode embarcar no mundo do grafite e  vivenciar suas próprias experiências, usando o papel como suporte para as tintas e sprays. A ideia da iniciativa é valorizar o grafite como segmento artístico, aproximar os artistas das pessoas e promover a ideia de cuidado com o patrimônio coletivo. Atualmente o Parque Dona Lindu já conta com obras de Galo de Souza na pista de skate e no muro do Parque, virado para a avenida Visconde de Jequitinhonha.

Serviço
Grafitti no Lindu – Viva os Direitos Humanos
Sábado (28), das 14h às 20h
Parque Dona Lindu  (Av. Boa Viagem)
Gratuito

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