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A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) definiu na terça-feira (1º) o rito processual para analisar o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para processar o governador mineiro Fernando Pimentel. Pimentel é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Conforme decidido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), uma ação penal contra o governador de estado só pode ocorrer após autorização dos deputados estaduais.

A leitura do documento com os procedimentos a serem seguidos na condução dos trabalhos foi feita pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Adalclever Lopes (PMDB). Para que a ação contra Pimentel tenha sequência é preciso a concordância de 52 deputados. Como as normas internas da ALMG não abarcam esta situação, foram considerados os artigos 217 e 280 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, que estabelece a necessidade de dois terços dos votos para instauração do processo contra chefe do Executivo Federal. Por analogia, aplicou-se o mesmo dispositivo ao chefe do Executivo Estadual.

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Segundo a ALMG, Pimentel seria notificado ainda na sexta. A reportagem entrou em contato às 21h com o advogado do governador, Eugênio Pacelli, que não soube dizer se seu cliente já havia recebido a notificação. Ele disse que a defesa escrita já está pronta.

O governador terá o prazo de até dez reuniões de plenário para se manifestar. Em seguida, a Comissão de Constituição e Justiça emitirá seu parecer em até cinco reuniões de plenário. Por fim, o parecer é lido e publicado no Diário do Legislativo, para finalmente entrar na ordem do dia. A matéria será discutida em plenário e cada deputado que se inscrever poderá falar por até dez minutos. Encerrados os discursos, haverá a votação nominal, pelo sistema eletrônico de votos.

Operação Acrônimo

A cópia da denúncia da PGR havia sido recebida pela ALMG na última terça-feira (25). Ela é um desdobramento da Operação Acrônimo, instaurada pela Polícia Federal para investigar esquemas ilegais que teriam beneficiado a campanha eleitoral Pimentel em 2014, quando ele se elegeu governador de Minas Gerais.

Segundo a PF, Pimentel é suspeito de cobrar vantagens ilegais de empresas durante o período em que comandou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, entre 2011 e 2014. Em troca, essas empresas seriam incluídas em políticas públicas ou conseguiriam obter empréstimos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), vinculado à pasta.

Um dos envolvidos no esquema seria o empresário Benedito de Oliveira Neto, conhecido como Bené. Preso em abril, ele fechou acordo de delação premiada e disse que a montadora Caoa pagou mais de R$10 milhões para ser beneficiada no Programa Inovar Auto, que tinha por objetivo dar incentivos fiscais a indústrias do setor automotivo. Bené também disse que as construtoras Odebrecht e JHSF repassaram propina em troca de empréstimos do BNDES para realização de obras.

 

A Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais foi alvo de protestos nesta quinta-feira (28). Um grupo de manifestantes foi em frente à Casa Legislativa para reclamar contra o caso do helicóptero que transportava 450 kg de cocaína. A aeronave foi apreendida no Espírito Santo, mas a polícia federal comprovou que ela pertence ao deputado estadual Gustavo Perrela, do partido Solidariedade. O combustível usado para abastecer o helicóptero era pago com verba da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. 

Os manifestantes subiram a escada da Assembleia com vários sacos de farinha (numa menção à cocaína) e promoveram o chamado “farinhaço” – os protestantes fingiram estarem cheirando o que seria a droga com notas de dinheiro. 

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O piloto Rogério Almeida Antunes chegou a ser acusado de sequestrar o helicóptero. Mas o seu advogado argumentou que a viagem foi feita com o consentimento de Gustavo Perrela. O parlamentar relatou que sabia da viagem, mas desconhecia o transporte que estava sendo levado.  Também foi comprovado que o piloto trabalhava no gabinete do político e recebe o valor de R$ 1,7 mil mensais. 

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais reivindicam a presença da Polícia Federal (PF) nas investigações da morte do jornalista mineiro Rodrigo Neto de Faria, de 38 anos. Faria foi assassinado a tiros no dia 8, em Ipatinga, no Vale do Aço, quando deixava um bar em companhia de amigos.

Ele era conhecido por fazer reportagens de denúncia envolvendo policiais e até mesmo grupos de extermínio. Faria recebia ameaças, que foram levadas ao Ministério Público Estadual (MPE), mas não foram investigadas. Numa reunião ocorrida em Ipatinga nesta terça-feira (19), o presidente nacional da OAB, Marcus Vinícius Furtado, cobrou da ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, o acompanhamento do governo federal e agilidade na apuração do crime. Furtado disse que defenderá também junto ao ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, a presença da PF nas apurações.

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"Trata-se de um crime contra a vida e contra os mais caros valores da democracia, que são a liberdade de expressão e os direitos humanos", afirmou. "Precisa ser apurado com todo o rigor para que não paire nenhum resquício de impunidade." Maria do Rosário se comprometeu a levar o assunto à administração federal. "Queremos dar um exemplo ao país, de que crimes desta natureza não podem ficar impunes", afirmou. Ela disse acreditar que a atuação compartilhada entre o governo de Minas Gerais e o Poder Executivo federal favorece resultados mais rápidos.

"Possivelmente, tentaram calá-lo. Se a voz dele não se faz escutar hoje, que a voz de todos nós seja a voz de Rodrigo Neto para que aquilo que ele denunciou não fique impune e que seu assassinato seja exemplarmente punido diante do Brasil e do mundo", afirmou. O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, Durval Ângelo (PT), também cobrou a presença da PF no caso. "O Rodrigo morreu por causa do trabalho de jornalista contra os grupos de extermínio. É preciso uma mudança geral na polícia de Ipatinga. Nem todos (policiais) estão envolvidos com o crime, mas alguns protegem os criminosos ou têm medo de apurar as denúncias", afirmou.

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