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Numa tarde calma de São João em Caruaru e com a maioria do comércio fechado devido ao feriado, 800 bacamarteiros desfilaram nas principais ruas da cidade, saindo do SESC da cidade, até a Estação Ferroviária. O dia foi especial e cheio de reconhecimento para as pessoas que fazem parte de grupos de bacamarte que mantém essa tradição nordestina viva.
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Em comemoração ao Dia do Bacamarteiro, a programação começou pela manhã, com uma confraternização com salvas de tiros e um almoço especial para os batalhões. Vários bacamarteiros da Zona Rural de Caruaru e de cidades próximas participaram da cerimônia, que chamou atenção do povo e agradou também aos batalhões presentes.
Após o desfile, os grupos se reuniram no Parque Luiz Lua Gonzaga para que seus capitães recebessem medalhas de honra ao mérito das mãos do Presidente da Fundação de Cultura e Turismo de Caruaru.
O público que compareceu à cerimônia também conferiu o maior bacamarte do mundo, feito por Seu Bento, presidente da Associação de Bacamarteiro de São Caetano, que existe desde 1951, a mais antiga do estado. Falando com orgulho de sua criação,Bento, que transparece amor pelo ofício agradeceu a presença de todos e foi enfático na importância do homenageado do São João, Luiz Gonzaga. “Há mais de 40 anos participo do São João de Caruaru e ele é o mais importante do mundo” finaliza.
Formado em sua maioria por homens de idades variadas, também era possível observar mulheres (algumas até idosas) e crianças (sem portar munição) fazendo parte dos batalhões. Grupos de bacamarteiros vestidos de roupas camufladas ou camisa social e em sua maioria com os característicos lenços vermelhos e roupa azul.
Ser mulher não é nenhum impedimento para realizar o desejo de fazer parte de um grupo do tipo, como declara Maria Juliana, aposentada de 75 anos, que há oito anos decidiu seguir a vontade de ser bacamarteira. “É uma profissão que não podemos deixar cair”. A aposentada, que veio com um grupo de Cachoeirinha, explica que fazer parte da festividade é algo sério. “É preciso falar com o capitão do grupo, aprender a tirar e conseguir uma licença para utilizar o bacamarte”.
Jovens também se interessam pelo ofício e não é raro observar mulheres e grupos de criançasmantendo a tradição, como é o caso das irmãs Tatiana e Juliana Soares. “Meu pai é bacamarteiro, e nós viramos bacamarteiras para manter a tradição viva, porque é algo importante pra minha família e pro povo da minha cidade ”
Paixão compartilhada por todos que estavam no espaço e que tem como no bacamarte uma paixão. Dedicação que faz com que esses verdadeiros soldados da Cultura Popular abram mãos de outras coisas em função do ofício de bacamarteiro.
“Você dá o primeiro tiro, entra no sangue e não deixa mais” nos conta o ator Giderson Tenório de 66 anos, desde a infância envolvido nas atividades dos bacamarteiros da cidade de Cajazeiras. Segundo Gederson, há exigências para que uma pessoa faça parte de um grupo de bacamarteiros, “É preciso ser íntegro e responsável. Além do mais, obedecer as regras do capitão do grupo é o mandamento principal do bacamarteiro”.
A presença de cultura popular como pífano, bacamarte e quadrilha é algo que sempre o São João de Caruaru. José Pereira, secretário da Fundação de Cultura e Turismo de Caruaru informa que além de contratar manifestações populares em eventos culturais ao longo do ano, no São João a prefeitura separa espaços especiais para a manifestações do tipo. “O São João de Caruaru, além de oferecer ao público grandes shows em palcos, se preocupa também em valorizar expressões populares”.