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Promover a melhoria das habitações e áreas públicas das comunidades envolvendo voluntários e os moradores locais. É esse o objetivo do projeto desenvolvido pela Organização não Governamental (ONG) Habitat para a Humanidade Brasil (HPH Brasil) em bairros do Recife.

Neste sábado (10), a ação está contemplando a comunidade da Bomba do Hemetério, na Zona Norte da Cidade. Duas escadarias, localizadas nas proximidades do Largo da Bomba, receberam pintura e um trabalho de colagem de mosaico criativo.

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A ação comemora também o Dia Mundial da Juventude, festejado no dia 12 de agosto, e ocorre em nove países diferentes. “A Bomba é uma comunidade que nós já atuamos há dois anos com diversas atividades de meio ambiente e habitação. Hoje nosso objetivo é embelezar e recuperar as escadarias do bairro”, explicou Socorro Leite, gerente de programas da HPH Brasil.

O projeto conta com o apoio do programa Bombando Cidadania, que capacita jovens da comunidade. “Começamos em 2008 atuando nos eixos de emprego e renda, saúde e meio ambiente, cultura e juventude. Os alunos têm acesso a diversos tipos de aulas, inclusive essa técnica de mosaico que está sendo executada neste sábado”, explicou Elisandro Damasceno, integrante de Comissão de Meio ambiente”.

Os estudantes Eduardo Oliveira, de 16 anos, e Erick Campelo, 20, fazem parte do Bombando Cidadania e hoje colocaram em prática o que estão aprendendo há cerca de um mês na Escola Mardonio Coelho. “Essa é uma ótima oportunidade para aplicar na nossa comunidade a técnica do mosaico. É algo que não é comum e vai deixar a Bomba mais bonita”, afirmou Eduardo.

Para Érick, poder participar do projeto é uma oportunidade de se qualificar e se manter longe da criminalidade. “A iniciativa é importante porque ajuda a tirar os jovens das drogas e desenvolver a nossa comunidade. Nas aulas todo mundo se ajuda a fazer esse tipo de trabalho”, disse.

A ação também atraiu voluntários vindos de fora do país. Seis americanos, integrantes do projeto Jovens Embaixadores dos Estados Unidos, ficarão dez dias no Recife para conhecer de perto a realidade local. “É um programa que também leva jovens brasileiros para fora do Brasil. É uma forma de trocar experiências, além de levar e trazer o que eles aprenderam”, afirmou Débora Lima, integrante da Associação Brasil America (ABA).

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Educar nem sempre é uma tarefa fácil. Por isso, muitos profissionais da área procuram trabalhar métodos que auxiliam da melhor forma possível quem está vivendo a fase do “aprender”. Um dos segmentos educativos que vem propagando bons resultados é a educomunicação, que procura trabalhar práticas comunicativas no dia a dia de quem recebe conhecimento.

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Esse método, já utilizado pelo educador Paulo Freyre, ainda não era chamado de educomunicação. No processo de aprendizado, o professor deixou de ser o único detentor do saber e passou a trocar conhecimentos com os estudantes. Além disso, a aprendizagem é vista de uma forma horizontal, em quem um indivíduo não sabe mais do que o outro, e sim, todos têm o mesmo nível de sabedoria.

De acordo com a professora Andrea Trigueiro, que dissemina esse tipo de educação em aulas universitárias e atividades comunitárias, só na década de 90 que o termo educomunicação começou a ser utilizado e a proposta continuou a mesma. “É um método que eleva a autoestima dos alunos e eles entendem que podem desempenhar qualquer atividade. Através de técnicas comunicativas, o educador pode trabalhar com diversas área do conhecimento”, explica Andrea, que também é jornalista.

Um dos trabalhos coordenados pela educadora é o programa de rádio universitário Megafone DH. “Por meio do rádio, os próprios alunos desempenhavam tarefas para colocar o programa no ar. O tema é direitos humanos, mas, a educomunicação pode trabalhar com qualquer temática”, conta.

Segundo a jornalista, “o que menos importa é o produto, e sim, o que mais vale é o processo de aprendizado que ocorre durante a produção jornalística”. Nesse contexto, Andrea destaca que durante a realização das tarefas de um determinado programa educomunicativo, seja ele de rádio, televisão, jornal impresso ou internet, o principal objetivo é que todos os integrantes aprendam e troquem conhecimentos. “O erro faz parte do processo e os participantes não são avaliados simplesmente por notas ou provas”, explana. Para a professora, os alunos que participam de eventos educomunicativos apresentam melhores resultados do ponto de vista educacional e pessoal. “Eles passam a confiar mais neles mesmo”, finaliza Andrea.

Vivendo a educomunicação

Comunidade da Bomba do Hemetério, na Zona Norte do Recife. O local é considerado umas das regiões humildes da capital pernambucana e como celeiro de produções e personagens culturais. Entre casas e ruas humildes, a educomunicação está presente para divulgar e disseminar conhecimento para os populares do bairro.

Em um espaço simples, mas estruturado para oferecer qualificações e atividades diversas para os populares, funciona o projeto Bombando Cidadania. No mesmo local, existe um núcleo de comunicação que originou uma rádio comunitária: a Seu Hemetério.

E, é no âmbito da educomunicação que a rádio atua com a participação de voluntários de diversas áreas, em que todos trabalham em prol da causa e não por remuneração financeira. Há cerca de dois anos atuando no núcleo como comunicador, Carlos Alexandre Nascimento (foto abaixo) procura conciliar o trabalho remunerado de mestre de cerimônia com o de apresentador de programas educativos na Seu Hemetério.

“Sempre atuei com comunicação social e sou apaixonado por essa área. Pretendo fazer jornalismo e encontrei na rádio a possibilidade de propagar educação e me qualificar como comunicador”, conta o rapaz. Atualmente, todos os sábados, das 17h ás 19h, Nascimento comando o programa Bombando Interatividade. “Nós passamos informações sobre a comunidade para os próprios moradores, damos a oportunidade de eles próprios divulgarem fatos importantes. Prestamos serviço e educamos ao mesmo tempo, sempre respeitando os direitos humanos sem discriminar ninguém”, relata.

A transmissão da rádio é feita através de pequenos caixas de som. Os aparelhos ficam instalados em 15 postes espalhados por pontos estratégicos da comunidade. Além do programa de Nacimento, outros seis fazem parte da programação semanal da Seu Hemetério, todos com o mesmo intuito, que é o de trabalhar a educomunicação.

Morando há quase 60 anos na Bomba do Hemetério, Antônio Oliveira é ouvinte assíduo da rádio e elogia o trabalho dos comunicadores. “Gosto muito e acho importante para todos da comunidade. É um serviço muito bom e que mostra o que a população tem a oferecer, além de educar”, diz o morador.

Bons frutos da educomunicação

O estudante de jornalismo Almir Rezende também participou de algumas atividades educomunicativas. Para ele, um dos benefícios desse método é fazer com que as pessoas saibam que elas são importantes no processo educacional. “A partir do momento em que as pessoas se sentem parte integrante de um processo de construção, em que suas experiências e aprendizados podem ser trabalhados no âmbito da comunicação social, a autoestima com certeza é elevada”.

Por causa de suas experiências, o estudante desenvolveu um artigo que aborda a educomunicação como instrumento de técnicas radiofônicas para mulheres de terceira idade. “O trabalho propõe produção e veiculação de um programa de rádio voltado para o público com idade superior a 65 anos, numa rádio comunitária de caixinhas. A escolha por esse público se deu em consequência dos estudos das últimas pesquisas divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE)”.

De acordo com Rezende, “o estudo revelou o aumento na faixa etária da população do País, em especial as mulheres que na maioria tem um tempo de vida superior ao do homem. A proposta é elevar a autoestima das envolvidas, e, além disso, espera-se preencher a lacuna existente nos espaços das rádios, o que lhe é garantido como direito”.

O artigo foi reconhecido e selecionado para o XIII Congresso Internacional IBERCOM, que será realizado do dia 29 a 31 de maio deste ano, em Santiago de Compostela na Espanha. Para que a viagem seja feita e que o estudante apresente seu trabalho, o custo geral é R$ 5.500, e, para somar o valor, Rezende iniciou uma campanha com amigos do Facebook interessados em ajudá-lo. “Quem tiver interesse em colaborar, as doações podem ser feitas através de depósito na Caixa Econômica Federal em nome de Almir Ferreira Rezende  - Agência 0046 – OP. 013 – C/P 00129930-4”, informa o educomunicador. 

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