Com menos de uma semana no cargo e sem sequer ter tido uma cerimônia de posse, Carlos Decotelli é o mais novo ministro demissionário do governo Bolsonaro. Após ter tido seu currículo denunciado por universidades e causado nova crise na pasta, Decotelli tomou a decisão de deixar o governo em conjunto com o presidente Jair Bolsonaro, em reunião na tarde desta terça (30). Políticos de oposição criticaram a nova mudança na chefia do MEC, que teve quatro ministros em apenas 18 meses.
“O governo Bolsonaro é uma verdadeira bagunça. Ninguém quer se alinhar a esse projeto nefasto. Alguns ainda se propõe a esse tipo de papel ridículo protagonizado por Decotelli. A Educação está sem rumo e deverá ter o mesmo destino da Saúde, o caos total”, criticou o senador Humberto Costa (PT-PE).
##RECOMENDA##Decotelli não foi o único ministro do governo a ter tido seu currículo questionado. Em discursos e palestras, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, costumava se apresentar como “advogada", "mestre em educação" e "em direito constitucional e direito da família". Questionada pela imprensa, ela própria assumiu que não possuía tais formações, afirmando, à Folha de São Paulo, que seus títulos estariam relacionados ao ensino bíblico.
Ao contrário do que foi veiculado durante sua participação no Programa Roda Viva, o ministro Ricardo Salles nunca estudou na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, não possuindo título de mestre em direito público obtido na instituição, segundo revelou o The Intercept Brasil, em fevereiro de 2019.
“Decotelli apresentou seu pedido de demissão. Agora é pressionar para que o fraudador de pensão (Guedes), a mestra bíblica (Damares) e o que não foi estudante de Yale (Salles) saiam também”, escreveu a deputada federal Talíria Petrone (Psol-RJ). “Salles fraudou mapas ambientais em SP e seu currículo; Damares é acusada de sequestrar criança indígena; Gen. Heleno de promover absurdos no Haiti. Bolsonaro faz questão de bancá-los no governo apesar das irregularidades, mas não Decotelli. Todos deveriam cair. Pq só um caiu?”, questionou o deputado federal Nilto Tatto (PT-SP).
“Parece que depois de Decotelli, Salles e Damares também vão ser demitidos por mentirem em seus currículos”, comentou Manuella D’Ávila. O deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) chamou atenção para a rotatividade do comando do MEC. “Depois do ministro da Saúde Nelson Teich, que durou 29 dias, agora temos o ministro da Educação Decotelli, que sequer foi empossado. E assim vamos pro 4º ministro da Educação em 18 meses... Esse é o governo Bolsonaro: sem seriedade, sem planos pro Brasil", criticou.