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A Coalizão Negra por Direitos, articulação que reúne 250 organizações, entidades e coletivos do movimento negro brasileiro, preparou um dossiê que foi entregue na última quinta-feira (14) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, relatando os impactos sanitários, sociais e econômicos da pandemia à população negra brasileira. O documento foi recebido pelo relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), e deve passar por análise.

O conglomerado argumenta que “a gestão negligente e criminosa do Governo Bolsonaro foi um dos instrumentos mais eficaz para o avanço do genocídio negro no último século”. Os dados trazidos pelo dossiê apontam a maior letalidade da Covid-19 na população negra brasileira, e como se agravou nesse período o acesso dessa população à direitos humanos como alimentação, saúde, emprego, educação e saneamento básico. O índice de letalidade entre negros e brancos é de cinco para um, indicando que a cada pessoa branca morta pela Covid-19 no Brasil, cinco pessoas negras morreram pela mesma causa.

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Para as organizações negras que compõe a Coalizão, é “fundamental que conste no relatório da CPI da Pandemia a responsabilidade do Bolsonaro no genocídio negro e os impactos sociais e econômicos negativos que essa gestão pandêmica gerou à população negra e povos tradicionais (indígenas e quilombolas)”.

Na vacinação, também há discrepância entre os números. Apesar da primeira pessoa vacinada contra a Covid no Brasil ter sido uma mulher negra, a enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, de acordo com os dados do levantamento realizado pela Agência Pública em março de 2021, para cada pessoa negra que recebeu uma dose, duas pessoas brancas são vacinadas.

Ao fim do documento de 24 páginas, a Coalizão argumenta que o recorte é uma forma de preservar o Estado Democrático de Direito e que o direito à vida e dignidade são constitucionais. “Durante os últimos dois anos a população negra está refém de uma política de morte abarcada pelo vírus, bala e fome. É fundamental que essa Comissão destaque que a população negra foi a que mais morreu pela má gestão da pandemia e que está em situação de maior fragilidade nas consequências sociais e econômicas da pandemia”, finaliza.

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A Coalizão Negra por Direitos denunciou, nesta quinta-feira (22), à Organização das Nações Unidas (ONU) o presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), Sérgio Camargo, por violação de Direitos Humanos e dos interesses da população negra. O apelo foi enviado e assinado pela entidade, que reúne 200 grupos e coletivos negros para promover ações de incidência política nacional e internacional.

O objetivo da ação inédita é solicitar a interferência da ONU para que a organização notifique o Estado brasileiro acerca das denúncias, a fim de “garantir o exercício de direitos da população negra no Brasil e a proteção da memória e patrimônio cultural que estão sob tutela da Fundação Palmares''. No documento, que o portal Alma Preta Jornalismo teve acesso, a Coalizão descreve o comportamento de Camargo como “totalmente adverso ao escopo institucional que se espera da conduta e lisura” de quem ocupa a Fundação.

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Figuram entre os ataques mencionados no dossiê, as tentativas de Sérgio Camargo de promover o desmonte da proteção institucional do patrimônio histórico e cultural afro-brasileiro, bem como os inúmeros ataques ao movimento negro e militantes antirracistas. Segundo a Coalizão, trata-se de uma tentativa de censurar e promover o apagamento histórico da luta negra no país.

A ação anexou ainda a alteração da lista de personalidades negras feita pelo presidente da FCP, que desagradou ao anunciar que a tornaria uma lista póstuma, ou seja, de homenagens a pessoas que já faleceram. A opinião dos movimentos negros, no entanto, é uníssona ao reafirmar a importância da lista, que reúne uma coletânea de lideranças e propagadores da luta por igualdade racial, a exemplo das escritoras Carolina Maria de Jesus e Conceição Evaristo.

Camargo e relação com a imprensa

De acordo com o portal Alma Preta Jornalismo, a reunião de documentos enviados para a ONU também pauta as agressões de Sérgio Camargo a jornalistas e à imprensa de forma abrangente. Em um dos episódios mais recentes, Camargo comentou o caso conhecido como “Chacina do Jacarézinho”, no Rio de Janeiro, que causou a morte de 29 jovens em sua maioria negros, e chegou a afirmar que “parcela significativa dos jornalistas é usuária de cocaína”, buscando desqualificar a cobertura da imprensa.

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