Tópicos | crimes de ódio

Um estudante da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) é acusado de praticar crimes de ódio contra outros alunos da instituição. Segundo a denúncia, Fábio Leonardo de Lima, do curso de geografia, expõe falas racistas, gordofóbicas e de intolerância religiosa. Além disso, as acusações afirmam que ele persegue estudantes negros e os ameaça.

Em um áudio que circula nas redes sociais, Fábio Leonardo, que também foi aluno do Conservatório Pernambucano de Música, refere-se a algumas colegas de graduação como "neguinha, gorda e a macumbeira" em meio a risadas. Em uma thread, divulgada no Twitter pelo também estudante David Alves, há o relato de uma aluna da mesma graduação que o acusado.

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"Ele falava que eu era pobre por ser do interior, falava da minha cor e do meu cabelo. Ele falava coisas do tipo “que cabelo horrível” comigo e as meninas que têm cabelos cacheado ou crespos".  Além disso, segundo as denúncias, Fábio chamou uma outra estudante negra de "empregada doméstica" e ameaçou jogar cadeiras em alunos negros.

Em entrevista ao LeiaJá, essa estudante, que é da mesma turma de Fábio, relembra que ele sempre apresentou um comportamento "soberbo". "Ele se sentia melhor do que todo mundo. Com falas bonitas, ele tentava rebaixar intelectualmente a gente. Ele era um pouco grosseiro com algumas pessoas, inclusive com uma amiga minha. A gente comentava que as grosseirias vinham a troco de nada". 

As falas discriminatórias e o comportamento agressivo de Fábio, segundo a aluna, que aceitou falar sob anonimato, começaram em novembro de 2022. "Comportamentos mais grosseiros, mais agressivos e, depois, recistas. Todo tipo de intolerância que se pode imaginar saia da boca dele (...) o auge dele explodir foi durante uma viagem de campo, há umas três semanas. Ele quis quebrar o quarto do hotel, jogou as coisas de um colega de turma no chão. Após isso, descobrimos, por esse colega, tudo isso que se está denunciando". 

Após o episódio, os estudantes compilaram provas e foram orientados a formalizar uma denúncia na ouvidoria da UFPE. No entanto, a graduanda oponta que nunca houve um posicionamento da instituição sobre o caso. "Um posicionamento da UFPE mesmo nunca tivemos. O que tivemos foi a coordenação do curso [geografia] ajudando um pouco a gente. Fora isso, não tivemos nenhum suporte."

O diz a UFPE

O LeiaJá entrou em contato com a Universidade Federal de Pernambuco, que respondeu através da assessoria de comunicação. No e-mail, a instituição confirma que já está ciente do caso envolvendo o estudante de geografia e reforça que "repudia o racismo, assim como todo e qualquer tipo de violência física ou simbólica contra qualquer pessoa, dentro ou fora de seus espaços institucionais".

 Além disso, a comunicação reforça que a universidade possui canais oficiais de denúncia para ações efetivas da administração central. "A comissão disciplinar discente aprecia denúncias de infrações ao Código de Ética da UFPE e demais normas de convivência, praticadas por discentes". 

A reportagem também fez contato com o Conservatório Pernambucano de Música. A Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco (SEE-PE) informou que Fábio Leonardo de Lima abandonou o curso e não é mais aluno do Conservatório.

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) divulgou um levantamento feito com dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) que aponta um crescimento de 62% no número de assassinatos de mulheres motivados por questões de gênero. Em 2017 foram registradas 88 mortes violentas de mulheres ante 54 casos em 2016. Foram contabilizados pelo TJRJ os casos que se tornaram processos judiciais.

Além dos assassinatos, o Instituto de Segurança Pública do estado (ISP) também registrou 225 tentativas de feminicídio entre os meses de janeiro e novembro de 2017. O Observatório Judicial da Violência contra a Mulher, órgão vinculado ao TJRJ, revelou que houve um aumento no número de prisões por crimes de ódio ligados às causas de feminicídio, foram 531 detenções no primeiro semestre de 2017. Entre 2011 e 2016 o aumento foi de 173%, passando de 550 para 1.504 prisões.

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O feminicídio passou a ser classificado como homicídio qualificado em 2015 pelo Código Penal. Os dados sobre os casos registrados no Rio de Janeiro são divulgados por conta de uma Lei estadual (7.448/2016) que obriga os órgãos de Segurança Pública a divulgá-los.

Os crimes de ódio aumentaram cerca de 7% em 2015 nos Estados Unidos, de acordo com o FBI. Esse aumento foi impulsionado, em parte, pelo crescimento acentuado de incidentes contra muçulmanos, que subiram 67%.

As estatísticas são baseadas em relatórios das polícias estadual e local para o FBI. O diretor deste órgão, James Comey, disse que a agência precisa modernizar os relatórios de estatísticas sobre crimes, o que também se aplica às estatísticas de crimes de ódio.

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"Precisamos fazer um melhor trabalho no rastreamento e relato de crimes de ódio para entender completamente o que está acontecendo em nossas comunidades e como podemos parar com isso", afirmou Comey.

Segundo o FBI, o número de crimes de ódio contra outros grupos minoritários também aumentou, mas em menores proporções. Fonte: Dow Jones Newswires.

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