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O vídeo da garota chilena Paula Díaz, acometida por uma doença não diagnosticada, suplicando que a presidente do Chile autorize a eutanásia por não aguentar mais sentir dor, está comovendo milhares de pessoas. Um deputado do país chamado Vlado Mirosevic tem debatido o assunto da eutanásia no Congresso levantando a bandeira da legalização do suicídio assistido no país, bem como a eutanásia. 

Vlado, em entrevista concedida à BBC Mundo, falou que Paula tem o direito de uma morte digna “O ponto aqui é respeitar o direito que Paula ou qualquer um de nós tem de uma morte com dignidade. Isso é primeiramente um direito. Assim, se deve colocar a decisão do indivíduo à frente daquela da sociedade”, disse. 

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O parlamentar também falou que a decisão sobre a eutanásia deve ser pessoal. “Ao mesmo tempo, esse é um tema humanitário, de compaixão, de se colocar no lugar do outro. Sob esse aspecto, a decisão sobre a eutanásia deve ser pessoal, e não determinada por uma lei de maneira uniforme e autoritária que não deixe espaço para uma morte digna”, argumentou.

O Chile legalizou há pouco tempo um outro assunto polêmico: a legalização do aborto, no entanto apenas em casos de estupro, de risco de vida da mulher e de inviabilidade fetal. 

O deputado federal Jarbas Vasconcelos é categórico ao falar de Arraes, ao qual foi aliado e adversário no cenário político. “Os meus momentos com Arraes foram muito mais de convivência, de fraternidade, do que de desavença. A gente teve uma desavença política. A minha visão política não era a mesma de Arraes, eu tinha uma preocupação também com os despossuídos e tal, mas, a visão de governo, de administração, de problemas do estado eu tinha uma visão, ele outra. Não adianta ficar especificando o porquê, mas, a minha visão não coincidia com a dele administrativa e, às vezes, até política”, explicou.

Divergências de lado, Jarbas diz que, acima de tudo, é preciso destacar quem foi Arraes neste centenário. O definiu como uma pessoa digna e que honrou as tradições pernambucanas quer como deputado estadual quer como deputado federal, prefeito da Capital uma vez ou governador três vezes. “Diante das controvérsias, Miguel Arraes foi um homem que lutou pelo povo. Ele fez suas articulações políticas, mas procurou sempre fazer as coisas onde seus acertos, as suas decisões corretas, fossem bem maiores. O positivo prevaleceu sobre o negativo. Isso é muito importante num político. Isso não é comum nos dias de hoje dentro dessa mediocridade que marca o cenário político nacional”, contou.

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Apesar das divergências, Jarbas Vasconcelos disse que teve com Arraes uma convivência longa e fraterna

Para o ex-governador, o fato mais marcante no sertanejo era a sua sensibilidade para com os mais necessitados. “O que marcou muito a presença de Arraes não só em Pernambuco, mas a nível nacional foi esse conceito que se criou em torno dele de que ele era um político voltado para uma atividade de atendimento aos necessitados, aos despossuídos, aqueles que precisavam da presença do estado. É um acervo, é um conjunto de atividade política muito forte. O que marcou a presença de Arraes como prefeito foi o contato dele com as comunidades mais carentes, com as comunidades mais pobres e necessitadas”.

“Assim também foi como governador de Pernambuco. Ele marcou exatamente o primeiro mandato dele com a atuação na Zona da Mata de Pernambuco, de fazer o entendimento entre trabalhadores rurais, os operários das usinas, fornecedores de cana e produtores, os chamados usineiros. Eram setores de classes que não se entendiam. Que viviam num estágio de não boa convivência e ele conseguiu, naquela época, fazer acordos e entendimentos. Naquela época, a região produtora de açúcar, era a maior fonte na economia de Pernambuco, era a coisa mais expressiva dentro da economia. Hoje não mais, porém, antes era a cana de açúcar e Arraes teve uma participação muito grande. Não era homem de estar na tribuna toda hora e a todo instante, mas, era sempre ouvido pela imprensa nacional”, recordou. 

                                                                                                                                                                                      

UMA RELAÇÃO PACÍFICA

Jarbas e Arraes se conheceram em um momento atípico, em Paris, quando o peemedebista exercia o cargo de deputado federal. Arraes, à época, estava no exílio, na Argélia, e foi até a Cidade das Luzes. Jarbas conta que conviveram por dois dias e, desde então, percebeu uma singularidade no homem que foi deposto do seu cargo em Pernambuco: o de ser uma pessoa culta. “E o exílio ajudou para isso. Para que lesse mais, que se dedicasse mais, que analisasse mais as coisas. Ele tinha uma análise do mundo muito grande. Às vezes, com discordância mesmo, mas ele tinha uma visão de mundo que segmentou e ampliou no exílio. Arraes caiu [golpe] com muita dignidade”.

As adversidades entre os dois vieram a tomar corpo em 1992.  “Aí as divergências afloraram com muita clareza. Ainda assim, a gente procurava se entender fazendo as coisas sem quem um hostilizasse o outro. A gente ficou afastado, mas, um afastamento que diria muito mais político do que pessoal. Não foi uma coisa de intriga, que possa ser debitado ou creditado ao campo pessoal. Foi uma divergência de visão política que, naquele momento, a gente teve quando da disputa da prefeitura. Eu disputei e ganhei a prefeitura. O candidato Eduardo campos, lançado muito novo, por sinal, eu ganhei a eleição, mas, foi uma convivência fraterna, respeitosa e muito longa”.  

                                                                        

O SONHO DA PRESIDÊNCIA

Quando Arraes voltou, em 79, ele era grande referência da esquerda brasileira. Quando se reelegeu governador, dizem que houve uma quitação com a história. No fundo, houve um resgate do governador deposto que depois volta pelo caminho da democracia. Conta-se, nos bastidores, que Arraes pensava em alçar voos mais altos e a história caminhava para isso. No entanto, as circunstâncias mudaram, principalmente, quando nas eleições de 1998, Jarbas venceu por margem superior a 1 milhão de votos o então governador Miguel Arraes.

Dizem que Arraes guardou certa frustração por não ter sido candidato a presidente da República. Arraes foi cogitado, debatido e Eduardo Campos, o neto, se viabilizou. Mas, eram tempos diferentes.

Jarbas Vasconcelos comentou sobre o assunto. “Eu não sei se ele morreu com essa frustração, mas fazia parte do projeto de Arraes mesmo que, se vivo fosse, desmentisse. Estava embutido nele e era normal. Perfeitamente normal que uma pessoa com a carreira que Arraes teve como deputado estadual no primeiro estágio, depois, prefeito da Capital e depois governador de Pernambuco três vezes. Uma figura nacional naquela época que se destacava como Brizola e outros mais e não ter isso dentro da cabeça, a possibilidade de disputar a presidência, não seria normal. O normal era ter esse projeto e ele tinha. Eu considerava uma coisa natural”.

                                       

Questionado teria o seu apoio, Jarbas foi convicto ao dizer que sim. “Se fosse candidato à presidência na época em estávamos juntos, mas, como se diz, o cavalo selado passa uma vez. O cavalo nunca passou. Essa oportunidade ele nunca teve até porque ele pagou um tributo muito caro no exílio. Muitos anos exilado, fora do país arrancado a força. Um tempo muito grande exilado”. 

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