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O desembargador Rogério Favreto, plantonista do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, determinou em despacho a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado a 12 anos e 1 mês de prisão. O magistrado aceitou a tese do surgimento de um "fato novo" no processo: a condição do petista ser pré-candidato nas eleições 2018. O argumento aceito por Favreto, em tese, poderia também beneficiar outros presos da Lava Jato como os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ) e Henrique Eduardo Alves (MBD-RN) e o ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB-BA).

O magistrado aceitou o argumento dos deputados federais petistas que entraram com o pedido de habeas corpus - Paulo Pimenta (PT-SP), Waldih Damous (PT-RJ) e Paulo Teixeira (PT-SP) - alegando que a manutenção da detenção do ex-presidente prejudicaria o direito dele exercer seus direitos políticos. De acordo com os parlamentares, Lula estaria impedido de "comunicação com a mídia" e "violação" do seu direito à manifestação de pensamento, à liberdade de atividade intelectual e ao acesso direto à informação, todos eles garantias previstas.

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De acordo com a professora do IDP-São Paulo Marilda Silveira, o argumento utilizado para a soltura de Lula poderia 'inspirar' outros políticos presos. A especialista em direito eleitoral e administrativo ressalta que é esta foi a primeira vez em que uma justificativa do tipo foi usada. "Se isso passasse a valer, qualquer pessoa poderia usar o mesmo argumento. Especialmente porque a pré-candidatura não tem pré-requisito nenhum".

No entanto, Marilda opina que o argumento não é válido para justificar a soltura. A advogada constitucionalista Vera Chemin concorda: apesar de uma alegação do tipo poder ser apresentada, dificilmente seria aceita. "Como se trata de uma prisão plena, e não provisória, o habeas corpus só caberia se houvesse uma ilegalidade, um abuso de poder", afirma. "O argumento não funcionou, é totalmente descabível".

O professor da FGV Celso Vilardi lembra que, além de a alegação não ser cabível, a jurisdição do caso não é do TRF-4. "De qualquer forma, a decisão não foi acatada. Sinceramente, não acho que deva ter repercussão para outros casos".

Favreto foi filiado ao PT de 1991 a 2010 e procurador da prefeitura de Porto Alegre na gestão Tarso Genro nos anos 1990. Depois, foi assessor da Casa Civil e do Ministério da Justiça quando Tarso era ministro no governo Lula.

O habeas foi impetrado pelos deputados contra a execução da pena do petista a 12 anos e um mês de prisão no âmbito do caso triplex, em que Lula foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele é acusado de receber R$ 2,2 milhões em propinas da OAS por meio da aquisição e reformas que supostamente foram custeadas pela empreiteira no apartamento 164-A, no Condomínio Solaris, em Guarujá.

O ex-presidente cumpre pena no desde o dia 7 de abril, quando, após exauridos os recursos contra a condenação em segunda instância, o juiz federal Sérgio Moro mandou prender o petista. Ele está em Sala Especial na Polícia Federal em Curitiba, por ser ex-presidente da República.

Um relatório da Polícia Federal no âmbito da Operação Zelotes aponta que o senador Romero Jucá (PMDB-RR) alterou a Medida Provisória 627 de 2013 para favorecer o Grupo Gerdau. A informação consta em reportagem deste sábado, 25, do jornal Folha de São Paulo.

O texto, do qual Jucá era relator, trazia mudanças em regras de tributação de lucros de empresas no exterior. De acordo com a reportagem, o projeto foi aprovado com pelo menos uma alteração sugerida pela Gerdau. Também estariam envolvidos os deputados Alfredo Kaefer (PSL-PR) e Jorge Côrte Real (PTB-PE).

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O deputado Jorge Côrte Real disse ter sido pego de surpresa com a citação do seu nome no relatório da PF. O documento cita uma emenda à MP 627 apresentada por Real. "Minha proposta apenas concedia o prazo de 30 dias para adesão ao sistema proposto pela MP. Isso atendia o interesse geral, não de uma companhia em especial", disse.

Também citado no documento, Alfredo Kaefer diz que a emenda que apresentou atende a pedido que havia sido feito pela Confederação Nacional da Indústria. "Minha atuação parlamentar é marcada pela preocupação em apresentar propostas importantes para o setor industrial. Sempre fui o interlocutor de empresas para assuntos tributários", disse. "Uma rápida pesquisa demonstra o que digo." Ele afirmou ter encontrado poucas vezes o presidente do Conselho de Administração do grupo Gerdau, Jorge Johannpeter Gerdau. "Por um azar, uma pessoa da empresa passou no gabinete, elogiando minha emenda, e pegou o cartão do meu assessor. É só". Ele disse não se lembrar do teor da emenda, mas acrescenta que ela não foi nem sequer aprovada.

A Gerdau afirmou que participou "de forma legítima e em conformidade com a legislação brasileira" de discussões sobre a bitributação de lucros provenientes do exterior. Segundo a companhia, o debate foi liderado por entidades de classe e em conjunto com outras empresas de atuação internacional.

O senador Romero Jucá não atendeu as ligações da reportagem. A assessoria de imprensa do parlamentar também tentou fazer o contato, mas não conseguiu localizá-lo.

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