Foi ao som de muito frevo e com o carisma peculiar do Maestro Forró que o bloco Todos São Maestros arrastou centenas de pessoas na tarde desse domingo (9), na Bomba do Hemetério, Zona Norte do Recife. A concentração, que aconteceu em frente à casa do maestro, com direito a feijoada e muita alegria, contou com a presença massiva dos moradores do bairro, que prestigiaram o evento, realizado desde 2002.
Crianças, adultos e idosos paravam para cumprimentar o anfitrião, que com humildade comemorava e brincava com todos. “Todo mundo pode ser o que quiser e o que sonhar. Todos nós somos iguais”, falou o maestro em relação à ideologia da agremiação. Ainda de acordo com Forró, essa iniciativa é uma continuidade do seu trabalho, que visa desmitificar a figura do Maestro, fazendo uma crítica bem-humorada.
##RECOMENDA##“Muitas vezes, principalmente durante o Carnaval, vários músicos são contratados para reger, sem nunca ter atuado como maestros. Esse bloco, além de fazer essa crítica, também realiza uma grande brincadeira”, disse o maestro em entrevista ao LeiaJá. Marcando presença, o boneco gigante do artista, criado em 2010 pelo artista plástico Silvio Botelho, não parou um minuto, guiando o bloco em todo o percurso.
Botelho também esteve presente, mas espontaneamente revelou que não arriscaria reger nenhuma música. “Cada um no seu quadrado! Eu faço boneco, o maestro rege. Se um dia ele criar algum, eu me arrisco”, disse, dando gargalhadas, o artista plástico. Percorrendo as ruas da Bomba, Dona Iraci Chagas, de 74 anos, seguia atenta e sem perder o ritmo. “Conheço Forró desde pequenininho, todo ano ele faz essa festa aqui. É lindo!”, contou a dona de casa.
Chegando ao terminal de ônibus de Chão de Alegria, finalmente o primeiro ‘maestro’ espontaneamente regeu uma canção. “É massa porque a mistura se encontra aqui - essa é a ideia do Forró. Afinal, todo mundo é igual e podemos ser o que quisermos”, falou Dângelo Espíndola, cantor da Orquestra da Bomba do Hemetério. Fazendo a sua performance característica, com corridinhas, Maestro Forró tocava e provocava um pequeno arrastão, guiando os foliões.
Foi o caso da Japonesa Kaori Yagi, que timidamente seguiu o bloco e revelou que adora todo o movimento. “Gosto de tudo! Já é o terceiro ano que participo do Carnaval e estou tentando morar aqui”, apontou a turista, que afirmou ter largado tudo para brincar. Quem não pode largar o trabalho, mas acompanhou toda a agitação foi o pedreiro Genival Paulo. “Aguardamos ansiosos todo ano, o Maestro levanta a autoestima e alegra muito a comunidade”, disse. A folia de despedida se encerrou no Largo da Bomba do Hemetério, seguindo para a casa do Maestro Forró ao som da frevioca.
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Escola de Música da Bomba do Hemetério - Segundo o Maestro Forró, a Escola de Música da Bomba do Hemetério- fundada em 2002, começou a partir de um questionamento feito pelo próprio artista, de como ele poderia melhorar a comunidade. “Temos que ter um posicionamento, porém, mais importante que isso é ver como podemos ajudar”, revelou o Maestro.
Além da Escola, o projeto também possui a Orquestra dos Hemetéricos, formada por integrantes da escola. “Não pensei que pudesse ter um resultado em tão pouco tempo, hoje apresentamos um produto e vamos lançar o DVD #CabeçaNoMundo em abril no Cinema São Luiz”, revelou o músico.
Lixo - Durante a folia foi possível observar lixo e esgoto no terminal de ônibus de Chã de Alegria. De acordo com um morador, esse cenário é comum na comunidade. “Tenho 31 anos e infelizmente sempre presenciei isso. Além de alguns moradores não terem educação, a coleta demora a aparecer”, conclui Jefferson Barros, residente do bairro.