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O Facebook voltou atrás, nesta sexta-feira (9), em sua decisão de censurar uma foto icônica da Guerra do Vietnã de uma menina nua tentando escapar de um bombardeio de napalm, depois de que a medida desencadeou uma onda de indignação, inclusive da primeira-ministra da Noruega.

"Por causa do seu como uma imagem icônica de importância histórica, o valor de permitir o compartilhamento supera o valor de proteger a comunidade com a remoção, então, decidimos restabelecer a imagem no Facebook, onde sabemos que ela foi removida", disse um porta-voz da rede social em um à AFP.

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Mais cedo nesta sexta, a primeira-ministra norueguesa, Erna Solberg, postou a fotografia, que o Facebook diz violar suas regras de restrição de nudez. Registrada em 1972 pelo fotógrafo Nick Ut Cong Huynh para a Associated Press, a foto de uma menina vietnamita nua fugindo de um ataque de napalm é considerada uma das imagens que definem a guerra. Ele foi homenageado com o Prêmio Pulitzer.

O de Solberg foi tirado do ar horas depois - apagado pelo Facebook, denunciou ela. A primeira-ministra disse que a rede social americana estava buscando "editar nossa história comum". O caso começou há algumas semanas, quando o escritor norueguês Tom Egeland publicou um sobre fotos de guerra, ilustrado com a imagem icônica. O Facebook a deletou rapidamente.

Em apoio a Egeland, noruegueses começaram a publicar essa mesma foto na rede social, e também tiveram suas mensagens apagadas. Em sua última declaração, o Facebook disse que mudou sua orientação "depois de ouvir a nossa comunidade" e de examinar como suas "normas comunitárias" eram aplicadas.

"Normalmente, se presumiria que uma imagem de uma criança nua viola as nossas normas comunitárias e, em alguns países, esta poderia até ser qualificada como pornografia infantil", acrescentou. O Facebook declarou, porém, que, de agora em diante, vai permitir que essa imagem seja postada na maior rede social do mundo e que vai ajustar seus mecanismos de revisão para permitir seu compartilhamento.

"Vai levar algum tempo para adaptar esses sistemas, mas a foto deve estar disponível para ser compartilhada nos próximos dias", acrescentou o comunicado. "Estamos sempre procurando melhorar nossas políticas para garantir que elas promovam a liberdade de expressão e mantenham nossa comunidade segura", completou.

O editor-chefe do jornal de maior circulação da Noruega, o Aftenposten, publicou uma carta aberta ao diretor-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, criticando a censura da rede social à icônica foto da “Menina de Napalm”, que registra a garota Kim Phuc fugindo de um ataque de Napalm, agente incendiário, na Guerra do Vietnã, em 1972. Em seu texto, um editorial na capa da edição de quinta-feira (8) do jornal, Espen Egil Hansen diz temer o filtro de conteúdo realizado pelo Facebook.

“Eu estou chateado, desapontado – bem, na verdade até assustado – com o que você está prestes a fazer com um pilar da nossa sociedade democrática” disse o editor-chefe do jornal, que caracterizou a imagem deletada como uma das mais famosas fotos de guerra do mundo. 

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O caso começou com o escritor Tom Egeland, que há algumas semanas fez uma publicação no Facebook com sete fotografias que mudaram a história da guerra. A rede social removeu a foto. O escritor, então, fez uma crítica sobre o banimento da imagem e recebeu a pena de 24 horas sem poder fazer novas publicações. 

O Aftenposten publicou a situação no Facebook e acabou tendo o mesmo destino do escritor. “A solicitação que removêssemos a imagem veio em um email do escritório do Facebook em Hamburgo nesta quarta-feira de manhã. Menos de 24 horas depois do email enviado, e antes de eu ter tempo de responder, vocês mesmos interviram e deletaram o artigo e a imagem da página do Aftenposten no Facebook”, destaca Hansen. “Primeiro você [Zuckerberg] cria regras que não distinguem entre pornografia infantil e famosas fotos de guerra. Então você pratica essas regras sem permitir espaço para o bom senso”, acrescenta.

Ao jornal britânico The Guardian, o Facebook disse reconhecer se tratar de uma foto icônica mas que é difícil criar uma distinção entre uma foto de uma criança nua em um contexto e não em outros. “Nós tentamos encontrar o equilíbrio certo entre permitir que as pessoas se expressem e também manter uma experiência segura e respeitosa para nossa comunidade global. Nossas soluções não serão sempre perfeitas, mas nós iremos continuar tentando aprimorar nossas políticas e as formas como as aplicamos”, disse um representante da rede social. 

O caso fez com que a primeira-ministra da Noruega e demais membros do governo postassem a foto no Facebook e relatassem o incômodo gerado. A própria primeira-ministra, Erna Solberg, teve sua publicação excluída em menos de 24 horas. Na manhã desta sexta-feira (9), Erna fez uma postagem com a foto da criança nua recortada. “O que o Facebook faz, não importa quão boa seja intenção, é editar a nossa história”, ela escreveu – na publicação há uma série de fotos importantes tendo personagens centrais recortados. 

A “Menina de Napalm” é uma foto do vietnamita Nick Ut. A imagem venceu o Prêmio Pulitzer e é considerada uma das mais memoráveis do século XX. 

Um vietnamita e seu filho que teriam sobrevivido durante 40 anos na selva foram levados de volta ao seu povoado do qual fugiram durante a guerra do Vietnã, indicou neste sábado um responsável provincial.

As imagens da rede de televisão local mostraram Ho Van Thanh, de 82 anos, e seu filho Ho Van Lang, de 42 anos, esqueléticos e vestidos com uma tanga feita de cascas de árvore quando eram levados na quarta-feira, aparentemente contra a sua vontade.

No início dos anos 1970, Thanh, então membro de uma guerrilha comunista, fugiu de seu povoado após a morte de sua mãe e de dois de seus filhos em um bombardeio americano. Levou com ele seu filho de dois anos, explicou à AFP Hoang Anh Ngoc, um responsável local da província de Quang Ngai, no centro do país.

Mas os dois homens, que sobreviveram se alimentando de frutas e do milho que cultivavam, falam apenas algumas palavras de seu dialeto da minoria étnica Kor e podem ter problemas sérios para se adaptar, sobretudo o filho, que viveu na selva praticamente por toda a vida.

"O filho tem medo da multidão. Não fala com estrangeiros (...) mas fala um pouco com sua família", disse Ngoc. Vive na casa de familiares, mas "é claro que temos medo que volte à floresta, o vigiamos", acrescentou.

O pai, no entanto, cansado e internado para ser tratado em um hospital local, está "muito mais velho e muito fraco para fugir", estimou o responsável provincial, acrescentando que as autoridades irão construir uma casa para eles.

Segundo o jornal on-line Dan Tri, o filho mais novo do homem, que tinha apenas três meses durante o bombardeio, visitava todos os anos o pai e o irmão na selva e em 2004 já havia tentado levá-los para casa.

Mas eles não quiseram ficar muito tempo, "preferiram sua vida independente à vida tradicional das famílias vietnamitas", disse o jornal.

Alguns moradores da região viram recentemente os dois homens e alertaram as autoridades. Eles foram localizados na quarta-feira "vivendo em uma cabana a cinco metros do chão e vestindo uma tanga feita de casca de árvore", segundo o jornal Tuaoi Tre.

Também tinham ferramentas rudimentares, algumas da época da guerra.

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