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Em um templo hindu, os sacerdotes invocam a clemência da deusa do coronavírus com a esperança de acabar com o surto da Covid-19 na Índia, onde quase 320.000 pessoas já morreram desde o início da pandemia.

Duas efígies da "Corona Devi" (deusa em hindi) chamam a atenção no templo Kamatchipuri Adhinam de Coimbatore, no estado de Tamil Nadu, duramente afetado pela onda de coronavírus que abala o gigante asiático desde março.

O templo hindu permanece fechado para os fiéis pelo impacto da epidemia em Coimbatore, uma cidade de 2 milhões de habitantes que sofreu mais de 1.000 mortes.

Os "bramanes" - sacerdotes hindus - vão todos os dias ao templo com os braços cheios de oferendas que são depositadas aos pés das imagens, uma delas de madeira e a outra de pedra, antes de se juntarem aos cantos que invocam a clemência da divindade: "Deusa Corona, por favor, acabe com o vírus e salve a população".

"No passado, tivemos templos consagrados (aos deuses) da varíola, da varicela, da peste", declarou Anandbharathi K., que dirige o templo Kamatchipuri Adhinam.

"Nós veneramos o vírus sob a forma de uma deusa e pedimos todos os dias para que ela amenize os efeitos da doença", acrescentou.

O número de contágios parece diminuir em grande parte da Índia após semanas de confinamento, mas o país de 1,3 bilhão de habitantes, traumatizado pela ferocidade da doença que lotou os hospitais e esgotou as reservas de oxigênio e medicamentos, teme uma nova onda tão ou mais virulenta que a atual.

"Nem os médicos são capazes de superar a magnitude da situação, então nós recorremos à fé e à divindade como último recurso", declarou Anandbharathi.

Os "bramanes" realizam seus rituais dedicados à "Corona Devi" 48 dias antes de levarem as efígies para um rio próximo, onde as mergulham como uma "oferenda de paz".

Ao menos 20 pessoas morreram e 189 ficaram feridas nos confrontos entre nacionalistas hindus e muçulmanos que começaram no domingo em Nova Délhi, segundo um balanço atualizado divulgado nesta quarta-feira (26).

Estes são os piores confrontos em décadas em Nova Délhi. O governador da capital do país pediu ao governo central que decrete toque de recolher e envie o exército à cidade.

Homens armados com pedras, facas e armas de fogo provocam o caos desde domingo nas áreas periféricas de maioria muçulmana ao nordeste da capital indiana, a uma dezena de quilômetros do centro da cidade, onde moram trabalhadores migrantes pobres.

Os grupos armados hindus atacaram locais e pessoas identificadas como muçulmanas, informou a imprensa local. Os agressores gritam "Jai Shri Ram" ("Viva o Deus Rama"), de acordo com testemunhas.

Nas redes sociais circulam vídeos que mostram um grupo de nacionalistas hindus subindo no minarete de uma mesquita para colocar a bandeira indiana. O principal hospital da zona registrou 20 mortes até esta quarta-feira.

"Há 189 pessoas hospitalizadas. Quase 60 pessoas foram feridas a tiros", declarou Sunil Kumar, diretor do hospital GTB. Os confrontos são motivados pela polêmica lei de cidadania, que para muitas pessoas é discriminatória em relação aos muçulmanos.

A nova lei facilita a concessão da cidadania aos refugiados, desde que não sejam muçulmanos. O texto cristalizou o temor de que os muçulmanos podem ser relegados a cidadãos de segunda categoria, em um país onde os hindus representam 80% da população.

A lei provocou as maiores manifestações na Índia desde a chegada do primeiro-ministro Narendra Modi ao poder em 2014. Arvind Kejriwal, o governador de Délhi, estado que inclui a a capital, considera a situação "alarmante" e pediu ao governo do primeiro-ministro Modi a adoção do toque de recolher e o envio de militares.

"Apesar de seus esforços, a polícia não consegue controlar a situação e restaurar a calma", disse Kejriwal. A segurança em Délhi, território que dispõe de um estatuto particular, é responsabilidade do governo central.

O primeiro-ministro fez um pedido de paz e fraternidade aos habitantes de Délhi. "A paz e a harmonia são fundamentais para nosso espírito. Faço um apelo a meus irmãos e irmãs de Délhi para que mantenham a paz e a fraternidade a todo momento", afirmou Modi, um nacionalista hindu, em uma mensagem divulgada no Twitter.

É importante que exista calma e que a normalidade seja restabelecida o mais rápido possível", acrescentou o primeiro-ministro. Muitos trabalhadores migrantes começaram a abandonar o distrito dos confrontos para retornar a seis vilarejos.

"Não há trabalho, vale mais a pena sair do que ficar. Ficar aqui para morrer?", afirmou um alfaiate que pretende voltar a seu vilarejo natal, no estado vizinho de Uttar Pradesh. "As pessoas estão se matando. Há tiros", completou.

A explosão da violência coincidiu no domingo com o início da visita do presidente americano Donald Trump, que terminou na terça-feira.

Ao menos 60 pessoas morreram em um tumulto ocorrido neste domingo (13) em uma ponte em frente a um templo no centro da Índia, anunciou a polícia. "Foi confirmado o falecimento de 60 pessoas e o balanço pode chegar a 100", disse à AFP D.K. Arya, um funcionário de alto escalão da polícia.

"Mais de 100 pessoas ficaram feridas" no tumulto ocorrido no distrito de Datia, no Estado de Madhya Pradesh, acrescentou. Além disso, "teme-se que muitas pessoas tenham caído no rio", acrescentou o funcionário.

Arya indicou que a confusão foi provocada por rumores de que a ponte poderia desabar depois de ter sido atingida por um veículo pesado. Outras fontes policiais indicaram que 20.000 pessoas estavam na ponte sobre o rio Sindh quando o tumulto começou.

Até 400.000 devotos já estavam dentro ou em torno do templo do distrito de Datia, situado 350 km ao norte da capital estatal, Bhopal, quando a confusão começou. A NDTV, um canal de informação indiano, citou fontes que afirmaram que a polícia havia piorado a situação ao se lançar contra a multidão com paus, algo que Arya negou.

Atualmente os hindus celebram o fim do festival Navaratri, dedicado ao culto do deus hindu Durga, que atrai milhões de fiéis aos templos, especialmente no norte da Índia. Os tumultos com vítimas fatais em celebrações religiosas são frequentes na Índia, onde em fevereiro 36 pessoas morreram pisoteadas na peregrinação de Kumbh Mela, às margens do rio Ganges.

Em 2011, 102 hindus morreram em outro tumulto no estado de Kerala, e 224 peregrinos faleceram em setembro de 2008 em Johpur.

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