Tópicos | instabilidade política

O resultado da eleição realizada nesse domingo (4) na Itália é importante não apenas para o país, mas também para o futuro da União Europeia. Os votos ainda não foram totalmente apurados, mas o resultado parcial, que indica vitória do Movimento 5 Estrelas, não tira o país da instabilidade política em que está mergulhado. Os italianos foram às urnas para escolher 630 deputados e 315 senadores, em uma votação complexa, que mistura políticos eleitos por maioria simples e pelo sistema proporcional.

Mais votado, o Movimento 5 Estrelas tem o jovem líder Luigi Di Maio como principal representante. Apesar de ter conquistado o maior número de assentos, o partido não obteve maioria e não conseguirá formar governo sozinho.

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Em segundo lugar ficou a coligação de direita e extrema-direita, que une quatro partidos, entre eles o Força Itália, de Silvio Berlusconi. Contrariando as pesquisas anteriores, que apontavam o partido de Berlusconi com maior intenção de voto dentro da coligação, o mais votado foi o Liga, um partido anti-europa e anti-imigração, liderado por Matteo Salvani.

No país, que é a terceira economia da zona do euro e que recebeu 600 mil imigrantes nos últimos cinco anos, o movimento de extrema-direita, considerado por muitos como xenófobo, tem se mostrado crescente e assusta os defensores da União Europeia. A coligação tem cerca de 37% dos votos e também não conquistou maioria, deixando o Parlamento em suspenso.

Com a conclusão da apuração, é possível que a Itália continue sem conseguir formar governo. O impasse, que pode levar meses, poderia até acabar em novas eleições.

Não fosse a terrível instabilidade política que o País enfrenta, herança do desgoverno de Dilma, agravada pelas denúncias envolvendo o presidente Temer na delação dos donos do frigorífico JBS, a recuperação da economia talvez estivesse bem mais próxima. Mesmo diante de tamanho caos, o Brasil gerou 35, 9 mil vagas formais de emprego em julho passado. Os dados são oficiais, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados, ontem, pelo Ministério do Trabalho.

No mês passado, foram registradas 1.167.770 contratações ao mesmo tempo em que ocorreram 1.131.870 demissões de trabalhadores com carteira assinada. Esse foi o quarto mês consecutivo com criação de vagas com carteira assinada e também, a primeira vez, desde 2014 em que as contratações superaram as demissões no mês de julho. Foi o melhor mês de julho em quatro anos. No mesmo mês de 2015 e do ano passado, respectivamente, foram fechadas 157.905 e 94.724. Em julho de 2014, por sua vez, foram abertas 11.796 empregos com carteira assinada.

No acumulado de janeiro a julho deste ano, ainda de acordo com o Governo, foram geradas 103.258 empregos com carteira assinada. No mesmo período do ano passado, o Governo informou que foram demitidos 623.520 trabalhadores. O Ministério do Trabalho não divulgou a série histórica para o resultado dos empregos formais no mesmo período dos anos anteriores.

O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, disse acreditar que, entre agosto e novembro, os números também serão positivos na geração de empregos formais. "Estou acreditando que teremos números bem melhores em agosto. A construção, que estávamos há 33 meses com números negativos, registrou números positivos [abertura de vagas]", declarou.

Segundo ele, a geração de empregos formais em julho deste ano mostra que o País está no "rumo certo" e que o Governo "está tomando as medidas necessárias para colocar novamente o Brasil no rumo do crescimento econômico e da recuperação do emprego". Em julho deste ano, de acordo com o Ministério do Trabalho, cinco setores da economia admitiram trabalhadores. O setor que mais contratou foi a indústria de transformação, com 12.594 vagas abertas.

Neste período, o comércio registrou a abertura de 10.156 empregos com carteira assinada, ao mesmo tempo em que o setor de serviços contratou 7.714 trabalhadores formais. Já a agropecuária registrou a contratação de 7.055 pessoas. Por outro lado, os chamados "serviços de utilidade pública" ainda registraram resultado negativo, com a demissão de 1.125 trabalhadores com carteira em julho deste ano. A construção civil, por sua vez, abriu 724 vagas formais no período, enquanto a indústria extrativa mineral demitiu 224 empregados.

VAIAS – O presidente Michel Temer foi vaiado, na manhã de ontem, no fim do seu pronunciamento durante a solenidade de abertura da 36ª edição do Encontro Nacional

de Comércio Exterior, no Centro do Rio de Janeiro. Durante o pronunciamento, um dos espectadores levantou uma placa com os dizeres "Fora Temer Golpista. Eleições gerais", sendo seguido por outros na plateia. Ao fim do discurso, o presidente também foi vaiado e ouviu gritos de "Fora Temer". As vaias partiram quando falou da recuperação da economia. O presidente garantiu que o País está retomando o crescimento e que o comércio exterior bateu um recorde histórico, com mais de R$ 40 bilhões de superávit.

De volta ao batente - Após se licenciar do cargo por mais de duas semanas, o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (PSB), retorna, hoje, ao batente. No primeiro dia de volta ao mandato, fará reuniões com a vice-prefeita Luska Portela, que assumiu, interinamente. Miguel chegou ontem de viagem em lua de mel com a primeira dama Lara Secchi Coelho. Seu casamento, há 20 dias, reuniu lideranças políticas de vários Estados, entre elas o governador Paulo Câmara e o prefeito do Recife, Gerado Júlio, principais lideranças estaduais do PSB. Miguel integra a banda dissidente do seu partido, comandada pelo pai, o senador Fernando Bezerra Coelho.

Boa notícia – O valor contratado para financiamentos no Nordeste durante o primeiro semestre deste ano foi 20% maior em relação ao mesmo período do ano passado. Foram mais de R$ 6,3 bilhões em 2017 contra R$ 5,3 bilhões em 2016, aplicados pelo Fundo Constitucional de Financiamento da região (FNE), sob gestão do Ministério da Integração Nacional. Nos segmentos urbanos, especialmente indústria, turismo, comércio, serviços e infraestrutura, o crescimento foi de 96%, com R$ 3,9 bilhões em contratos este ano e R$ 2 bilhões nos primeiros seis meses do ano anterior. Do total de R$ 26,1 bilhões previstos para investimentos do FNE até o final deste ano, um montante de R$ 11,4 bilhões foi reservado a empreendimentos de grande porte na área de infraestrutura.

Processado por assédio – A direção do PSB entrou, ontem, com representação contra o deputado Wladimir Costa (SD-PA) por decoro parlamentar. Ele é acusado de suposto assédio contra a jornalista Basília Rodrigues, da CBN. Ela pediu que o deputado mostrasse a tatuagem feita em homenagem ao presidente Temer, uma vez que havia dúvidas se o desenho era definitivo ou se tratava de uma tatuagem temporária. Na frente de outros repórteres e deputados, Costa respondeu: "Pra você, só se for o corpo inteiro". Em seguida, após ser perguntado, novamente, por Basília, o deputado do SD disse: "Eu tenho várias tatuagens no corpo inteiro, amor". Ela relatou o caso nas redes sociais e disse que, na ocasião, vários deputados pediram desculpas a ela e ficaram constrangidos com a resposta de Costa.

A melhor do País – O presidente da Compesa, Roberto Tavares, que nos bastidores palacianos tem seu nome cogitado para disputar um mandato na Câmara dos Deputados, arrebatou para a instituição o troféu de melhor empresa do setor de saneamento do País edição 2017 do Anuário Época Negócio 360º. A premiação foi entregue durante cerimônia realizada em São Paulo, terça-feira passada, com as presenças do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. A revista revelou as empresas campeãs setoriais e o ranking das 300 melhores companhias brasileiras, agrupadas em 27 setores da economia.

CURTAS

CARGOS – Dois maiores partidos do Centrão, PP e PR, cobram do presidente Temer cargos no segundo e terceiro escalões em troca de terem ajudado o peemedebista a barrar a denúncia por corrupção passiva na Câmara dos Deputados. Com 46 deputados, o PP cobra o comando da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf). O órgão hoje é controlado por uma aliada do senador Antonio Carlos Valadares (SE), do PSB, partido que já desembarcou do Governo.

AÇÃO – O Ministério Público Federal ajuizou ação civil pública, com pedido de liminar, para que os municípios do Recife e de Jaboatão dos Guararapes não impeçam o funcionamento dos serviços de transporte particular individual remunerado de passageiros, a exemplo do Uber. Leis de ambas as cidades impõem restrição ao uso do aplicativo, o que só pode ser feito por legislação federal, conforme estabelece a Constituição da República.

Perguntar não ofende: Com quatro ministros pernambucanos, o Estado vai perder a sede da Hemobrás?

Ao fazer um panorama geral do sistema eleitoral brasileiro e das brechas que as instituições que cuidam das regras para o setor abriram para a instalação de sistemas de corrupção, como o investigado pela Lava Jato, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, disse que o país está ganhando o "campeonato de instabilidade" com as crises instaladas desde a redemocratização a partir das infrações de partidos e políticos. 

Lembrando da época em que foi elaborada a Constituição Federal de 1989 e as reformas feitas a ela posteriormente, o magistrado, que debateu no Recife com empresários e políticos, argumentou que o sistema de financiamento eleitoral existente no Brasil e o pluralismo partidário fragmentado compromete a governabilidade. 

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"Veja o mensalão, sistema de cooptação de parlamentares para a base mediante a financiamento, enquanto nós o julgávamos e enchíamos a boca dizendo que estávamos a julgar o maior escândalo de corrupção, desenvolvia-se um sistema ainda mais estrondoso na Petrobras. Basta se ater a um símbolo, um subgerente da Petrobras devolveu 100 milhões de dólares. Um Barusco significa 100 milhões de dólares... O sistema de financiamento no Brasil está esgarçado", declarou. 

Para Mendes, "o esforço que se faz para se ter uma base parlamentar atualmente, e nós vimos neste tempo de crise, faz com que ganhemos o campeonato de instabilidade". Como exemplo disso, ele citou dois impeachments de presidentes em 30 anos de vigência da atual Constituição. Apesar das mazelas, segundo o magistrado, pode-se visualizar que o sistema “não colapsou, o que mostra uma certa densidade das instituições”.  

Reforma política

Defendendo a reforma política em seu discurso, Gilmar ressaltou também que não se faz democracia sem políticos. “É preciso que neste momento façamos uma reflexão e pensemos com seriedade na defesa das instituições. É preciso que se respeite o Congresso, a política. Vamos abominar  as más práticas, mas não se faz democracia sem políticos ou a política. Quem quiser fazer política, que vá aos partidos políticos e faça política lá. Não na promotoria, não nos tribunais", frisou.  

“Vamos colocar energia nas reformas políticas. Isso é um processo. Só a ditadura faz reforma de uma vez. Precisamos investir energia neste processo. É fundamental que façamos esta mudança. Pelo bem da democracia. Apesar dos desconfortos, chegamos até aqui no quadro de liberdade. Não vamos negar aos nossos filhos e netos algo melhor que recebemos”, acrescentou. 

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