O samba do Patusco deu o tom do vai e vem das ladeiras históricas de Olinda na tarde deste domingo (19). Completando 50 anos no próximo dia 22 (em plena Quarta-feira de Cinzas), o Patusco continua arrastando multidões com a mesma empolgação do início da sua trajetória. Nem mesmo o fato do som do carro do bloco ter quebrado, por causa de um curto circuito, ofuscou a beleza do primeiro desfile em comemoração ao seu cinquentenário. Ao contrário: a vibração das pessoas na rua durante a passagem do Patusco foi calorosa, vibrante.
A madrinha da bateria Andréa Santos, de 31 anos, mãe de um bebê de quatro meses, mostrou com samba no pé como se faz para levantar os foliões que participam do carnaval de Olinda. “É emocionante, contagiante, mágico o carnaval dessa cidade. Essa aqui é a minha avenida. Nós aqui mostramos que Pernambuco é frevo, fervura e frevança no sangue”, declarou.
Aplaudidos por onde passavam, os ritmistas do Patusco respondiam com muito samba a alegria do público presente. “Essa resposta das pessoas a nossa música é maravilhosa. Para mim, que desde os nove anos toco, cada ano realizo meu sonho de estar novamente aqui”, disse o tocador de surdo Faroo de Souza, 51, sendo 12 deles dedicados ao trabalho no Patusco. O diretor de bateria, Henrique Guimarães, 34, que este ano comanda 180 ritmistas (30 a mais que em 2011) se atrapalha ao fazer as contas do tempo que está envolvido com o tradicional bloco fundado pelo seu pai. “Posso dizer que desde a barriga da minha mãe eu estava no Patusco”, disse.
Depois de mais de quatro horas de sobe e desce ladeiras com um sol a pino e o encontro ocasional com a Mulher do Dia no meio da ladeira da rua do Amparo, a apoteose do desfile da agremiação foi em frente a sua casa de apoio. O presidente e fundador do bloco, Itaci Valença Guimarães, 69, cumprimentou e parabenizou cada um dos integrantes do Patusco pelo desfile. De acordo com ele, o bloco está fazendo escola em Olinda. “Depois do Patusco surgiram o D’Break, Balanço Enredo e Batuqueto. O que é muito bom, porque para o Patusco não foi tão fácil assim. Nós começamos em uma época que o samba era coisa de malandro vindo do morro”, relembrou.
O presidente da agremiação disse que, além do samba, a agremiação era conhecida por fazer críticas aos principais problemas políticos, de cada ano, no País. “Nós denunciamos a escravidão com o desfile intitulado "Real Escravidão" e com isso ganhamos um prêmio da Empetur e pudemos finalmente comprar nossos instrumentos. Depois fizemos crítica à influência da Globo (TV) na candidatura de Collor (ex-presidente Fernando Collor de Melo) e posteriormente ao governo dele”, afirmou.
Hoje em dia, o bloco não conta mais com as críticas políticas. Não por falta de vontade do seu presidente, e sim por causa da superlotação nas ladeiras históricas. “Não tem mais como desfilar com tantos elementos dentro do bloco, pois as ruas ficam muito cheias”, lamentou.
Na próxima terça-feira (21), o Patusco promete levar mais samba para os foliões que estiverem em Olinda. Segundo o diretor de bateria, haverá algumas surpresas. O bloco sairá novamente da sua casa de apoio, localizada na rua do Amparo, por volta das 9h59.