“Em casa”, é assim que a carioca Erika define sua volta ao Recife para atuar com a camisa da UNINASSAU pela Liga de Basquete Feminino. Após conquistar sua oitava Copa da Rainha e ser MVP pela equipe espanhola do Avenida, o reforço mais esperado por Roberto Dornelas, treinador da equipe, chegou e já mostrou do que é capaz sendo eleita MVP nas três primeiras partidas.
Érika tem 37 anos e é a terceira vez que atua no Recife. Nas outras duas oportunidades foi comandada por Roberto Dornelas no Sport, em 2013, onde foi campeã, e em 2016, no América, ficando na segunda colocação.
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O currículo de Érika fala por si só. A pivô foi a primeira brasileira a jogar pela liga norte americana de basquete feminina, a WNBA. Também foi a primeira a conquistar o título mais cobiçado do mundo do basquete vestindo a camisa do Los Angeles Sparks. Além de títulos no campeonato espanhol e até conquista da Euroleague. Mas como todo começo, Érika enfrentou dificuldades como ela mesmo conta em entrevista exclusiva ao LeiaJá.
INÍCIO
“Comecei muito tarde, com 16 anos. Normalmente as crianças começam com oito, nove anos. Caí de paraquedas no basquete. Cheguei nos Estados Unidos sem saber falar nada”, explica. Durante a carreira Érika se dividia entre a liga americana e a liga espanhola. Como são disputadas em períodos opostos, a pivô conseguiu unir as duas histórias durante 13 anos. “Foi mais uma porta que eu abri para outras brasileiras chegarem lá e eu me sinto muito feliz por isso”, ressaltou.
SELEÇÃO BRASILEIRA
Com toda essa bagagem, Érika ganhou destaque também na seleção brasileira. Foram cinco mundiais disputados e três olimpíadas. Além do mundial sub-21 em que ela se sagrou campeã. Mesmo com toda essa história ela rechaça que não chegou no nível de Hortência e Magic Paula.
“Ainda não, eu ainda tenho um caminho a trilhar tenho algumas coisas para construir. Não me coloco nesse patamar. Quero conquistar algumas coisas com a seleção, quando eu conquistar com as minhas parceiras de seleção acho que aí sim vou poder me colocar nesse patamar”, cravou.
Mas para que o Brasil conquiste troféus, Erika afirma que falta dedicação das pessoas responsáveis por controlar a seleção brasileira feminina de basquete.
“Primeiro precisa ter uma estrutura. Falta muito, nós não sabemos quem é o técnico, não sabemos se vamos jogar, se não vamos jogar. Precisamos de um pouco mais de profissionalismo. Tudo é em volta do masculino. Precisamos esquecer um pouco do masculino e pensar no feminino porque treinamos, lutamos, abrimos mão da nossa família para está com a seleção. Deveriam pensar com um pouco mais de carinho como pensam no feminino”, disse.
A jogadora se prepara e pensa nas próximas olimpíadas em Tóquio-2020: “Estou me preparando para isso. Se eu chegar com a forma física que estou agora acho que posso fazer minha despedida”.
“Temos oportunidade de ganhar de trazer títulos para o Brasil e colocar o basquete feminino no topo como era no tempo de Magic Paula e Hortência. Acho que temos um caminho a ser trilhado e depende muito das pessoas que vem de cima”, completou.
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VOLTA AO RECIFE
De volta ao Brasil, Érika celebrou a evolução na Liga de Basquete Feminina: “Estou vendo evoluindo. Hoje em dia já está na ESPN e todo mundo que tem já pode acompanhar o nosso trabalho e eu fico feliz em poder voltar e poder trazer minha experiencia tanto para as meninas que estão jogando aqui quanto as que acompanham minha carreira”.
Com apenas três jogos na LBF 2019 pela UNINASSAU a pivô mostra com números o seu basquete de alto nível. A atleta tem a segunda média de pontos na liga com 19 pontos por jogo. Nos rebotes Érika lidera o quesito com média de 14.33, e também lidera o quesito tocos com 2 por jogo, além de também ser líder de eficiência com 32.33. Érika se sente totalmente adaptada.
“Estou em casa, liderando vários quesitos graças as minhas colegas de equipe porque sem elas eu não conseguiria jogar. Tudo que estou fazendo agora é devido a Roberto e minhas companheiras que estão me deixando livre para poder fazer o que tenho de fazer de melhor. O que eu puder ajudar vou estar aqui 100% e quem sabe conquistar um título igual 2013 e trazer mais visibilidade. Estamos precisando”, contou Erika.
ROBERTO DORNELAS
Outro ponto que contou positivamente para sua rápida adaptação a equipe é a relação de longa data com Roberto Dornelas. Essa é a terceira vez da dupla em Recife, dupla que conquistou o título em 2013.
“Adoro Recife, Roberto, o pessoal. Estou tranquila, estou me sentindo em casa como sempre me sentir aqui. Ainda mais jogar com essa meninada nova assim que ao mesmo tempo ficam nervosas quando eu estou perto, se soltam, estou me sentido a tia do time, assim que elas me chamam. Roberto me chama de dona Hermínia porque falou que eu sou falo, só grito”, brincou em alusão ao personagem do ator Paulo Gustavo do filme “minha mãe é uma peça”.
“Roberto é um paizão. Ele foi a primeira pessoa que me trouxe de volta para o basquete brasileiro, sou muito grata ao que ele tem feito por mim esses anos todos. Mesmo longe ele manda mensagem para saber como estou. Tenho minha família aqui no Recife”, salientou.
OBJETIVOS
A jogadora também falou sobre suas ambições com a equipe: “Nossa expectativa é cada jogo conseguir melhores resultados. Subir na liderança e na classificação e como falei, trazer de volta o título para o Nordeste. Fazer a UNINASSAU vença cada vez mais”.
Essa ligação com Pernambuco e com Roberto Dornelas nasceu em 2013. Érika naquele ano estava na WNBA e foi repatriada pelo comandante. No mesmo ano a conquista histórica e marcante com a camisa do Sport. Érika lembrou com carinho da conquista.
TÍTULO COM SPORT
“Vê o ginásio lotado desde o aquecimento até o final do jogo. No final todo mundo gritando o ‘cazá, cazá cazá’ foi uma experiencia ótima. Depois de muitos anos fora do Brasil voltar e ser recebida assim de braços abertos pela torcida, por todo Pernambuco. É uma das melhores lembranças que eu tenho”, finalizou.
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