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Os deputados devem se reunir na noite desta quarta-feira, 23, em sessão no plenário da Câmara, para discutir a representação contra o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), que poderá impor ao tucano a suspensão de 90 dias ou até mesmo a cassação do mandato.

Segundo consultores da área jurídica da Câmara ouvidos pelo Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a votação ocorrerá da seguinte forma: primeiro, será debatido e votado o parecer aprovado em 2013 pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa que pede a interrupção temporária do mandato de Leréia pelo prazo de 90 dias. Isso acontecendo, ele deixaria de receber salário de cerca de R$ 28 mil durante o período. Também não está descartada a possibilidade de Leréia apresentar um pedido de licença particular. Se esse requerimento for feito por um prazo maior de 31 dias, o suplente do deputado do PSDB de Goiás deverá ser convocado para assumir o cargo.

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Caso o plenário rejeite o parecer de suspensão apresentado pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, os deputados passam a discutir e votar a representação original apresentada pela Mesa Diretora que pede a cassação do deputado do PSDB. A votação deverá ser aberta e, nos dois casos (suspensão ou cassação), para que seja imposta qualquer uma das sanções a Leréia, são necessários no mínimo 257 votos.

Histórico

O processo contra o deputado foi oferecido por integrantes da Mesa Diretora em dezembro de 2012, após a revelação de que ele manteria relação próxima com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, condenado por peculato, corrupção, violação de sigilo e formação de quadrilha. O processo tinha como objetivo apurar possível envolvimento de Leréia com os fatos investigados na Operações Monte Carlo e Vegas, da Polícia Federal (PF), nas quais Carlinhos Cachoeira era um dos alvos.

Em sessão realizada no Conselho de Ética e Decoro em setembro, um primeiro parecer pela perda do mandato, feito pelo deputado Ronaldo Benedet (PMDB-SC), foi derrubado pelo voto da maioria do colegiado. Na sequência, foi aprovado um segundo relatório apresentado pelo deputado Sérgio Brito (PSD-BA), que sugeriu a suspensão do mandato de Leréia por 90 dias.

Depois de cassar o mandato do deputado presidiário Natan Donadon (sem partido-RO), a Câmara terá de decidir em votação aberta se suspende por 90 dias o mandato de Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), parlamentar citado nas investigações que levaram à prisão do bicheiro Carlinhos Cachoeira há quase dois anos.

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) disse que vai colocar o tema em plenário até março. O PSDB evita se pronunciar oficialmente. Nos bastidores, porém, correligionários argumentam que o parecer pela punição baseia-se apenas na sua amizade com Cachoeira e não em qualquer ato praticado.

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Na representação analisada no Conselho de Ética, pede-se a investigação da conduta de Leréia devido aos frequentes telefonemas trocados com o contraventor, empréstimos que o tucano recebeu de Cachoeira e a compra de um terreno em sociedade com o bicheiro. O primeiro relatório no Conselho, que pedia a cassação, foi derrubado e o colegiado optou pela suspensão de 90 dias atendendo ao parecer de Sérgio Brito (PSD-BA).

Em seu relatório, Brito afirma que apesar de não terem sido comprovadas as acusações, o colega deve ser suspenso por sua íntima relação com Cachoeira. "Ainda que do recebimento de dinheiro pelo Deputado Leréia ou da formalização de empréstimos não se tenha podido deduzir, com base nas provas colhidas nos autos, a prática de nenhum ato ilegal, as estreitas relações entre ele e contraventor notoriamente conhecido implicaram inevitável abalo à credibilidade da Câmara", diz. Cumprido o calendário fixado por Alves, o processo será julgado em plenário quase dois anos após as primeiras revelações. Ainda que o tempo tenha ajudado a diluir a polêmica, o fato de a decisão ocorrer com voto aberto pode levar a punição a ser aprovada, como ocorreu no caso de Donadon.

A investigação sobre Leréia começou após a divulgação de diversos telefonemas grampeados na Operação Monte Carlo da Polícia Federal, que desbaratou o esquema de Cachoeira. Enquanto no Senado houve um rito acelerado para cassar o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-TO), na Câmara os processos contra os deputados citados foram conduzidos lentamente. Com o caso perdendo espaço no noticiário, a Corregedoria da Câmara concluiu sua comissão de sindicância absolvendo três parlamentares, Sandes Júnior (PP-GO), Rubens Otoni (PT-GO), Stepan Nercessian (PPS-RJ) e dando prosseguimento apenas ao caso do tucano.

Também como reflexo da cassação ao deputado presidiário, o presidente da Câmara quer levar a plenário também em março a chamada "PEC dos mensaleiros" que passa a tornar automática a perda de mandato quando um parlamentar for condenado por crime contra a administração pública. Essa proposta encontra ainda resistência do PT e precisa ser votada em uma comissão especial antes de chegar ao plenário.

O deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), acusado de envolvimento no esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, recorreu nesta sexta-feira (18), contra a decisão do Conselho de Ética que, em setembro, determinou a suspensão temporária de seu mandato.

O recurso foi apresentado à Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados, que terá cinco dias para elaborar um parecer e deliberar sobre o caso. Em seguida, o parecer do colegiado, junto ao relatório do Conselho de Ética, seguirá para o Plenário da Câmara. Esta votação é secreta, mas está em discussão no Senado uma proposta de Emenda à Constituição que acaba com o sigilo para casos semelhantes.

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No recurso entregue hoje à Comissão, o advogado Getúlio Humberto Barbosa de Sá pede a absolvição de Leréia e o arquivamento da representação. Caso a CCJ mantenha o entendimento de que cabe sanção à conduta de Leréia, o defensor argumenta que a pena deve ser revista para uma censura verbal. Barbosa de Sá escreve no recurso que Leréia não quebrou o decoro parlamentar e que ele é apenas amigo do contraventor.

No começo de setembro, o Conselho de Ética da Câmara aprovou a suspensão do mandato de Leréia por 90 dias. A punição foi bem mais branda do que a que chegou a ser proposta pelo deputado Ronaldo Benedet (PMDB-SC), que ao relatar o caso pediu a cassação do tucano. O parecer do peemedebista acabou derrotado e os membros do Conselho apoiaram a suspensão por três meses, sugerido pelo deputado Sérgio Brito (PSD-BA).

Em seu voto, Brito alegou que o comportamento de Leréia não justificava a aplicação da pena de cassação, mas considerou "censurável" as relações do parlamentar goiano com Cachoeira. À época, ele disse que ligações telefônicas do tucano com o contraventor revelaram uma "evidente relação de intimidade que pôs em dúvida a lisura dos atos do parlamentar e a seriedade do próprio Parlamento". Caso Leréia seja, de fato, suspenso, não deve haver a convocação de suplente, uma vez que os substitutos são chamados quando a ausência do parlamentar é superior a 120 dias.

Devido a um pedido de vista apresentado no Conselho de Ética e de Decoro Parlamentar da Câmara, o voto do relator no processo por quebra de decoro parlamentar contra o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) não foi lido na tarde desta quarta-feira. Leréia é suspeito de envolvimento com o esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Com o pedido de vista concedido, a leitura do parecer do relator Ronaldo Benedet (PMDB-SC) ficou para uma sessão marcada para o dia 21 de agosto, próxima quarta-feira.

Benedet chegou a ler o relatório do caso na Comissão - o voto será apresentado em separado. No relatório, o deputado catarinense abordou as acusações contra Leréia. Há diálogos gravados, segundo uma sindicância da Câmara, que sinalizam "a prática de ilícitos penais e atos contrários à ética e ao decoro parlamentar".

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O Conselho de Ética pode pedir o arquivamento do processo contra Leréia ou pedir punições, que podem ir de uma simples sanção escrita à cassação do mandato. A decisão precisa ser referendada pelo Plenário.

Defesa

O deputado Carlos Leréia esteve presente na reunião. Seu advogado, Getúlio Humberto Barbosa de Sá, afirmou que a relação entre o parlamentar e Cachoeira era apenas de amizade. "(Leréia) não tinha conhecimento de qualquer questão ilegal que o Carlos Cachoeira havia cometido", disse.

No dia seguinte à CPI do Cachoeira terminar sem nenhum indiciamento, a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados decidiu encaminhar ao Conselho de Ética da Casa um pedido de cassação do mandato de Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) por envolvimento com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O relatório do deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), feito em uma comissão de sindicância da Corregedoria, foi aprovado por unanimidade pelo comando da Câmara.

Leréia é amigo pessoal de Cachoeira. Para Goergen, porém, a relação é também "de negócios". "A relação dele é acima da amizade, é uma relação de ganhos e intimidade que não se compatibiliza com o mandato parlamentar", disse o deputado gaúcho. Ele afirmou ver semelhanças com o caso de Demóstenes Torres (ex-DEM), cassado pelo Senado por envolvimento com o contraventor. "A diferença com o Demóstenes é só que o Leréia nunca mentiu sobre sua relação com o Cachoeira".

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O relator do processo de Leréia observou como elementos de quebra de decoro o fato de o deputado ter avisado o contraventor sobre investigações, ter sociedade com ele na posse de um avião e usar um telefone dado por Cachoeira que teria tecnologia contra grampo. Em sua defesa, Leréia tem sustentado que a relação com o contraventor é apenas de amizade.

Apesar da unanimidade na Mesa, Goergen admite serem pequenas as chances de o processo levar a uma cassação no plenário. Ainda que o Conselho de Ética respalde o parecer pela cassação, a votação final tem a proteção do anonimato dos colegas. "Enquanto existir o voto secreto, temo qualquer ação. Se tivéssemos transparência nas decisões a classe política não seria responsabilizada como um todo".

Além de encaminhar o caso para o Conselho, a mesa concordou com o arquivamento dos processos contra os outros deputados citados no esquema. Foram inocentados já nessa fase preliminar os deputados Sandes Júnior (PP-GO), Rubens Otoni (PT-GO) e Stepan Nercessian (PPS-RJ).

O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), defendeu nesta segunda-feira que o deputado tucano Carlos Alberto Leréia (GO) se licencie do partido até que as investigações contra ele em curso na Câmara sejam concluídas. Leréia é suspeito de envolvimento com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) abriu inquérito para investigá-lo.

O deputado do PSDB também é alvo de representação na Corregedoria da Câmara. Ele já apresentou sua defesa prévia. Nos últimos dias, grampos telefônicos feitos pela Polícia Federal no curso da Operação Monte Carlo mostraram uma relação próxima entre Leréia e Cachoeira. Em um dos diálogos, de abril do ano passado, o deputado tucano pede a senha de segurança do cartão de crédito do contraventor. Ao recebê-la, ele diz: "É bom que pode gastar seu dinheiro aqui, então".

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"Por mais que seja constrangedor para o partido, chegou a hora de o partido tomar uma providência", afirmou o líder do PSDB no Senado. Dias disse que Leréia deveria tomar a mesma atitude do deputado Stephan Nercessian, do PPS do Rio, que pediu afastamento do seu partido, assim que foi revelado que recebeu recursos de Cachoeira. "Ele deveria se afastar no decorrer das investigações."

Alvaro Dias também pede que o PSDB nacional abra um processo disciplinar contra o deputado goiano, uma vez que, até o momento, o diretório estadual, a quem caberia, segundo o líder, fazer a apuração da conduta dele, ainda não tomou qualquer providência.

Perillo

Contudo, o líder do PSDB não tem a mesma posição quando se refere ao governador de Goiás, Marconi Perillo. Para Dias, apesar de classificar como "delicada" a situação de Perillo, o partido tem que esperar o "inevitável" depoimento dele à CPI do Cachoeira para decidir qual providência vai tomar.

"(Abrir processo disciplinar contra Perillo) antes de ele falar, não", afirmou o líder tucano. Segundo Dias, o governador terá a oportunidade de responder aos questionamento de todos, inclusive do partido, na comissão parlamentar.

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