Joe Biden recebe o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador na Casa Branca nesta terça-feira (12), em busca de paliativos para a inflação e a crise migratória e aparar as arestas de uma relação que está longe de ser tranquila.
O desprezo de López Obrador por Biden em junho na Cúpula das Américas em Los Angeles - à qual ele não compareceu em protesto contra a recusa da Casa Branca em convidar os governos de Cuba, Venezuela e Nicarágua - decepcionou a classe política americana.
López Obrador, pragmático, minimiza a situação: "É uma reunião para reafirmar nosso compromisso de trabalhar juntos em benefício de nossos povos", disse o presidente, que antes de se reunir com Biden participará de um café da manhã de trabalho com a vice-presidente Kamala Harris.
A visita é marcada pelo luto pela tragédia dos mais de 50 migrantes mortos em um trailer no Texas, dos quais mais da metade era mexicana. Um drama que dá o tom do diálogo: migração e segurança.
Grande apoiador de "programas de cooperação para o desenvolvimento", não só no México, mas também na América Central, López Obrador provavelmente pedirá a Biden mais vistos para trabalhadores temporários, especialmente no setor agrícola, e investimentos em alguns projetos para deter as caravanas de migrantes.
Uma funcionária do governo dos Estados Unidos, que pediu anonimato, concorda que lidar com a migração irregular requer "abrir vias legais adicionais" que podem impulsionar o crescimento econômico e "buscar outras vias legais, como reassentamento de refugiados e reunificação familiar".
Mas acrescentou que a reunião será muito mais focada "na cooperação e na implementação" de acordos "e não tanto em compromissos numéricos específicos".
Outro funcionário do governo, que também não quis revelar sua identidade, garantiu que anúncios serão feitos durante o encontro.
"Esperamos anunciar ações conjuntas para melhorar a infraestrutura fronteiriça" e "melhorar a cooperação policial para interromper o fluxo de fentanil", acrescentou, reiterando a importância da segurança nas fronteiras, não só pelo tráfico de drogas, mas também de pessoas e de armas.
Além da migração, a questão que realmente preocupa os cidadãos é conter a inflação, superior a 6% nos Estados Unidos e de quase 8% no México, e afastar o espectro da recessão.