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Nesta quinta-feira (31), data que o golpe militar completa 58 anos, um grupo assinado por 89 entidades da sociedade civil divulgou um documento repudiando as tentativas de se celebrar o golpe militar de 1964. 

“O regime autoritário imposto pelo golpe militar de 1964 ceifou vidas, com cerca de 434 pessoas mortas, mais de 20 mil cidadãos e cidadãs brasileiras torturadas, além da perseguição e do afastamento da vida pública de quase cinco mil representantes políticos em todo o País. A censura imposta a estudantes, jornalistas, artistas e intelectuais deixou cicatrizes profundas nas instituições e na sociedade brasileira”, diz o documento, coordenado pelo Pacto Pela Democracia. 

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O golpe de 1964, que durou até 1985, é constantemente celebrado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e apoiadores, que o exaltam como tendo salvado o Brasil de uma hipotética “ameaça comunista”. 

Historiadores acreditam que o fantasma vermelho foi um pretexto para a derrubada do presidente João Goulart. “O período recente da história brasileira tem sido marcado por ataques à democracia e às instituições com perseguição de opositores e vozes dissidentes, como membros da sociedade civil organizada, jornalistas, artistas e ativistas”, pontuou. 

“Todos os pilares democráticos estabelecidos pela Constituição Federal de 1988 vêm sendo ampla e gravemente atacados pelo atual governo federal ao longo dos últimos três anos, sendo o processo eleitoral um alvo recorrente e primordial de tais investidas”, afirma. 

O ministro da Defesa, Braga Netto, publicou, na quarta-feira (30), uma ordem do dia celebrando o golpe de Estado que culminou na ditadura militar. Ele qualifica a ação que matou e torturou várias pessoas como “movimento” e “marco histórico da evolução política brasileira”

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que os presos políticos da ditadura militar foram tratados com 'toda dignidade' no DOI-Codi, considerado o principal posto de repressão mais violentos do período. Nesse domingo (20), em uma conversa publicada no canal do Youtube do filho, o deputado federal Eduardo (PSL), Bolsonaro voltou a homenagear o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, apontado como um dos responsáveis pelas torturas.

Embora o relatório da Comissão Nacional da Verdade, que apura os crimes cometidos durante a o período de exceção, contabilize 434 mortos ou desaparecidos no período, o presidente desconsiderou o depoimento de presos sobreviventes, que relatam uma série de torturas nos porões do centro de repressão paulista. "Não era preso político, não. Os terroristas eram tratados no DOI-Codi com toda dignidade, inclusive as presas grávidas. Isso são fatos, histórias verdadeiras", disse o presidente.  

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Ele fez o comentário após chamar o coronel Brilhante Ustra de "herói nacional" e elogiar seu livro, "A Verdade Sufocada", no qual apresenta sua perspectiva da ditadura. Bolsonaro já o havia homenageado nos tempos de deputado, quando votou pelo impeachment da ex-presidenta Dilma Roussef.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, concedeu indulto a mais de 100 opositores do governo, entre eles deputados e colaboradores de Juan Guaidó, autoproclamado chefe de Estado interino do país.

Em nota, o governo chavista afirmou que o "perdão presidencial" tem como objetivo "promover a reconciliação nacional", tendo em vista as eleições parlamentares previstas para o mês de dezembro.

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A lista com os nomes dos libertados foi lida pelo ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, durante uma coletiva de imprensa.

Entre os opositores libertados estão Roberto Marrero, chefe de gabinete de Guaidó, Henry Allup, chefe do Ação Democrática, o partido mais antigo da Venezuela, e os deputados Gilber Caro e Renzo Prieto.

Guaidó, por sua vez, afirmou que o governo venezuelano usou essas indulgências "como moeda de troca" para "legitimar uma farsa".

Um grupo de 17 jovens considerados presos políticos recebeu liberdade no estado de Nova Esparta, na Venezuela, segundo a presidente da Comissão de Política Interna do Parlamento, Delsa SolórzanoTodos foram detidos em 2017 durante protestos contra o governo de Nicolás Maduro. 

Delsa afirmou que as libertações não têm ligação com as medidas da Assembleia Nacional Constituinte, que há poucas semanas concedeu benefícios processuais a 123 pessoas. 

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De acordo com dados da Organização Não Governamental (ONG) Fórum Penal, no país venezuelano há 280 presos políticos. A mesma ONG já havia denunciado que as medidas processuais concedidas pelo governo Maduro, por meio do plano de reconciliação nacional, também beneficiaram presos comuns. 

 

Autoridades da Venezuela libertaram dezenas de prisioneiros acusados de incitar a violência contra o governo em protestos ocorridos nas ruas, informaram neste sábado organizações de direitos humanos.

Alfredo Romero, diretor do Foro Penal, disse que 36 prisioneiros foram libertados durante o fim de semana, mas se mostrou crítico à estratégia do governo. "Melhor seria se ao invés de libertar alguns, todos fossem liberados e mais ninguém preso", comentou em sua conta do Twitter.

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Entre os primeiros que saíram livres estava Alfredo Ramos, ex-prefeito de Iribarren, cidade ao nordeste da Venezuela, e o professor Carlos Perez, que permaneceu mais de três anos na cadeia, segundo a mídia local.

Cerca da metade dos prisioneiros receberam o direito de deixar a prisão há mais de um ano, no entanto, somente agora estão sendo libertados.

Líderes de oposição acusam o presidente Nicolas Maduro de usar táticas duras de controle de seus oponentes e pressionam para que os prisioneiros sejam liberados em meio as negociações com o partido socialista do governo. As libertações recentes mostram que Maduro, que está desesperamente buscando apoio para refinanciar sua enorme dívida externa, pode estar inclinado a atender tal demanda.

Segundo o Foro Penal, mais de 200 políticos são ainda mantidos como prisioneiros. Fonte: Associated Press

O Congresso da Venezuela, controlado pela oposição, aprovou na noite de terça-feira uma lei para liberar mais de 70 prisioneiros políticos. Esse é o maior desafio até agora imposto ao presidente Nicolás Maduro, que havia prometido vetar a lei de alguma forma.

A decisão provocou desentendimentos dentro da Assembleia Nacional, com parlamentares pró-governo queixando-se de traição enquanto familiares dos políticos presos gritavam por "liberdade" das galerias.

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A lei de anistia é destinada a libertar 77 políticos, estudantes e militares que foram presos por Maduro e seu antecessor, Hugo Chávez, por até 13 anos por supostamente instigarem violência ou cometerem traição, de acordo com o grupo de direitos humanos Penal Forum, que ajudou a elaborar a lei.

Entre os prisioneiros está Leopoldo López, o mais popular líder oposicionista do país, que foi preso em 2014 por liderar protestos de rua contra Maduro. "Temos fé que essa lei agora vai permitir que Leopoldo lidere o processo de mudança política", afirmou a esposa do prisioneiro, Lilian Tintori, em entrevista antes da votação no Congresso. "O país não pode mais esperar."

Maduro vinha afirmando que a lei não vai durar. "A lei para proteger criminosos não será aprovada", disse em transmissão na televisão a partir do palácio de governo durante a sessão do Congresso. Assessores de Maduro destacaram que a lei será enviada para a Suprema Corte, que é formada por apoiadores do governo. O tribunal vem rejeitando cada medida aprovada pelo Congresso desde que a oposição passou a ter o controle dela, em janeiro.

Embora a lei de anistia dificilmente libertará López e outros presos políticos imediatamente, parlamentares da oposição afirmam que a aprovação dela envia uma mensagem importante sobre mudanças nas políticas de Maduro, que preside durante a mais profunda crise econômica da história do país.

No começo deste mês o Congresso afirmou que buscará meios de reduzir o mandato de Maduro, que termina em 2019, ao mesmo tempo em que lançará um referendo para removê-lo do poder. Fonte: Dow Jones Newswires.

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, protestou nesta quarta-feira (15) contra o relatório apresentado pela comissão de parlamentares governistas que visitou a Venezuela. Às criticas do parlamentar refere-se pelo fato do senador Roberto Requião e demais parlamentares terem considerado que a Venezuela vive dentro da normalidade política, embora oposição tenha encontrado políticos com direitos cassados e mais de 80 oposicionistas presos. O documento oficial é assinado também pelos senadores Lindberg Farias (PT-RJ), Vanessa Graziotin (PCdoB-AM) e Telmário Mota (PDT-RO). 

Os senadores governistas foram à Venezuela uma semana após a missão de parlamentares brasileiros de a oposição ter sido impedida de cumprir uma agenda de trabalho no país e visitar os líderes políticos venezuelanos mantidos na prisão pelo regime de Nicolas Maduro. "O país do relatório do senador Requião, infelizmente para todos nós, não foi à Venezuela que visitamos há poucas semanas. Mas, quem sabe, se o governo brasileiro agir, pode vir a ser a Venezuela de um futuro próximo", disparou Neves, em pronunciamento no final da tarde, em Brasília.

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O tucano comparou a ida dos deputados opositores com a visita da base governista e fez várias reclamações. “Até porque, um país que vive na normalidade democrática não pode garantir livre acesso apenas para uma missão parlamentar solidária ao governo circunstancial daquele país vedando o acesso de uma comissão que foi, ali, prestar solidariedade a presos políticos e à oposição. Isso não é uma normalidade que nós, por exemplo, gostaríamos que existisse no Brasil. O livre acesso, a oportunidade de exercer as suas ideias, de dizer o que pensa não pode ser prerrogativa apenas daqueles que apoiam o governo daquele país”, cravou. 

O líder do PSDB contou ter obtido a informação de que a deputada mais votada da Venezuela, agora ex-deputada Maria Corina, teve seus direitos políticos suspensos. “Por 12 meses de forma absolutamente injustificável. Ao mesmo tempo, continuam presos dezenas de cidadãos que queriam manifestar a sua oposição ao governo Maduro”, denuncia, pontuando a existência de alguns avanços. “Reconheço que alguns passos foram dados, e em cima desses passos é que devemos centrar nossos esforços. Acho que o governo brasileiro tem o dever de fazer mais do que vem fazendo até agora, porque, praticamente, nenhuma ação concreta executou. (...). Poderia sim, em um gesto de boa vontade, o governo brasileiro está usando da sua influência, das boas relações construídas, em parte com subsídios dados pelo governo brasileiro, inclusive pela própria Petrobras, utilizar para garantir que seja apressado esse processo de normalização das relações democráticas na Venezuela”, sugeriu de forma irônica. 

Para Neves “a omissão do governo brasileiro ainda é enorme e nós, querendo ou não, somos o país mais representativo do ponto de vista econômico e populacional e mesmo geográfico da nossa região”, considerou, avaliando de a economia do país exterior e a do Brasil. “E também, do ponto de vista econômico dizer, quem sabe daqui a algum tempo, que houve uma normalização e a Venezuela não tem mais uma inflação anual de mais de 100%, com o crescimento negativo da sua economia, como previsto para esse ano, em torno de 7%”, comparou Neves. 

 

A pedido do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) aprovou, na tarde desta terça-feira (31), um requerimento para ouvir no Senado, as esposas de dois presos políticos na Venezuela – Antônio Ledezma e Leopoldo López. Ambos são opositores ao regime bolivariano do presidente Nicolás Maduro. 

Lilian Tintori de Lopez e Mitzy Capriles de Ledezma irão à comissão para tratar da situação política venezuelana, que levou a violações de direitos humanos e às prisões dos dois oposicionistas. Lopez é casada com Leopoldo López, ex-prefeito do município de Chacao – que integra a chamada Grande Caracas – e está detido desde fevereiro do ano passado, acusado de ter incitado violência em manifestações contra o regime chavista de Maduro. Naquela época, houve protestos de grandes proporções em todo o país, com 43 mortes.

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Já Mitzy é mulher de Antônio Ledezma que, em pleno exercício de mandato democrático como prefeito de Caracas, foi preso por agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional em janeiro deste ano. Ele foi acusado de integrar uma suposta conspiração para derrubar o presidente venezuelano do poder.

Para Aloysio Nunes a pauta é de suma importância, por isso ele requereu o debate. “Trata-se, sem dúvida, de assunto da maior relevância, sobre cujo debate esta Comissão não pode declinar pela importância de sua atribuição regimental e competência nesta Casa, o Senado Federal”, justificou.

*Com informações do PSDB

 

 

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O Conselho Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB) lembrou os 50 anos do golpe militar no Brasil, na segunda-feira (31), em Brasília. O ato público, denominado “Para Não Repetir”, reuniu advogados que atuaram na defesa de perseguidos políticos da época.

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No evento, foram apresentados vídeos e lançados livros sobre o período, um dos mais sombrios da história do país. “É importante relembrar o passado para que situação semelhante não volte a acontecer no Brasil”, afirmou o presidente do conselho, Marcus Vinícius Furtado Coêlho. Do estado de Pernambuco, foram homenageados advogados que tiveram reconhecimento pelos trabalhos feitos na defesa dos direitos humanos durante o regime militar.

Por fim, o presidente do Conselho entre os anos de 1977 a 1979, Raymundo Faoro, também foi homenageado, lembrando sua articulação entre sociedade civil e governo militar, que permitiu aberturas políticas, jurídicas, casos de anistia e concessão de “habeas corpus”. Do lado de fora da sessão, uma exposição foi montada, com fotos e informativos sobre pessoas desaparecidas e as circunstâncias do golpe.

O ex-magnata e opositor russo Mikhail Khodorkovsky chegou à Suíça no domingo (6) e prometeu lutar pela libertação dos presos políticos na Rússia, um mês depois de receber um indulto do presidente Vladimir Putin após dez anos de prisão.

"Ninguém pode viver com a cabeça tranquila quando sabe que há prisioneiros políticos apodrecendo no cárcere", declarou Khodorkovsky à televisão pública suíça SRF no trem que o levou de Berlim à Basileia.

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O ex-oligarca russo, que se encontrava em Berlim desde sua libertação da prisão na Rússia, recebeu um visto de três meses para viajar para a Suíça, onde sua família vive. A SRF informou que o ex-proprietário da petrolífera Yukos chegou a Suíça acompanhado de sua esposa Inna, de sua filha Nastia e de seus filhos gêmeos Gleb e Ilia.

Khodorkovsky, de 50 anos, foi preso em 2003 e condenado a oito anos de prisão "por fraude fiscal". A pena foi aumentada a 14 anos em 2010, após um segundo julgamento por "roubo de petróleo e lavagem de dinheiro", e finalmente reduzida para 11 anos.

A oposição afirma, no entanto, que o multimilionário russo foi preso por enfrentar o chefe de Estado, mostrar muita independência e financiar partidos da oposição. Após deixar a prisão, Khodorkovsky assegurou que não participaria da política, mas que tentaria ajudar os presos políticos em seu país.

"Acredito que trabalhar pela libertação de pessoas detidas injustamente é um dever de cada cidadão. Isto não tem nada a ver com a política", declarou à SRF.

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“Odijas foi assassinado, eu vi as mais bárbaras e crueis torturas, ele foi triturado a base de porrada. É importante que o Estado tome um posicionamento, pois os torturadores deveriam estar mofando na cadeia”. Foi assim que começou o depoimento da professora universitária Lilia Guedes, presa depois do golpe militar de 1964. Ela, o Presidente da Funase, Alberto Vinícius, o atual deputado estadual de Goiás, Tarzan de Castro (PDC) e sua esposa Maria Cristina Castro, participaram da primeira audiência pública da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara.

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Durante a tarde desta quinta-feira, no auditório do Banco Central, os integrantes da Comissão ouviram os relatos dos ex-presos políticos sobre o assassinato do líder estudantil Odijas Carvalho de Souza, em 1971. Os depoimentos relataram o Estado brasileiro no seu período obscuro, sem liberdade de expressão, liberdade artística, de comunicação, com os direitos civis cerceados e com a implantação do medo nas universidades, nas ruas e nas instituições públicas.

Os militares resolviam seus problemas políticos por meio da violência. “Eu era uma estudante secundarista, me envolvi com o grêmio estudantil no Estado do Ceará, depois me engajei na militância política de esquerda e entrei para a clandestinidade. Me prenderam no Recife porque distribuíamos panfletos e pichávamos os ônibus pedindo que as pessoas votassem nulo”, revelou Lilia Guedes (foto).

A professora universitária viveu cerca de três meses na praia de Marinha Farinha, em Paulista, na mesma casa onde Odijas e sua esposa moravam na clandestinidade. Depois das prisões, segundo os relatos dos depoentes, as torturas aconteciam na sede do Departamento de Ordem Política e Social (DOPs) da Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco. Os documentos dessas instituições relatam que Odijas morreu por causa de um edema pulmonar e foi sepultado no Cemitério dos Ingleses, no bairro de Santo Amaro, no Recife, como "Osias de Carvalho Souza", nome forjado pelo governo militar para despistar o assassinato.

“Ele estava com 25 anos, corria na praia regularmente e não tinha nenhum problema de saúde. Não morreria de edema pulmonar se não fosse massacrado. Os militares deram um atestado de óbito falso. Passei dois anos presa, não fiquei com sequelas físicas, mas tenho indignação e sede de justiça”, denunciou Lilia que, em conjunto com outros depoentes, reconheceu os nomes dos algozes, mandatários e responsáveis por praticar a tortura nas dependências da Secretaria de Segurança.

Dentre os nomes citados, se destacam o secretário de segurança de Pernambuco e então reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Armando Samico, o delegado José Silvestre e um dos agentes da ditadura reconhecido pelo nome de "Miranda". “Foram 17 horas seguidas de violência, das celas nós ouvíamos os gritos, pancadas e perguntas dos torturadores em busca de informações. Contávamos os gritos.. passaram dos 300. Depois disso ele ficou todo arrebentado e urinando sangue e, até o dia de sua morte, não sofreu mais torturas físicas, somente psicológicas”, contou Alberto Vinícius.

Segundo o ex-preso político, o secretário de segurança não participava das torturas, somente os delegados e agentes. “Com a morte de Odijas os presos saíram do DOPs e eram torturados no exército e na aeronáutica. Lá conheci a força do coronel Caros Alberto Bravo Câmara e do tenente Castilho. Depois fui para a prisão Barreto Campelo, na Ilha de Itamaracá, onde ficávamos em celas reservadas para presos políticos”, relatou Alberto Vinicius.

 

Denúncia - Esse período no DOPs de Pernambuco fez os presos escreverem e assinarem uma denúncia que foi entregue aos Direitos Humanos internacionais. Alberto Vinícius informou que o texto foi transcrito em um papel de cigarros. “Precisávamos revelar o que estava acontecendo, nosso relato chegou às mãos de Dom Helder Câmara e a Arquidiocese (de Olinda e Recife) fez esse documento chegar ao exterior tendo um repercussão internacional. Esse documento está arquivado no Instituto Miguel Arraes”, afirmou.

O deputado Tarzan Castro revelou que uma das coisas que motivaram a morte do Odijas foi o seu silêncio. “O silêncio dele causava ódio nos torturadores, que se sentiam desafiados e batiam cada vez mais. Ele chegava arrebentado na minha cela, passava algumas horas e depois o levavam para o 'pau de arara'. Passei por outras prisões e vi muita tortura no Chile, mas as pancadas aqui eram para matar. Cheguei a falar que ele não iria aguentar e o secretário de segurança me respondia que isso era 'um esparro'”, revelou Tarzan de Castro.

Odijas foi detido no DOPs para averiguação, mas no prontuário da polícia não constava nenhum depoimento do preso. Após escutar os relatos proferidos, os membros da comissão estadual decidiram enviar um ofício ao governo de Pernambuco solicitanto informações sobre os agentes da ditadura militar que foram citados nos depoimentos. Os que estiverem vivos serão convocados para prestar esclarecimentos sobre os casos.

Depois de tentar em vão serem recebidos pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na manhã desta sexta, em São Paulo, dois dirigentes do Fórum Permanente dos Ex-perseguidos Políticos procuraram a imprensa para criticar o PT e o governo federal. Um deles, Eduardo Ferreira de Albuquerque, de 56 anos, foi preso e torturado em 1980 por ter pichado um muro, na capital, com a frase "Soltem o Lula". Na época, o então líder sindical estava preso por liderar greves na região do ABC paulista.

Albuquerque e Francisco Ferreira de Oliveira, 80 anos, diretor tesoureiro do Fórum, queriam pedir a intervenção de Lula junto ao Ministério da Justiça para liberar o pagamento de indenizações de anistiados políticos que estão em atraso. Oliveira participou da luta armada contra o regime militar junto com a presidente Dilma Rousseff e passou dois anos e oito meses preso. Eles não conseguiram passar do portão do Instituto Lula, onde o ex-presidente dá expediente. "Quando o Lula estava preso, fiz mobilização para que o libertassem e acabei sofrendo oito dias de tortura, além de terem me tirado o emprego. Agora, ele bate a porta na minha cara", reclamou Albuquerque.

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"Sou do PT, mas o partido chegou ao poder e agora não cumpre a lei", completou Oliveira. Segundo ele, pelo menos 13 processos de anistia foram julgados no Estado de São Paulo e tiveram a decisão publicada, mas os beneficiários continuam sem receber a indenização. De acordo com o dirigente, a Lei da Anistia prevê o pagamento em até 60 dias após a publicação do julgado. "Temos casos que são de 2001 e os companheiros estão morrendo à míngua sem terem recebido um centavo." Oliveira contou que decidiu ir ao instituto depois de tentar o encontro com Lula durante vários meses para pedir que interviesse junto a Dilma.

Ele e o colega foram atendidos no portão pelo presidente da entidade, Paulo Okamoto, mas não conseguiram o encontro com Lula. Naquele momento, o ex-presidente atendia o deputado federal Virgílio Guimarães (PT-MG) e, segundo Okamoto, não havia condições de incluir os ex-presos na agenda. Revoltado, Albuquerque disse que fará um plantão na frente do prédio em que Lula reside, em São Bernardo do Campo, até entregar a reivindicação dos ex-presos políticos a ele. "Fico revoltado porque o Lula agora recebe o Maluf (deputado federal Paulo Maluf PP-SP), mas não recebe a gente que lutou por ele", desabafou.

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