Medo. Esse é o sentimento dos aproximadamente 372 monitores de trânsito terceirizados pela Prefeitura do Recife (PCR). Contratados pela Serttel, mais de 100 trabalhadores receberam aviso prévio na última terça-feira (25), sob a justificativa que a máquina municipal não teria recursos para mantê-los. Neste sábado (29), estava marcada uma assembleia para discutir os rumos da categoria. A reunião, no entanto, foi adiada por falta de quórum. Apenas dez amarelinhos compareceram.
O orientador identificado apenas como Gustavo está entre os que receberam a carta com a comunicação de aviso-prévio. Ele continuará trabalhando até o dia 17 de setembro, após um ano e dois meses de serviço. "O pessoal está com medo, se sentindo ameaçado. O que foi dito pela Serttel é que quem falasse com a imprensa ou fosse à assembleia seria demitido por justa causa", ressaltou, temendo represálias.
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Ele afirma ainda que a categoria foi pega de surpresa e que muitos estão revoltados. "Ninguém deu esclarecimentos sobre as demissões. Só afirmaram que a prefeitura precisava cortar gastos. Muitos que estão de aviso-prévio nunca faltaram a um só dia de trabalho. É triste porque não sobrarão funcionários suficientes para realizar o trabalho nas ruas", complementa.
O advogado da Federação dos Empregados no Comércio de Bens e de Serviços do Norte e do Nordeste (Feconeste), entidade que representa a categoria, João Murinelli, afirma que só poderá tomar uma providência sobre as ameaças relatadas quando os trabalhadores fizerem um registro oficial. "Não podemos notificar a Serttel se nada foi registrado. Se houver uma ocorrência oficial de qualquer um dos trabalhadores poderemos acionar o Ministério Público", complementa.
A Prefeitura do Recife, por outro lado, não se posicionou sobre as demissões. Nem a Serttel. O projeto dos amarelinhos foi lançado em 2013 pela gestão do prefeito Geraldo Julio (PSB), com a proposta de que os monitores de trânsito atuariam para ajudar no desvio do fluxo do tráfego e na travessia de pedestres. O custo aos cofres municipais é de R$ 15 milhões por ano.