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O Senado aprovou no início desta noite de quarta-feira (29) a Medida Provisória 651, que regulamenta a desoneração da folha de pagamento e a reabre o programa de parcelamento de débitos tributários de empresas e pessoas físicas (Refis da Crise). A votação, contudo, elevou os ânimos dos senadores da base de apoio do governo Dilma Rousseff e a oposição durante a apreciação da medida.

A polêmica foi um trecho incluído pela Câmara no texto original enviado pelo Palácio do Planalto, permitindo o parcelamento de dívidas por improbidade. Para aprovar o texto antes de ele "caducar", o Planalto precisou afirmar um compromisso público com o veto do dispositivo no ato de sanção da MP 651.

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O senador Romero Jucá (PMDB-RR) afirmou que conversou por telefone com os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Relações Institucionais). Os ministros teriam, segundo ele, garantido que a presidente Dilma Rousseff vetaria os trechos depois da aprovação.

O acordo não foi aceito pelo líder do PSDB, senador Aloysio Nunes Ferreira (SP), que afirmou que não votaria porque o governo não cumpriria o acordo de vetar o dispositivo que "fere a imagem" do Senado.

Polêmica

A expressão sobre o parcelamento de "débitos de qualquer natureza" por empresas e pessoas condenadas a devolver recursos federais aos cofres públicos deflagrou um demorado embate entre base e oposição. O dispositivo foi incluído como emenda no texto aprovado pela Câmara por sugestão do senador Gim Argello (PTB-DF), candidato derrotado nas eleições deste ano.

O artigo permitia o parcelamento de débitos cobrados pela Procuradoria-Geral da União (PGU) em até 15 anos. A oposição se colocou contrária à votação do dispositivo. "Esse artigo é uma homenagem à improbidade. É uma anistia à irresponsabilidade fiscal", disse o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AC).

A MP 651 precisa ser aprovada pelo Congresso até 6 de novembro. Caso o artigo polêmico fosse retirado do texto, toda MP voltaria para uma nova apreciação pela Câmara. Após o compromisso do veto, o dispositivo da improbidade foi votado em separado e aprovado por 41 senadores. O restante da MP foi votado simbolicamente sem restrições e alterações ao que foi elaborado pela Câmara.

A oposição conseguiu o voto de 16 senadores contra a aprovação do artigo 35 separadamente. Apesar do votos contrários, a MP 651 vai à sanção da presidente Dilma.

A nova lei trata da reinstituição do Reintegra e torna permanente a desoneração da folha de pagamentos para 60 setores da economia. Ela também reabre o prazo para adesão ao Refis - programa de refinanciamento de dívidas fiscais com a Receita.

O presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Flávio Meneghetti, declarou nesta quarta-feira, 15, que a Medida Provisória 651, aprovada na terça-feira, 14, na Câmara dos Deputados, pode dar grande incentivo às vendas do setor automobilístico. "Não falta dinheiro, os bancos estão com medo de conceder crédito. Se tiver segurança jurídica, para que possam retomar os veículos dentro de prazos razoáveis, teremos um aumento nas vendas de automóveis. Se de fato for aprovado, deverá ser um forte impulso", falou, durante congresso sobre perspectivas para 2015 promovido pela AutoData.

A MP 651, que simplifica o processo de retomada de veículos para clientes inadimplentes nos financiamentos, ainda deve ser aprovada no Senado. Gilson de Oliveira Carvalo, vice-presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (ANEF), também participou do debate e concordou com a perspectiva de retomada no crédito. "Sentimos que o sistema não tem problema de liquidez", afirmou, acrescentando que as medidas anunciadas pelo Banco Central nos últimos meses para incentivar a concessão de crédito para veículos já mostraram efeitos positivos em setembro.

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Carvalho acrescentou que a segurança jurídica é, de fato, um grande problema. Ele explicou que, a cada 100 processos de retomada, apenas 15 são concluídos com sucesso. "A tentativa de uma mudança na legislação pode fazer com que o crédito melhore", afirmou.

O presidente da Fenabrave disse esperar que o texto seja aprovado no Congresso e entre em vigor ainda neste ano. Ele ainda estimou que isso pode aumentar o volume de crédito em 20%, principalmente para automóveis. Ele explicou que o texto pode baixar a barra de crédito, isso é, aumentar o acesso aos consumidores, e também reduzir o custo do dinheiro.

Meneghetti acrescentou que o fundo do poço para o setor já passou. A avaliação é corroborada pelo vice-presidente da ANEF. O presidente da Fenabrave argumentou que os números do segundo semestre já mostram uma ligeira melhora na comparação com o primeiro semestre. Ao comentar as perspectivas para o próximo ano, ele estimou um desempenho de lado, com um viés de leve melhora.

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta noite de terça-feira (14) o texto base da Medida Provisória 651, que trata da criação do Reintegra, torna a desoneração da folha de salários permanente e reabre o prazo para adesão ao Refis, além de trazer medidas voltadas para o mercado de capitais.

A aprovação foi feita com base num acordo entre oposição e governo para que não houvesse verificação de quórum. Os deputados iniciam, agora, a votação dos destaques apresentados ao texto da MP.

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A pedido do governo, o relator da Medida Provisória nº 651, deputado Newton Lima (PT-SP), incluiu no texto um artigo que autoriza a capitalização do Banco Nacional de Desenvolvimento, Econômico e Social (BNDES) em até R$ 5 bilhões, sendo que a remuneração a ser recebida pelo Tesouro foi limitada à Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). Segundo o texto, a União está autorizada a renegociar ou estabelecer as condições financeiras e contratuais de operações de crédito realizadas com o BNDES, que permitam o seu enquadramento como instrumento elegível ao capital principal até o montante acima, devendo a remuneração a ser recebida pelo Tesouro ser variável e limitada à TJLP.

O líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), informou que o partido tentará suprimir o artigo na votação da MP no plenário da Câmara, prevista para a próxima semana. Ele criticou a falta de transparência do governo na concessão de subsídios. Segundo o líder, o texto permite, inclusive, que a remuneração paga pelo BNDES ao Tesouro seja zero.

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"O Tesouro capta à taxa Selic e vai capitalizar o BNDES com TJLP. Para mim, é mais um artifício da contabilidade criativa. O governo não tem compromisso com as contas públicas e com o equilíbrio fiscal. Pretendo suprimir esse artigo em plenário", avisou.

O relator da Medida Provisória 651, deputado Newton Lima Neto (PT-SP), informou nesta quarta-feira (8) que fez algumas correções no texto em relação a desoneração da folha de salários. Em seu relatório, apresentado hoje na comissão especial, ele incluiu no benefício as empresas de engenharia e arquitetura e de transporte de passageiros sob regime de fretamento e para o comércio varejista de produtos farmacêuticos. O relator explicou que os setores incluídos já tiveram o benefício por quatro meses, mas perderam a desoneração da folha porque a MP em que estavam incluídos caducou. Segundo ele, outros 30 setores solicitaram a inclusão no seu relatório, mas não foi possível por falta de espaço fiscal. Por outro lado, a pedido dos setores, excluiu da desoneração da folha alguns segmentos.

Sobre a reabertura do Refis, Lima Neto disse que as empresas terão uma nova chance nas mesmas condições do parcelamento que se encerrou em 25 de agosto. No entanto, a entrada terá que ser paga de uma única vez e não mais em cinco parcelas. Segundo ele, a entrada terá que ser em dezembro para não extrapolar esse exercício fiscal e não descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O novo Refis ficará aberto por 15 dias após a promulgação da MP.

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O deputado também incluiu em seu relatório a possibilidade do Reintegra - que devolve tributos aos exportadores de manufaturados - chegar a 5% do faturamento com as vendas externas para cadeias produtivas mais longas, "que incorporam mais resíduos de impostos quando exportam". "Consideramos que 3% não daria conta de fazer justiça à devolução de imposto para grandes complexos industriais. É uma possibilidade para o governo estudar cadeias mais complexas que podem ter um ressarcimento maior", explicou. Lima Neto também incluiu no Reintegra as exportações de produtos sob o regime de encomenda e as realizadas por cooperativas.

Ele informou que não sofreu alterações o capítulo da MP que trata de medidas para o mercado de capital, facilitando o acesso de pequenas e médias empresas à bolsa de valores. "Dos quatro grandes capítulos foi o que menos sofreu ou quase não sofreu emendas", disse.

Por outro lado, incluiu várias emendas ao texto que não dizem respeito o tema da MP original. "O governo concordou na expressiva maioria, mas coloquei essas emendas porque traz mais vitalidade à economia. Ela saiu bastante enriquecida", argumentou.

A pedido do governo foi incluída a alteração na legislação que trata da alienação fiduciária para garantir a retomada mais rápida dos bens, como automóveis, em caso de inadimplência.

Entre as emendas do relator está também uma mudança na legislação dos tributos incidentes sobre a Nafta para reduzir a carga tributária. Segundo o relatório, a indústria petroquímica está em situação concorrencial fragilizada porque há o uso do xisto a preços mais reduzidos em países concorrentes.

Outra emenda amplia o prazo de desoneração das debêntures, certificados recebíveis imobiliários e cotas de fundo de investimento em direito creditório com recursos destinados à infraestrutura até 31 de dezembro de 2030. O prazo anterior terminava no final de 2020.

A previsão é que o relatório seja votado amanhã na comissão especial e siga para o plenário da Câmara na próxima semana. A votação no plenário do Senado deve ocorrer depois do segundo turno das eleições, marcado para 26 de outubro. A MP caduca no dia 6 de novembro.

Veja algumas das emendas do relator:

1 - Altera legislação sobre compras governamentais instituindo em 25% a margem de preferência nas compras do setor público.

2 - Desoneração de PIS/Cofins na venda de equipamentos ou materiais destinados a uso médico, hospitalar, clínico ou laboratorial.

3 - Autorização para que fabricantes de medicamentos aproveitem os créditos de PIS/Cofins.

4- Mudanças para registros de medicamentos.

5- Inclusão de novos setores no Fundo Garantidor para Investimento (FGI) do BNDES.

6 - Ampliação dos empréstimos do BNDES para acolher investimentos em armazenagem de cana-de-açúcar.

7 - Prorrogação dos prazos do Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento de Usinas Nucleares (Renuclear), do Regime Especial Tributário para a indústria de defesa (Retid) e da redução a zero do Imposto de Renda na Fonte sobre remessas para pagamento de leasing de aeronaves.

8- Ampliação do Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária (Reporto) para incluir equipamentos utilizados nas operações de carga e descarga de mercadorias.

9- Transferência para a Anatel da atribuição de efetuar a arrecadação do Funttel.

10 - Modificação do Minha Casa Minha Vida para permitir que, em caso de retomada do imóvel por inadimplência, ao invés de leilão, o bem seja redirecionado ao programa.

O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) esteve no Ministério da Fazenda, na manhã desta terça-feira, 7, para discutir a Medida Provisória (MP) 651, que traz os incentivos ao mercado de capitais, reinstitui o Reintegra e reabre o Refis. A reunião, segundo o parlamentar, foi com o secretário-executivo adjunto da pasta, Dyogo Henrique de Oliveira.

O texto, que também torna definitiva a desoneração da folha de pagamento, será votado na comissão especial nesta quarta-feira, 8, às 10h, segundo Cunha. O prazo de vencimento da MP é em 6 de novembro.

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Também amanhã, Cunha tem nova reunião marcada com Oliveira e técnicos do Ministério da Fazenda na parte da manhã. O deputado não quis, entretanto, dizer quais são os pontos que preocupam no texto e afirmou que é preciso ver cada linha do material, por se tratar de regras tributárias.

"O que é bondade ninguém ficará contra. O problema é o que você pode ter de maldade. Mas não é o caso. Temos que estudar", disse, depois de ser questionado sobre uma nova ampliação do prazo do Refis.

O Broadcast informou ontem que o relator do projeto, deputado federal Newton Lima Neto (PT-SP), se reuniu com representantes do Ministério da Fazenda para discutir uma possível ampliação dos setores beneficiados pela medida de desoneração da folha de pagamento, mas o parlamentar não quis informar o resultado do encontro até a divulgação do relatório.

O senador Romero Jucá (PMDB/RR), que preside a Comissão especial da MP 651, informou na tarde desta terça-feira, 5, que haverá um esforço concentrado para a votação da medida na comissão entre o primeiro e segundo turno das eleições, em outubro. O texto já recebeu mais de 300 emendas. A medida provisória, que trata de medidas para dinamizar o mercado de capitais brasileiro, entre outros assuntos, perde a validade em novembro.

A comissão realiza audiência pública na tarde desta terça-feira para debater o texto da MP. O secretário-executivo-adjunto do Ministério da Fazenda, Dyogo de Oliveira, apresentava, por volta das 15h, as mudanças tratadas na MP. No dia 2 de setembro, a comissão ouvirá representantes do empresariado.

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Oliveira disse que a medida provisória é de grande importância para a economia brasileira porque traz um conjunto de medidas que busca a redução dos custos das empresas e dos investimentos, dá incentivo às exportações e, portanto, traz um melhoria geral para a competitividade das empresas do País.

A Receita Federal informou nesta sexta-feira (11) que a regulamentação sobre a reabertura do parcelamento especial, batizado de Refis da Crise, será publicada na próxima semana. "A regulamentação trará informações detalhadas sobre todas as regras desse parcelamento, inclusive a data a partir da qual o aplicativo de opção estará disponível para registrar as adesões", afirma nota da Receita.

O Fisco terá que adequar a regulamentação às regras incluídas na Medida Provisória 651, publicada ontem no Diário Oficial da União. Poderão ser parcelados débitos vencidos até 31 de dezembro de 2013, mas será exigida uma entrada de 5% do valor total para débitos de até R$ 1 milhão. A entrada será de 10% para dívidas acima de R$ 1 milhão até R$ 10 milhões e de 15% para parcelamentos em valores superiores a R$ 10 milhões até R$ 20 milhões.

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O pagamento, logo na entrada, será de 20% do valor do débito, quando ele ultrapassar R$ 20 milhões. O valor dessa antecipação poderá ser quitado em até cinco prestações, sendo que a primeira deverá ser recolhida até 25 de agosto de 2014, que é o prazo final de adesão. O restante do débito poderá ser liquidado em até 180 vezes, com redução de multas e juros.

O contribuinte que já está participando do parcelamento anterior, instituído em 2009, poderá optar por esse novo Refis, manter o anterior ou desistir do antigo. Com isso, os débitos que já foram parcelados no âmbito da Lei 11.941/2009 poderão ser incluídos nesse novo parcelamento.

As opções pelos parcelamentos e pelo pagamento à vista com utilização de créditos de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) deverão ser feitas exclusivamente por meio de aplicativo a ser incluído no e-CAC nos sites da Receita e da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) na internet.

O pagamento à vista sem utilização de prejuízo fiscal e de base negativa da CSLL já pode ser feito. Para isso, os contribuintes devem calcular o valor consolidado com os descontos concedidos e indicar no ato do pagamento o código do respectivo tributo.

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