É no ambiente de trabalho que boa parte das relações interpessoais acontece. Por passarem boa parte do dia na empresa, as pessoas costumam construir laços afetivos e fazer amizade com os colegas. Mas, quando o contato evolui para algo mais sério e o namoro surge, como deve ser a relação do casal? O que pode e o que não pode acontecer?
Para o advogado trabalhista Bruno Ferreira, não há problemas em namorar um colega de trabalho, mas, deve-se ficar atento às regras da empresa. “Algumas instituições tem regulamentos internos que proíbem o namoro, outras não têm restrições”, conta. Do ponto de vista jurídico, não há nenhuma lei que impeça pessoas manterem relações no trabalho, porém, o excesso de intimidade pode causar demissão por justa causa. “A demissão pode acontecer se a relação passar dos limites, o casal ‘se pegar’ no emprego. Desde que não cause constrangimento, não há problemas”, diz.
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A principal situação que deve ser evitada é trazer problemas de casa para o trabalho. Ciúme e brigas não devem interferir no desempenho das pessoas. Para isso, é necessário maturidade. Cristiane Paiva, gestora de RH da Advance, dá a dica. “O primeiro passo é ter uma relação saudável. Evite refletir problemas de casa no trabalho, misturar a relação pessoal com a profissional. Quem não sabe administrar pode gerar conflitos”, afirma.
De acordo com Cristiane, as empresas proíbem, geralmente, por más experiências com casais. “Às vezes a restrição ocorre quando a falta de maturidade trouxe problemas para o trabalho. Os empregadores perceberam que foi negativo”, explica. No caso de os problemas persistirem e a instituição optar pela demissão, os critérios costumam ser tempo de serviço e desempenho pessoal.
Uma situação perigosa é quando a relação acontece entre chefe e subordinado. Nesse caso, é preciso cuidado por ambas as partes. “O gestor tem que ter cuidado para não dar preferência ou benefícios para o companheiro; este também não pode se aproveitar da situação para se promover”, conta Cristina. O namoro entre chefe e empregado deve ser lidado com mais maturidade, já que a posição exige cobrança e rigidez.
DIREITOS
Em casos que o casal se sentir injustiçado ou perseguido, é necessário conversar com a empresa ou, em situações mais extremas, recorrer à justiça. “Se o Departamento Pessoal da empresa não resolver, ou haja algo mais pesado, a pessoa pode fazer uma recisão indireta, uma demissão sem prejuízo para o empregado, através da CLT”, explica o advogado Bruno Ferreira.
PARCERIA QUE DEU CERTO
Casados há 32 anos e colegas de trabalho há 27, o casal Regina e Rubens Cabral compartilham o mesmo ambiente profissional. Donos de um escritório de arquitetura, eles nunca tiveram problema em trabalhar juntos. “O fato de sermos casados nunca chegou a atrapalhar. Nunca tivemos problemas que interferissem na empresa. Uma crise pode atrapalhar, mas não chegamos a passar por isso. A nossa receita deu certo”, comenta. Apesar da vida a dois, no âmbito profissional Regina e Rubens são apenas colegas de trabalho.
Ao serem questionados se contratariam casais para a empresa, a resposta foi positiva. “Seria normal. Apenas exigimos dos nossos companheiros de trabalho a mesma postura que nós temos, com descrição e sem intimidade”, explica o casal. Regina comentou que, caso haja abuso, a demissão pode ser uma saída, mas apenas em último caso. “Primeiro conversaríamos com o casal, como advertência. Se a situação persistir, a demissão seria necessária”, finaliza.