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A Procuradoria da República em Goiás em conjunto com a Polícia Federal e com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deflagrou na manhã desta quinta-feira, 30, a Operação Tabela Periódica, mais uma etapa da operação O Recebedor - desdobramento da Lava Jato que apura fraudes nas licitações da Ferrovia Norte-Sul e ligação Leste-Oeste.

A ação tem como base um novo acordo de leniência fechado pela Camargo Corrêa, empreiteira que foi pega na Lava Jato por participar do esquema de corrupção na Petrobras e tem colaborado com as autoridades desde então.

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Ao todo, um procurador da República, cerca de 200 policiais federais, 26 peritos criminais federais e 52 agentes do Cade cumprem 44 mandados de busca e apreensão e 14 mandados de condução coercitiva em Goiás e em mais oito unidades da federação. A operação foi autorizada pelo juiz substituto da 11ª Vara Federal Goiás, especializada em crimes financeiros e lavagem de dinheiro.

Com base na colaboração da empreiteira e das investigações até agora, a suspeita é de que as fraudes teriam se iniciado, pelo menos, no ano de 2000, ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso, tendo durado até 2010.

Neste período, segundo a Procuradoria, chegou a envolver pelo menos 37 empresas, sendo 16 participantes efetivas e 21 possíveis participantes das licitações. As investigações preliminares apontam um prejuízo de R$ 630 milhões somente nas licitações em Goiás e, segundo o MPF, o valor deve ser ainda maior considerando os trechos das ferrovias que passam em Tocantins, Bahia e São Paulo, que também estão sob suspeita.

As diligências que estão sendo realizadas nesta quinta-feira buscam recolher mais provas do envolvimento de empreiteiras e de seus executivos na prática de cartel, fraude em licitações e pagamentos de propina a ex-diretores da Valec, relacionados aos contratos de construção das ferrovias Norte-Sul e Integração Leste-Oeste, revelados pela Camargo Corrêa em seu acordo de leniência com o Cade.

Os investigadores buscam, ainda, fortalecer as provas para as investigações criminais encerradas ou em curso na Polícia Federal de Goiás, assim como em ações penais já proposta ou a serem movidas pelo MPF-GO, que tratam da prática de sobrepreço, superfaturamento, corrupção, lavagem de dinheiro e fraudes nas licitações ferroviárias.

As provas colhidas serão, ainda, utilizadas pelo Cade em investigações e processos administrativos visando punir empresas e executivos por práticas anticompetitivas e cartel.

Acordos de leniência

Inicialmente, a Camargo Corrêa S/A e alguns de seus administradores haviam formalizado acordos de leniência e de colaboração premiada com a Procuradoria da República em Goiás, já homologados.

Nestes acordos a empreiteira e seus executivos confessaram a existência do cartel, as fraudes em licitações, a lavagem de dinheiro e a prática de corrupção em contratos com a Valec, forneceram provas documentais da sua ocorrência e concordaram e se obrigaram a restituir aos cofres públicos em R$ 75 milhões.

Essa primeira colaboração no âmbito do MPF em Goiás deu origem a operação O Recebedor, deflagrada no dia 26 de fevereiro e que cumpriu 44 mandados de busca e apreensão e sete de condução coercitiva em Goiás e em mais seis Estados. A operação deu origem a uma denúncia contra o ex-presidente da Valec José Francisco das Neves, conhecido como Juquinha, e o ex-diretor de Engenharia da estatal, Ulisses Assad, além de quatro executivos de empreiteiras, um advogado e um ex-assessor da Valec por corrupção, lavagem de dinheiro, cartel e fraude à licitação nas obras de trechos das ferrovias Norte-Sul e Interligação Oeste-Leste em Goiás.

A denúncia aponta sobrepreço de ao menos R$ 230 milhões por causa de aditivos e outras medidas adotadas pela própria Valec, como exigências injustificadas no edital, para beneficiar o cartel de empresas.

Segundo o Ministério Público Federal, Juquinha teria assumido o papel de "gerente" do esquema criminoso e recebeu R$ 2,24 milhões em propinas.

Posteriormente, a Camargo Corrêa celebrou acordo de leniência com o Cade, que contou com a interveniência e a anuência do MPF. Nele, os colaboradores detalharam ainda mais as condutas de outras empreiteiras integrantes do cartel e dos seus respectivos executivos (em nome e em benefício das quais atuaram), bem como ofereceram provas adicionais.

Nome

O nome da operação é uma referência ao nome que alguns dos próprios investigados deram a uma planilha de controle em que desenhavam o mapa do cartel (e cuja aparência lembrava a Tabela Periódica), contendo dados como a relação das licitações, a divisão combinada dos lotes, os números dos contratos, os nomes das empreiteiras ou consórcios que seriam contemplados, valores dos orçamentos da Valec, preços combinados e propostas de cobertura apresentadas apenas para dar aparência de competição.

O Ministério Público Federal (MPF) em Brasília pediu a condenação de dois ex-presidentes da estatal ferroviária Valec e de mais seis pessoas por causa de desvios de R$ 23,1 milhões dos cofres da empresa pública, durante a execução de um contrato para a realização de obras da Norte-Sul, em Tocantins.

O grupo é acusado de crime de peculato, quando há desvio de dinheiro público por funcionário que ocupe cargo na administração de verbas públicas. Na ação penal, o MPF aponta que, juntos, eles desviaram o equivalente a R$ 23,1 milhões da estatal, durante a execução do contrato de obras.

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Entre os denunciados estão dois ex-presidentes da Valec, Luiz Raimundo Carneiro de Azevedo e José Francisco das Neves, conhecido como Juquinha, que já chegou a ser preso durante operações realizadas pela Polícia Federal, em 2011. Os demais envolvidos ligados à estatal são Lucas do Prado Netto, diretor administrativo e financeiro; André Luiz de Oliveira, superintendente de construção; e os servidores públicos Ulisses Assad, Fábio Levy Rocha e Renato Luiz de Oliveira Lustosa. A ação também envolve André Von Bentzeen Rodrigues, diretor técnico da empresa SPA Engenharia.

A pena varia de dois a doze anos de reclusão e multa. O MPF pede ainda que a punição seja acrescida em um terço, conforme previsto no Código Penal, considerando o fato de os denunciados ocuparem cargos em comissão quando os atos foram praticados. A ação será analisada pela 10ª Vara Federal, em Brasília.

Segundo o MPF/DF, o desvio milionário ocorreu na execução de um contrato para a realização de obras da Norte-Sul em Tocantins, entre os municípios de Ribeirão Mosquito e Rio Campo Alegre. A Valec, estatal federal que tem paralisado hás anos as obras em suas ferrovias sob alegação de falta de recursos e contingenciamento.

Só uma empresa se candidatou, e ainda sob condições, a operar trens no trecho de 855 quilômetros da Ferrovia Norte-Sul, entre Anápolis (GO) e Palmas (TO), inaugurado em maio pela presidente Dilma Rousseff. Seguindo o novo modelo ferroviário, a estatal Valec ofereceu ao mercado a possibilidade de empresas colocarem seus vagões e locomotivas no trecho para transportar carga própria ou de terceiros. Mas, embora a rota seja importante ao escoamento de grãos, farelo e combustíveis, a resposta foi perto de zero.

"Houve uma proposta formal, mas condicionada", disse ao jornal O Estado de S. Paulo o diretor de Operações da Valec, Bento José de Lima. A empresa, cujo nome é mantido em sigilo, informou estar interessada em transportar carga na ferrovia, desde que lhe seja garantido acesso até o porto de Itaqui (MA).

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Isso não é simples de assegurar, já que a linha entre Palmas e Itaqui é uma concessão da Vale. E essa concessão, no modelo "antigo", não obriga a empresa a permitir a passagem de composições de terceiros, a menos que haja capacidade ociosa na linha.

"A carga vai de Anápolis até Palmas, e depois a ferrovia é da Vale", diz o vice-presidente da Associação Brasileira de Logística (Abralog), Rodrigo Vilaça. "Há aí uma complexidade que a Valec terá de negociar." Se as linhas da Vale comportarão ou não a carga do novo operador, é algo que ainda será respondido pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A agência leva em consideração que a mineradora está fazendo investimentos para duplicar a ferrovia, o que gradualmente aumentará sua capacidade.

"As regras do jogo não estão dadas. Por isso, o mercado se retrai e diz: 'é um tiro no escuro, não vou entrar nessa aventura'", avalia o presidente da Associação Nacional dos Usuários de Transporte de Carga (Anut), Luis Henrique Teixeira Baldez, para explicar o pouco interesse do setor privado. As normas sobre o funcionamento do transporte independente de carga ferroviária só saíram um mês após o governo abrir a concorrência pelo uso da Norte-Sul. E continuam sendo corrigidas.

"Tem sido um processo atabalhoado", reconheceu o diretor da Valec. "É o preço que pagamos por querer acelerar as coisas." Além da regulação incompleta, a própria ferrovia carece de complementos, disse Baldez. O Estado revelou, na semana passada, que um trecho de 220 km da Norte-Sul liberado pela ANTT, entre Palmas e Gurupi (TO), não tem condições de tráfego. Trilhos foram roubados, dormentes apodreceram. A agência reguladora condicionou o uso da linha à conclusão dos reparos. E está vistoriando o restante da linha, para só então liberá-la.

Segurança

Mas a ferrovia carece de melhorias para além desses consertos, segundo o presidente da Anut. Faltam sinalização, desvios e sistemas de controle que são colocados na própria linha, mas não estão lá. "Não é só jogar o trilho", diz. O correto, segundo o executivo, seria concluir a instalação desses equipamentos, fazer um teste pré-operacional e, então, liberar a linha para o mercado.

O diretor da Valec diz que os sistemas a que Baldez se refere são usados em linha de tráfego intenso, o que não seria o caso desse trecho da Norte-Sul. No início, a expectativa é que passe um par de trens por dia. Por isso, esses equipamentos não serão implantados, informou Bento Lima. Os testes operacionais, por sua vez, estão em curso. No início, explica o diretor, os trens não trafegarão a velocidades acima de 30 km ou 40 km por hora. À medida em que houver segurança quanto ao tráfego da linha, os trens serão autorizados a acelerar. A velocidade média será de 60 km por hora. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira, 12, que o porto seco de Anápolis será uma forma de integração multimodal, com grande transbordo de carga e descarga. De acordo com Dilma, a integração do porto com a Ferrovia Norte-Sul viabilizará ainda uma alternativa para o transporte de produtos provenientes da Zona Franca de Manaus.

"A Norte-Sul será uma alternativa para as cargas que saem da Zona Franca de Manaus em direção ao Sul do Brasil", disse Dilma. "São motocicletas, televisores, todos os produtos (transportados) através de várias integrações que se farão no percurso", destacou.

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Dilma realizou hoje visita a um pátio de cargas da ferrovia Norte-Sul, em Anápolis, em mais um esforço para mostrar avanços nas obras de infraestrutura previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A agenda, considerada mista (quando a presidente faz a vistoria institucional do pátio e depois concede coletiva como candidata à reeleição), também serviu para ela gravar imagens para seu programa de televisão; o horário eleitoral começa no próximo dia 19.

Sobre a Norte-Sul, a presidente destacou que sua construção começou há 27 anos e que, do governo José Sarney ao governo Fernando Henrique Cardoso, foram feitos 205 quilômetros da ferrovia. "Com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), nós fizemos o trecho de Açailândia até Palmas, em torno de 500 quilômetros", disse. Ela afirmou que, quando concluída, a ferrovia Norte-Sul terá cerca de 4 mil quilômetros.

"Acredito que a Norte-Sul será uma das grandes realizações", declarou a presidente. "Porque funciona como se fosse uma espinha de peixe: a integração do meio, e, por rios, rodovias e outros modais, você integra todo o sistema de transporte brasileiro", concluiu.

Por último, Dilma destacou que com investimentos realizados no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e na atual administração o Brasil saiu de um modal exclusivo de rodovias para um modelo que inclui ferrovias, hidrovias e portos. "Vamos conseguir um Custo Brasil menor com as ferrovias", disse.

Os primeiros testes do BRT com motoristas serão realizados nesta quinta-feira (2) na cidade do Recife. Os veículos sairão sem passageiros da Estação 1 da Avenida Caxangá, nas proximidades das obras do Túnel da Abolição, seguindo pelo sentido cidade/subúrbio.

O novo sistema de transporte contará com um modelo de pontos de embarque e desembarque diferentes. Eles são de vidro com rampa de acessibilidade e bilhetagem eletrônica.

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Os veículos irão circular pelos corredores que estão em fase de construção em Pernambuco. O Leste-Oeste terá 12 quilômetros, permitindo o deslocamento entre os municípios de São Lourenço da Mata, Camaragibe e a capital pernambucana. 

Já o Norte-Sul possuirá uma extensão de 33 quilômetros e contemplará as cidades de Igarassu, Ilha de Itamaracá, Itapissuma, Araçoiaba, Abreu Lima, Paulista, Olinda e Recife. A proposta é possibilitar também o acesso a hotéis, ao aeroporto, estações ferroviárias e ao metrô.

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