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Há menos de um ano da disputa à Presidência da República, os pré-candidatos inundam as redes sociais com frases de efeito e discursos de apoio à população para encantar os brasileiros desacreditados em meio à crise econômica, que parece se distanciar cada vez mais do fim. Do outro lado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tenta conter o avanço dos concorrentes e, como resposta, furou o teto de gastos para aumentar o benefício do novo Bolsa Família e brigar pelo apoio popular à sua reeleição. Independente do próximo eleito ao Planalto, as promessas de ambos os lados podem ser instrumentos para enganar o eleitor, alertou o cientista político Caio Souza em entrevista ao LeiaJá.      

A reportagem do LeiaJá percorreu as ruas do entorno do Mercado de São José, um dos locais com maior movimentação no Centro do Recife, e ouviu de eleitores o pedido por um futuro presidente honesto, capacitado e, principalmente, mais 'humano' para atender aos anseios mais básicos do povo. Para os entrevistados, a próxima agenda deve focar no combate ao desemprego, à fome e a falta de moradia.

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As falas representam o desejo claro da maioria dos brasileiros por uma política mais cuidadosa com os mais vulneráveis. Porém, a falsa preocupação em beneficiar os mais pobres geralmente é utilizada como artifício de políticos oportunistas, que se aproveitam da fragilidade e do desconhecimento dos eleitores para se lançar em propostas populistas. 

"Caso as propostas só sirvam para atrair o eleitor, mas não se concretizem na realidade, nem possam ser executadas caso seja eleito, estaremos perante um claro estelionato eleitoral. Afinal, usam-se de propostas impossíveis de serem cumpridas, apenas para que consiga ocupar um cargo", alerta o cientista político.

A intenção é ‘jogar’ com a necessidade do povo, que cai no engano por não enxergar soluções a longo prazo, e garantir seu voto em troca da suposta melhoria genérica. Nesse método, o candidato "trabalha com a vulnerabilidade e ignorância das pessoas. Pois, grande parte da população não sabe o que um prefeito, governador, vereador, deputado ou senador podem de fato fazer", comenta.

O estudioso usa como exemplo a campanha de vereadores eleitos ao defender o porte de armas, quando essa é uma matéria que ultrapassa o limite do seu cargo. "Temos deputados prometendo construção de escolas, hospitais, postos de saúde, quando no máximo ele poderá reivindicar essas construções, mais por lei ele jamais poderá mandar construir", citou em outro exemplo.

Velha metodologia eleitoreira

A estratégia se molda ainda antes do período eleitoral, quando os candidatos mais preparados e com maior recurso financiam pesquisas para saber o que as pessoas querem ouvir de um político. Após se alinhar ao discurso das ruas, a segunda etapa é montar o pacote de promessas com potencial de 'vender' melhor na campanha, já direcionada ao público específico. 

Começado o período eleitoral, a missão já não é mais refletir sobre meios de avanço político, e sim, focar no público-alvo com palavras programadas e frases 'chicletes' que 'conversem' diretamente com as necessidades levantadas. Esse método somado ao carisma do candidato representa a receita perfeita para atingir o efeito de 'encantamento'.

Prejuízos do discurso populista

A questão é que as promessas populistas "não são embasadas financeiramente, não condizem com a realidade e com a possibilidade da administração pública, fazendo com que o candidato até consiga se eleger, mas ficará preso muito mais à política de favores e de trocas de interesses do que a real e possível defesa de agendas importantes, mas utilizadas de forma errada, criando um mandato não sustentável", conclui Souza.

Ao ser eleito, a gestão de quem se apoiou unicamente no debate populista repercute no “risco de deixar de colocar no poder pessoas que de fato tenham um compromisso com aquelas pautas e que poderiam realmente avançar em sua defesa com propostas possíveis e sustentáveis. Nosso maior prejuízo é no atraso do enfrentamento real de nossos problemas", avalia. 

Ele destaca os efeitos negativos do último pleito à Presidência, quando o discurso anticorrupção foi banalizado, mas desde então segue enfraquecido e desaguou na recente tentativa de limitar as investigações do Ministério Público. Sem receber tanta aprovação, o Legislativo, com aval do Executivo, conseguiu atenuar os atos considerados improbidade administrativa, o que flexibiliza a impunidade aos que forem pegos por práticas de corrupção.

Como identificar o político que quer te enganar?

A melhor forma de descobrir se o interesse no povo é real ou apenas parte da disputa pelo poder passa pela pesquisa da carreira do candidato e seu histórico de votos e ações.

O estudioso lembra que é importante ficar atento aos últimos mandatos e sempre levantar questionamentos básicos como: "como ele fará isso? Quem ele chamará para executar essa promessa? Qual a fonte do dinheiro que será utilizado para essa promessa ser cumprida? A lei autoriza que isso seja feito? Qual o prazo que será dado? E por fim, o que justifica o interesse do candidato pela agenda que ele diz defender?", elencou.

Essa estratégia pode ser posta em prática para se prevenir dos discursos rasos dos ‘salvadores da Pátria’. “O questionamento pessoal e aos candidatos é uma das principais ferramentas para não sermos ludibriados por belas palavras que tentam jogar com a nossa ignorância”, complementou o cientista.

A política é um jogo sujo e vai continuar sendo assim aqui e no mundo inteiro. É a sujeira das conveniências, do oportunismo e dos golpes baixos. E é exercitado por todos, pelos que estão no topo, os medianos e os tupiniquins. Nesse jogo, vale tudo. 

Na tentativa de impedir um provável cenário de segundo turno na eleição presidencial, Lula esqueceu o que disse lá atrás em relação a Eduardo. Quando aliado e compartilhando do mesmo palanque do governador pernambucano, o ex-presidente chegou a afirmar que o tinha como um filho. 

Mas um pai, por mais desapontado que esteja com um filho, não faz o que Lula fez ao comparar Eduardo com Collor. Foi a primeira rasteira do jogo sujo no qual Lula entrou com uma disposição de gigante para golpear qualquer adversário que possa representar ameaças ao projeto de reeleição do seu poste Dilma. 

Lula não causa surpresa. É da natureza do político usar as ferramentas disponíveis para chegar ou se manter no poder. Lembra aquela estória do escorpião, que pediu ao sapo para atravessar a lagoa em suas costas com a promessa de que não o picaria e ao chegar ao ponto final aplicou-lhe uma picada fenomenal. 

Por quê? É da natureza do escorpião picar, como é da natureza do político agredir, atacar, baixar o nível, mentir e confundir, tudo com o único objetivo de ganhar o jogo, mesmo jogando de forma tão suja. 

Lula disse que Eduardo era um filho na emoção do jogo da mentira e da dissimulação. No jogo da verdade, adotou o comportamento do escorpião. 

CPI AMEAÇA DILMA – A presidente Dilma vive o seu inferno astral. Depois de seguidas derrotas no Congresso e a criação de uma comissão suprapartidária para acompanhar os escândalos na Petrobras veio à explosiva revelação do jornal Estado de São Paulo de que avaliou o contrato para compra de uma sucata de refinaria nos Estados. Pelo andar da carruagem, vem CPI por aí. 

Fiel escudeira – Na sua passagem, ontem, por Floresta, o governador Eduardo Campos ouviu da prefeita Rorró Maniçoba (PSB) um relato otimista sobre o avanço da sua candidatura em São Paulo. Rorró passou cinco dias numa agenda pessoal no maior colégio eleitoral do País e não perdeu uma só oportunidade para cabalar votos para Eduardo. 

Em Belo Jardim – A pedido do governador Eduardo Campos, em Belo Jardim o prefeito João Mendonça vai apoiar a candidatura do deputado federal André de Paula à reeleição. João é do mesmo partido de André, o PSD, e isso pode facilitar o seu discurso para se contrapor ao candidato a federal da terra, o ex-governador Mendonça Filho, líder do DEM na Câmara. 

Voto útil - Do governador Eduardo Campos, candidato do PSB ao Planalto, que adotou a estratégia da ofensiva para tentar ultrapassar Aécio Neves, o concorrente tucano, e chegar ao segundo turno: “Na reta final, o eleitor de Aécio pode fazer um voto útil vendo que tenho mais chances de derrotar a presidente Dilma no segundo turno”. 

Pela cartilha do pastor - Presidente do PSC no Estado e aliado da candidatura de Armando a governador, que está fechado com Dilma, o deputado Sílvio Costa está numa tremenda saia justa: não poderá pedir voto para reeleição da presidente, porque o seu partido terá candidato próprio ao Planalto: o Pastor Everaldo, que exige fidelidade ao seu projeto nos Estados. 

CURTAS

COM ARMANDO – O prefeito de Petrolina, Júlio Lóssio, recebe, hoje, do diretório municipal do PMDB, o aval para tomar a decisão que julgar mais adequada na eleição estadual. O partido já integra a coligação de Paulo Câmara a governador e no plano nacional está com Dilma. Lóssio apoia Dilma, mas deve no Estado se aliar a Armando (PTB). 

LIVRO E PALESTRA – O radialista Roberto Murilo, da Nova Cultura AM de São José do Egito, coordena, hoje, o lançamento do meu livro Reféns da Seca naquela cidade com um modelo bem interessante: uma palestra sobre a temática seguida por debate e os autógrafos. Será às 19h30m na Câmara de Vereadores. 

Perguntar não ofende: Dilma aguenta uma CPI para investigar a sucata da refinaria americana?

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