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Ao reforçar, ao Supremo Tribunal Federal, pedido para que sejam retirados os invasores de sete terras indígenas em Roraima, com urgência nas operações de extrusão nos locais ocupados pelos povos Yanomami, Yekuana e outros em situação de isolamento voluntário, o Ministério Público Federal ressaltou ter alertado, desde setembro, para problemas nas ações do governo Jair Bolsonaro sobre a proteção dos povos originários.

Segundo a subprocuradora-geral da República Eliana Torelly, coordenadora da Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais, perícia entregue à Corte máxima em setembro já indicava que ações do governo Jair Bolsonaro sobre a desintrusão das terras indígenas 'apresentavam incompletude, possuindo efeitos localizados e temporários, que não se mostram suficientes para atender as determinações de retirada dos invasores'.

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Três meses depois, o Ministério Público Federal apontou descumprimento de ordens judiciais expedidas em ações que tramitam não só no Supremo, mas também no Tribunal Regional Federal da 1ª Região e na Justiça Federal de Roraima. Documentos da Polícia Federal e de procuradores que trabalham na área das sete terras indígenas também reforçaram o não cumprimento integral da desintrusão ordenada pelo STF.

Como mostrou o Estadão, o Supremo vai investigar se o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) descumpriu decisões judiciais e prestou informações falsas sobre a situação do povo Yanomami. Em comunicado divulgado nesta quinta, 26, o gabinete de Barroso afirma que as operações colocadas em prática pela União não seguiram o planejamento aprovado pelo STF e ocorreram com 'deficiências'.

Perícia divulgada no fim do ano passado, nos autos da PET 9.585, concluiu que os objetivos fixados no Plano Operacional de Atuação Integrada - Terra Indígena Yanomami nem no Plano Operacional 7 Tis não haviam sido atingidos. Também constatou o descumprimento de ordens judiciais expedidas pelo STF, Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) e Justiça Federal em Roraima.

O texto endereçado ao ministro Luís Roberto Barroso foi assinado nesta quinta-feira, 26. O documento foi levado ao STF no bojo da ação que a Apib pediu a 'desintrusão completa e imediata' das terras indígenas Karipuna, Uru-Eu-Wau-Wau, Kayapó, Araribóia, Mundurucu e Trincheira Bacajá, além da Yanomami.

Nem muralhas, arames farpados ou sistemas de vigilância são capazes de impedir detentos de cometer novos crimes e orientar comparsas nas ruas. Juízes, promotores e advogados consultados pelo jornal O Estado de S. Paulo apontam quatro complexos penitenciários - em São Paulo, no Rio, em Santa Catarina e no Maranhão - como os principais focos de concentração de facções, de onde seus líderes atuam como "conselheiros deliberativos" do crime aqui fora. De lá, ordenam de ataques ao poder público à execução de desafetos.

Presos já condenados respondem a novos processos e podem até acumular penas acima de 30 anos - tempo máximo previsto pela legislação brasileira. Os presidiários perdem benefícios, como progressão de regime e remissão da pena, e podem ir para o isolamento.

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Coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça Criminais de São Paulo, o promotor Everton Luiz Zanella diz que da Penitenciária de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, parte a maioria das ordens do Primeiro Comando da Capital (PCC), organização que reúne 8 mil presos e 1,6 mil pessoas nas ruas.

"O principal crime cometido pela facção é o tráfico de drogas. O tráfico é visto como um crime mais fácil e mantém o fluxo financeiro da organização. Se uma pessoa é presa, outra a substitui facilmente, porque, em geral, os presos são sempre da parte mais baixa da hierarquia", diz o promotor. "Justamente por essa facilidade, o tráfico é delito que menos depende de decisões de dentro dos presídios. Nas escutas, o mais comum é flagrar crimes relacionados a cobranças de dívidas, execuções dos tribunais do crime", afirma Zanella.

Quando um preso é flagrado ao cometer um delito, como a ordem de uma execução, ele é indiciado. Se condenado, o presidiário tem a nova pena acrescida à anterior. "Se o detento comete falta grave, além de responder pelo novo crime, ele perde todos os benefícios a que tinha direito, como progressão do regime", diz o procurador-geral de Justiça de Santa Catarina, Liu Marcos Marin. O Estado de Marin viveu uma onda recente de atentados, cujas ordens de execução saíram de dentro de prisões.

Marin explica que, se o preso está em regime semiaberto, ele volta para o fechado. Além disso, a contagem do tempo para pedir progressão do regime é zerada - em situações normais, depois de cumpridos dois quintos da pena, o detento pode sair da cadeia durante o dia.

Isolamento

Além da perda de benefícios e da possibilidade de nova condenação, a Lei de Execuções Penais prevê a internação de presos infratores no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), que implica até 20 horas diárias de isolamento. Em São Paulo, até anteontem, 37 pessoas estavam presas no RDD - o Estado tinha, em junho, 204 mil presos. Santa Catarina, por exemplo, não tem a estrutura necessária de isolamento.

Nesses casos, os Estados solicitam a transferência dos internos para presídios federais, para tentar isolá-los - são quatro unidades no País. "Continuamos acompanhando a execução penal dos detentos nesses presídios", diz Marin. O Estado do Rio tem RDD, mas também recorre aos presídios federais para isolar membros das três facções que atuam no Estado a partir do Complexo de Gericinó (antigo Bangu). A última transferência de detentos aconteceu em julho, quando sete líderes de facções foram enviados ao Paraná. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Civil de São Paulo sustenta que Marcos William Herbas Camacho, o Marcola, usava cartas para parentes e advogados para manter o contato e dar ordens para o Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo o delegado Rui Ferraz Fontes, um dos encarregados da operação detalhada nesta terça-feira (15) há evidências dessa comunicação em parte do material apreendido no cumprimento de 47 mandados de busca e apreensão emitidos pela Justiça após os seis meses de investigação que antecederam a nova investida contra a facção criminosa que age nos presídios paulistas.

O mesmo método seria adotado pelos demais acusados de serem a "sintonia final geral", ou cúpula da facção, Edilson Borges Nogueira, o Birosca, e Rogério Geremias de Simone, o Gegê do Mangue, para orquestrar a organização, segundo o delegado. Fontes diz ainda que há mensagens com ordens para outros crimes, mas sem especificar quais são.

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A polícia apresentou o que seria um organograma administrativo do PCC. Inclui 13 "subseções administrativas", que vão desde a "padaria" (centro logístico para distribuir as drogas para os pontos de venda), ao paiol de armas (armazenamento de munição) e uma central para cadastro dos membros da facção.

Segundo a polícia, esses setores operavam independentemente de controle direto da "sintonia final geral", uma vez que cada integrante sabia sua função. Mas, uma vez por mês, se reuniam para fechar a contabilidade da facção.

Lotações

A Polícia Civil informou não ter indícios de que o PCC tenha participação no serviço de lotações de São Paulo - investigação que resultou no flagrante do deputado estadual Luiz Moura (PT) com acusados de integrar a facção. "Mas os membros podem ter lotações por conta", afirma o delegado Wagner Giudice.

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