Tópicos | Pedro Américo

O histórico quadro "Independência ou Morte", de Pedro Américo (1843-1905), é uma das principais atrações do Museu Paulista, no bairro do Ipiranga, região sul de São Paulo. A obra, apresentada pela primeira vez ao público em 7 de setembro de 1895 durante a inauguração do ambiente reservado para a história do Brasil, passa por um cuidadoso processo de restauração no Salão Nobre do Museu do Ipiranga. A ideia é que a pintura esteja pronta para a reinauguração do espaço programada para acontecer em 2022, ano em que o "Grito de Independência" completa 200 anos.

Uma equipe especializada repara os danos causados por ação do tempo para que a obra tenha de volta as cores originais. Para recompor pontos de perda nas camadas da pintura e retirar vestígios de outros restauros, os profissionais são acompanhados por pesquisadores do Instituto de Física e do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP).

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Os acadêmicos assessoram o time de restauradores utilizando técnicas com equipamentos capazes de mostrar os materiais empregados durante o processo criativo do autor. Para expor traços iniciais feitos a grafite ou carvão por Pedro Américo, alguns recursos tecnológicos como a reflectografia de infravermelho, a espectroscopia por fluorescência de raios X e a espectroscopia Raman são essenciais para que o quadro seja reconstruído por completo.

De acordo com os especialistas, os recursos empregados na restauração também possibilitaram o reconhecimento de intervenções anteriores na mesma tela. Um tom amarelado indevido em uma certa região do céu é um exemplo identificado pela tecnologia. Os artifícios ainda permitiram o acesso a informações escondidas por Pedro Américo. Segundo os estudiosos, há "figuras de arrependimento" do autor como a traços alusivos a um cavalo que só foi observado com o uso do infravermelho.

Após finalização do trabalho de restauro, o quadro será revestido com verniz de alta qualidade para não amarelecer com o tempo. O procedimento seguirá sendo feito no próprio Salão Nobre do Museu do Ipiranga, sem retirar a tela da parede. De acordo com Yara Petrella, doutora em Arquitetura e Urbanismo pela USP e especialista em conservação e restauro do Museu Paulista, em entrevista à Agência Fapesp, não há justificativa para desmontar toda a pintura, pois a ação provocaria danos à moldura fabricada em folha de ouro. A quadratura também está sendo restaurada.

Exposta desde a abertura do Museu do Ipiranga, em 1895, a pintura Independência ou Morte, de Pedro Américo, passa por um longo processo de restauração conduzido pelo Museu Paulista da Universidade de São Paulo (USP).

O quadro de quase 32 metros de área foi uma encomenda da família real e do engenheiro arquiteto Tommaso Bezzi, responsável pelo projeto do edifício do museu. Em 1887, Bezzi trocou cartas com Américo para convencê-lo a ilustrar a cena histórica do Grito do Ipiranga. Américo vivia em Florença em uma época próspera para artistas brasileiros. "Muitos deles receberam bolsas para estudar pintura na Europa", conta Yara Petrella, conservadora e restauradora do Museu Paulista.

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O pintor finalizou o quadro em 1888, 66 anos após o acontecimento. Para a realeza de Pedro I, que investiu na abertura do museu, se tratava de uma grande oportunidade para consolidar a força e o poder monárquico do império. Para tanto, o estilo da pintura tinha função mais que artística na comunicação dos novos tempos da ex-colônia de Portugal. "Américo é um expoente de artistas brasileiros do período acadêmico. As bolsas de estudos proporcionaram imersão em um estilo que servia ao registro histórico de conquistas das nações, a exemplo dos retratos de grandes líderes, como Napoleão."

Para ela, a representação do primeiro imperador do Brasil e sua postura de contestação - espada em punho - em relação ao domínio português fundaria, entre nós, um novo entendimento de Brasil. "O objetivo era o enaltecimento da família real e do imperador, sem tanto senso crítico, com a expectativa de que fosse compreendido por diferentes públicos."

Rastreamento

Há quase um ano, Yara e sua equipe iniciaram um delicado processo de análise da obra. Antes de fazer qualquer intervenção no quadro, foi preciso enxergar o que não estava aparente. Com o auxílio do Instituto de Química e do Instituto de Física da USP, a obra de Américo foi escaneada e mapeada de todos os lados. Testes químicos para identificar pigmentos renderam imagens e gráficos. "Identificamos a paleta de cores utilizada pelo pintor e a maneira como concebeu a imagem. Também é possível apontar arrependimentos nas pinceladas ou partes que foram recobertas."

No caminho até a obra original ainda havia alguns obstáculos. Independência ou Morte sofreu restauros anteriores. Em 1968, a tela passou por limpeza e, em 1972, por envernizamento. No ano de 1986 foi realizado refrescamento, uma ação de preservação, com o uso de solventes. "São procedimentos que aos poucos descaracterizaram parte da obra original", conta Yara. "O levantamento serviu para entender o estado da obra e indicar caminhos de restauro."

O que a profissional encontrou não foi muito animador. A extensa faixa inferior do quadro tem diversos pontos amarelecidos. No céu criado por Américo, o estrago era maior. "Há perdas de camadas e, para solucionar o problema, os projetos passados repintaram. Não havia necessidade", ressalta a restauradora.

O uso de alguns materiais correntes na época também foram identificados, diz Yara. "Hoje não é comum usar tinta a óleo nesse procedimento. Há uma série de materiais disponíveis específicos para restauro que nos oferecem alternativas mais viáveis e seguras."

Ela afirma que o uso da tecnologia e da ciência amplia as chances de assegurar a conservação de quadros como o de Américo, com mais de 130 anos. "Percebemos que as informações vão se confirmando por diferentes leituras e análises. Além da pesquisa documental, com fotos e registros visuais do quadro." De posse das informações, a equipe de Yara, composta por cinco profissionais, tem até maio para retirar a camada de verniz antigo em toda extensão da obra e aplicar as correções de cores na região do céu. Algo nada simples diante do tamanho do quadro que embarcou na Itália totalmente enrolado. Para se ter ideia, a tela aberta não passa pelas portas do Museu. "Começamos o trabalho de remoção do verniz, de baixo para cima. É um trabalho delicado, que leva tempo, porque a cada quadrante da tela precisamos mudar os andaimes de lugar."

Bicentenário

A moldura de madeira, contendo folhas de café projetadas por Américo, enfrenta outro procedimento, explica a restauradora, que tem a parceria da empresa Julio Moraes Conservação e Restauro. O prazo de finalização se estende em função das obras de reforma do Museu do Ipiranga, que está fechado desde 2013. O governo do Estado pretende reabrir o espaço para a comemoração do bicentenário da Independência, em 2022. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A tarde desta sexta (13) marcou o início das atividades do Parque Euclides Dourado, maior polo do Festival de Inverno de Garanhuns. O parque abriga, além do Palco Pop e do Palco Forró, os pavilhões espositivos do FIG, com temas que vão do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, a participação de Pernambuco na Copa, passando pela economia criativa. O Euclides Dourado ainda conta com uma praça de alimentação e exposições ao ar livre.

As atividades dos pavilhões estavam previstas para começar ontem (12), primeiro dia de programação, mas atrasaram devido a problemas estruturais. Até o início da tarde desta sexta (13), ainda não havia energia elétrica em boa parte dos pavilhões. A demora teria acontecido pela recusa da Celpe em ligar a energia por conta de um aterramento inadequado.

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A programação que teria acontecido ontem na Casa do Cordel, espaço coordenado pela Unicordel, União de Cordelistas de Pernambuco, incluía a exibição do filme Patativa do Assaré, ave poesia, que foi cancelada. Já a palestra ministrada por Pedro Américo e José Mauro, do Memorial Luiz Gonzaga - espaço sediado no Pátio de São Pedro, no Recife -, que estava marcada para hoje, teve que ser remarcada para o próximo sábado (14), às 15h.

O público já está presente em grande número e a maioria dos espaços já iniciaram suas atividades no fim desta tarde de sexta, mas ainda faltam aspectos de acabamento como o envelopamento de alguns pavilhões. André Frank, coordenador geral do FIG, pontua que "é natural em um evento do porte do Festival de Inverno de Garanhuns haver certos ajustes, e a parte de acabamento é a mais demorada". A reportagem do LeiaJá apurou que por volta das 17h30 a Celpe já havia ligado cerca de 90% das energias dos pavilhões e do parque. A expectativa é de que tudo estaja a pleno funcionamento no Euclides Dourado neste sábado.

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"Há mais de três décadas, o Espaço Pasárgada era local de lançamentos de livros, debates, exposições, recitais, reuniões de intelectuais e de visitação do público em geral. Hoje está relegado ao 1ª andar, onde idosos, obesos e pessoas de pouca mobilidade não têm mais acesso." As palavras do poeta Valmir Jordão em texto publicado no site da Interpoética manifestam a insatisfação com a transformação de boa parte da área da instituição em sede da Secretaria de Cultura do Estado -  na Rua da União, Boa Vista. A Casa é patrimônio histórico tombado, onde viveu o poeta Manuel Bandeira.

Segundo outros representantes da categoria, na área onde hoje funciona a Secretaria de Cultura existia a Livraria do Escritor, uma sala para artistas plásticos e a gráfica no quintal. E, ainda, havia espaço para realização de oficinas de arte. No último dia 21 de junho, no evento Café Pasárgada, o poeta pernambucano, radicado na Argentina, Héctor Pellizzi, reforçou também o seu descontentamento com a nova realidade da Casa, quando divulgava no Recife o jornal mensal argentino, publicado há sete anos em Buenos Aires, em que destaca com frequência os poetas pernambucanos.

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Héctor, que participou das lutas dos escritores pernambucanos pelo tombamento do Espaço Pasárgada nos anos 80, também redigiu um texto que promete divulgar nas redes sociais, em que expressa decepção com a descaracterização do lugar. Confira, na íntegra:

O poeta Pedro Américo, que afirma apoiar a iniciativa de Héctor Pellizzi, diz que não há razão para se manter o Espaço ocupado com divisórias em favor de uma burocracia oficial do Estado. "Nós protestamos contra o abuso das autoridades. Não só pela preservação da Casa de Manuel Bandeira, mas, também, porque ocupar um centro cultural aberto a todos os segmentos que querem usufruir do lugar para fins artísticos é uma burrice, na minha opinião."

Américo ressaltou a intenção pacífica do movimento. "Isso é um apelo, não uma postura oposicionista, até porque estamos todos no mesmo barco. Nós, poetas, sempre expressamos nosso descontentamento publicamente, mas nunca por escrito, oficialmente. É importante que a carta de Héctor se torne o mais público possível."

O também poeta pernambucano Marcelo Mário de Melo critica a atual realidade e ressalta que o problema da ocupação é uma questão técnica. "O ideal seria a utilização do espaço público pelo ponto de vista do acesso. Seria interessante que houvesse um retorno do Estado para essa questão, que eles buscassem uma alternativa para a Secretaria de Cultura".

Héctor volta para a Argentina nesta terça (26) e lamenta não ter disponibilidade para cobrar diretamente do Governo do Estado uma posição. Ainda assim, a categoria de escritores e poetas pernambucanos pretende continuar o debate, segundo apurou a reportagem do LeiaJá. "A gravidade do problema é a burocracia que se instalou no Espaço Pasárgada. O lugar é um patrimônio histórico tombado e não pode ser tocado. É importante que as pessoas divulguem esse texto para que as autoridades competentes de cultura tomem conhecimento e resolvam restituir a Casa de Manuel Bandeira", declarou o poeta.

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