Tópicos | psicodélica

Associadas até hoje à contracultura da década de 1960, as drogas psicodélicas cada vez mais ganham espaço nos laboratórios de pesquisas. Diversos grupos de cientistas em todo o mundo têm feito estudos e experimentos com essas substâncias a fim de desenvolver terapias para dependência química e problemas psiquiátricos. Segundo especialistas ouvidos pelo Estado, nunca houve tanto interesse no que eles chamam de "ciência psicodélica".

O neurocientista Dráulio Araújo, do Instituto do Cérebro, ligado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), coordena um estudo sobre a ayahuasca (bebida produzida com base em plantas e cipós), voltado para o tratamento de depressão. O interesse científico na área, diz, não para de crescer. Ele menciona, como indicador, o último congresso da Associação Multidisciplinar de Estudos Psicodélicos (Maps, na sigla em inglês) - ONG americana pioneira em pesquisas na área. "O congresso anterior reuniu 800 pessoas, há quatro anos. A última edição, em abril, atraiu 3,2 mil, de 40 países."

##RECOMENDA##

Além do grupo da UFRN, há estudos sobre substâncias psicodélicas em instituições como a Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Federal de São Paulo (Unifesp) e a Universidade de Brasília (UnB).

Segundo Araújo, a evolução da ciência psicodélica foi contida, por muitos anos, pela proibição e estigmatização de grande parte dessas substâncias. "Apesar dos preconceitos, alguns grupos de pesquisa têm conseguido quebrar barreiras e fazer pesquisas com bons resultados. A ciência brasileira tem uma participação muito importante nesse movimento", diz Araújo.

Os estudos em estágio mais avançado estão sendo realizados pelo Maps, que usará o MDMA (metilenodioximetanfetamina, o princípio ativo do ecstasy, uma droga sintética), para o tratamento de estresse pós-traumático.

Os primeiros testes foram nos Estados Unidos, Canadá e Suíça. Mais de cem pacientes fizeram psicoterapia semanal por cerca de quatro meses, recebendo MDMA em até três das sessões. Após o processo, dois terços superaram o trauma. A última fase dos ensaios clínicos, que inclui testes no Brasil, já está sendo preparada. Se os resultados forem bons, o pedido de aprovação da primeira terapia psicodélica será feito às agências regulatórias em 2021.

"Pessoas com estresse pós-traumático têm extrema dificuldade para falar sobre o trauma, o que bloqueia avanços da psicoterapia. O MDMA ajuda o paciente a construir empatia com o terapeuta, enquanto a sensação de bem-estar causada pela substância permite que ele suporte a lembrança do trauma. Com isso, a terapia tem ótimos resultados", disse ao Estado o psiquiatra britânico, Ben Sessa, do Imperial College London, cujo grupo trabalha em colaboração com os americanos.

Considerado um dos principais nomes da ciência psicodélica no Reino Unido, Sessa anunciou no início de julho a preparação dos primeiros testes clínicos do mundo para o uso de MDMA no tratamento de alcoolismo severo. "O MDMA mostrou ótimos resultados contra o estresse pós-traumático e muitos dos meus pacientes alcoólicos sofreram, no passado, traumas que têm ligação com a dependência", afirmou o britânico.

"Depois de cem anos de psiquiatria moderna, temos tratamentos muito pobres para alcoolismo. As chances de recaída dessas pessoas são de 90%. Precisamos urgentemente de novas terapias", acrescentou.

Mente aberta - O psiquiatra Dartiu Xavier, da Unifesp, faz pesquisas com cannabis (princípio ativo da maconha) e ayahuasca. Ele afirma que, apesar dos efeitos diversos, o ponto comum entre todas as drogas psicodélicas é a alteração do estado de consciência.

"O estado de consciência induzido por essas drogas dá ao psiquiatra e ao próprio paciente um acesso à mente que normalmente não é alcançado", explica Xavier. "Isso permite que o terapeuta observe coisas que antes ficariam ocultas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os corações vão sangrar e alegria vai tomar conta no Teatro Luiz Mendonça, na próxima sexta-feira (27). Essa é a proposta do grupo mais psicodélico de Pernambuco , Ave Sangria, que se apresenta no ‘Janeiro de Grandes Espetáculos’, no Recife, e conta com a participação de Zé da Flauta. Criada em 1974, a banda foi ‘extirpada’ devido a repressão militar e só retornou aos palcos 40 anos depois.

O talento dos rapazes que tinham como essência o amor e a liberdade ganhou espaço no cenário musical e conquistou a gravação do primeiro e único álbum com a extita Continental - feito muito difícil na época -. O destaque nacional foi ofuscado pela repressão após o sucesso da música ‘Seu Waldir’, que falava de um amor não correspondido. Como a música era interpretada por um homem, caiu na censura militar e os discos foram retirados das prateleiras.  

##RECOMENDA##

[@#podcast#@]

Com isso, a perseguição tomou conta da vida dos jovens por um tempo. A ação militar e o tempo não fizeram com que os integrantes desistissem do sonho. Os integrantes continuaram nos palcos, porém segregados em outras bandas.

Só em 2014, parte do grupo Ave Sangria voltou a fazer show em Pernambuco. A primeira apresentação aconteceu no Teatro de Santa Isabel, local que eles estrearam há mais de 40 anos. Em entrevista ao Portal LeiaJá, o baixista Almir de Oliveira e o volalista Morco Polo relataram como tudo aconteceu naquele período e anteciparam como vai ser o show na próxima sexta-feira. 

[@#video#@]

Processo de anistia - Em 2016, a banda entrou com um requerimento, na Justiça, pedindo anistia e reparação pelos danos sofridos que resultaram no fim do grupo, em 1974. Segundo o vocalista Marco Polo, o pedido foi feito mais por motivo moral. “O processo ainda está parado na Justiça. Com ele tem ainda mais de 14 mil para serem avaliados e nossa expectativa é mais moral mesmo, não esperamos mais nada. Só de ter dado entrada já valeu e foi positivo”, concluiu. 

Serviço

Ave Sangria

Sexta-feiara (27) | 21h

R$: 80,00 (Inteira) | 40,00 (Meia) | R$ 30 + 2 kg de alimento (social)

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando