Tópicos | resistência a antibióticos

Um novo tratamento contra a tuberculose resistente aos antibióticos registrou uma taxa de sucesso de 82%, um "avanço" apresentado durante a Conferência Mundial da União sobre a Saúde Respiratória, que começou na quarta-feira (26) em Liverpool (noroeste da Inglaterra).

O estudo foi realizado durante nove meses e contou com a participação de 1.006 pacientes procedentes de nove países da África subsaariana, todos eles resistentes à rifampicina, um dos medicamentos mais eficazes contra a tuberculose.

Sete remédios foram receitados aos pacientes. Um deles, a isoniazida, já usado na luta contra a tuberculose multirresistente, foi administrado em doses duas vezes maiores do que as prescritas normalmente.

Dos 1.006 pacientes, 734 foram declarados curados após o tratamento, 54 não responderam aos remédios, 82 morreram durante o período, e os cientistas perderam o contato com 49 deles, segundo o estudo.

O tratamento é "um avanço no combate à tuberculose resistente aos antibióticos", comemorou a médica Paula I Fujiwara, diretora científica da União Internacional contra a Tuberculose e as Doenças Respiratórias.

"Esses resultados foram obtidos em contextos diferentes e em um grande número de pacientes, o que demonstra que se trata do tratamento mais eficaz atualmente contra a tuberculose resistente aos medicamentos", afirmou.

O estudo foi realizado em colaboração com o Instituto de Medicina Tropical de Ambères, o Instituto Científico San Raffaele de Milão e pesquisadores dos nove países africanos envolvidos.

Cerca de 1,8 milhão de pessoas morreram de tuberculose em 2015, 300.000 a mais do que no ano anterior, informa o relatório anual da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgado em outubro.

A expansão das chamadas superbactérias, resistentes a todos os tratamentos médicos conhecidos, pode desencadear uma crise financeira similar, ou até pior do que a de 2008 - alertou um estudo do Banco Mundial publicado nesta segunda-feira (19).

A resistência antimicrobiana está em aumento e, no futuro, muitas doenças infecciosas não poderão ser tratadas, o que implicará um alto custo para os Estados e o aumento do número de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza. Esse problema pode representar um custo de até US$ 100 trilhões globalmente em 2050.

"Devemos saber que, a menos que seja enfrentado rapidamente e com seriedade, o problema da resistência aos antibióticos terá consequências desastrosas para a saúde humana e animal, para a produção de alimentos e para a economia global", advertiu a diretora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margaret Chan.

Intitulado "Doenças resistentes aos medicamentos: uma ameaça para nosso futuro econômico", o relatório analisa o que pode ocorrer, se os antibióticos e outros remédios antimicrobianos deixarem de surtir efeito. A propagação das doenças levaria cerca de 28 milhões de pessoas para a extrema pobreza até 2050, especialmente nos países em desenvolvimento, indica o relatório.

"Em linhas gerais, o mundo mostra uma tendência de redução da pobreza extrema para 2030, aproximando-se da meta de menos de 3% da população vivendo nessa situação. Mas a resistência aos antibióticos põe em risco que se possa atingir esse objetivo", acrescenta.

Além disso, os países de menor renda podem perder mais de 5% do seu Produto Interno Bruto (PIB) até 2050, e o volume de exportações no mundo pode se reduzir em 3,8% até esse mesmo ano, segundo as projeções. "O aumento global nos custos da atenção em Saúde pode ser de entre US$ 300 bilhões e US$ 1 trilhão" por ano em 2050, afirma o estudo.

A produção de víveres também pode cair entre 2,6% e 7,5%, anualmente. Esse problema será abordado nesta semana em uma sessão especial na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. "A dimensão e a natureza dessa ameaça poderiam nos levar a um retrocesso nos êxitos alcançados no desenvolvimento e poderiam nos afastar dos nossos objetivos de erradicar a pobreza extrema", ressaltou o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim.

"Não podemos bancar os custos que representaria a inação, especialmente os países mais pobres. Devemos reagir com urgência para evitar essa crise potencial", alertou.

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