Tópicos | Tuberculose

O Brasil registrou, em 2022, 78 mil novos casos de tuberculose – um aumento de 4,9% em relação ao ano anterior. Dados do Ministério da Saúde apontam que Amazonas, Rio de Janeiro e Roraima apresentaram os maiores coeficientes de incidência: 84,1, 75,9 e 68,6 casos da doença para cada grupo de 100 mil habitantes, respectivamente.

O levantamento mostra que, em 2021, o país teve recorde de mortes pela doença – 5 mil no total, maior número identificado nos últimos dez anos. Atualmente, a tuberculose figura como a segunda doença infecciosa que mais mata, atrás apenas da covid-19, além de ser a principal causa de morte entre pessoas que vivem com HIV e Aids.

##RECOMENDA##

Segundo informações do Ministério da Saúde, homens de 20 a 64 anos apresentam risco três vezes maior de contrair a tuberculose do que mulheres nessa mesma faixa etária. Além disso, em 2022, o país contabilizou 2,7 mil casos em menores de 15 anos, sendo que crianças de até quatro anos respondem por 37% dessas notificações.

Durante entrevista coletiva, hoje (24), em Brasília, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, lembrou que a tuberculose tem prevenção, tratamento e cura e atinge prioritariamente populações mais vulneráveis, como pessoas em situação de rua, comunidades indígenas, refugiados, pessoas vivendo com HIV e Aids e pessoas privadas de liberdade.

Gastos com a doença Os números apresentados pelo ministério mostram que, no Brasil, 48% das famílias afetadas de alguma forma pela tuberculose têm gastos com a doença que comprometem acima de 20% da renda. A ministra destacou que o combate à doença não pode ser visto como um projeto setorial ou de um único ministério. 

O diretor do departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis, Draurio Barreira Cravo Neto, reforçou que a meta de eliminar a tuberculose até 2030 exige união de esforços. “Não será uma secretaria ou um só ministério isoladamente que vão conseguir atingir essa ambiciosa meta, mas perfeitamente factível”, afirmou. 

“Do ponto de vista social, tivemos um processo de piora de todos os indicadores sociais nos últimos cinco a seis anos. Com isso, a tuberculose, que é uma doença basicamente [causada] por esses determinantes sociais, teve recrudescimento nas taxas de mortalidade, de incidência e mesmo de cura.”

O dia 24 de março foi escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conscientizar a população sobre a prevenção e o tratamento da Tuberculose. A doença infecciosa considerada a mais mortal do mundo até o surgimento da Covid-19 tem o Brasil como um dos países com maior carga. 

O biomédico Jailton Lobo alertou para o alto índice de transmissibilidade da doença. "Embora seja uma doença muito antiga, a tuberculose continua sendo a doença infecciosa mais mortal do mundo. Todos os dias, mais de 4000 pessoas perdem a vida como consequência da tuberculose e cerca de 30.000 são infectados por esta doença que pode ser evitável e curável", apontou. 

##RECOMENDA##

O relatório da OMS publicado no ano passado apresentou um aumento de 4,5% no número de diagnósticos entre 2021 e 2020. Há cerca de dois anos, 10,6 milhões de pessoas contraíram tuberculose no mundo e 1,6 milhão de pessoas vieram a óbito. 

No Brasil, a doença é considerada um dos principais problemas de saúde pública. O país ocupa a 20ª posição entre os que têm maior carga. "No Brasil, a doença é um sério problema de saúde pública, com profundas raízes sociais. A cada ano, são notificados aproximadamente 70 mil casos novos e 4,5 mil mortes em decorrência da tuberculose", destacou o microbiologista. 

Tratamento pelo SUS

A tuberculose é causada por bactérias do complexo Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch. Geralmente, ela afeta os pulmões, mas também pode acometer outros órgãos, inclusive o sistema nervoso. Seu principal sintoma, no quadro pulmonar, é a tosse com ou sem secreções. Também é comum que o paciente tenha febre vespertina, sudorese noturna e perca peso. 

Lobo recomenda que, ao surgimento desses sintomas, a pessoa com suspeita busque a unidade de saúde mais próxima para investigar a ocorrência da infecção. Após o resultado positivo, o tratamento é feito através do Sistema Único de Saúde (SUS) em um esquema de seis meses.   

"O paciente precisa seguir o tratamento à risca, pois, caso contrário, a doença pode se tornar resistente aos remédios e se espalhar para outros órgãos e sistemas do corpo", advertiu o biomédico. 

LeiaJá também:

--> A luta contra a tuberculose, vítima colateral da Covid-19

--> Pandemia reduz avanços no combate à tuberculose

--> Número de mortos por tuberculose aumenta com pandemia

A tuberculose voltou a se propagar em todo mundo, devido à Covid-19 e a seus confinamentos, que limitaram os testes e o acesso aos cuidados - alertou a Organização Mundial de Saúde (OMS), nesta quinta-feira (27), estimando que 1,6 milhão de pessoas morreram da doença no ano passado.

Segundo o relatório anual da OMS, 10,6 milhões de pessoas tiveram, em 2021, essa doença causada por uma bactéria que ataca principalmente os pulmões. Isso representa um aumento de 4,5% em um ano.

A taxa de incidência da doença (novos casos por 100.000 habitantes por ano) aumentou 3,6% entre 2020 e 2021, depois de ter diminuído cerca de 2% ao ano durante grande parte das últimas duas décadas.

Essa taxa aumentou entre 2020 e 2021 no mundo inteiro, exceto na África, onde as interrupções nos serviços de saúde, devido à pandemia de covid-19, tiveram um baixo impacto no número de pessoas diagnosticadas.

Em nível mundial, o número anual estimado de mortes por tuberculose diminuiu entre 2005 e 2019, mas as estimativas para 2020 e 2021 sugerem que essa tendência se inverteu.

A OMS calcula 1,6 milhão de mortes no ano passado, um retorno ao nível de 2017. Isso representa um aumento de mais de 14% em relação a 2019, quando essa doença contagiosa matou 1,4 milhão de pessoas. O número subiu para 1,5 milhão em 2020.

A maior parte do aumento de mortes foi registrada no ano passado em quatro países: Índia, Indonésia, Mianmar e Filipinas.

O domínio da tuberculose resistente a medicamentos também aumentou - em 3% entre 2020 e 2021 - com 450.000 novos casos de tuberculose resistente à rifampicina em 2021.

- Pobreza e desnutrição -

Segundo a OMS, "é a primeira vez, em muitos anos, que é relatado um aumento do número de pessoas doentes com tuberculose e tuberculose resistente aos medicamentos".

A pandemia da covid-19 desacelerou, consideravelmente, o progresso na luta contra essa doença. A disseminação da tuberculose põe em risco a estratégia estabelecida pela OMS, que visa a reduzir as mortes pela doença em 90%, e a taxa de incidência em 80%, até 2030, em relação a 2015.

A organização não perde a esperança, embora estime que a tuberculose terá continuado sua progressão em 2022.

"Se a pandemia nos ensinou alguma coisa, é que, com solidariedade, determinação, inovação e o uso equitativo das ferramentas, podemos superar graves ameaças à saúde. Vamos aplicar essas lições à tuberculose", declarou no relatório o diretor-geral da OMS, doutor Tedros Adhanom Ghebreyesus.

A OMS destaca que é ainda mais urgente agir no contexto da guerra na Ucrânia, dos conflitos em outras partes do mundo, da crise energética mundial e dos riscos associados à segurança alimentar, porque estes elementos podem "agravar ainda mais alguns dos determinantes da tuberculose, como níveis de renda e desnutrição".

A tuberculose foi a 13ª causa de morte no mundo em 2019, e a primeira por doença infecciosa. Foi superada em 2020 pela covid-19, mas ainda fica à frente da aids, indica o relatório.

A maioria dos casos de tuberculose no ano passado foi registrada no Sudeste Asiático (45%), na África (23%) e na região do Pacífico Ocidental (18%). Oito países respondem por mais de dois terços dos casos globais: Índia, Indonésia, China, Filipinas, Paquistão, Nigéria, Bangladesh e República Democrática do Congo.

A luta contra a aids, a tuberculose e a malária salvou 50 milhões de vidas nas últimas duas décadas, segundo o Fundo Global, que pede 18 bilhões de dólares para salvar mais 20 milhões de pessoas.

"Fizemos um enorme progresso", declarou o Fundo Global de Combate à Aids, Tuberculose e Malária, uma aliança global criada em 2002 para combater essas três doenças, cuja taxa de mortalidade foi reduzida pela metade desde então, em seu relatório anual.

"Mas a nossa luta não acabou", alertou, destacando a conjuntura de uma série de crises, desde as mudanças climáticas aos conflitos, passando pela pandemia de covid-19, que poderá "nos atrasar".

O Fundo Global realizará uma chamada para doações em Nova York na próxima semana, onde espera arrecadar pelo menos US$ 18 bilhões para seus programas de 2024 a 2026.

O organismo - que reúne governos, agências multilaterais, grupos da sociedade civil e setor privado - acredita que esse financiamento ajudaria a reduzir em quase dois terços as mortes por essas doenças e salvar 20 milhões de vidas.

No ano passado, alertou que a covid teve um impacto "devastador" nestes objetivos, com um retrocesso pela primeira vez na sua história.

Mas, como afirmou hoje, os enormes recursos que mobilizou estão valendo a pena e "a recuperação está em andamento".

Desde março de 2020, o Fundo Global informou que gastou mais de US$ 4,4 bilhões para combater a pandemia e reduzir seu impacto em seus programas.

- "No bom caminho" -

O diretor do Fundo Global, Peter Sands, no entanto, destacou que "embora a maioria dos países que lutam contra a aids, a tuberculose e a malária tenham começado a se recuperar dos estragos da covid-19, temos que acelerar os esforços se quisermos recuperar totalmente a cobertura perdida e voltar ao caminho para acabar com essas doenças até 2030.

Para Sands, as 50 milhões de vidas salvas em duas décadas são "prova de que o compromisso global pode fazer retroceder as doenças infecciosas mais mortais do mundo".

O Fundo, que administra quase um terço de todo o financiamento internacional para lutar contra a aids, declarou que o número de pessoas que receberam terapia antirretroviral no ano passado foi de 23,3 milhões, contra 21,9 milhões no ano anterior.

Mas cerca de 10 milhões de pessoas com o vírus não têm acesso ao tratamento, alertou.

E embora as mortes relacionadas à aids tenham caído 50% de 2010 para 650.000 no ano passado, o objetivo principal de ficar abaixo de 500.000 mortes por ano ainda está longe.

- Tuberculose e covid -

A pandemia teve um impacto especialmente grave no combate à tuberculose, já que muitos recursos foram direcionados contra a covid-19.

Em 2020, 1,5 milhão de pessoas morreram dessa doença, tornando-se a segunda doença infecciosa mais mortal após o coronavírus.

O Fundo Global vê, no entanto, pequenas melhorias.

Em 2021, 5,3 milhões de pessoas receberam tratamento, das quais 110.000 tinham tuberculose resistente, disse.

A pandemia também dificultou o combate à malária e a suspensão de alguns serviços fez com que as mortes aumentassem 12% em 2020, chegando a 627 mil óbitos.

Aqui, também, o Fundo Global vê uma melhoria em seus programas, com cerca de 280 milhões de casos suspeitos testados e 148 milhões de casos tratados no ano passado.

Um surto de casos de tuberculose está sendo registrado em venezuelanos que estão hospedados em uma casa localizada em Santo Amaro, área central do Recife. 

A Secretaria de Saúde do município confirmou ao LeiaJá que, na última terça-feira (16), recebeu a informação de que se trata de 12 venezuelanos que apresentaram os sintomas da tuberculose. Eles foram encaminhados para receber a assistência médica necessária na Policlínica Gouveia de Barros, na Boa Vista.

##RECOMENDA##

Nesta sexta-feira (19), profissionais da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde (Sesau) foram até o local onde os venezuelanos estão hospedados para averiguar a situação dos demais moradores que possam estar sintomáticos.

A secretaria garante que deu instruções aos venezuelanos sobre medidas de prevenção para este tipo de doença. "Os profissionais sempre esbarram na resistência do grupo em receber atendimento e orientações, além de não darem continuidade aos tratamentos indicados pelas equipes de saúde", detalha a Sesau.

A pasta aponta que alguns imigrantes já fizeram o Cartão SUS, para facilitar o acesso aos serviços de saúde, mas apresentam resistência para ir às unidades. A Secretaria Executiva da Assistência Social informa ainda que acompanha semanalmente as famílias que moram no imóvel de Santo Amaro. 

A residência, inclusive, foi inicialmente ocupada por duas famílias, com sete pessoas. No entanto, na última semana, mais nove famílias vindas de Jaboatão dos Guararapes, com 45 pessoas, também se acomodaram na casa. 

A informação que eles passaram para a equipe de assistência social é que já são acompanhados pela Cáritas, organização da Igreja Católica, e a Prefeitura de Jaboatão.

Os efeitos da pandemia de Covid-19 nos serviços de saúde estão destruindo anos de combate à tuberculose e, pela primeira vez em mais de dez anos, as mortes por essa doença estão aumentando, alertou a OMS nesta quinta-feira (14).

A situação não parece melhorar: um número crescente de pessoas não sabe que tem a doença, para a qual há tratamento e pode ser curada, afirma a Organização Mundial da Saúde (OMS) em seu relatório anual sobre tuberculose, que abrange 2020.

##RECOMENDA##

A OMS estima que cerca de 4,1 milhões de pessoas tenham tuberculose, mas não foram diagnosticadas ou não foram oficialmente declaradas, um número muito superior aos 2,9 milhões de 2019.

A pandemia de Covid-19 reverteu anos de progresso global na luta contra a tuberculose, uma doença causada por uma bactéria que afeta os pulmões.

De acordo com o relatório, no ano passado houve 214 mil mortes por tuberculose entre pessoas HIV-positivas (em comparação com 209 mil em 2019) e 1,3 milhão de mortes por tuberculose entre outros pacientes (em comparação com 1,2 milhão em 2019). Ou seja, cerca de 1,5 milhão de mortes no total, número que não era alcançado desde 2017, segundo a OMS.

"Este relatório confirma nossos temores de que a interrupção dos serviços básicos de saúde devido à pandemia reduziria a nada os anos de progresso contra a tuberculose", insistiu Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em um comunicado.

"Esta é uma notícia alarmante que deve servir como um sinal de alerta global sobre a necessidade urgente de investir e inovar para preencher as lacunas no diagnóstico, tratamento e atendimento às milhões de pessoas afetadas por esta doença evitável e tratável", acrescentou.

- Índia e Indonésia -

O aumento dos óbitos compromete a estratégia da OMS de reduzir as mortes pela doença em 90% e a taxa de incidência da tuberculose em 80% até 2030, em comparação com 2015.

De acordo com as previsões da organização, o número de pessoas que desenvolvem tuberculose e morrem pode ser "muito maior em 2021 e 2022".

Houve muitos impactos negativos: os confinamentos complicaram o acesso dos pacientes às instalações de saúde e a pandemia mobilizou profissionais da saúde e recursos financeiros e técnicos.

O número de novos diagnósticos e pacientes declarados pelas autoridades caiu para 5,8 milhões em 2020, ante 7,1 milhões em 2019.

A queda nos casos notificados é observada principalmente na Índia, Indonésia, Filipinas e China.

A oferta de tratamento preventivo para tuberculose também sofreu: cerca de 2,8 milhões de pessoas tiveram acesso em 2020, o que representa uma redução de 21% em um ano.

Além disso, o número de pessoas tratadas para tuberculose resistente a medicamentos diminuiu 15%, de 177 mil em 2019 para 150 mil em 2020, o que equivale a aproximadamente um em cada três que precisam.

Os gastos globais com diagnóstico, tratamento e prevenção da tuberculose também caíram, de US$ 5,8 bilhões para US$ 5,3 bilhões em 2020, menos da metade da meta de financiamento global, definida em US$ 13 bilhões por ano até 2022.

No Dia Mundial de Combate à Tuberculose, lembrado hoje (23), o epidemiologista Paulo Victor Viana, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), disse à Agência Brasil que a situação da doença tem gerado bastante preocupação desde o ano passado, devido à pandemia do novo coronavírus. O combate à tuberculose apresentou avanços na última década no país, com redução do número de casos e da incidência, além da diminuição da proporção de abandono ao tratamento.

O dia 24 de março foi escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para celebrar o combate à tuberculose, em alusão à data em que Robert Koch anunciou a descoberta do Mycobacterium tuberculosis, agente causador da doença, em 1882. Neste dia de mobilização global, são intensificadas as ações contra a doença, de informação e conscientização da população sobre os efeitos negativos para a saúde e também na área socioeconômica.

##RECOMENDA##

Lotado no Centro de Referência Professor Hélio Fraga, da Fiocruz, considerado referência para pesquisas, tratamento e diagnóstico da tuberculose, Paulo Victor Viana avaliou que todas as medidas restritivas, de lockdown, isolamento social, de certa forma podem ter desencorajado alguns pacientes a seguir o tratamento, com medo de contágio pela covid-19. Os dados sobre o comportamento da tuberculose na pandemia devem ser divulgados pelo Ministério da Saúde, adiantou.

Ele afirmou que em outros países já existem sinais evidentes de que houve diminuição grande de pacientes que iniciaram tratamento para tuberculose e não continuaram, por causa das medidas de distanciamento. “Isso é muito preocupante, porque são pessoas que estão com a tuberculose ativa e podem transmitir na comunidade. Se não receberem o tratamento adequado no tempo oportuno, podem até vir a falecer, por complicações da doença”. Uma questão que está sendo investigada, segundo o pesquisador, é como a covid afetou os pacientes de tuberculose.

De acordo com a OMS, houve redução de 25% de testes diagnósticos para tuberculose. Como os exames de escarro e broncofibroscopia (BFC) foram suspensos em função do risco de infecção, a estimativa de aumento da mortalidade é de 13%. A campanha de combate à tuberculose deste ano, promovida pela OMS, tem como tema “O tempo está passando”. A campanha pede mais comprometimento dos líderes governamentais e da iniciativa privada por meio de ações de prevenção, diagnóstico, tratamento e incentivo à pesquisa para erradicar a doença até 2030, informou a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).

No cenário atual, essa meta foi considerada pouco provável de ser atingida pelo pesquisador da Fiocruz. Como profissionais de saúde que atendiam pacientes com tuberculose foram deslocados para atendimento à covid-19, Viana comentou que a tuberculose ficou descoberta. “É um desafio muito grande. No atual cenário, é muito improvável conseguir atingir essa meta de acabar com a doença até 2030”. Segundo ele, isso se deve aos avanços que foram perdidos, à falta de investimentos em medicamentos e vacinas eficazes. “A vacina que temos hoje, a BCG, é uma vacina de 100 anos atrás, que só protege contra formas graves de tuberculose. Nada de novo foi criado para tuberculose”, afirmou. Também a questão econômica que afeta vários países, entre eles o Brasil, terá efeitos no controle da tuberculose.

Dados de 2019 revelam que a infecção atinge em torno de 10,4 milhões de pessoas por ano no mundo e quase 490 mil têm tuberculose multirresistente aos medicamentos. No Brasil, a doença é considerada muito prevalente, em especial nos estados do Amazonas e Rio de Janeiro. O pesquisador explicou que isso se deve ao fato de esses dois estados apresentarem características semelhantes de população, com desigualdades socioeconômicas grandes. “E a tuberculose está intimamente ligada a isso, à pobreza, às péssimas condições de moradia. É um ambiente propício para o desenvolvimento da tuberculose. Nesses dois estados, isso é muito marcante”.

Em 2019, foram detectados 77 mil casos novos no Brasil, com registro de 4,5 mil mortes por tuberculose, segundo a Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde.

As pessoas têm de ficar atentas aos sintomas da tuberculose que podem ser confundidos com os da covid-19. “São duas doenças respiratórias transmitidas pelo ar, uma por bactéria e outra por vírus”. Quando uma pessoa é contaminada por uma dessas duas doenças, acaba tendo sintomas semelhantes: febre, dor no peito, tosse persistente por mais de três semanas, desconforto respiratório, cansaço.

Paulo Victor Viana lembrou que a doença tem cura e o tratamento é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “É uma doença evitável, tem medicamento. Se o paciente seguir à risca os seis meses de tratamento, é uma doença que tem cura em 95% a 97% dos casos”.

A recomendação é que as pessoas que suspeitam estar com a tuberculose e aquelas que têm a doença procurem o diagnóstico e conversem com os profissionais de saúde, tomando todas as precauções, como uso de máscara, álcool em gel e distanciamento.

Viana considerou que há risco de a tuberculose permanecer atuando no mundo ainda por algumas décadas se não houver investimento em pesquisas. Para ele, se forem descobertos novos medicamentos para o tratamento e uma vacina que evite o adoecimento, isso pode ser evitado. “Há a questão social que está ligada. É preciso diminuir as desigualdades sociais. Isso vai ajudar bastante no combate à tuberculose”. Sem essas premissas, ele considera difícil erradicar a doença do mundo até 2030.

A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) apoia a estratégia da OMS para acabar com a tuberculose até 2030. Essa estratégia inclui diagnosticar e tratar 40 milhões de pessoas com tuberculose em 2022, abrangendo 3,5 milhões de crianças e 1,5 milhão de pacientes com a doença multirresistente; oferecer programas de prevenção para as 24 milhões de famílias de pessoas que contraíram a infecção; e investir cerca de US$ 13 bilhões por ano nos esforços para conter a tuberculose, incluindo US$ 2 bilhões para a pesquisa. 

Alvo de estudos em outros países, a vacina contra o bacilo Calmette-Guérin (BCG), que protege contra tuberculose, vai começar a ser estudada no Brasil a partir do próximo mês como uma estratégia de proteção contra a covid-19. O imunizante é aplicado obrigatoriamente no País desde 1976 e pesquisas já apontaram que o número de mortes no Brasil poderia ter sido maior sem essa medida (leia mais abaixo).

Assim como as pesquisas realizadas nos Estados Unidos, Austrália e Holanda , os testes serão feitos com profissionais que atuam na linha de frente no combate à doença. A proposta é avaliar os efeitos da vacina em 10 mil voluntários, dos quais 3 mil serão brasileiros. Os demais serão da Austrália, do Reino Unido, da Espanha e da Holanda.

##RECOMENDA##

Segundo o infectologista Julio Croda, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que vai atuar no projeto, a proposta é identificar se a vacina protege ou não contra o novo vírus, evitando a evolução para formas graves da doença. "Ela (BCG) tem dois diferenciais importantes. É uma vacina que já foi usada muitas vezes, são 120 milhões de crianças que tomam anualmente e os efeitos adversos são raros, e não tem limite de idade superior", diz ele, que também é professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e da Escola de Saúde Pública de Yale (EUA). "Muitos estudos com vacinas estão sendo feitos com pessoas entre 18 e 50 anos. Isso é importante para os idosos."

O estudo será realizado pela Fiocruz em parceria com o Murdoch Children's Research Institute, da Austrália, com financiamento da Fundação Bill e Melinda Gates. No Brasil, 2 mil voluntários serão recrutados em Mato Grosso do Sul e os outros 1 mil serão do Rio. De acordo com Croda, os voluntários serão acompanhados durante um ano e pessoas que já foram infectadas ou que já tiveram sintomas do vírus não poderão participar.

"Seguimos os modelos de outros estudos e os profissionais de saúde são as pessoas com maior fator de risco para aquisição do vírus. Eles serão acompanhados semanalmente. Este vai ser o maior ensaio clínico de fase 3 usando a BCG", diz Croda, que até o primeiro semestre integrava a equipe do Ministério da Saúde, na gestão de Luiz Henrique Mandetta. Segundo o pesquisador, dois estudos recentes foram referência para essa pesquisa. "Um estudo realizado na África mostrou que a vacina protege contra infecções e óbitos em curto prazo, no primeiro ano de vida. E outro, que saiu na (revista científica) Cell, mostrando que ela protege infecções virais em idosos. Este foi feito do ano passado até este ano, ainda quando não tinha a circulação do vírus, mas é um estudo importante."

Segundo Croda, se comprovado o benefício da BCG para o novo coronavírus, a vacina pode se tornar uma opção enquanto o imunizante específico para evitar a doença não é lançado. "Muito provavelmente a BCG não será utilizada no futuro, mas pode ser uma uma alternativa enquanto não tiver nenhuma vacina para a covid-19 ou se não tiver o quantitativo para vacinar bilhões de pessoas. Nesta situação, a BCG poderia ser usada na estratégia."

Estudo apontou que Brasil teria mais mortes sem obrigatoriedade da vacina

Um estudo da Universidade de Michigan (EUA) apontou que o número de mortes por covid-19 registradas no Brasil poderia ser 14 vezes maior se a BCG não fosse obrigatória no País. O achado foi publicado na revista científica Science. Pesquisas sugerem que a vacina tem efeitos benéficos na imunidade contra infecções pulmonares, o que a tornaria uma candidata importante na prevenção da covid-19.

A Austrália e a Holanda também iniciaram estudos com a vacina com profissionais da saúde para verificar se ela tem eficácia para proteger os indivíduos do novo coronavírus.

Entre os países que adotaram políticas universais de vacinação obrigatória para combater a tuberculose, estão, além do Brasil: China, Irlanda, Finlândia e França. Alguns outros países encerraram as políticas porque a tuberculose deixou de ser uma ameaça, entre eles, Austrália, Espanha, Equador. Outros países nunca exigiram a vacinação contra BCG, são eles EUA, Itália e Líbano. A imunização, nos países onde ela foi adotada, é normalmente administrada no nascimento ou durante a infância para a prevenção contra a tuberculose.

Embora seja obrigatória no Brasil e dada aos recém-nascidos ainda na maternidade, a cobertura vacinal da BCG está registrando queda no País. Conforme mostrou o Estadão, a vacina teve a menor cobertura da série histórica, divulgada desde 1994. Com 85,1% dos bebês vacinados em 2019, foi a primeira vez em 25 anos que ela não alcançou a meta federal de ter 90% dos recém-nascidos protegidos.

NOT

Pesquisadores do Instituto de Virologia Humana da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, apontaram que a vacina oral contra poliomielite - a 'gotinha' - pode proteger temporariamente contra a Covid-19. O estudo foi publicado nessa sexta-feira (12), na revista científica Science.

A matéria também apresenta evidências de que a gotinha e a vacina para tuberculose - a BCG - podem proteger o organismo contra infecções, inclusive respiratórias, como é o caso da Covid-19. Os pesquisadores perceberam que, nos países onde a BCG foi amplamente oferecida, a população foi menos acometida pela doença.

##RECOMENDA##

Outra evidência é que tanto os organismos presentes no novo coronavírus, quanto no poliovírus, possuem uma cadeia positiva de material genético usado para replicar em células humanas. Por isso, os estudiosos acreditam que os dois vírus fossem ser afetados pelo mesmo mecanismo de vacina.

 

A luta contra a tuberculose pode se tornar uma vítima colateral da pandemia de Covid-19, causando até 1,4 milhão de mortes adicionais nos próximos cinco anos, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (06).

"Se a tuberculose for ignorada novamente, tudo o que foi alcançado contra a infecção mais mortal do mundo dará em nada, com o risco de infectar milhões de pessoas", afirma a doutora Lucica Ditiu, diretora da organização internacional Stop TB (Pare a tuberculose).

A tuberculose é uma doença bacteriana que ataca principalmente os pulmões. É curável desde que seja tratada a tempo e corretamente e, acima de tudo, pode ser evitada graças às vacinas.

Mas a epidemia de Covid-19 com seu confinamento, política de distanciamento social e deslocamento mais difícil aos centros de saúde atrasará ou até mesmo bloqueará as campanhas de detecção, assim como o acesso aos tratamentos para os doentes, alerta a Stop TB.

"A Covid-19 nos afetou muito. Quanto mais pessoas não forem diagnosticadas nem tratadas agora, mais problemas teremos no futuro", comenta Ditiu.

Com mais de 300.000 mortos apenas este ano e um quarto da humanidade infectada, outra pandemia não mostra sinais de enfraquecimento. No entanto, diferentemente do novo coronavírus, a tuberculose, entre nós há centenas de anos, é curável.

Por ocasião do Dia Internacional de Combate à Tuberculose esta semana, os especialistas alertam para os sobreviventes da tuberculose, que sofrem de sequelas pulmonares, particularmente vulneráveis à Covid-19.

Esta doença, latente em um quarto da população mundial, infecta cerca de 10 milhões de pessoas a cada ano, e mais de 1,2 milhão morrem dela, apesar de ter sido declarada uma emergência de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1993.

Mas, embora as populações mais pobres sejam as mais afetadas, a doença não é necessariamente a prioridade dos políticos.

Especialistas dizem que os sistemas de saúde em todo o mundo podem aprender com a luta contra a tuberculose, contra à qual há uma vacina e um teste de diagnóstico que leva apenas alguns minutos.

"Sabemos o que funciona contra a Covid-19, graças à nossa experiência e às ferramentas que usamos contra a tuberculose: controle de infecção, testes em larga escala, rastreamento de contatos", diz Jose Luis Castro, diretor executivo da União Internacional contra Tuberculose e Doenças Pulmonares.

"A prevenção de qualquer doença requer vontade política - e a prevenção continua sendo a ferramenta mais importante contra a Covid-19", acrescenta ele.

O novo coronavírus é oficialmente responsável por mais de 19.000 mortes em todo o mundo. Governos de todo o mundo adotaram medidas de contenção sem precedentes para retardar seu progresso.

"Com a tuberculose, lutamos por pesquisas e investimentos para desenvolver ferramentas de diagnóstico confiáveis e melhores tratamentos, mas finalmente chegamos lá", comenta Grania Brigden, da União Contra a Tuberculose.

"Isso mostra que, quando há vontade política, as coisas podem acontecer e, infelizmente, para a tuberculose, a vontade política sempre foi um problema", comentou à AFP.

Em vários países na vanguarda da luta contra a tuberculose, os serviços de tratamento e testagem foram interrompidos pela Covid-19, que pesa muito sobre os sistemas de saúde.

A nova epidemia também interrompeu as cadeias de suprimentos de medicamentos e equipamentos usados para tratar outras doenças, como máscaras e antibióticos.

E a preocupação com a disseminação do novo coronavírus, principalmente na África subsaariana e no sul da Ásia, onde os sistemas de saúde são frágeis, preocupa a comunidade médica.

"Pessoas infectadas com tuberculose, HIV ou outras doenças infecciosas, bem como prisioneiros, migrantes e pessoas que vivem na pobreza podem ter ainda menos acesso aos cuidados", ressalta a União Contra a Tuberculose.

"Espero que esta situação (a epidemia de coronavírus) nos ajude a entender que a saúde global é importante e que devemos proteger os mais vulneráveis e em risco, fora de nossas próprias bolhas", conclui Brigden.

O Brasil ainda registra 200 novos casos de tuberculose por dia, segundo dados do Ministério da Saúde. No Dia Mundial de Combate à Tuberculose, a pasta realiza uma ação para alertar sobre importância de completar o tratamento da doença, evitando a transmissão para outras pessoas e o aumento dos casos de morte.

A tuberculose é uma doença grave e está entre as 10 causas de morte no mundo: são 10 milhões de casos por ano e mais de 1 milhão de óbitos.

##RECOMENDA##

No Brasil, em 2019, foram registrados 73.864 mil casos novos da doença. A taxa de mortalidade caiu cerca de 8% na última década. Foram 4.881 mortes em 2008, contra 4.490 em 2018.

Em tempos de pandemia do novo coronavírus, a tuberculose, se não for tratada adequadamente, pode ser uma causa de agravamento de um quadro de infecção pela covid-19. Médicos ouvidos pela Agência Brasil fazem recomendações a pacientes com quadros respiratórios graves. Eles devem estar mais atentos a cuidados básicos de higiene e acompanhamento especializado.

Apesar de ter cura, é justamente o abandono do tratamento o principal motivo para a tuberculose ainda continuar causando mortes no país. O tratamento oferecido no Sistema Único de Saúde (SUS) dura, em média, seis meses. Apesar da melhora dos sintomas já nas primeiras semanas após início, a cura só é garantida ao final da terapia.

 

No Dia Mundial de Combate à Tuberculose, lembrado nesta terça-feira (24), a Organização Mundial da Saúde (OMS) pede às autoridades que não descuidem do tratamento das vítimas dessa doença, que têm risco aumentado com a pandemia do novo coronavírus.

“As autoridades de saúde devem manter o apoio aos serviços essenciais para a tuberculose, incluindo cuidados durante emergências como o covid-19”, destaca a OMS.

A organização lembra que “pessoas doentes com tuberculose e covid-19 poderão ter resultados piores no tratamento, sobretudo se o tratamento da tuberculose for interrompido”.

"A pandemia de Covid-19 está mostrando como as pessoas com doenças pulmonares e imunidade enfraquecida são vulneráveis", afirmou o diretor geral da OMS, Tedros Ghebreyesus.

##RECOMENDA##

Ele lembrou que "o mundo comprometeu-se a acabar com a tuberculose em 2030 e melhorar a prevenção é a chave para conseguir esse objetivo. Há milhões de pessoas que precisam ser tratadas preventivamente para evitar o aparecimento da doença, evitar o sofrimento e salvar vidas".

Os doentes com tuberculose, que têm sintomas comuns com o covid-19, como tosse, febre e dificuldades respiratórias, devem “tomar precauções para se proteger do covid-19 e continuar o tratamento”.

A OMS defende que é preciso “limitar a transmissão de tuberculose e de Covid-19 em ambientes comuns e em instalações de saúde”.

Embora os métodos de transmissão das duas doenças sejam ligeiramente diferentes, aplicam-se a ambas medidas preventivas como “controle e prevenção de infecções, cuidados com a tosse e segregação de casos suspeitos”.

Para as duas doenças são essenciais “teste de diagnóstico confiáveis” e a garantia de tratamento antituberculose para todos os afetados, incluindo os que estejam de quarentena por suspeita de infecção pelo novo coronavírus.

A OMS lembra a importância de “prevenir toda e qualquer discriminação de pessoas afetadas por qualquer dessas doenças, respeitando a proteção dos direitos humanos”.

Estima-se que cerca de um quarto da população mundial esteja infectada com a bactéria que causa a tuberculose. Embora possam não estar doentes nem contagiar ninguém, estão em risco acrescido de desenvolver a doença.

A tuberculose, segundo a OMS, ainda é a doença infecciosa que mais mata em todo o mundo: em 2018, morreram 1,5 milhão de pessoas, 251 mil com HIV, o que as torna especialmente vulneráveis.

Neste ano, foram registrados 10 milhões de novos casos, 500 mil resistentes aos tratamentos existentes, estimando-se que 3 milhões ficaram por diagnosticar

Em 2019, foram necessários US$ 10 mil milhões para tratar a doença, mas faltaram 3,3 mil milhões para atingir essa meta.

*Emissora pública de televisão de Portugal

Pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq) e desenvolvida pelo Instituto de Patologia e Medicina Tropical da Universidade Federal de Goiás (UFG) poderá criar alternativas de tratamento da tuberculose, a partir dos venenos do escorpião e das vespas. O veneno desses insetos (artrópodes) contém pedados de proteína, chamados de peptídeos, que têm ação antimicrobiana.

Esses peptídeos protegem vespas e escorpiões de contágios, porque se fixam na parede das bactérias e não permitem que haja troca de nutrientes com o meio externo e, assim, provocam a morte das bactérias. Os cientistas da UFG conseguiram modificar a proteína, aplicar em testes com camundongos para verificar o efeito sobre diversas doenças. Eles colheram bons resultados contra a tuberculose.

##RECOMENDA##

“Não tem como a bactéria montar um mecanismo de resistência”, assinala Ana Paula Junqueira Kipnis, coordenadora do projeto e professora do Instituto de Patologia e Medicina Tropical.

Segundo sua comparação, os outros antibióticos “têm que entrar na bactéria, interferir com enzimas no metabolismo para conseguir matá-la. A bactéria, no entanto, cria mecanismos para impedir a ação desses fármacos, jogando a droga para fora ou produzindo enzimas que quebram o remédio.”

A tuberculose é uma doença infecciosa, transmitida pelo Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch, que propaga pelo ar após fala, espirro ou tosse das pessoas infectadas, atingindo principalmente os pulmões. A forma de prevenção da tuberculose em crianças é a vacina BCG (Bacillus Calmette-Guérin). O tratamento em pessoas infectadas é feito com quatro fármacos e observação direta. A vacinação e o tratamento são ofertados gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS).

“No Brasil, a doença é um sério problema da saúde pública, com profundas raízes sociais. A epidemia do HIV e a presença de bacilos resistentes tornam o cenário ainda mais complexo. A cada ano, são notificados aproximadamente 70 mil casos novos e ocorrem cerca de 4,5 mil mortes em decorrência da tuberculose”, informa o ministério, acrescentando que o risco de adoecimento é maior entre pessoas de rua, pessoas que vivem com HIV/Aids, presos e indígenas.

Superbactérias e patentes

Os cientistas da UFG também descobriram que as substâncias contidas no veneno da vespa servem para tratar pessoas infectadas com superbactérias, como aquelas adquiridas em unidades de terapia intensiva em hospitais. De acordo com Ana Paula Junqueira Kipnis, essa é a primeira vez no mundo que se faz pesquisa com o veneno de vespa para desenvolvimento desse tipo de fármaco.

O eventual uso de novos fármacos a partir das pesquisas da UFG pode demorar até uma década. Além do depósito de patentes para registro e publicação dos resultados da pesquisa em revistas científicas, é preciso desenvolvimento de mais estudos que exigem parceria entre a universidade e empresas farmacêuticas. Antes de qualquer remédio poder ser utilizado em seres humanos, inclusive como teste, o medicamento deve ser submetido a testes clínicos exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Em geral, a produção de medicamentos é investimento que exige longo prazo. Afora os testes, a indústria farmacêutica precisa custear a síntese que produz o peptídeo microbiano em laboratórios com capacidade de fabricação em massa, para eventual comercialização. O laboratório que venha a se associar para a produção do medicamento deverá fazer o respectivo registro para a venda.

 

O Fundo Global de Combate à Aids, Tuberculose e Malária anunciou nesta quinta-feira (10) que foi alcançado o objetivo de arrecadar os 14 bilhões de dólares necessários para o combate a estas doenças nos próximos três anos.

Este dinheiro está destinado a salvar cerca de 16 milhões de vidas adicionais - 32 milhões já foram - e evitar 234 milhões de novas infecções até 2023.

O Fundo, criado em 2002, também registrou a chegada de novos contribuintes. Os países da África contribuíram o dobro que na ocasião anterior.

No entanto, a Rússia e a América Latina não responderam ao chamado do fundo e se destacaram por sua ausência.

Peter Sands, diretor-executivo do fundo, declarou que está "muito orgulhoso" pelo dinheiro arrecadado. "Amanhã focaremos em qual é a melhor maneira de utilizá-lo", disse.

 

Os casos de tuberculose em Pernambuco no ano de 2018 tiveram alta. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), só no ano passado, 5.026 mil casos da doença foram confirmados - um aumento de 9% quando comparado com os dados de 2015 (4.599 mil). Juntamente com o Dia Mundial de Luta Contra a Tuberculose, celebrado no próximo domingo (24), a SES tenta reforçar a importância de prevenção e detecção da doença.

“Com o diagnóstico precoce, pode ser diminuído o tempo que o paciente continua transmitindo a doença, quebrando a cadeia de transmissão”, afirma a coordenadora do Programa, Cândida Ribeiro. Para este ano de 2019, o Governo do Estado afirma que pretende intensificar o assessoramento técnico para cinco municípios prioritários: Recife, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista e Abreu e Lima.

##RECOMENDA##

Além do monitoramento constante das ocorrências e capacitações em unidades de saúde, o Programa Estadual irá auxiliar, quando necessário, na busca ativa de casos (sintomáticos respiratórios) e de pacientes que possam ter abandonado o tratamento; no acompanhamento de pacientes com coinfecção tuberculose/HIV ou casos especiais, como os com intolerância medicamentosa; na realização de mobilização social e de atividades educativas com populações susceptíveis.

A Secretaria Estadual de Saúde explica que a tuberculose é uma doença causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch. Ela afeta, principalmente, os pulmões e é transmitida por vias aéreas, pela fala, tosse ou espirro da pessoa com a doença ativa no organismo.

Tosse por mais de três semanas, que pode ser acompanhada por febre vespertina, sudorese noturna (produção excessiva de suor durante a noite), emagrecimento e cansaço/fadiga, pode ser um indicativo da enfermidade. O diagnóstico é feito nos postos de saúde por meio de exames bacteriológicos, principalmente a baciloscopia, conhecida como exame do escarro.

Diagnóstico concluído, o próprio posto de saúde passa a disponibilizar, gratuitamente, as medicações que formam o esquema básico, formado por quatro fármacos: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol. Esse tratamento dura seis meses. “Seguindo corretamente as orientações da equipe de saúde, o paciente pode deixar de transmitir a doença com 15 dias”, reforça Cândida Ribeiro.

Prevenção

A principal maneira de prevenir a tuberculose em crianças é com a vacina BCG (Bacillus Calmette-Guérin), ofertada gratuitamente no SUS (nas unidades básicas de saúde e maternidades). Essa vacina protege a criança das formas mais graves da doença, como a tuberculose miliar e a meníngea, e deve ser dada ao nascer, ou, no máximo, antes de completarem 5 anos de idade (até 04 anos, 11 meses e 29 dias).

Outra maneira de prevenir a doença é a avaliação de contatos de pessoas com tuberculose, que permite identificar a infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis. Isso possibilita prevenir o desenvolvimento de tuberculose ativa. Em outras situações específicas, pessoas que são diagnosticadas com a infecção latente da tuberculose também têm indicação de receber tratamento para prevenir o adoecimento. Neste caso, é necessário procurar uma unidade de saúde para avaliação.

Casos de tuberculose em Pernambuco

2015 – 4.599

2016 – 4.577

2017 - 4.985

2018 - 5.026

Mortes causadas pela doença

2015 - 423

2016 - 398

2017 - 435

 

*Com informações da assessoria

 As sertanejas Simone e Simaria estiveram no ‘Encontro’, da TV Globo, nessa quarta-feira (9) e um dos assuntos tratados foi a doença de Simaria, responsável por afastá-la dos palcos nos últimos meses. A cantora falou sobre sua saúde e como o fator psicológico agravou seu estado.

"Tive que fazer terapia. Eu sempre fui à frente da banda, tinha que dar os nãos então saía como a coisa ruim da história. Eu ficava com aquela culpa me matando aqui dentro. Tenho certeza que uma parte do que eu passei, da doença, tem a ver com psicológico”, declarou.

##RECOMENDA##

Simaria foi diagnosticada com tuberculose ganglionar em abril de 2018 e desde então, precisou se afastar dos palcos durante alguns períodos. No entanto, a ‘coleguinha’ garante que já está bem melhor e que a dupla já tem data definida para voltar oficialmente aos palcos.

“Eu já me sinto muito, muito melhor. Eu estou 90% do que estava," disse. "Vamos voltar aos palcos no Carnaval. Vamos estar no Recife e em Olinda", revelou.

A conferência mundial sobre saúde pulmonar foi encerrada neste sábado em Haia, após o anúncio de progressos na luta contra a tuberculose.

Segue abaixo um resumo dos instrumentos com que médicos e colaboradores humanitários combatem a doença infecciosa mais letal do mundo, que causou 1,7 milhão de óbitos em 2017, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

- Medicamento milagroso -

Algumas cepas da tuberculose - infecção pulmonar grave transmitida pelo ar e que pode atingir o cérebro - são resistentes aos antibióticos.

Uma equipe médica de Belarus (um dos países com índice de tuberculose multirresistente mais elevado) administrou durante meses a pacientes o novo tratamento contra a tuberculose multirresistente, a bedaquilina, juntamente com outros antibióticos.

A taxa de êxito do estudo de Belarus (93%) foi comprovada em outros testes clínicos com bedaquilina, no Leste Europeu, Sudeste Asiático e na África. Este antibiótico "muda completamente" a situação, segundo especialistas, substituindo meses de tratamentos dolorosos e, muitas vezes, ineficazes.

- Primeira vacina em 100 anos -

Muitos progressos foram registrados no campo da prevenção, com uma nova vacina contra a tuberculose, a primeira em quase um século.

A GlaxoSmithKline (GSK) demostrou em um teste realizado em três países africanos que sua vacina teve uma eficácia de 54% entre as pessoas que contraíram a infecção mas não desenvolveram a doença.

"Este nível de eficácia poderia realmente ter impacto na saúde mundial", declarou à AFP Marie-Ange Demoitie, que dirige o desenvolvimento da vacina para a GSK.

- Novo teste para crianças -

Cientistas anunciaram nesta semana um novo teste, revolucionário, para detectar a tuberculose em crianças, que, segundo eles, poderia evitar anualmente centenas de milhares de casos.

Uma equipe internacional da fundação para a tuberculose KNCV em Haia criou um sistema simples para analisar as fezes de crianças com menos de 5 anos.

Este método, aplicável em regiões isoladas, deverá substituir o atual, um método invasivo, que costuma estar reservado aos grandes hospitais.

Cerca de 240 mil crianças morrem anualmente de tuberculose. A doença é curável e raramente fatal se diagnosticada a tempo. A ausência de tratamento é a causa de quase 90% das mortes entre crianças.

- Tratamento seletivo -

Um enfoque novo para o tratamento das crianças mais expostas teve êxito em quatro países africanos.

A União Internacional contra a Tuberculose e as Doenças Respiratórias realizou um estudo com crianças menores de 5 anos que vivem em lares onde pelo menos um adulto foi diagnosticado com a doença.

Os casos em que a doença não estava ativa foram tratados de forma preventiva durante três meses, ou seja, metade da duração do tratamento atual. Houve êxito em 92% das cerca de 2 mil crianças tratadas.

- Poluição do ar -

A Organização Mundial da Saúde (OMS) irá organizar de 30 de outubro a 1º de novembro a primeira Conferência Mundial sobre a Poluição do Ar e a Saúde, em Genebra.

Os cientistas presentes em Haia pediram aos Estados Unidos que considerem a poluição atmosférica uma emergência de saúde pública: 90% da população mundial respiram ar poluído.

"Seis milhões de pessoas morrem anualmente por causa da qualidade do ar", declarou Neil Schluger, assessor científico da Vital Strategies, organização afiliada à União Internacional contra a Tuberculose e as Doenças Respiratórias.

"A cada dia, os médicos observam os males causados pela poluição do ar. Os pacientes sofrem com asma aguda, ataques cardíacos, AVCs... Ainda assim, muitos governos fracassam na hora de tratar o problema como uma crise real de saúde pública. Temos que nos mobilizar, porque o prolema se agrava", advertiu.

A tuberculose tem maiores chances de acontecer em ambientes prisionais e em municípios de renda econômica baixa. Já em locais com boa distribuição de renda, as chances de haver casos da doença são menores. O estudo foi feito em uma pesquisa de doutorado de Daniele Maria Pelissari e do professor Fredi Alexander Diaz Quijano, da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP).

“Identificamos que a importância relativa da exposição às prisões sobre a incidência da tuberculose varia segundo as condições socioeconômicas dos municípios. Isso significa que estratégias focalizadas para o fim da tuberculose devem considerar o contexto socioeconômico”, disse Daniele.

##RECOMENDA##

Nos municípios com extrema desigualdade econômica, o número de pessoas que contraíram tuberculose nas prisões é de 1041,2 pessoas por 100 mil presos ao ano. Já entre as pessoas não presas, a taxa é de 67,5 pessoas por 100 mil ao ano.

Já nos municípios com boa renda, o número de pessoas privadas de liberdade atingidas pela tuberculose é de 795,5 pessoas por 100 mil pessoas ao ano. O índice de tuberculose na população que não está privada de liberdade é de 35,6 pessoas por 100 mil pessoas ao ano.

O estudo foi realizado entre os anos de 2013 a 2015 e foram pesquisadas 137.698 pessoas com tuberculose, das quais 10,7% estavam presas em 954 locais que em 2014 dispunham de pelo menos uma unidade prisional.

O Ministério Extraordinário da Segurança Pública e o da Saúde firmaram um acordo para garantir o repasse de R$ 27,5 milhões do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) para atividades de combate à tuberculose em presídios brasileiros.

O Departamento Penitenciário Nacional (Depen) informou que a proposta é aumentar a campanha de educação em saúde para a comunidade carcerária, com os objetivos de tornar mais visível a doença no sistema prisional, sensibilizar o diagnóstico precoce e o tratamento apropriado e diminuir o estigma e o preconceito.

##RECOMENDA##

De acordo com o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Osnei Okumoto, a população carcerária corresponde a 10,5% dos novos casos da doença registrados no país, além da chance de um preso contrair a doença ser 28 vezes maior do que a população em geral.

Segundo a coordenadora-geral de Promoção da Cidadania do Depen, Mara Fregapani, a campanha será realizada em mais de 1.440 unidades prisionais. Além disso, as ações serão voltadas para familiares de presos e profissionais que trabalham nas unidades.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando