Tópicos | Tsai Ing-wen

A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, condenou a Rússia, nesta quarta-feira (23), por seu apoio às regiões controladas pelos separatistas na Ucrânia, afirmando que a crise está sendo usada para prejudicar o moral nesta ilha, há tempos sob ameaça de invasão por parte da China.

Esta ilha governada democraticamente acompanha de perto a situação na Ucrânia, já que a China reivindica soberania sobre Taiwan e prometeu que um dia retomará esse território - à força, se necessário.

A China aumentou a pressão militar, diplomática e econômica sobre Taiwan desde que Tsai Ing-wen chegou ao poder, em 2016, por sua rejeição à posição da China de que a ilha faz parte de seu território.

"Nosso governo condena a violação, por parte da Rússia, da soberania da Ucrânia (...) e convoca todas as partes a continuarem a resolver suas disputas por meios pacíficos e racionais", declarou a presidente.

Tsai destacou que Taiwan e Ucrânia são "fundamentalmente diferentes em termos geoestratégicos, entorno geográfico e na importância que têm na cadeia global de abastecimento", em alusão à posição da ilha na economia mundial por seu papel na indústria de semicondutores.

"No entanto, frente a forças externas que tentam manipular a situação na Ucrânia e afetar o moral da sociedade taiwanesa, todas as unidades do governo devem ficar mais vigilantes", frisou.

No último trimestre de 2021, registrou-se um aumento significativo nas incursões de caças chineses na zona de identificação de defesa aérea de Taiwan.

No ano passado, 969 aviões de guerra chineses penetraram nesta área, mais do que o dobro dos 380 caças que entraram em 2020, segundo um banco de dados compilado pela AFP.

A China tem sido cautelosa a respeito da crise na Ucrânia, mas vem demonstrando um crescente apoio ao presidente russo, Vladimir Putin.

A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, recebeu nesta segunda-feira (10) o secretário de Saúde dos Estados Unidos, Alex Azar, que viajou à ilha para uma visita sem precedentes em mais de 40 anos, o que provocou um forte mal-estar na China.

Azar é o funcionário do governo americano de maior hierarquia a visitar Taiwan desde 1979, quando Washington rompeu as relações diplomáticas com Taipé para reconhecer o governo comunista estabelecido em Pequim como único representante da China.

A visita de três dias de Azar acontece em um momento de grande tensão entre Washington e Pequim, que divergem em vários temas, como a situação em Hong Kong, as questões comerciais ou as responsabilidades na pandemia do novo coronavírus.

Nesta segunda-feira, o secretário de Saúde se reuniu com Tsai, grande rival da China, que a acusa de buscar a independência formal da ilha de 23 milhões de habitantes.

"A reação de Taiwan à COVID-19 está entre as mais eficazes do mundo e isto reflete a natureza aberta, transparente, democrática da sociedade e da cultura de Taiwan", declarou Azar à presidenta taiwanesa durante o encontro.

- "Valores comuns" -

Tsai agradeceu o apoio dos Estados Unidos a seus esforços para que Taiwan seja admitido como observador na Organização Mundial da Saúde (OMS), apesar da China ter conseguido excluir Taiwan da agência das Nações Unidas.

"As considerações políticas nunca deveriam estar acima dos direitos à saúde", declarou Tsai, que considerou "lamentável a recusa de Pequim a permitir a admissão de Taiwan na OMS.

A República Popular da China considera a ilha como uma província, apesar de Taiwan ser governada por um regime rival que se refugiou no território após a tomada de poder dos comunistas em Pequim em 1949, depois de sua vitória na guerra civil.

Taiwan não é reconhecido como um Estado independente pela ONU e Pequim ameaça recorrer à força no caso de uma declaração de independência de Taipé ou de uma intervenção estrangeira, especialmente da parte de Washington.

Há alguns dias, o governo chinês afirmou que a visita de Azar era uma ameaça para a "paz e a estabilidade".

O secretário americano rebateu as críticas nesta segunda-feira.

"A mensagem do governo dos Estados Unidos consiste em reafirmar a profunda associação que une os Estados Unidos e Taiwan nas áreas de segurança, comércio, saúde e nossos valores comuns, que são a democracia, a liberdade econômica e a liberdade ", declarou aos jornalistas antes do encontro com a presidente.

- Menos de 500 casos em Taiwan -

Azar já criticou a atitude da China ante uma pandemia que surgiu em seu território, assim como as ações da OMS. Uma postura que repetiu nesta segunda-feira.

"Taiwan soube desde o início que não deveria confiar nas afirmações procedentes de lá (Pequim) nem nas validações feitas pela Organização Mundial da Saúde", declarou.

Alex Azar também tem reuniões programadas com o ministro da Saúde, Chen Shih-chung, e com o ministro taiwanês das Relações Exteriores, Joseph Wu.

Apesar da proximidade geográfica e comercial com a China continental, onde a epidemia teve início, Taiwan registra menos de 500 casos de coronavírus e apenas sete mortes.

Os Estados Unidos lideram o ranking de países com mais vítimas fatais, com mais de 160.000.

Os críticos do presidente americano, Donald Trump, o acusam de endurecer o tom contra Pequim para desviar a atenção dos erros de seu governo no combate à COVID-19, a apenas três meses das eleições.

Douglas Paal, que dirigiu o Instituto Americano de Taiwan durante a presidência de George W. Bush, a administração Trump tem consciência dos riscos provocados pela questão de Taiwan, uma das mais sensíveis para o comando do Partido Comunista Chinês. Até o momento não ultrapassou a linha vermelha para Pequim: uma visita a Taipé de autoridades americanas responsáveis por questões de segurança nacional.

Altos funcionários da administração americana responsáveis pelo Comércio Exterior visitaram Pequim na década de 1990, mas, segundo Paal, a diferença era que as relações entre Pequim e Washington não eram tão tensas.

A atual presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, que fez campanha contra o autoritarismo de Pequim, foi reeleita neste sábado para um novo mandato, apesar da campanha de intimidação econômica e diplomática do poder comunista para isolar a ilha.

"Taiwan mostrou ao mundo o quanto amamos nosso modo de vida livre e democrático e nossa nação", disse Tsai à imprensa quando anunciou sua vitória.

A China considera Taiwan uma de suas províncias e prometeu um dia recuperar o controle, à força, se necessário.

"Espero que as autoridades de Pequim entendam que Taiwan é um país democrático, e que nosso governo democraticamente eleito não ceda a ameaças e intimidações", acrescentou Tsai Ing-wen.

Taiwan, uma ilha com cerca de 23 milhões de pessoas, está politicamente separada da China há sete décadas.

No entanto, é considerada um país independente apenas por algumas capitais, cujo número diminuiu nos últimos anos.

No sábado, 19 milhões de eleitores foram convocados a decidir entre duas visões divergentes do futuro do território e suas relações com Pequim, seu maior parceiro comercial.

A presidente Tsai Ing-wen, que se apresenta como garantidora dos valores democráticos contra o poder comunista considerado autoritário do presidente chinês Xi Jinping, foi reeleita com 57,1% dos votos.

Ela obteve 8,1 milhões de votos - 1,3 milhão a mais do que nas eleições anteriores de 2016.

"A vitória de Tsai Ing-wen é um tapa na cara de Pequim porque os taiwaneses não cederam à intimidação", disse à AFP o analista político Hung Chin-fu, da Universidade Nacional Cheng Kung em Taiwan.

- Endurecimento -

Desde a chegada de Tsai Ing-wen ao poder, Pequim cortou as comunicações oficiais com a ilha, intensificou seus exercícios militares, endureceu as pressões econômicas e arrancou de Taiwan sete de seus aliados diplomáticos.

As tensões são altas entre os dois lados do Estreito de Taiwan porque Tsai se recusa a reconhecer o princípio da unidade de Taiwan e China dentro do mesmo país - como reivindicado pelo poder comunista.

Pequim não reagiu imediatamente aos resultados das eleições presidenciais de Taiwan.

"Mas, obviamente, não está feliz", observa Joshua Eisenman, analista político da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos.

"Continuarão firmes em relação a Tsai Ing-wen ou optarão por uma abordagem mais flexível... essa é a grande questão", enfatiza.

Até agora, as pressões de Pequim sobre a administração de Tsai Ing-wen têm sido "relativamente fracas", disse Jonathan Sullivan, especialista chinês da Universidade de Nottingham, no Reino Unido.

Mas a vitória de Tsai pode mudar a atitude de Pequim.

Ataques cibernéticos, investimentos na mídia da ilha para obter uma imagem mais favorável e até demonstrações de força militar não podem ser descartadas, afirma Sullivan.

Já no final de dezembro, Pequim enviou o "Shandong", seu primeiro porta-aviões de design 100% chinês, ao Estreito de Taiwan.

Nessa disputa presidencial, Tsai se opôs a Han Kuo-yu, que defendia o aquecimento das relações com Pequim.

Han, que admitiu a derrota (38,6% dos votos), disse a uma multidão de eleitores em sua cidade de Kaohsiung, no sul de Taiwan, que ligou para a presidente Tsai para parabenizá-la.

Washington foi uma das primeiras capitais a estender seus parabéns à líder de Taiwan.

"Os Estados Unidos felicitam Tsai Ing-wen por sua reeleição presidencial em Taiwan", disse o ministro das Relações Exteriores Mike Pompeo em comunicado.

"Sob sua liderança, esperamos que Taiwan continue a servir como um exemplo brilhante para os países que lutam pela democracia", disse o secretário de Estado americano.

Washington rompeu laços diplomáticos com Taipé em 1979, reconhecendo Pequim como o único representante da China.

Os Estados Unidos, no entanto, continuam sendo seu aliado mais poderoso e principal fornecedor de armas.

A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, proclamou sua vitória neste sábado nas eleições presidenciais realizadas nesta ilha de 23 milhões de habitantes e isso será crucial para o futuro de suas relações com a China.

"Taiwan está mostrando ao mundo o quanto apreciamos o estilo de vida livre e democrático de nossa nação", disse a líder aos repórteres.

Seu principal adversário, Han Kuo-yu, aceitou sua derrota e ligou para a atual presidente para parabenizá-la.

A rede de televisão SET TV atribui a Tsai 57,7% dos votos e Han Kuo-yu, 56,7%, depois da apuração de 10 milhões de votos.

Os dois candidatos têm opiniões divergentes sobre o futuro da ilha e suas relações com Pequim, o principal parceiro comercial.

Tsai se distanciou do autoritarismo chinês e disse estar confiante em sua vitória para tornar a "democracia de Taiwan mais forte".

Taiwan, que tem sua própria moeda, bandeira, exército, diplomacia e governo, está de fato politicamente separada da China há 70 anos.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando