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Dois ex-executivos da Unimed Paulistana foram denunciados à Justiça por corrupção, em parceria com o homem apontado como chefe da Máfia do Imposto sobre Serviços (ISS), Ronilson Bezerra Rodrigues. Para o Ministério Público Estadual (MPE), Ronilson recebeu propina para alterar um projeto de lei e beneficiar a cooperativa. Em depoimento, um dos executivos disse que chegou ao subsecretário por indicação do prefeito da época (2011), Gilberto Kassab (PSD), hoje ministro das Comunicações, Ciência, Tecnologia e Inovação.

Segundo a denúncia, assinada por quatro promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão aos Crimes Econômicos (Gedec) à Justiça, Valdemir Gonçalvez da Silva, ex-diretor financeiro da Unimed Paulistana, e Maurício Rocha Neves, ex-CEO da cooperativa, pagaram para Ronilson em troca de mudança na tributação.

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Para resolver o que classificavam como bitributação, ainda de acordo com o MPE, os executivos procuraram diretamente Kassab. Escolheram o ex-prefeito, segundo depoimento prestado ao Gedec, porque Pedro Kassab, pai do ministro, é um dos fundadores da Unimed Paulistana. "O prefeito indicou Ronilson Bezerra Rodrigues para orientar. O declarante não sabia no primeiro momento que Ronilson era subsecretário", informou Rocha Neves, em depoimento prestado por carta precatória no começo de abril.

A ajuda de Ronilson, de acordo com a denúncia, se deu com a inclusão de um artigo em um projeto de lei que tramitava na Câmara Municipal em 2011, que alterava regimes tributários de uma série de setores econômicos da cidade. A abrangência da proposta era tanta que o projeto ganhou o apelido de "X-Tudo".

Para subsidiar a denúncia, os promotores do caso acrescentaram um e-mail, enviado por Ronilson aos assessores técnicos, em que pede alterações no texto para a inclusão do artigo para "planos de saúde". O projeto tramitou entre abril e julho de 2011, foi aprovado e sancionado pelo prefeito Kassab em 8 de julho. Assim, a dívida da Unimed com a Prefeitura, na época em R$ 400 milhões, teve uma redução de 40%.

Aprovada a mudança, a Unimed pagou R$ 56 mil à empresa de Ronilson, a Pedra Branca Assessoria, simulando a prestação de consultoria, ainda de acordo com a denúncia feita pelo MPE. Advogado dos executivos, o criminalista Luiz Eduardo Greenhalgh foi procurado em seu escritório, por telefone, para comentar o caso, mas não respondeu à reportagem.

Demandas

O defensor de Ronilson, Márcio Sayeg, classificou a denúncia formulada pelo Gedec como "absurda". "Como ele pode receber esse tipo de acusação? Ele não legisla."

Por meio de nota oficial, a assessoria de imprensa do ministro Gilberto Kassab afirmou que "todas as demandas trazidas ao conhecimento do então prefeito Gilberto Kassab por entidades de classe, movimentos sociais e grupos empresariais eram encaminhadas às respectivas secretarias, que tinham total autonomia para analisar e encaminhar as questões apresentadas à luz das regras públicas e legislação vigentes".

Problemas

Em 2 de setembro do ano passado, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) anunciou a proibição da venda de planos pela Unimed Paulistana, por problemas técnicos e financeiros. Em fevereiro deste ano, determinou-se liquidação extrajudicial. A empresa recorre na Justiça.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou no Diário Oficial da União (DOU) resolução que decreta a liquidação extrajudicial da operadora Unimed Paulistana. Na prática, a medida encerra o processo de retirada definitiva da empresa do mercado de planos de saúde.

Também na edição de segunda-feira do DOU, a ANS publicou outra resolução, esta para prorrogar por até 30 dias o prazo para que os beneficiários da Unimed Paulistana exerçam a portabilidade extraordinária de carências. Com isso, explicou a ANS em nota, eles podem escolher um dos planos disponíveis no Sistema Unimed ou buscar produtos em qualquer operadora de plano de saúde, sem necessidade de cumprir novos períodos de carência. Os beneficiários remanescentes da operadora podem fazer a portabilidade, independentemente do tipo de contratação e da data de assinatura dos contratos.

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"Vale lembrar que o beneficiário que estiver cumprindo carência ou cobertura parcial temporária na Unimed Paulistana pode exercer a portabilidade extraordinária de carências sujeitando-se aos respectivos períodos remanescentes na outra operadora escolhida. Caso o plano de destino possua a segmentação assistencial mais abrangente do que o plano em que o beneficiário está vinculado, poderá ser exigido o cumprimento de carência no plano de destino somente para as coberturas não previstas no plano de origem", alertou a ANS.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) vai dar novo prazo para que a Unimed Paulistana faça a transferência de beneficiários para as operadoras de saúde Unimed Fesp, Unimed Seguros e Central Nacional Unimed. A ampliação será de 15 dias e os detalhes devem estar no Diário Oficial da União desta sexta (15). Em novembro, a agência já havia dado dois prazos para que a transferência fosse feita, um de 15 e outro de 60 dias.

Na época, 500 mil beneficiários estavam sob responsabilidade da operadora, que, por determinação da ANS de setembro, teve de transferir seus 744 mil beneficiários para outras empresas. A agência informou que foram identificados problemas administrativos e financeiros na operadora.

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Ainda naquele mês, a Unimed Paulistana assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, Procon-SP, ANS, Unimed do Brasil e as três operadoras que assumiram os clientes para garantir a transferência de beneficiários de planos individuais/familiares e coletivos com menos de 30 vidas, beneficiando 155,3 mil clientes. Em novembro, a medida foi ampliada para todos os contratos. Nenhum beneficiário precisa cumprir carência.

Por meio da assessoria, a Unimed Paulistana informou que ainda não tem o número total de beneficiários que já foram transferidos. A operadora diz que trabalhou para evitar que os clientes deixassem de receber atendimento durante o processo. "A partir da decisão da ANS e da reação da maior parte da rede credenciada, interrompendo os atendimentos, os esforços da administração da Unimed Paulistana foram de otimizar a rede própria, fazendo frente à demanda, que foi rapidamente decrescente." A operadora diz que pretende atuar, no futuro, como prestadora de serviços em saúde.

Dívida

Ela informou que, atualmente, tem uma dívida em torno de R$ 2 milhões, "em sua maior parte, de tributos". Dos 3.500 funcionários, 3.300 foram demitidos. "Estamos trabalhando no sentido de permanecermos no mercado." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Integrantes da antiga diretoria e executivos da Unimed Paulistana, além de corretores de planos de saúde da operadora, realizaram viagens e passeios de luxo no ano passado. Em agosto de 2014, um grupo participou de um safári na África do Sul com todos os gastos custeados pela operadora, que está em crise financeira desde 2009 e teve sua carteira de clientes alienada por ordem da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em setembro deste ano.

Em nota, a atual diretoria da Unimed Paulistana informou que assumiu em abril deste ano e realizou um trabalho de diminuição de custos. "Esses eventos foram realizados durante a antiga diretoria e esses questionamentos devem ser feitos aos antigos diretores."

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O ex-presidente da Unimed Paulistana, Paulo José Leme de Barros, disse, também em nota, que a viagem para a África "fez parte da estratégia comercial da empresa, prática comum no mercado de saúde". "Foram contempladas 138 pessoas, que geraram um custo de viagem de aproximadamente R$ 1,2 milhão. Como retorno, a campanha obteve R$ 31 milhões em vendas e acréscimo de 28 mil novos clientes, resultado extremamente positivo para a Unimed Paulistana."

Diretor da corretora Íntegra Vita, Reinaldo Badiali diz que a prática de oferecer viagens, jantares e passeios luxuosos é normal entre as operadoras de saúde e que, há pelo menos oito anos, a Unimed Paulistana realizava as promoções.

"Além da África, eles fizeram também viagens para Fernando de Noronha, Maragogi (AL), cruzeiros. Mas todas as operadoras oferecem viagens para alavancar as vendas."

Shows de artistas nacionais, como Arnaldo Antunes e César Menotti e Fabiano, eram vistos pelos convidados da operadora em camarotes. "A gente não quitava nada em nenhum evento da operadora. Era 'all inclusive'."

Badiali diz que os vendedores se sentiam estimulados a vender os pacotes da Unimed Paulistana. "Era uma viagem bem organizada, mas tinham de vender 50 a 100 vidas por mês durante um ano para conseguir." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Funcionários da Unimed Paulistana fizeram um ato nesta terça-feira (29) contra a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) por causa da determinação para que a operadora de saúde transfira seus 744 mil beneficiários para outros planos.

A medida foi anunciada pela agência no dia 2 deste mês e levou em consideração problemas econômico-financeiros, além de "anormalidades assistenciais e administrativas graves". A ANS afirmou que desde 2009 acompanha a situação da operadora por meio de monitoramento feito por agentes nomeados pela agência. O prazo para a realização do processo de transição termina na próxima sexta (2).

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O coordenador administrativo Onildo Rodrigues, de 54 anos, conta que trabalha para o Sistema Unimed há mais de 15 anos e que a manifestação teve como objetivo mostrar à agência a preocupação dos profissionais em relação ao futuro da operadora.

Ele diz que o ato começou por volta das 11 horas na sede da operadora, na Avenida Angélica, região central de São Paulo, e que o grupo formado por cerca de 1.700 pessoas se dirigiu para o prédio da ANS na Rua Bela Cintra.

"O salário está em dia e ninguém recebeu o aviso prévio, mas os funcionários estão preocupados. É simples determinar a alienação, mas nós ficamos esquecidos. Somos 3.380 funcionários diretos e 2.400 médicos cooperados. Contando os familiares e pessoas ligadas a todos, são cerca de 83 mil pessoas dependentes das atividades da Unimed Paulistana." Rodrigues diz que a nova gestão, que entrou em abril, não teve tempo de contornar a situação da operadora antes de a ANS determinar a transferência da carteira dos clientes.

Em nota, a ANS informou que atendeu uma comissão de funcionários e recebeu suas reivindicações. "A gestão da operadora é responsabilidade de seus administradores e que todas as obrigações trabalhistas devem ser garantidas pela empresa e seu patrimônio", informou. Por meio da assessoria, a Unimed Paulistana disse que nenhum funcionário foi desligado e que "tem honrado os direitos trabalhistas".

A cooperativa de médicos Unimed Paulistana virou alvo de uma investigação do Ministério Público Estadual (MPE), após promotores do Grupo Especial de Repressão aos Delitos Econômicos (Gedec) identificarem um pagamento da cooperativa à Pedra Branca Assessoria, empresa de Ronilson Bezerra Rodrigues, apontado como chefe da Máfia do Imposto sobre Serviços (ISS).

A Pedra Branca emitiu uma nota fiscal de prestação de serviços de R$ 60 mil à Unimed Paulistana em 8 de setembro de 2011, com a descrição "serviços de consultoria". A nota recolhe R$ 900 de imposto de renda e R$ 2.790 de outros tributos. A transação entre Unimed e Ronilson aconteceu dois meses depois de uma lei municipal conceder isenção de impostos à cooperativa, que chegou a ser uma das dez maiores devedoras de ISS da cidade.

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Para o MPE, a Pedra Branca é uma empresa constituída apenas para lavar o dinheiro que Ronilson obteve de forma ilícita enquanto esteve na Subsecretaria da Receita Municipal, durante a gestão Gilberto Kassab (PSD). "Um dos delatores diz que a empresa não tinha nenhum negócio real", afirmou o promotor Roberto Bodini, que lidera as investigações do caso.

Bodini confirmou que há uma investigação em que a Unimed é citada, mas informou que não daria detalhes do caso, que corre em segredo de Justiça. O diretor Financeiro da empresa, Valdemir Gonçalves da Silva, já foi ouvido como testemunha pelos promotores.

A Unimed Paulistana chegou a ser alvo de um processo de direção fiscal (intervenção) por parte da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) até 2011, por causa de dívidas. Somente com ISS a dívida da empresa, em 2011, era calculada em R$ 700 milhões - em valores da época.

Naquele ano, embutido na lei municipal que instituiu a Nota Fiscal Paulistana (Lei 15.406/11), havia uma autorização de reabertura do Programa de Parcelamento Incentivado (PPI) e uma alteração na cobrança do Imposto sobre Serviços que permitiu que cooperativas médicas - como a Unimed Paulistana - recolhessem menos ISS, uma vez que médicos já pagavam o imposto.

A proposta era evitar a bitributação sobre a classe médica e atendia a uma demanda antiga da categoria. O médico Pedro Kassab, pai do ex-prefeito autor da lei, é um dos fundadores da Unimed Paulistana. O projeto do Executivo, sancionado em 8 de julho de 2011, foi escrito pelo então subsecretário Ronilson.

A mudança de regras do ISS permitiu que o setor de saúde suplementar reduzisse em cerca de 40% o total de impostos pagos pela categoria médica somente na capital paulista. Em março do mesmo ano, antes da promulgação da lei, a cooperativa já havia aderido ao PPI, negociando cerca de R$ 530 milhões, em valores da época. Ainda endividada, a empresa fez uma nova adesão ao PPI no ano passado, quando parcelou cerca de R$ 25o milhões em tributos.

A reportagem tentou, sem sucesso, contato na sexta-feira à noite com o criminalista Marcio Sayeg, defensor legal de Ronilson nas três denúncias de lavagem de dinheiro em que ele é alvo, após a descoberta da Máfia do ISS. Por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa, a Unimed Paulistana afirmou desconhecer o caso.

"A Unimed Paulistana informa que ocorreu a renovação da Diretoria Executiva e do Conselho de Administração em 28 de março de 2015, não sendo de conhecimento dos atuais diretores empossados nessa data quaisquer fatos relacionados à questão em apreço", diz o texto. "Igualmente, a Unimed Paulistana informa que não recebeu nenhuma comunicação ou manifestação de quaisquer autoridades sobre os atos e fatos noticiados por esse veículo de comunicação", destacou em nota oficial. Por fim, a Unimed Paulistana informa que "manifesta que caso seja cientificada oficialmente sobre o tema empenhará seus melhores esforços na elucidação da questão".

A reportagem também procurou ontem à noite o criminalista Luiz Eduardo Greenhalgh, que responde pela Unimed, mas não conseguiu localizá-lo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os 810 mil beneficiários da Unimed Paulistana correm o risco de ficar sem amparo do plano de saúde. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou no Diário Oficial da União desta quarta-feira (11) uma resolução determinando intervenção na operadora.

Segundo a ANS, foram encontradas na empresa "anormalidades econômico-financeiras e administrativas graves que colocam em risco a continuidade do atendimento". No ano passado, a operadora teve prejuízo de US$ 39,8 milhões. É a segunda intervenção na Unimed, a primeira foi em 2009. A ANS, porém, nega que seja uma intervenção e diz que apenas manterá um diretor fiscal em regime especial para avaliar a real situação da operadora. "Na prática, nada deve mudar para os consumidores, pois a operadora deve funcionar normalmente", declarou a agência, em comunicado oficial.

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A ação do órgão obriga a Unimed Paulistana a tomar uma série de medidas para demonstrar que pode continuar no mercado, como a apresentação de um programa de saneamento de contas. Ao final do processo, dois desfechos são possíveis: a operadora se recupera e passa a funcionar normalmente ou sofre sanções, que podem chegar à decretação do regime de liquidação extrajudicial - semelhante à falência.

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