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Uma das iniciativas em prol da divulgação do centenário do Mestre Verequete foi o lançamento do documentário especial “Centenário Mestre Verequete”, da TV Cultura. O programa, gravado no Espaço Cultural Coisas de Negro, em Icoaraci, reúne vários artistas interpretando a obra desse grande mestre da cultura popular. Verequete faria 100 anos em 2016.

Grupo Quaderna, Nazaré Pereira, Olivar Barreto, Lúcio Mouzinho, Thaís Ribeiro, Pedrinho Callado e Grupo Uirapuru, que acompanhou o mestre, participam do projeto, pensado inicialmente para o formato de rádio, mas que acabou se expandido para a TV. “Bati um longo papo com a família de Verequete e fiquei sabendo da força do trabalho dele dentro de um período em que o carimbó foi oficialmente proibido em Belém, entre as décadas de 1930 e 1940. Soube da devoção por São Benedito, dentro do catolicismo fervoroso, que não o impedia de acreditar em lendas como Matinta Perera, Curupira e Sereia, esta presente em músicas dele, e também de adotar para si o nome de uma entidade de umbanda. Também soube do seu gosto por café e do interesse em incentivar manifestações populares”, explica o diretor do programa, Guaracy Britto Jr.

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Para dar ao programa o formato de “docsong”, ou documentário musical, o diretor escalou um personagem que revela ao público todas essas particularidades da vida e da obra de Verequete. O apresentador do programa é interpretado pelo ator Carlos Vera Cruz. As gravações em estúdio, com direção de fotografia de Aladim Jr., e do show, com direção de fotografia de André Mardock, foram trabalhosas e exigiram um roteiro cuidadoso, intercalando músicas e seis curtos depoimentos.

“É tudo muito enxuto, sintético, mas carregado de emoção. Abrimos mão de imagens de arquivo, pois acreditamos na força imagética das letras do Verequete, que fala de fazeres e personagens típicos da nossa região. Chamo de docsong este trabalho porque, através das músicas é que entramos em contato com o universo no qual Verequete se nutria para ser o mestre do carimbo que foi”, explica Guaracy.

O Grupo Quaderna, de Allan Carvalho e Cincinato Jr., interpreta as músicas “Verequete da Coluna” e “O Galo Cantou”. O cantor Olivar Barreto, “Menina do Canapijó” e “Pescador”. Pedrinho Callado, “O Carimbó Não Morreu” e “Morena”. A cantora Thaís Ribeiro empresta sua voz para “Limoeiro” e “Sereia”, enquanto Lúcio Mousinho relembra “Farinha de Tapioca” e “Passarinho do Mar”. Nazaré Pereira traz de volta “Xô, Peru e “Chama Verequete”.

Para Pedrinho Callado, o carimbó é a grande matriz da música paraense. As releituras, no entanto, não se restringem ao ritmo imortalizado por Verequete. “Temos cúmbia, lambada, carimbó elétrico, mas o carimbó de raiz está na base do projeto. É uma revitalização da obra, sem perder a essência”, diz ele, que assina a produção musical do projeto e toca vários instrumentos, ao lado do contrabaixista Príamo Brandão e dos percussionistas Rafael Barros, Franklin Furtado e JP Cavalcante.

Com informações de Márcia Carvalho, da TV Cultura.

Abaixo, ouça depoimentos sobre a importância do carimbó em reportagem de Nayara Santos para a Rádio Unama FM 105.5.

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“No despertar do vento verequete anunciou. Maré faceira na areia, com o olhar da sereia encadeou.” Neste trecho da canção “Aos mestres”, criada pela banda Cactos ao Luar, fica nítida a referência musical a um grande personagem paraense: Augusto Gomes Rodrigues, o mestre Verequete, que é homenageado em 2016 pelos cem anos de história na cultura regional.

A banda Cactos ao Luar é mais um grupo musical que tem como principal inspiração em suas melodias o mestre Verequete. Cleiderson Freire, percussionista da banda, afirma que as composições têm nas suas raízes o carimbó deste ícone. “Eu cheguei a conhecê-lo em seus últimos anos de vida através de um cortejo em homenagem ao seu aniversário. Ele já estava bem idoso e debilitado, mas mesmo assim cantava e passava a sua energia para todos os presentes”, diz Cleiderson.

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Os músicos do grupo se reúnem em um casarão histórico de Belém para cantar e mostrar um novo estilo de carimbó influenciado pelo antigo mestre. Bruno Barros, vocalista da banda, enxerga como principal contribuição cultural a tradição que Verequete passava em suas criações. “Nas nossas músicas eu canto sobre contos, magia, a floresta e misturo com coisas do cotidiano, é a nossa maneira contemporânea de pegar o tradicional carimbó e brincar com ele de diversas formas”, afirma o cantor de 38 anos.

A palavra “verequete” possui origem afrodescendente e tem relação direta com uma figura encantada da religião do Candomblé. O mestre, por ter grande aproximação com a afroreligiosidade, adotou esse personagem como seu próprio nome artístico. Para Alexandre Nogueira, professor de história e também percussionista da Cactos ao Luar, isso configura um caráter histórico na vida deste cantor, aumentando ainda mais a sua importância na construção cultural do Pará.

Alexandre conta que a canção “Chama Verequete” é a mais emblemática do cantor, pois, consegue emocionar todas as pessoas que a escutam. “Ela mexe comigo porque parece que estamos evocando o próprio mestre entre nós, e agora, após sua morte, essa canção se torna mais forte, quase como se o espírito dele viesse fazer parte da roda de carimbo.”

Ainda segundo o historiador, relembrar o Verequete em seu centenário é também mostrar que preservar o carimbó como patrimônio cultural é importante, uma vez que o ritmo ainda recebe pouco apoio e investimentos financeiros. “O carimbó sempre teve um caráter de resistência; hoje a resistência é sentida na falta de incentivo musical. Nossos mestres que impulsionaram a raiz desse ritmo são pouco lembrados e hoje nós ainda possuímos pouca para o desenvolvimento de novas produções.”

Por Bruno Menezes.

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“Rei do Carimbó”. Assim é conhecido Augusto Gomes Rodrigues, o mestre Verequete. Nascido no dia 16 de agosto de 1916, em Quatipuru, nordeste do Pará, Verequete foi um dos responsáveis pela popularização e difusão do carimbó no Estado. Foi através das composições feitas pelo mestre que o ritmo e a dança paraense ganharam destaque nacional nas décadas de 1970 e 1980. O carimbó se tornou Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. O registro foi aprovado por unanimidade no dia 11 de setembro de 2014, em Brasília, pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural.

Músicos tradicionais paraenses celebram o centenário de nascimento de Verequete neste ano de 2016. O mestre morreu no dia 3 de novembro de 2009. De acordo com o historiador Antônio Costa, Verequete iniciou a carreira ainda jovem, quando morava em Icoaraci, distrito de Belém. “Foi através do envolvimento com bois-bumbás e festas populares de quadra junina que tudo começou. E por volta de 1960 Verequete se dedicou quase exclusivamente ao carimbó”, contou Antônio.

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Tendo suas composições inspiradas principalmente no cotidiano e em seu universo, mestre Verequete usava elementos da Umbanda para compor suas músicas, principalmente com inclusão de tambores da religião afro. “As letras de Verequete eram inspiradas em comunidades locais, como as ribeirinhas, praianas e interioranas. Ele falava de relações amorosas. Verequete gostava de transformar a vida em canção”, disse Antônio.

De acordo com o historiador, Verequete dedicou sua trajetória na composição do carimbó tradicional, chamados de “carimbó pau e corda” e “carimbó de raiz”. Grande divulgador do ritmo paraense, Verequete compôs cerca de 200 músicas, além de lançar dez discos e quatro CDs. Ente os sucessos do mestre estão as canções: “O carimbó não morreu”, “Chama Verequete”, “Morena penteia o cabelo” e “Xô, peru”.

Canção “Chama Verequete” - O historiador Antônio Costa explica que a canção “Chama Verequete” não é de autoria do mestre, mas uma reinterpretação feita por Verequete, através de instrumentos do carimbó. Segundo Costa, Verequete ouviu a música pela primeira vez em um batuque, cantada por um pai de santo. “Apesar da música não ter sido escrita por ele, todo mundo conhece na sua voz, e lembra sempre do mestre Verequete”, explicou.

Além de ficar famosa na voz do mestre, a canção "Chama Verequete" também foi transformada em um curta-metragem, em 2002, que conta a trajetória de Verequete. O curta-metragem foi dirigido por Luiz Arnaldo Campos e Rogério José Parreira.

Verequete morreu aos 93 anos, três anos depois de ter recebido o título de Comendador da Ordem do Mérito Cultural, concedido pelo Ministério da Cultura, mas seu legado permanece vivo, e ainda inspira mestres e grupos de carimbó.

Ouça agora a música Chama Verequete:

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Por Karina Reis.


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