Tópicos | Virada Política

O procurador-geral do Ministério Público de Contas de Pernambuco (MPCO-PE), Cristiano Pimentel afirmou, neste sábado (11), que apesar dos investimentos dos órgãos de controle e das polícias para investigar e punir políticos corruptos no país, ainda existe uma parcela da população que compactua com a corrupção.

Ao tratar do assunto durante um dos debates da Virada Política, que aconteceu na Faculdade de Direito do Recife, Pimentel defendeu que movimentos e grupos da sociedade que apoiam iniciativas como a Lava Jato se mobilizem mais para conscientizar a sociedade como um todo.

##RECOMENDA##

“A Lava Jato mudou o país, não no sentido de acabar com a corrupção que é grande e vai durar muito tempo ainda no país, mas acabou com o sentido de impunidade. Entretanto, não adianta a Lava Jato mudar o cenário se a população não mudar a consciência. Existe ainda uma parcela da população que apoia, aceita e compactua com a corrupção”, declarou.

Sob a ótica do procurador do MPCO, que integra o Tribunal de Contas do Estado (TCE), “a parcela da população que não compactua com a corrupção está muito passiva”.  “Precisamos despertar a consciência dos que ainda aderem a práticas de corrupção, principalmente com a venda de votos”, disse.

Cristiano Pimentel ainda salientou que não é “entusiasta de perseguição ou do endeusamento de procuradores”, mas “antes de operações como a Lava Jato era impensável ter um senador preso durante o mandato, como foi o caso de Delcídio do Amaral; um ex-presidente da Câmara em regime fechado, como Eduardo Cunha”.

O cenário político que está se formando para a eleição presidencial em 2018 foi um dos assuntos abordados durante a Virada Política que aconteceu no Recife, neste sábado (11). Ao destacar a necessidade de uma conscientização da sociedade para que o pleito eleitoral não promova um retrocesso no país, o membro da Rede de Ação Política Pela Sustentabilidade (Raps), Fernando Holanda (Rede Sustentabilidade), disparou contra figuras como o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), e o apresentador Luciano Huck, que aparecem como eventuais candidatos ao Palácio do Planalto.

"Ao debatermos a conjuntura atual, fica claro a importância de que possamos vencer 2018 e ir além com alternativas que não façam o país retroagir e não retomem situações que eram falidas", declarou. "Quero ver a política no Brasil apontar de fato para o futuro e isso não é feito com os extremos, como Bolsonaro, nem com figuras pop up como Luciano Huck ou o próprio João Doria", acrescentou Holanda. 

##RECOMENDA##

Sob a ótica dele, é preciso "construir a política com ética, competência, legitimidade e defender ideias de pluralidade como a questão de gênero" para que o país possa se tornar mais desenvolvido e a união de movimentos, como os que integram a Virada Política, podem facilitar a construção disso. 

"No ponto de vista nacional a intransigência e a intolerância são maiores entraves à perspectiva de uma sociedade melhor. Coloco isso para fazer um link com a situação estadual, muitas vezes as pessoas estão mais apegadas a uma identidade de um partido A ou B, de política de esquerda ou de direita e se esquecem que a política tem que ser tratada com base em evidências", salientou.

Em 2016, Fernando Holanda foi candidato a vereador do Recife, mas não foi eleito. Indagado se participaria da disputa em 2018 por alguma vaga Legislativa, ele disse que não. "Nossa campanha foi cívica, para mostrar que era possível fazer política de forma diferente, mas esta empreitada não significa um carreirismo na política. O que defendi que não deveria acontecer, caso tivesse sido eleito, uma recondução do mandato. Não vou fazer das eleições estaduais de um trampolim para uma nova municipal. Não me furto de uma nova disputa, claro, mas se acontecer será de forma pensada", disse.

Além da conjuntura política nacional, a Virada Política também abordou temas como corrupção, participação da juventude na política, feminismo e ações nos bairros. Esta foi a primeira vez que a iniciativa aconteceu no Recife.

O combate ao conservadorismo político que se instala no país e a ampliação da democracia foram os motes de debates durante a Virada Política que acontece na Faculdade de Direito do Recife, na área central da capital pernambucana, neste sábado (11). Criada desde 2014, “para combater a polarização política do país”, é a primeira vez que a iniciativa é realizada no Recife. O encontro reúne movimentos e ativistas de diversos setores.

“Vivemos um processo de elitização da política e não temos o debaixo para cima acontecendo, ou seja, um político que se sinta povo ou o povo que se veja representado por um político. Aqui queremos debater isso, uma transformação que quebre paradigmas e a onda conservadora que se instala no país”, salientou Rodrigo Assis, um dos organizadores do evento e membro do Movimento Acredito e da Escola de Inovações Políticas e Públicas. 

##RECOMENDA##

Citando como exemplo de conservadorismo a ascensão de nomes como o do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC), que aparece nas pesquisas de intenções de votos para 2018 como o segundo mais citado, Rodrigo Assis disse que a sociedade não pode ser vencida pelo medo e a falta de diálogo na política. “O medo não pode vencer de maneira nenhuma o debate e o diálogo. Defendemos não um progressismo pelo progressismo, mas um olhar à frente mesmo baseado no diálogo da população com a política”, ponderou. 

Além do painel abordando a conjuntura política atual, outros debates foram norteados por temas como a construção de pensamento crítico e atuação política para juventude, além de corrupção e ações políticas nos bairros.

Trazendo à tona a construção de políticas nos bairros do Recife, a líder do Centro de Comunicação da Juventude (CCJ), Jéssica Vanessa, apresentou a iniciativa “Role nas quebradas” que visa ampliar a discussão do empoderamento da mulher negra e a expectativa desta população diante da conjuntura municipal em bairros como Peixinhos, Jardim São Paulo e Chão de Estrelas. 

“Nosso intuito é quebrar o silêncio que existe nessas comunidades através da comunicação e do debate político. Falta diálogo da gestão que administra a cidade com a população periférica, pois o Recife é pensado para as elites. Por exemplo, a LOA e o PPA não tem verba para a juventude, enquanto R$ 10 milhões é destinado para o gabinete do prefeito [Geraldo Julio -PSB]. Então em momentos como essa Virada Política e no dia a dia das comunidades nós queremos formar as pessoas e incentivar que elas tenham voz e possam ir à luta por mais democracia”, destacou. 

[@#galeria#@]

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando