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O ministro da Saúde da Itália, Roberto Speranza, firmou uma ordem suspendendo a criação de visons por todo o território italiano até fevereiro de 2021, quando será feita uma nova avaliação da situação epidemiológica, informou a pasta nesta segunda-feira (23).

"A medida coloca a infecção da Sars-CoV-2 nos visons de criação no elenco das doenças infecciosas e difusas nos animais sujeitas ao provimento sanitário segundo o Regulamento da Polícia Veterinária", diz o comunicado.

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O Ministério destaca que, mesmo que o número de locais de criação na Itália "seja muito reduzido em relação a outros países europeus, observou-se a necessidade de seguir o princípio da máxima precaução". O texto ainda ressalta que, no caso de alguma contaminação suspeita, "as autoridades locais podem fazer o sequestro da criação e o bloqueio da movimentação dos animais". Se confirmado o caso, há a autorização para o abatimento dos visons.

O pequeno animal virou o centro das atenções na Europa nas últimas semanas após a Dinamarca detectar cinco mutações do vírus que causa a Covid-19 em criações em seu território.

A mais problemática delas, chamada de Cluster 5, segundo cientistas dinamarqueses, conseguia enfraquecer a capacidade do organismo de responder à doença. O temor era que essa variação se espalhasse e comprometesse a efetividade de vacinas ou tratamentos futuros. Na Dinamarca, cerca de 15 milhões de visons - criados para produção de casacos de pele e demais itens de vestuário - estão sendo abatidos.

Da Ansa

A influenza aviária, transmitida por aves migratórias para as aves domésticas, a peste suína, que devastou a Ásia e está presente no Leste Europeu, e a Covid-19, que força o abate de milhões de visons na Dinamarca, são as três grandes epidemias de animais que atingem a Europa neste momento.

Essa é a situação de cada uma delas, segundo as autoridades sanitárias:

Pergunta: Quantos países na Europa são afetados pela influenza aviária?

Resposta: Desde que o primeiro caso foi detectado em uma granja na Holanda em 17 de outubro, a plataforma europeia ESA de epidemiovigilância localizou focos de H5 altamente patogênico no Reino Unido, Alemanha, Holanda, Irlanda e Dinamarca. A Suécia também anunciou na terça-feira que detectou um primeiro surto em uma fazenda de perus.

No total, 158 casos de aves selvagens doentes foram confirmados.

Na França, o primeiro surto foi registrado na ilha da Córsega na segunda-feira. Todo país corre um risco "elevado". Isso implica o confinamento de aves, a proibição de feiras, a liberação de aves aquáticas de caça, ou "chamarizes" para a fauna silvestre. A Bélgica também confinou suas aves.

"Vemos que a pressão está se aproximando. Três meses atrás, aves afetadas por um vírus patogênico, migrando do círculo polar, foram encontradas na Rússia e no Cazaquistão, depois se aproximaram da costa do Mar do Norte para passar o inverno. Algumas descem mais ao sul, para a Espanha", explica à AFP François Landais, veterinário da Arzac, perto da fronteira franco-espanhola.

"Teremos que ter muito cuidado para proteger a cria das aves, quando os pássaros retornarem para o norte, em março-abril", alerta.

O vírus, que é transmitido pelas vias respiratória, ou digestiva através das fezes, não tem tratamento nem vacina. É combatido aplicando medidas de biossegurança, que incluem confinamento, controle de entrada e saída de incubatórios e desinfecção de veículos.

O consumo de carne, de foie gras, ou de ovos de aves, não representa nenhum risco para o ser humano. Mas sua exportação pode ser bloqueada, se as granjas forem afetadas.

P: A influenza aviária é transmitida aos humanos?

R: "A peste suína e a influenza aviária são epizootias, e não zoonoses: não são transmissíveis aos humanos", assegura o veterinário-chefe e diretor-geral adjunto de alimentos (DGAL) do Ministério da Agricultura da França, Loïc Evain.

Por essa razão, a Agência Nacional de Segurança Sanitária (Anses) chama a infecção de aves neste outono de "influenza", reservando o termo usual "gripe aviária" para infecções humanas por vírus de origem aviária.

P: Em que estágio estão os estudos da peste suína africana?

R: A peste suína africana, uma febre hemorrágica contagiosa transmitida aos porcos por animais selvagens, ou por vetores infectados, chegou ao Leste Europeu por volta de 2018, após dizimar fazendas na Ásia.

A Alemanha, o maior produtor europeu de suínos, onde cerca de 30 restos de javalis infectados foram encontrados em setembro, não pode exportar para a China.

Na França e na Espanha, as fazendas se protegem. "A Bélgica, que teve apenas um caso em agosto de 2019 e, desde então, nenhum, poderá em breve recuperar seu 'status' de indene", espera Evain.

P: O que se sabe sobre a covid que atinge os visons? Existem riscos para o homem?

R: A principal preocupação das autoridades de saúde está nos visons criados por sua pele: infectados pela covid-19 pelo homem, eles por sua vez infectam outros humanos, o que pode ter "repercussões importantes para a saúde pública", alerta a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês), com sede em Paris.

Na Dinamarca, maior exportador mundial, mais de 15 milhões de visons serão abatidos antes do final de novembro. Foi descoberta nesses mamíferos uma mutação do novo coronavírus transmissível, o que pode comprometer, segundo as autoridades dinamarquesas, a eficácia de uma futura vacina humana. O vírus mutante foi detectado em 12 pessoas.

Holanda, Espanha, Suécia, Itália, Grécia e Estados Unidos também relataram casos de SARS-CoV2 em visons, de acordo com a OMS.

P: Quais são as medidas contempladas?

R: A OIE exige que espécies sensíveis, como o vison e o guaxinim, sejam monitoradas, bem como os humanos que entram em contato com eles.

Uma coordenação global está sendo lançada em torno do conceito "One Health" ("uma saúde"), que vincula a proteção da saúde humana, animal e do ecossistema. Duas agências da ONU, a FAO (agricultura e alimentação) e a OMS (saúde), estão trabalhando nisso, assim como a OIE.

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