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Zonacast no ar e com participação especialíssima! Ele, o grande, o único, o inigualável Dr. Caligari  veio nos visitar e acabou sendo forçado a participar do nosso podcast, mas aproveitou pra tomar umas cervejas, rir da cara de Rodrigo Rigaud e falar sobre cinema.

Aquele feliz exemplo de quando um título de um filme  não poderia ser mais preciso e, para nossa sorte, não foi corrompido por uma tradução capenga que transformaria o primeiro contato  com a obra de Woody Allen em algo genérico; Blue Jasmine é exatamente isto: a história de uma mulher que se mascara em um nome que não é seu, mas que ostenta a beleza e a vivacidade de um jasmim, quando, intrinsecamente, é tão azul e triste quanto o céu que jamais é visto na projeção, pois a fotografia de Javier Aguirresarobe (responsável por inúmeros títulos, dentre eles Os Outros e A Estrada) cria dois pontos distintos nas cores que apresenta, sendo um mais âmbar e dourado, representando a riqueza e a ostentação da personagem-título, e, no restante da película, um universo citadino de tons sem vida, a triste realidade que agora cerca nossa “heroína”.

Este final de semana estreia Jogos Vorazes – Em Chamas, continuação daquele filminho “marromeno, marromeno”, mas que traz como protagonista a coisinha chamada Jennifer Lawrence, que aqui encarna Katniss, uma jovem forte, capaz de tudo por aqueles que ama.

Nesta segunda-feira que passou, nossa colunista, Laura Atanasio, que inclusive participa destalista, escreveu um texto sobre mulheres fortes no cinema, mais precisamente sobre a falta delas.

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Assim, unindo o útil ao agradável, resolvemos remexer nossos miolos e relembrar personagens femininas marcantes e de destaque em obras cinematográficas, e como adoramos as mulheres, dez indicações foram pouco:

Thor – O Mundo Sombrio possui dois grandes problemas: o primeiro deles diz respeito a sua trilha sonora completamente genérica e pouco empolgante, que inclusive chega a diminuir o impacto criado por determinadas sequências grandiosas; o segundo é o seu CGI, que se não prejudica em passagens  menores, quando surge a fim de retratar a imponência dos mundos que cercam aqueles deuses, deixa transparecer que estamos, o tempo todo, diante de um fundo verde, já que os grandes cenários surgem quase sempre esmaecidos ou “distantes” dos atores.

Final de semana passado estreou O Verão da Minha Vida, filme com Steve Carell e Sam Rockwell, que, se não se passa na década de 80, certamente traz de volta todos os aspectos de filmes daqueles tempos que não voltam mais: há um ar de inocência misturado com a descoberta de adolescência e a conquista de novos espaços, amigos e fronteiras, que poucas obras sabem trabalhar hoje em dia.

Quem me conhece, sabe que nunca tive nenhuma relação de amor com a música brega, por mais próxima que ela estivesse do meu cotidiano de subúrbio. Contudo, não posso negar certa satisfação em observar a ascensão da classe C como uma forma de tornar visível um nicho pouco conhecido – e até certo ponto, aceito e absorvido – por aqueles que se consideram afeitos a uma “cultura superior”.

Marcando a estreia de Gravidade, de Alfonso Cuarón, no último final de semana, abordamos a ficção científica e discutimos o que é de fato obra do gênero e o que não é. Quais filmes podem ser considerados sci fi? Quais elementos compõem esta linha que tem, no ano de 2013, vários expoentes no cinema? Que filmes e livros pouco conhecidos resolvemos indicar para vocês?

A sétima arte adora destruir o planeta, ou ao menos tentar fazê-lo, das mais diversas formas. No último final de semana foi a vez presenciarmos o apocalipse pelos olhos de alguns comediantes de Hollywood interpretando a si mesmos, no filme É O Fim. E como não podia deixar de ser, resolvemos fazer uma lista  sobre o tema e elencar algumas produções que ou trataram de mostrar uma Terra condenada ou devastada, ou chegaram próximas da destruição da vida humana: são os filmes sobre fim do mundo.

Sillent Hill – Revelação 3D já surge com a  pesada responsabilidade sobre os ombros de suceder o original Terror em Silent Hill, dirigido Christophe Gans. Para os fãs do game que originou a história, a película de 2006 não foi aprovada por fazer bruscas alterações em sua mitologia

Juntamente com The Blacklist estreou Hostages, outra série de ação que vinha carregando algumas (poucas) promessas, não só pelo seu elenco, conhecido no mundo das séries de TV, e encabeçado por Toni Collette, advinda do cinema, como também pela sua trama potencialmente amparada no suspense e supostamente capaz de manter o espectador grudado na poltrona, de olho na tela. Mas enquanto a mesma novidade da noite, a série de James Spader, foi uma decepção tremenda, Hostages ao menos cumpriu parte de suas promessas, garantindo não só a tensão, como as atuações intensas.

Sabe uma coisa que me deixa puto da vida? Pisar em chiclete. Putzgrila! Estava na rua e, enquanto ouvia animadamente o novo álbum do Megadeath, piso em um chiclete. “Droga!”, penso eu. “Sabe de uma coisa? Não deve existir nada tão chato quanto pisar em um chiclete”. Mas há! Mais à frente, sigo distraído, cantando junto com o David Mustaine, quando em uma esquina piso em uma (acreditem!) merda de cachorro. E aqui vai um aviso a todos os donos de cachorros e cadelas por aí: recolha os dejetos do seu animal. Isso faz bem para o resto dos animais que estão zanzando pela rua. Pois é. Fétido, envergonhado e com os dois sapatos grudando no chão e fazendo aquele sonzinho desgraçadamente enervante (nheco-nheco, nheco-nheco) segui para casa, com uma única certeza: “Jesus! Não há nada mais terrível do que pisar em merda de cachorro depois de ter pisado em um chiclete”. Não sei quem Diabos (ou Jesus) me escutou pensando, mas algo lá no meu íntimo me fez ouvir: “Filho, olhe que há!” Tal qual não foi minha surpresa quando minutos depois, ao chegar à minha casa, vejo todos reunidos em frente à TV assistindo a um programa de um canal aberto? Tirei meus sapatos, levei ao quintal e, por curiosidade, passei a acompanhar por alguns minutos o que se passava na sala.

No ar a novela Sangue Bom, da Rede Globo. Os olhos vidrados na tela de meus companheiros de casa provavam o franco interesse de todos por aquilo que estava sendo exibido. Havia risos no final de uma piada (?) mega engraçada (??) de um ator (???) super famoso (????) do folhetim. Havia comoção, da primeira à quarta cena, na qual o mocinho e a mocinha olhavam-se felizes e beijavam-se brindando à felicidade, que no script já tem hora para ser ameaçada, talvez até acabar, mas voltar à tona no começo do último mês da trama. Havia milhares de diálogos auto-explicativos (e mais um, mais um, mais um e mais um), centenas de pessoas que falavam sozinhas, tramando planos diabólicos frente às câmeras, numa quebra da quarta-parede idiota e talvez nem percebida por público, ator e, quiçá, diretor. Havia erros crassos na montagem, coisas absurdas como o ator que entra na cena com a manga arregaçada e sai com a manga solta. Quebras de eixo, cortes sistemáticos de plano fechado para plano fechado quase idêntico, movimentos de câmera ininteligíveis (o que é isso? Um tilt? Uma pam? O que é isso meu Deus?), sem contar a nada forçada atuação de mais da metade do elenco e a mais forçada ainda trilha sonora, ostentando os maiores vendedores de disco do país. Pense lá na qualidade…

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Nós não somos soberbos, nem nada. Nem quero que pensem que somos, porque não somos. Somos pessoinhas legais como todo mundo. Mas é fato que tudo anteriormente mencionado aqui é perceptível no acompanhamento de apenas alguns minutos de uma bost… Quer dizer, um episódio de novela qualquer. E não digo uma novela isolada, como Sangue Bom, por exemplo. É qualquer novela. Se na emissora mais rica a coisa já é preta assim, se acompanharmos as produções da TV do bispo, é pedir para ele levar o dízimo, o trízimo, mas nos livrar de dois minutos de Rebelde (que graças a Deus, santa ironia, não passa mais). Voltando aos meus companheiros de casa, o que mais me impressionou foi o fato de que, ao encerramento dos quase sessenta minutos de trama todos saíram felizes, regozijados e satisfeitos, como se houvessem assistido ao melhor programa de suas vidas. Um historiador, uma pedagoga, um engenheiro da computação, um educador físico e uma socióloga se convenceram de que o que viram  foi suficientemente bom e gustativo, ou seja, atingiu o que eles esperavam em termos de produção audiovisual, reproduzida e consumida na TV aberta.

Foi neste momento que tive o insight para o que me proponho a fazer aqui. Gostaria de, a partir de hoje, pensar no que o nosso povo anda vendo por aí. Não sei se apenas eu sinto uma grande ponta de pesar quando escuto dados do IBOPE afirmando que uma massiva e absoluta maioria dos televisores nacionais ficam o dia estacionados em programações vazias de conteúdo, tendenciosas, preconceituosas, religiosas (o dia inteiro rezando o terço: nouussa, que massa, hein?), de vendas de animais (canal do boi é paixão, eu sei), enfim, pobres de algo que leve a nossa sociedade a algum lugar ou que tenha capacidade, ao menos, de entreter com qualidade o pré-adolescente birrento que resolve ficar até tarde assistindo televisão. Vai ver o quê? A Fazenda? Programa do Ratinho? Pé na Cova? Eu sou mais meus dois pés enfiados um no chiclete e outro na merda, do que um dos meus olhos fixos nessa praga que contamina nossos pais, nossos filhos, nossos amigos, e se dermos bandeira (não duvide) pode acabar nos contaminando também. Sabe por quê? Porque a Xuxa fez um pacto com o Diabo. O Didi também. A Globo sacrifica animais a Belzebu antes de todas as novelas para que garantam a audiência. A Zona Aberta tem mensagens subliminares.

Ok, é muito provável que essas histórias sejam apenas lendas contadas para que as ovelhas dos bandos religiosos não troquem a igreja pelo sofá em frente à TV num sábado à noite, por exemplo. Mas de fato, o efeito que esses produtos audiovisuais (de baixa qualidade e calão) têm sobre o nosso povo, sem distinção de classes sociais, já que um certo desembargador, cujo nome não posso divulgar por motivos de vergonha, declarou-me ser fã de Carrossel e Amor à Vida, é uma coisa que até Deus duvida, e o Diabo se alegra, claro. Porque o capiroto deve gostar da desgraça alheia e é o que causa a exposição excessiva de indivíduos à coisas como Pânico na Band ou pérolas que virão a ser observadas de modo particular posteriormente, como o programa Balanço Geral, de São Paulo. Temos tão pouco tempo na Terra e é frustrante ver tanta gente perder horas e horas à fio, vendo mulheres de biquíni em um estúdio, num domingo à noite, enquanto alguém tenta emular um apresentador (já ruim) de um programa (também ruim) de uma outra emissora (pior ainda), com o objetivo de ter graça pela depreciação do próximo e pela violência à figura humana.

Teremos muita coisa a conversar e a compreender, nesta Zona Aberta, de nossa sociedade e de aonde chegamos, ou partimos, em nossa relação com o audiovisual. Afinal, se temos uma das três TV’s mais ricas do mundo, porque também não podemos ter – o que estamos longe – uma das três melhores programações televisivas do mundo? Quem é mesmo que se alegra por sermos conhecidos internacionalmente por nossas novelas? Eu? Lá fora mais alguém com o mínimo de bom senso, como você, caro leitor, está olhando para o episódio de Sangue Bom e dizendo: “Meu Deus, por que os brasileiros não enfiam o pé na merda em vez de fazer algo como isso?”

Criado em 2013, o Zona Crítica é novo blog parceiro LeiaJá. Mantido pelo editor chefe, podcaster e crítico Caio Vianna, juntamente com Rodrigo Rigaud (jornalista e crítico), Rick Monteiro (crítico e podcaster), Márcio Andrade (crítico), Anderson Botelho (crítico), Pablo cardoso (crítico) e Laura Atanasio (colunista), o blog tem a proposta de trazer o que há de melhor do mundo do audiovisual.

A equipe divide com seus leitores opinições e comentários sobre filmes, séries, entre outros assuntos ligados à telinha. Confira a entrevista que o editor chefe do blog, Caio Vianna concedeu ao LeiaJá:

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Como surgiu a ideia do blog? Há quanto tempo ele existe?

Na verdade, o Zona Crítica trata-se de um site, e é uma espécie de filhote de outro site do qual fazíamos parte tempos atrás, e que contava com gente de todo o Brasil. Então houve esse desejo de montar algo com pessoas mais próximas, que tivessem pensamentos e gostos mais alinhados, e como todos os críticos do Zona Crítica amam cinema e séries de TV, isso soou como uma boa desculpa para um hobby. A página existe há apenas quatro meses.

Qual a proposta do blog?

Como disse antes, amamos cinema e televisão, além de estudarmos a fundo o assunto, levando-nos a crer que podemos nos auto-intitular críticos. Sendo assim, nossa proposta é criticar tudo o que presenciamos de obras audiovisuais, com um toque de bom humor e muito conteúdo, através de análises textuais aprofundadas, ou de nosso podcast, O Zonacast, que vai ao ar semanalmente.

Existe alguma rotina especial para vocês acompanharem os lançamentos?

Quando sabemos quais serão os filmes a serem lançados em uma determinada semana, dividimos eles entre os críticos do site nos baseando quase sempre nos gostos e preferências de cada um, para que o trabalho também possa casar com a diversão. Então, não diria que é fácil acompanhar tudo e tentar manter o site sempre recheado de conteúdo, mas quando se faz algo que se gosta, é sempre mais fácil.

Qual a quantidade de views que o blog possui?

Por enquanto ainda estamos engatinhando no mundo internético e contamos com uma média de 7 mil visualizações por mês, mas considerando que nosso site anterior detinha, em pouco menos de um ano, uma média de 100 mil views mensais, acreditamos que podemos chegar lá novamente, principalmente agora que temos como parceiro o LeiaJá.

Entre os filmes e seriados, você tem preferência por algum gênero? Qual?

Cinema é sempre cinema, e o mesmo vale para séries. Quem realmente gosta da sétima arte, quer ver tudo, a todo momento, então é sempre difícil escolher algo que soe como preferencial num mercado tão vasto que só a cada final de semana lança uma média de cinco a dez filmes. Mas se tivesse que escolher um, optaria pela fantasia medieval, que sempre me fascinou desde criança, mas aqui no Zona Crítica, temos amantes do horror e da ficção científica também, só para citar alguns casos da grande diversidade entre nós.

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