Diego Rocha

Diego Rocha

Cultura Nerd

Perfil: Publicitário de formação, mestre em Design, entusiasta da Estética. Professor universitário, fashion-geek, zen-gamer e aficcionado por séries de tv, quadrinhos e cinema de ficção.

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Procurando o "humano" fora das pessoas

Diego Rocha, | qua, 27/08/2014 - 16:09
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Desde muito tempo no passado, desde a Grécia antiga pelo menos, usamos as mais variadas criaturas para contar nossas histórias. Esse tipo de história é o que chamamos de "fábulas" e é daí que vem o termo "fabuloso": uma coisa além do normal, inimaginável, mágica... como uma lebre e uma tartaruga discutirem os termos de uma aposta... e a tartaruga vencer. Mas por que, mesmo a gente faz isso?

Estudando Semiótica, o pesquisador Antônio Fidalgo explicou uma coisa simples: estudar os animais e seu comportamento é estudar o homem. Quando pensamos numa colmeia de abelhas e chamamos uma de rainha, outras de operárias e assim por diante, estamos pensando nas pessoas e comparando os comportamentos de rainhas e de operários. Fazemos a mesma coisa quando vemos o alpha de uma matilha de lobos e trazemos a ideia desse comportamento para nos referirmos a pessoas que agem dessa forma.

Mas falando sobre o cinema temos grandes exemplos de qualidades humanas transferidas para animais. Por exemplo: Lassie era uma companheira leal e dedicada além de ser sagaz e excelente em desvendar crimes. Nemo e seu pai são o exemplo de uma família resiliente frente aos perigos e à imensidão do mundo. Até mesmo Wall-e e sua amiga Eve representam, em um relacionamento sem palavras, esperança e companheirismo num mundo devastado. Mas podemos olhar para filmes mais recentes e ver certos detalhes.

Nos filmes da franquia Planeta dos Macacos podemos perceber algumas ferramentas que humanizam os macacos. Percebemos vários closes e movimentos de câmera que focam em detalhes bem definidos como gestos de mão ou mesmo nas expressões faciais e olhares. A tecnologia atual permite que se faça uso dessas ferramentas pela computação gráfica, recursos de reconhecimento facial e mesmo maquiagem como antes não dispúnhamos. 

No filme lançado este ano, Cesar e seu bando vivem no que aparenta ser o equivalente à condição humana entre os períodos paleolítico e mesolítico, onde já existe uma divisão de tarefas, uma organização tribal, mas as suas ferramentas ainda são mínimas ou nulas. Os membros do bando começam a fazer uso de elementos simbólicos (como as fêmeas usarem adornos de cabeça que as diferencia). Apesar de toda essa  diferença na aparência, a delicadeza nas intenções parece mais clara, a capacidade de perdoar do líder, o cuidado entre eles e assim por diante. Mesmo os macacos mais violentos deixam os mais gentis mais óbvios. Nós nos vemos naqueles macacos como nos vemos na multidão.

Outra franquia que lançou mais um capítulo esse ano foi Transformers. Esses robôs alienígenas gigantes vieram à Terra depois que seu planeta "morreu" combatem sua facção rival (os Decepticons) e aqui assumiram o dever de proteger o nosso planeta. O tempo passa, as ameças mudam, mas seu voto permanece.

Embora se trate de robôs gigantes, várias técnicas são aplicadas para sua humanização. A postura física que eles assumem, os veículos em que cada um se transforma representa algo de sua natureza como o grande caminhão (estabilidade e confiança), o carro esporte (jovialidade e disposição), o caminhão de lixo (o serviço sujo que precisa ser feito em prol da comunidade). Outro exemplo: usa-se o óleo do seu funcionamento como sangue, de modo a expressar visualmente o impacto de um golpe. O fato de serem robôs tornaria isso desnecessário, mas todos eles tem ROSTOS. Nós nos vemos naqueles robôs gigantes como em nossas vidas.

E uma franquia que está retomando com força total o sucesso de anos atrás é Tartarugas Ninja. O enredo fala sobre esses personagens mutantes vivendo nos esgotos de Nova York, que adoram pizza, que lutam para proteger as pessoas da cidade, que lutam contra um grupo de ninjas malignos (o Clã do Pé).

O interessante nesse contexto é que as tartarugas expressam as qualidades dos ninjas das histórias: sua lealdade, sua honra e assim por diante. Para além disso, as tartarugas e seu mentor (um rato mutante chamado Splinter) se tratam como uma família. Todas as dinâmicas de uma família são retratadas, como a criação da identidade que diferencia os irmãos, os conflitos e as discordâncias entre si e com seu "pai", mas acima de tudo a sua união. Nós nos vemos naquelas tartarugas como em nossas famílias.

Então as fábulas estão aí no cinema com força total! E o motivo para isso é que elas nos permitem entender certas coisas e olhar para nós mesmos de uma forma diferente! Não existe limite para o que podemos entender dando vida a animais, seja na mitológica coruja que pousava no ombro da deusa Atena, seja no guaxinim espacial e suas armas de grosso calibre!

E caso alguém não conheça, aquele coelho lá em cima é Roger Rabbit e ele marcou um momento de retorno das animações às telonas mesclando desenho e pessoas.

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O Gosto pelo Remake

Diego Rocha, | ter, 19/08/2014 - 10:35
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Todo mundo gosta de um remake. Não? Nem todo mundo, ok, mas na maior parte das vezes um bom remake é massa! Primeiramente, estou falando de cinema, então remake é um filme "refeito"... um filme que depois de algum tempo ganhou uma nova versão onde a sua história é mantida na base mas adaptada em detalhes significativos. Por exemplo:

No ano de 1984 Karate Kid conta a história de um jovem que ao chegar numa nova cidade é hostilizado por adolescentes locais praticantes de arte marcial, sendo vítima de violência física e psicológica (se fosse nos dias de hoje seria bullying). Nosso protagonista, Daniel-san, encontra um mestre de karate (que ficou famosíssimo como sr. Miyagi) que lhe apresenta a doutrina marcial através de exercícios não convencionais (como pintar a cerca e polir o carro), o auto-controle e a postura de vida necessária para que ele se imponha frente à sua comunidade, não pela força, mas pela segurança de caráter para a não violência. E sim, ele se aproxima da garota.

Já no ano de 2010 tivemos um remake de Karate Kid onde um jovem se mudou para uma nova cidade onde o protagonista é agredido e ostracizado por artistas marciais (não dois ou três, mas praticamente metade da escola em que ele vai estudar). O jovem Dre Parker encontra um mestre (nada menos do que Jackie Chan) que lhe apresenta a doutrina marcial através de exercícios nada convencionais (como colocar e tirar uma jaqueta), o auto-controle e a postura de vida necessária para que ele se imponha frente à comunidade, não pela força, mas pela segurança de caráter para a não violência. E sim, ele também se aproxima da garota.

Faltou mencionar que nessa nova versão do filme o protagonista aparenta ter cinco ou seis anos a menos do que no filme original, é um jovem negro e está se mudando não de bairro ou de estado, mas saindo dos Estados Unidos para morar numa cidade da China.

A mudança no filme fez com que o choque de etnias fosse mais explícito do que uma rivalidade entre "garotos locais" e "garoto novo". Da mesma forma, as pressões sociais de auto-afirmação e romance que no filme original recaem sobre um adolescente aparentando 17 ou 18 anos, nessa nova versão pesam sobre um garoto que não parece ter mais de doze anos. Isso acaba sendo um reflexo da nossa realidade social, em que cada vez mais jovens somos cobrados de "ser alguém" e de "fazermos algo". Uma renovação que colabora com a credibilidade da história para os públicos da década de 2010.

Como eu disse lá em cima, existe um gosto especial em ver um remake. Isso não é uma constatação nova... Aristóteles, mais de 2300 anos atrás na Grécia antiga já estudava a estética e já havia formulado um entendimento sobre a "mimese": o prazer que o ser humano sente ao reconhecer um objeto que passou pela transformação da ação humana. Reconhecemos o objeto original e quanto mais de "nós" reconhecermos na versão nova, mais gostaremos dele. Afinal de contas, a nova roupagem dada ao objeto terá algo da visão desse novo artista e se essa visão casar com a nossa é sucesso. Vamos tomar como exemplo a música "Wonderwall"

Na sua versão original, tocada pela banda Oasis, a música transmite o sentimento da letra que fala sobre futuro, caminhos trilhados e conta com um arranjo característico da banda, contando com a sonoridade de instrumento de cordas, conferindo uma suavidade que contrasta com o vocal "despojado" da banda.

No cover de Alex Goot, tocada com um arranjo um pouco mais simples e com um vocal mais nasal e melódico, essa versão dá mais velocidade à música e a deixa mais jovem. Atende a um público um pouco diferente da original.

Já na versão da banda Hurts a sonoridade é reformulada mais profundamente à medida que o acompanhamento é muito baseado no piano, a cadência é recriada e o resultado é mais adulto e um tanto mais sombrio. Um resultado bem diferente das duas versões anteriores. Fácil perceber que esses estilos diferentes atingem públicos diferentes.

A indústria cinematográfica, como citei no começo, tem usado alguns remakes poderosos, incluindo última estréia dessas férias: as Tartarugas Ninja!

Os filmes lançados nos anos de 1990, 1991 e 1993 fizeram grande sucesso aliados à série de desenhos animados, marcando profundamente uma geração.

Para além de todos os remakes uma série que já merece atenção especial é o reboot dos clássicos "Planeta dos Macacos". O primeiro filme tendo sido lançado em 2011 com o título de "Rise of the Planet of the Apes" ("Planeta dos Macacos: a Origem") e continuado este ano com "Dawn of the Planet fo the Apes" ("Planeta dos Macacos: o Confronto").

Mas esses merecem uma atenção especial e de um cuidado maior no que se refere às diferenças entre remakes e reboots, por isso vamos tratar deles no próximo texto, sim?

Quero encerrar dizendo que eu, particularmente, adoro remakes. Passando dos 30 anos de idade já vejo filmes que fizeram parte da minha infância e adolescência sendo refeitos e isso me agrada. E se eu tiver sorte, espero que um dia algum estúdio com visão sensível decida fazer uma versão de "The Breakfast Club" ("O Clube dos Cinco"), que eu acho um filme extraordinário.

Vampiros no cinema e sua evolução Estética

Diego Rocha, | ter, 05/08/2014 - 15:38
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Os vampiros são monstros. Mortos-vivos que retornam da morte através de uma explicação geralmente ligada a um vampiro mais antigo que o transformou. A maioria dessas explicações se relaciona com a alimentação desses seres, podendo transformar essa vítima em um vampiro também.

Sendo um ser retornado dos mortos, o Vampiro pode ser representado visualmente como um ser decrépito, parecido com um cadáver. Um dos filmes mais antigos sobre o personagem imortalizou esse pensamento.
Nosferatu, filme de 1922, mostra o personagem principal como uma criatura da noite, horrenda aos padrões humanos, de dentes afiados e garras afiadas.
Entretanto, essa não é a concepção original da lenda. O Vampiro vem do leste europeu, região da Romênia, mas não estamos falando da Transilvânia. Lendas da região falavam dele como um tipo de bicho-papão, mas era como uma lenda urbana (e sugar o sangue era apenas uma forma de meter medo). Nessas lendas, o vampiro era um homem belo e sedutor, que as mães e pais contavam para suas filhas como forma de mantê-las virtuosas. Faziam com que tivessem medo de homens desconhecidos que pudessem tirar sua virgindade (imaginando que esses pudessem ser de fato monstros assassinos).
No filme de Francis Ford Coppola de 1992 essa versão da lenda é bem trabalhada, mostrando o maior vampiro (Dracula) aparecendo em duas formas diferentes: aristocrático, jovem e belo e um ancião que personifica a debilidade mórbido mas que esconde poderes sobrenaturais.
O personagem Dracula, inclusive, é a versão mais famosa do vampiro baseado nessa concepção mas que inclui elementos dramáticos sobre traição, amor perdido e um nobre da região que trazia uma reputação de guerreiro sanguinário. O resultado é que a lenda ganha um nome e uma história, que ao longo do tempo ganhou vários rostos.
Avançando no tempo, temos diversos filmes que utilizam os vampiros de diferentes formas, mas um deles marcou toda uma geração por utilizar atores de grande beleza como esses vampiros. 
Entrevista com o Vampiro (de 1994) contava com Brad Pitt (Louis) e Tom Cruise (Lestat) em seus papéis principais, além de Antonio Banderas (Armand) em um papel de suporte e a jovem Kirsten Dunst (Claudia) no início da sua carreira. Nesse filme os vampiros são em sua grande maioria seres muito atraentes, mas em certas passagens suas naturezas monstruosas são expostas.
Afinal de contas, eles são monstros e em essência são perigosos e violentos. O diferencial em relação a este filme é que os vampiros são os protagonistas e como o nome indica são eles que contam a história e talvez por isso ela se foque mais na visão deles. E talvez por se tratar de um romance foque o lado mais "bonito" por personagens.
Anos depois um outro filme sobre vampiros ganhou grandes proporções. Nele os vampiros são notoriamente seres de grande beleza. Nessa trama o próprio fato de se tornar um vampiro é responsável por tornar essa pessoa muito mais bela.
Nos filmes da saga Crepúsculo (lançados em 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012, respectivamente) a imortalidade cria essa perfeição imutável e fascinante aos humanos, o que faz parte da construção de toda a trama. Esses vampiros não tem um lado "feio", não mudam de aparência... são sempre desejáveis.
Mas nem todo filme é dessa forma, sendo que as mais variadas histórias são contadas e com isso os personagens mais diversos ganham vida. Em vários filmes os vampiros continuam sendo bestas inumanas, ou seja: são o inimigo!
Em 30 dias de noite (2007) os vampiros são seres inteligentes e claramente já foram humanos (inclusive um humano se transforma em vampiro), mas é uma ida sem volta para o lado da monstruosidade.
A mudança ao longo das décadas de cinema faz com que vampiros deixem de ser apenas os monstros e vilões das histórias, mas possam ser as ferramentas condutoras das narrativas. Esse processo de humanização do personagem faz com que vejamos a nós mesmos neles... e com isso imbuímos beleza neles.
Um filme a estrear em breve e que tende claramente para o lado humanizado do mostro é "Dracula, Untold" (Dracula, a história nunca contada). A escolha de atores parece tender para vampiros bonitos, enquanto que sua escolha pelas trevas é glorificada como um sacrifício em prol daqueles que ama... mas apenas no lançamento veremos como será retratado o seu lado selvagem. Por enquanto ficamos com o trailer:

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Zumbis e o medo da morte

Diego Rocha, | ter, 29/07/2014 - 10:39
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Desde que o ser humano se entende por "sapiens" que nós temos medo do que não entendemos... e não há nada mais desconhecido do que o pós-vida. Esse é um tema presente nas artes desde a pré-história e uma das perguntas de base da filosofia: "quem somos?", "de onde viemos?" e "para onde vamos?" afinal a morte é para onde vamos em definitivo.

Os egípcios na antiguidade tinham toda uma explicação de como seria o processo de julgamento dos mortos. Se o coração (que simboliza o valor do espírito) fosse mais pesado do que uma pena o morto iria para o "inferno" conduzido pelo deus Anúbis sob as ordens de Osíris.

Mas ao longo da história da humanidade a arte foi sempre utilizada para metabolizar nossas inquietações e nossos medos, então desde a idade média o tema da morte também é explorado com leveza e até humor (em alguns casos) enquanto se torna objeto para reduzir o medo das pessoas.

Essa categoria de arte foi chamada "danse macabre" (literalmente "a dança da morte") e é interpretado por alguns como uma sátira à morte, uma brincadeira que ridiculariza a própria força fúnebre. Outros a vêem como a morte satirizando os humanos, zombando da nossa condição de impotência frente à nossa vulnerabilidade. Seja como for, tem sempre algo de lúdico envolvido.

Avançando alguns séculos e vários movimentos artísticos, chegando à mídia dos nossos dias, vemos que a Morte é tema de muitas expressões culturais. E talvez a forma mais clássica e mais assustadora com o a morte nos aparece seja exatamente um ser humano que retorna da morte. Esse conceito vem desde os egípcios antigos conservavam seus mortos ilustres como múmias por acreditar que eles voltariam à vida. Mas e se eles voltassem como monstros irracionais e nocivos?

Do medo de sermos nós mesmos transformados na imagem da putrefação e de nos ser negado o repouso eterno da morte, surge a figura do zumbi: um cadáver reanimado desprovido de racionalidade reduzido a pouco mais do que um animal. A figura do zumbi está comumente associada ao consumo de carne humana ou de cérebros humanos, que liga a outro grande medo humano: o canibalismo. Diversas são as origens das lendas dos zumbis, desde explicações religiosas de que levantaremos no dia do juízo às feitiçarias da Santeria das ilhas do Caribe ou mesmo a infecções de vírus que se espalham como epidemias apocalípticas. Mas isso não é o nosso foco!

A figura dos zumbis se torna um dos monstros clássicos, ao lado dos Vampiros, Lobisomens, Bruxas, Fantasmas e faz parte da nossa cultura pop atual. A cada aparição esses personagens tomam formas diferentes, então vamos listar alguns formatos clássicos para depois ver suas variações.

1) Filmes


Em Zombieland um vírus se alastra pelo mundo transformando as pessoas em zumbis. Em filmes de zumbi, geralmente os sobreviventes buscam locais seguros longe da infecção e preferencialmente buscam grupos de humanos saudáveis para poder continuar vivos.

2) Videogames

Resident Evil é um dos maiores clássicos de jogos de zumbis, onde uma indústria farmacêutica teria criado acidentalmente (ou não) uma substância que impediria a pessoa de morrer, mas com isso de fato torna o usuário um morto-vivo. Uma franquia com diversos jogos lançados e que gerou uma franquia de filmes. Em jogos de mortos-vivos, geralmente o objetivo é destruir os ressuscitados, preferencialmente com um tiro na cabeça.

3) Quadrinhos

Marvel Zombies é um projeto da editora Marvel onde numa realidade paralela à nossa basicamente todos os personagens foram acometidos pelo apocalipse zumbi e facções distintas se enfrentam. Num caso como este, o apelo principal da trama é encontrar preferencialmente uma forma de evitar que tudo isso tenha acontecido, mas se tratando da Marvel, vários ganchos de roteiros existem, impedindo o arco de se encerrar e preferencialmente permitindo que seja revisitado e seus personagens reutilizados.

4) Séries de TV

The Walking Dead é uma das primeira séries de TV baseada no tema e segue o esquema geral mencionado acima nos filmes. Geralmente os personagens se envolvem em missões de busca por condições de vida (alimento, abrigo, etc.) mas preferencialmente desenvolvem seus dramas pessoais e transformações de personalidade ao longo dos anos da série.

5) Música

Não que essa seja uma categoria tão comum como as mencionadas anteriormente, mas a exemplo da produção artística da "danse macabre", a presença dos mortos serve como sátira, ou piada, geralmente trazendo a ideia dessa transformação humana pós falecimento, mas preferivelmente utilizada como impacto visual grotesco e assustador. Além desse clássico de Michael Jackson temos artistas como Zob Zombie que se valem dessa temática.

Mas, pensar sobre a morte é pensar sobre a condição humana, e por isso muitas mídias vem utilizando os mortos-vivos como forma de retratar nosso cotidiano. Os zumbis nesses casos se tornam a metáfora de nós mesmos e das nossas vidas. Vejamos dois casos em que isso ocorrre:

1) In The Flesh

Neste drama britânico a premissa é de pessoas que morreram no ano de 2009 por diferentes formas (doenças, acidentes, assassinatos) e retornaram à vida sem qualquer explicação. Essas pessoas retornadas são chamadas de "parcialmente mortas", como se se tratasse de uma doença, são acompanhadas e medicadas e então reintegradas à sociedade, usando maquiagem e lentes de contato para esconder as mudanças que a morte causa em seus corpos. Parte da população não aceita essa reintegração e reage de modo violento enquanto outros ficam felizes de rever entes queridos (e outros parecem não se importar).

Através da figura desses mortos-vivos a série parece fazer relação com indivíduos que sofrem ou passaram por algum episódio de distúrbio mental. Pessoas que passam por uma experiência que interrompe seu convívio social mas que depois de algum tempo retornam sob a supervisão médica, mas nunca mais se tornam o mesmo de antes, levantando a suspeita de todos.

O protagonista é um jovem chamado Kieren que acaba de ser devolvido à sua família e tenta reencontrar seu lugar no mundo depois de levantar do túmulo e receber alta do centro de tratamento para pessoas parcialmente mortas. Kieren não vê sua volta como uma dádiva, uma vez que ele havia cometido suicídio devido à morte de seu namorado, que também retorna como um morto-vivo. Sem entregar spoilers, é uma das séries mais tristes que eu já assisti até hoje.

2) Warm Bodies (Meu namorado é um zumbi)

Nesse filme a causa o aparecimento dos zumbis nem sequer é explorada, pois não é de interesse para a trama, mas logo na abertura uma crítica à nossa sociedade é feita: nós nos tornamos zumbis por vontade própria ao abrir mão do contato humano e ao nos isolarmos uns dos outros. Mais importante do que qualquer ocorrência de ordem profética, mística ou científica, o enredo aponta para a nossa descida à insensibilidade, pois assim estaremos mortos em vida (o que faz de nós os zumbis).

O nome original do filme faz parte dessa crítica. "Warm bodies" ou "corpos quentes" em português, se refere a essa única diferenciação, pois sem o sentimento de humanidade e sem o contato real entre as pessoas somos apenas mortos habitando corpos quentes. Mas o filme também mostra o caminho da redenção enquanto acompanhamos o protagonista retornar à categoria humana (tanto quanto possível) à medida que exercita e fortalece sua habilidade de sentir. Trajetória que se inicia com essa curiosa cena.

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Desenhos animados e as artes marciais

Diego Rocha, | ter, 22/07/2014 - 11:15
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Os desenhos animados nos permitem contar histórias interessantes assim como em várias outras mídias (sejam livros, quadrinhos, filmes, etc.) com a vantagem de apresentar cenários, personagens e toda uma construção visual livre de qualquer padrão ou amarra a um custo (relativamente) baixo... afinal a limitação fica na habilidade do artista.

E como histórias são as mais variadas, uma categoria que chama a atenção é aventura, que não ficaria completa sem as cenas de luta, claro! Mas como os quadrinhos são uma mídia associada ao público infantil, sua densidade e profundidade muitas vezes foram reduzidas a níveis básicos. Como no clássico dos anos 80, He-Man. Afinal, eles bem que tentavam, mas a animação não era lá essas coisas...

Mas com o passar do tempo, entretanto, muitas animações foram se sofisticando e juntamente com as técnicas de animação mais primorosas, os conceitos trabalhados, histórias e mesmo as origens das técnicas utilizadas pelos personagens. Um dos primeiros desenhos a trabalhar dessa forma foi Cavaleiros do Zodíaco.

Nesta cena, o mestre do cavaleiro de Dragão lhe transmite uma sabedoria antiga que tem vários nomes em várias partes da cultura oriental. Poderia até mesmo ser considerado um pouco "elevado" para um público infantil e leigo, mas marcou uma geração inteira.

Mas chegando aos anos mais recentes, vemos que alguns desenhos se dedicam à pesquisa ao retratar os fundamentos das artes marciais como estilo de vida e como movimentação em si. E eu não conheço nenhum desenho que faça isso com mais propriedade do que Avatar:

Nesta cena os personagens Aang (protagonista da série) e Zuko (seu antigo nemesis que se tornou seu companheiro de viagens) encontram um novo estilo para praticar a dobra de fogo... uma forma que se adeque aos conceitos e crenças de vida praticadas por eles. Esse já é em si um conceito da prática marcial, que acredita que o treino e os movimentos da luta fazem parte de uma postura de vida, muito mais do que um desenvolvimento puramente físico.

Por falar em Avatar e pesquisas, os criadores da série divulgaram vídeos falando sobre as origens dos movimentos dos personagens, e esses são fielmente representados na animação. Vale muito a pena:

O estilo usado para criar os movimentos dos dobradores de Terra se chama Hun-Gar, que utiliza posturas fortes, bases baixas que te conectam à terra. As pisadas fortes no solo são usadas para criar essa força que será redirecionada aos ataques. Os dobradores de terra pisam a terra para elevar rochas e fazem elas voarem em seus oponentes. Conhecido também como estilo do Tigre e do Grou, representa a força bruta e o controle nos movimentos.

O estilo dos dobradores de Fogo se chama Shaolin do Norte, um estilo forte e agressivo que combina potência acrobática e dinâmica com movimentos de braços e pernas muito poderosos. Os dobradores de Fogo inspiram para que quando expirarem possam fazer o fogo se espalhar em todas as direções. Suas movimentações são de base larga e focam no longo alcance com movimentos ágeis de avanço e recuo. 

O estilo da dobra de Ar se chama Bagua: "a caminhada em círculo". Os movimentos dessa estilo se caracterizam pela sua circularidade, sempre em movimento para não ser pego, enquanto o praticante tenta sempre se colocar nas costas do oponente para não ser encarado. É uma técnica muito evasiva, mantendo a energia em constante rotação, o que gera enorme poder. Os dobradores de Ar podem criar esferas de vento que servem de meio de transporte.

O estilo dos dobradores de Água é o Tai Chi Chuan, um estilo milenar nascido na China que lida menos com força física e mais com postura, controle corporal, respiração e visualização, para fazer a água ganhar "vida" através da movimentação do seu chi (sua energia vital). Dobradores de água podem usá-la como um chicote, elevando-a e disparando-a contra seus oponentes. Além da aplicação marcial, o Tai Chi é uma técnica utilizada para a cura, através da meditação em movimento, da mesma forma como grandes dobradores de água, que são capazes de usar a água para curar e não apenas como arma.

O que eu posso dizer é que existe uma evolução consistente no que diz respeito ao conteúdo trabalhado nos desenhos animados, e isso me alegra muito. Desenhos não são necessariamente para crianças, mas certamente são uma forma de sensibilizar e educar desde cedo para as mais diferentes coisas. Para encerrar deixo o que seria a mais profunda e densa "lição" desse desenho, que seria uma introdução para o conceito dos chakras, ilustrados de forma lúdica e leve.

As aberturas das séries de TV

Diego Rocha, | ter, 15/07/2014 - 10:00
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Eu sou fã de séries. Muito mesmo, e isso não é novidade pra ninguém. Mas além de fã eu também sou estudioso da comunicação (e sou chato)... Bastante! E isso pode parecer novidade para algumas pessoas! Juntando essas duas coisas e o fato de que eu sou academicamente guiado a “pesquisar” aquilo que me intriga, me interesso pelas aberturas dessas séries. Parece haver uma tendência crescente de não se fazerem mais aberturas, mas apenas vinhetas, às vezes de poucos segundos. Vejamos as diferenças:

ABERTURA: sequência de imagens (geralmente utilizadas na série e geralmente imbuída de algum efeito ou filtro que lhes dê unidade). Entre aberturas clássicas para mim eu cito:

1) Abertura da série "Charmed"

A abertura da quarta temporada de Charmed, logo após a morte da personagem "Prue", interpretada por Shannen Doherty. Sua morte obrigou a produção a refazer toda a abertura, tirando por completo a sua imagem. A substituição de cenas teve de incluir a nova personagem "Paige" (Rose McGowan) e representava uma nova fase do seriado.

2) Abertura da série Roswell

Abertura da série Roswell, remontada por fãs com suas cenas favoritas.

3) Abertura de Buffy, a Caça-Vampiros

Abertura da primeira temporada de Buffy, a Caça-Vampiros (minha série favorita de todos os tempos).  Mostrava uma montagem veloz  das imagens que propunham ser o estilo da série.

Nessas aberturas a montagem, a escolha de cenas, o ritmo das imagens, a fotografia (e filtros) e certamente a música dão o tom e estabelecem uma forma de identidade. Por falar em música, nas aberturas de Charmed e de Roswell as músicas ("How soon is Now" e "Here with Me", respectivamente) são significativas para o tema dessas séries, sendo o tema de Charmed uma referência recorrente em conteúdos ligados à bruxaria (mesmo filmes e outras séries).

Além disso elas apresentam muita coisa da série, como os atores e seus personagens, cenários, algumas insinuações de relações e plots da temporada e relacionamentos… Essas aberturas dão a cara da série e dão algo para os expectadores incorporarem.

VINHETA: Meros segundos usados para registrar a marca da série. Não apresenta elementos constitutivos da trama, dos personagens… não tem tempo de trabalhar uma música, enfim… Entre essas tristezas eu cito:

1) The Vampire Diaries

Aparentemente tentando fugir o clime "highschool" e trazer um ar um pouco mais dark

2) The Secret Circle

Uma série que não passou da primeira temporada, mas cuja temática (bruxas) tentava ser mais sombria, embora o cenário e os personagens fossem tipicamente adolescentes. Talvez por essa incoerência ela não tenha continuado no ar...

Essa utilização de vinhetas pode ser para ganhar tempo, por falta de criatividade (não creio) ou sei lá o que, mas acredito que a série perde muito com isso! Um exemplo é o que foi feito com a abertura de Grey’s Anatomy. Antes era assim:

Não usava os atores, mas pelo menos mostrava o ambiente do hospital como palco das atribuladas vidas amorosas e sexuais dos personagens. Depois ficou simplesmente a imagem da marca da séries sem nem um sonzinho próprio. A imagem aparece no final da primeira cena do episódio e os sons da cena apenas continuam.

Acho fraco e sem personalidade pra uma série tão bacana!

Quando a série tem uma identidade as pessoas podem se envolver mais, não apenas com os personagens (com os quais nos identificamos), mas com a própria série. Isso lhes dá a chance de “transmidiar” algo, produzindo conteúdos com o que as séries oferecem. Para demonstrar esse pensamento, cito alguns trabalhos de fãs com as aberturas de suas séries. Essas montagens (muito comuns) recebem o título “SÉRIE X opening, SÉRIE Y style”

1) Grey's Anatomy, Friends Style

2) The Vampire Diaries, Buffy style

O que fica aqui chamado de “estilo” foi o que pudemos nos referir como “identidade” acima. Os elementos que podemos perceber para criar essa referência de estilo são a música (que não funcionaria sem), a tipologia utilizada para os nomes dos atores e personagens, os tipos de cenas utilizadas (que fora de contexto são visualmente engraçadas, enérgicas, rápidas, etc.) e assim por diante.

Não se pode, entretanto, generalizar que toda vinheta seja ruim e toda abertura seja boa. Particularmente cito as vinhetas de abertura de Once Upon a Time como muito competentes!

1) Vinhetas da série Once Upon a Time

Cada episódio da série tem uma vinheta própria, onde se pode ver uma dica do episódio, dos personagens ou de algum acontecimento.

2) Abertura da série The Big Bang Theory

Tudo bem que uma série de meia hora (episódios de vinte e quatro minutos aproximadamente) não pode se dar ao luxo de gastar muito tempo, então é uma abertura curta. A música é boa (cativante) e as imagens remetem ao tema “ciência” da série, mas deixam de aproveitar muita coisa, mostrando os personagens apenas no final.

Claro que tudo isso é uma questão de opinião pessoal.

Kinetic Typography

Diego Rocha, | ter, 08/07/2014 - 12:53
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Mas o que significa Kinetic Typography? O nome significa "tipografia em movimento", ou seja: letras que se mexem. O que isso tem de interessante? O que isso te de especial? Por si só, nada... mas adicione um pouco de criatividade e umas regrinhas de coerência e teremos as letras mais divertidas e por vezes atuando melhor do que os seres humanos... Veja um exemplo:

Que regrinhas de coerência são essas? Coisas simples, do tipo: cada personagem tem sua própria fonte tipográfica (sua "letra") e sempre que essa letra aparece na tela é esse personagem falando, ou a sua "cara" que acompanha a sua voz. A escolha da fonte de cada personagem vai dar a imagem desse personagem, sendo nesse vídeo a Buffy representada por uma letra mais fina e curva e o Spike por uma letra mais tradicional e reta (e Angel por uma letra decorativa). A criatividade faz com que o ritmo e a entrada das palavras, sua cor e distorções (itálicos, negritos, variação nos tamanhos) nos passe emoções, impactos e tal. Se interpretam melhos do que os humanos, cada um decide. Vejam o vídeo da cena no original:
Um outro vídeo que faz uma releitura interessantíssima de um famoso discurso é do Coringa interpretado por Heath Ledger, utilizando um pouco mais de elementos visuais (além das letras) como forma de ilustrar movimentos e sensações:

Essa técnica faz uma relação com uma técnica da publicidade que chamamos “all type” que significa fazer uma peça gráfica usando apenas letras. Longe de ser uma coisa sem graça, as possibilidades de variação de fonte, cores, tamanhos, formatos e efeitos fazem toda a diferença. Juntando essas ferramentas com as possibilidades de som e movimentação temos o “kinetic typography”, ou seja, o movimento da tipografia. Esse vídeo é ainda mais pertinente porque a música brinca com as palavras, então o kinetic usa as mesmas brincadeiras na sua montagem:
Uma ferramenta de muito potencial, um prato cheio para bons editores, mas nem por isso ela fica imune a brincadeiras e comparações.
Tá, esse não é um vídeo de kinetic typography, mas é sensacional! :)
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Os heróis e o heroísmo nos quadrinhos

Diego Rocha, | qua, 02/07/2014 - 10:32
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O ser humano é um contador de histórias. Sempre foi, desde a época em que se reunia ao redor da fogueira pra dividir informações, e de lá pra cá muita coisa mudou. Muitas técnicas evoluíram e as formas de contar essas histórias mudaram. De tudo, o que eu acho mais interessante é a figura dos heróis, ou especificamente os super-heróis.

A figura do herói aparece nas narrativas como uma pessoa que desempenha grandes atos e que serve de inspiração e exemplo para quem ouve a história. Tipo a obstinação de Ulisses que aguenta anos de provações e de sacanagens divinas pra chegar em casa, ou Perseu que foi encarar a Medusa para não abrir mão dos seus objetivos! Os heróis são foda!

Mas aí, pulando milhares de anos, a gente vem pros super-heróis, seres que são capazes de fazer coisas extraordinárias, tipo o Super-Homem e tal. Mas pra mim o mais interessante dos super-heróis é que a história pregressa de cada um já é, por si só, um conto e uma lição inspiracional independente dos feitos desses heróis. Alguns ótimos exemplos são:

O Batman teve os pais brutalmente assassinados na frente dele. O cara teve uma infância "ruim"... O cara tem "todo o dinheiro do mundo", mas nenhuma família (fora o mordomo). E o que ele faz? Decide se aprimorar física e mentalmente e utilizar todos os recursos a seu dispor para combater o mal que ferrou a vida dele. O ponto heroico é que ele não mata, nem mesmo usa armas de fogo, se colocando acima dos seus inimigos!

A Mulher Maravilha é uma amazona da mitologia grega, criada pela rainha das amazonas junto com o deus da Guerra mulheres que vem pro mundo "dos homens". Ela é a metáfora da mulher que era criada para ser uma grande guerreira e ao mesmo tempo uma diplomata, na verdade é muito mais "forte" do que os homens à sua volta e isso gera grande conflito. Já foi rotulada como lésbica e como apologia à violência acima da razão e do diálogo, mas seu ponto heroico é que ela traz uma perspectiva inspiradora para o sexo feminino contra a misoginia e se transforma constantemente desde sua criação (em 1941) até os dias de hoje.

Os X-men são jovens "diferentes" e desprezados pela sociedade por serem o "novo" ou o que escapa aos padrões. Os mutantes são a metáfora da adolescência, que embora sempre sofra rejeição pela geração anterior mostra que o "diferente" pode ser melhor e maior e que novos talentos não precisam ser ameaças. Seu ponto heroico é a luta que travam com esses seus poderes (que os torna "diferentes" e "especiais") defendendo o mundo que "os teme e os odeia", como diz o seu próprio tema.

Com os seus anéis, os Lanternas Verdes (todos os membros da tropa) podem criar formas de energia baseado no que  imaginarem, além de voar até mesmo pelo espaço limitado apenas pela sua força de vontade e desde que não seja dominado pelo medo (que é o seu verdadeiro ponto fraco). O anel é uma metáfora para a determinação da alma humana. A força de vontade é a medida do empenho e do esforço do indivíduo, que pode "construir" qualquer coisa, desde que esse indivíduo não permita que o medo lhe prenda. Há ainda o detalhe importante de que os Lanternas são uma TROPA, compreendem que a união e o trabalho coletivo são capazes de construir muito mais, embora não deixe de perceber a individualidade, já que cada Lanterna faz seus construtos diferentes dos demais, de acordo com sua forma de ver o mundo e de senti-lo.

Na TV, no cinema, nos contos de fada ou nos quadrinhos, heróis existem porque as pessoas precisam deles para ensinar algo e para estimular a grandeza.

O apelo e os programas de TV

Diego Rocha, | qua, 25/06/2014 - 08:52
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Uma regra básica da publicidade é o que chamamos de "apelo"... mas diferente do que significa no senso comum, o apelo da publicidade não significa "baixar o nível", utilizar argumentos descabidos ou subverter as regras em nenhuma instância. Apelo significa "dirigir-se a", e se configura na forma como tentamos atingir o nosso público. Podemos apelar à sua racionalidade (utilizando argumentos concretos), às suas emoções (utilizando argumentos sentimentais) e assim por diante.

A questão se baseia em definir a forma como abordamos o público de acordo com a forma como queremos ser vistos. Devemos construir uma imagem de acordo com o que estamos oferecendo para sermos reconhecidos e ganharmos espaço no "coração" dos nossos clientes. Mas o que isso tem a ver com programas de TV?

Cada programa é um produto, e por isso serve a um propósito de entretenimento distinto... o diferencial desses produtos é o que gera o seu apelo e o que tende a ser evidenciado na sua divulgação. por exemplo:

Abordando disputas violentas pelo trono em ambiente medieval, esse é o tipo de imagem que representa o apelo da série Game of Thrones.

Por outro lado, da mesma HBO que criou Game of Thrones vemos chegar a sétima temporada de True Blood, uma série que ficou famosa por abordar o tema Vampiros de uma forma um pouco diferente... A história se passa nos dias atuais, no sul dos Estados Unidos, e mostra vampiros que se expõem publicamente quando uma bebida sintética (chamada True Blood) lhes permite "viver" sem consumir sangue humano.

Apesar de ter ficado famosa por misturar vampiros, lobisomens e outras criaturas sobrenaturais com pitadas de humor e doses violentas de sexo, a série recebe severas críticas de muitos fãs sobre perda de qualidade e o desvio do padrão inicial. Nesse cenário, como campanha de lançamento da nova temporada, foram lançadas como essa:

Com o título "True to the End", a campanha foca no final da série.

Outras peças da campanha utilizam frases como "dê uma última mordida", "o fim do conto de fadas" e "descanse em paz". O apelo dessa campanha parece ser a promessa do encerramento da série, não utilizando nenhuma das características do produto... apelando apenas para o sentimento de perda e do conforto pelo encerramento da história, uma vez que o produto em si já não parece atrair muito.

Mas na minha opinião, usar um "eu prometo que é a última" como forma de vender a série já é pura "apelação"! ;)

Quadrinhos, adaptações e o Orgulho Nerd

Diego Rocha, | ter, 17/06/2014 - 10:05
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Uma coisa que sempre existiu são as produções cinematográficas baseadas em livros. Afinal de contas, um bom livro tem em si o roteiro pronto para um excelente filme. Bastaria passar a linguagem para a narrativa visual, construir o ritmo para cobrir a história no tempo do filme e conceber imagens e escolher os atores para casar com as descrições. É natural.

Desde os grandes clássicos, livros sempre dão bons filmes... ou não!

Nas pesquisas de comunicação nós chamamos essa troca de formato de "Remidiação", sendo que "mídia" é o formato, o aparato ou o suporte que usamos para acessar um conteúdo. A mídia pode ser livro, televisão, cinema... no que se refere a mídia, o céu é o limite (porque até aviões que puxam faixas no céu são usados como mídia). Remidiar é fazer com que algum conteúdo mude de uma mídia para outra, mas como cada mídia tem suas características próprias, é sempre necessário adaptar, cortar, expandir... Mas e quando essas mudanças transformam o conteúdo em "outra coisa"?

Um exemplo de um conteúdo que passou por muitas mídias é a franquia de jogos "Prince of Persia". A história nasce da Cultura Oral do oriente médio onde o folclore narra contos sobre destino e da sua inevitabilidade e de um nobre guerreiro que desafia essas regras do destino. Esses contos são registrados em Livros que passam a contar com imagens ilustrativas e a deixam estática... enrijecida. Muito depois é que surgem os jogos de Videogame (13 jogos até hoje) inspirados no guerreiro "das mil e uma noites", permitindo que o jogador duele com inimigos, desvende quebra-cabeças, invoque uma força sombria para vencer obstáculos e faça pequenas voltas no tempo para consertar pequenas falhas. Com o sucesso dos jogos é produzido um Filmeque em duas horas leva o espectador a tudo que o jogo proporciona. Paralelamente são lançados também Quadrinhos baseada nas aventuras dos jogos que aprofunda o personagem por permitir o registro mais livre de seus pensamentos e diálogos.

Na oralidade, nos livros, nos videogames, no cinema ou nos quadrinhos, a história é a mesma: o nobre guerreiro que desafia o curso do destino e enfrenta perigos e monstros.

Mas voltando ao início do texto, falávamos de cinema e suas adaptações de conteúdos, sendo que desde o ano 2000 com o primeiro X-Men e 2002 com o primeiro Spider-Man as adaptações de quadrinhos tem conquistado muito espaço, se provando uma categoria forte na indústria de entretenimento (com orçamentos altíssimos, diga-se de passagem). Mas como dito acima: um conteúdo que migra de uma mídia para outra não é mais o mesmo conteúdo... é uma versão daquilo que foi, transformado para o novo formato.

Lançado recentemente, o filme "X-Men: Days of Future Past" é a versão cinematográfica da saga lançada pela Marvel em 1981, de mesmo nome (chamada no Brasil de "Dias de um Futuro Esquecido").

Quem leu o quadrinho original naturalmente fará comparações entre o que leu e o que viu na telona, da mesma forma como quem leu o livro e viu seu filme ou qualquer outra mudança de mídias, mas afirmo que essa NÃO É UMA COMPARAÇÃO JUSTA!!! e o motivo é simples: um filme é uma produção limitada! O tempo de contar essa é limitado, o elenco para dar vida aos personagens, os cenários para as cenas e acima de tudo o orçamento para alcançar tudo isso tem limites. Outras mídias se baseiam na nossa imaginação para dar a dimensão de tudo, mas o cinema e a tv são explícitas, ficando sempre a dever do que nós imaginamos. 

Por fim, um apelo: sejamos mais tolerantes com filmes e séries de tv, afinal elas não podem atingir o nível do que se passa em nossas mentes... vamos assistir séries e filmes pelo que são: versões das histórias que conhecemos. Vamos nos divertir com eles sem cobrar que sejam tudo o que, para cada um de nós, eles poderiam ser.

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