Tópicos | afastamento de Dilma

Falando pela primeira vez após o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT) do cargo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, em entrevista a um jornal estrangeiro, que o processo de impeachment é uma “sangria” e um “estupro à democracia brasileira". Lula esteve ao lado de Dilma no último dia 12, enquanto ela fazia os discursos de despedida temporária do cargo, mas não discursou nem quis falar com a imprensa. O petista alegou que naquele momento não se sentiu confortável e “estava muito triste”. 

“Na verdade não queria estar naquele ato porque eu penso que foi uma sangria e quase que um estupro feito na democracia brasileira”, detalhou, lembrando que em 2010, quando deixou o mandato, vivia “um momento de glória” com Dilma sendo eleita. “Sinceramente, foi o dia da indignação pra mim. Estava me sentindo mal, se dependesse de mim, espontaneamente, não teria ido lá, fui em solidariedade a presidenta Dilma, para não deixá-la sozinha naquele momento difícil, e para mostrar aos adversários que ainda tem muita luta para acontecer neste país”, acrescentou.

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Para o ex-presidente, o momento não é apenas a quebra “abrupta” de um mandato, mas um sonho de inclusão social que ele viu “desmoronar”. “Mostramos ao mundo que fica muito fácil você governar um país e resolver os problemas do povo pobre quando você deixa de tratá-los como estatística ou problema social e trata como gente, como ser humano que tem direitos e deveres. Eu vi aquilo ruir, desmoronar. Os pobres mal experimentaram conquistas sociais e já estão querendo tirar essas conquistas sociais dos pobres”, cravou. 

O senador Humberto Costa (PT) encarou as primeiras ações do governo do presidente em exercício, Michel Temer (PMDB), como “um desastre”. Para o petista, Temer “conseguiu em 24 horas retroceder 13 anos”, principalmente por extinguir os ministérios da Cultura, Direitos Humanos e da Igualdade Racial e tirar a autonomia da Controladoria Geral da União. 

“É um completo desastre. Um governo que já começa velho, que não tem respaldo e nem representatividade social. Falou-se tanto de combate à corrupção, mas ele fez exatamente o oposto. Tirou, por exemplo, a independência de um órgão como a Controladoria Geral da República, que sempre teve autonomia para investigar e combater a corrupção contra quem quer que fosse”, analisou o senador.

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Humberto também alertou sobre o risco de o peemedebista acabar com programas sociais e de alterar as leis trabalhistas. “Temer conseguiu reunir o que há de mais conservador na política e já ameaça as conquistas dos trabalhadores. O novo ministro do Desenvolvimento Social (Osmar Terra/PMDB) disse que o programa ‘não pode ser proposta de vida’ e esse é um dos projetos mais exitosos do País, que rendeu, inclusive, prêmios internacionais e ajudou a tirar da pobreza extrema milhares de pessoas. Isso sem falar de ameaças de mudanças nos direitos dos trabalhadores. Mas não vamos permitir um retrocesso desse no país”, garantiu o pernambucano.

Em vista disto, o ex-líder do governo no Senado defendeu que a mobilização contra a gestão de Temer seja permanente. “Vamos lutar em todas as frentes, ir às ruas, ocupar as redes, denunciar o golpe que está em marcha no país. Querem sem legitimidade e sem nenhum voto dar uma guinada à direita. Fazer um governo de homens brancos e ricos e governar para homens brancos e ricos e não podemos aceitar isso”, frisou. “A nossa luta e a nossa mobilização cresce a cada dia. Tenho certeza que após este período de afastamento, a presidente Dilma vai voltar para evitar mais retrocessos e implementar uma agenda positiva para o Brasil ”, complementou Humberto Costa.

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