De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de animais abandonados ultrapassa a marca de 30 milhões, sendo 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães. Em cidades grandes, para cada cinco habitantes existe um cachorro; já nos pequenos municípios, o número de abandono chega a ser de 1/4 da população.
Diante dessa realidade, algumas pessoas se comovem com a situação e, sempre que possível, resgatam os animais abandonados na tentativa de dar-lhes um lar. A autônoma Tayanne Torres, 28 anos, do Rio de Janeiro, resgata animais desde a infância e, durante os socorros, já contou com o auxílio da polícia, de bombeiros e desconhecidos. O último resgate feito por Tayanne foi no ano passado, quando salvou o cão Sereno, de 3 meses. "Ele estava repleto de sarnas, sem um pelo no corpo, anêmico, com carrapato e verminose. Estava abandonado numa comunidade na Penha [RJ] para morrer. E, mesmo em um local movimentado, ele ficou dias na rua até ser resgatado por mim", relata Tayanne.
##RECOMENDA##A autônoma Tayanne Torres com a cachorra Serena | Foto: Arquivo Pessoal
Para a autônoma, animais abandonados são um problema de saúde pública, de responsabilidade do Estado e dos cidadãos. Quando os resgata, ela sente que fez a parte dela. "Cada história com final feliz é a sensação de missão cumprida e de estar contribuindo para um mundo melhor", conta Tayanne.
Sempre que encontra um novo lar para os animais abandonados, Tayanne busca conhecer a família que se responsabilizará pelo pet. "Também redijo um termo de posse responsável e faço acompanhamento pós-adoção, onde recebo fotos e notícias do animal por toda sua vida. Sempre repito aos adotantes que o novo membro da família é 'guarda compartilhada' comigo pra sempre, pois sempre estarei presente na vida deles", comenta.
A servidora estadual Ana Paula Dantas, 48 anos, do Rio de Janeiro, já resgatou mais de 100 animais. Ela lembra com muito carinho do gatinho Toffe, que encontrou em 1998, enquanto procurava um apartamento para alugar. O animalzinho já não abria mais os olhos e tinha o rosto, as orelhas e a cabeça tomados por sarnas. "Na época, eu não sabia o que era e comecei a chorar pensando que tinham feito alguma maldade com ele. Não pensei duas vezes, o peguei no colo e fui para uma clínica", recorda.
A servidora estadual Ana Paula Dantas com cão Hulk | Foto: Arquivo Pessoal
Segundo Ana Paula, mudar o destino de um animal é uma experiência que não pode ser descrita em palavras. "Todos nós temos esse poder. Infelizmente, a maioria das pessoas prefere empurrar a responsabilidade para outras. Falta atitude e interesse em ajudar", destaca a servidora estadual.
Para escolher a nova família dos animais resgatados, Ana Paula analisa com muito cuidado os futuros tutores e só autoriza a adoção para aqueles com quem ela conviveria. "Na maioria das vezes, crio um vínculo com a família de maneira natural. Outras vezes, são adotados por famílias que já são amigas minhas", afirma.