Com a aprovação da Corte alemã sobre o fundo europeu de resgate, o dólar mantém a tendência de baixa ante as moedas estrangeiras e segue em queda em relação ao real pelo quinto pregão consecutivo nesta quarta-feira. A aproximação da cotação do nível de R$ 2,00 pode provocar uma intervenção do Banco Central no mercado cambial doméstico, um dia após a autoridade monetária já ter feito consulta sobre a demanda por swap reverso, o que estancou a queda da moeda norte-americana nos negócios locais, mas não foi capaz de defender a marca de R$ 2,02.
Por volta das 9h15, na BM&FBovespa, o contrato futuro do dólar para outubro subia 0,10%, a R$ 2,0255, depois de abrir em baixa de 0,10%, a R$ 2,0215, e ir até R$ 2,026, na máxima, em alta de 0,12%. No mercado de balcão, o dólar à vista abriu em baixa de 0,05%, cotado a R$ 2,018, na máxima. Após este horário, a moeda norte-americana oscilou entre uma mínima a R$ 2,016 (-0,15%) e uma máxima a R$ 2,019, estável.
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Segundo especialistas consultados, há grande chance de o BC intervir no mercado de câmbio nesta quarta-feira em meio à queda generalizada do dólar no exterior, que deve ser acompanhada internamente. Para o operador da InterBolsa Ovídio Soares, a possibilidade de intervenção da autoridade monetária existe, já que o dólar está cada vez mais perto da cotação de R$ 2,00. "O dólar já abriu em baixa, em reação ao otimismo no exterior com a decisão da Corte alemã, e o BC vai ter de 'dar as caras'", avalia.
O profissional refere-se à decisão da Corte Constitucional da Alemanha, que ratificou o Mecanismo de Estabilidade Europeu (ESM) e o chamado Pacto Fiscal. Para a chanceler alemã, Angela Merkel, "hoje é um bom dia para a Alemanha e para a Europa" e a decisão "ilustra a responsabilidade" do país com o Velho Continente, abrindo o caminho para uma ferramenta permanente de resgate financeiro dos países membros da zona do euro. Segundo Ovídio, após o BC ter feito consulta, ontem, sobre a demanda por swap reverso, a autoridade monetária já está ciente quanto à necessidade (ou não) da operação.
Porém, um operador de tesouraria de um banco local, que falou sob a condição de não ser identificado, acredita que, talvez, a autoridade monetária não atue logo na abertura do pregão, já que a moeda norte-americana recuperou um pouco de terreno ante as principais moedas rivais. Da mesma forma, as principais bolsas exibem ganhos moderados no exterior, já que foram impostas condições para que o fundo europeu seja compatível com a Constituição alemã.
No horário acima, em Nova York, o euro era cotado a US$ 1,2897, de US$ 1,2856 no fim da tarde de terça-feira (11), depois de superar o nível de US$ 1,29 pela primeira vez desde maio. Já o dólar norte-americano caía 0,32% ante o dólar australiano, tinha leve baixa 0,06% ante a rupia indiana, mas estava praticamente estável ante o dólar canadense e a lira turca.
O economista-chefe da Planner Prosper Investimentos, Eduardo Velho, destaca que o anúncio do Banco Central Europeu (BCE), na semana passada, sobre a compra de bônus soberanos no mercado secundário, a decisão da Corte alemã de aprovar a legalidade do ESM e a expectativa de uma terceira rodada de afrouxamento quantitativo (QE3) nos Estados Unidos, pressionam para o rompimento do piso da banda estreita, até R$ 2,10, para baixo.
"Mas, o BC só vai intervir mesmo após a entrevista do Bernanke (presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke), amanhã", quando deve ser confirmado o QE3 e, eventualmente, um prolongamento de juro baixo nos EUA talvez até 2015. "Em caso contrário, se isso não for confirmado, o câmbio subiria naturalmente, sem a necessidade de intervenção do BC", completa.