O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta terça-feira (8) a proibição da compra de petróleo e gás da Rússia por conta da invasão na Ucrânia, confirmando as especulações divulgadas pela imprensa norte-americana.
"Essa é uma decisão bipartidária e nós não vamos mais subsidiar o governo de [Vladimir] Putin", disse Biden em pronunciamento afirmando que a decisão foi tomada em "estreita consulta" com os países aliados.
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No entanto, o presidente reconheceu que algumas nações europeias "não podem tomar a mesma decisão" no momento e que continua a apoiar que todos façam as melhores escolhas para punir a Rússia.
"Os Estados Unidos sozinhos conseguem produzir mais petróleo do que todos os europeus juntos", acrescentou, reafirmando que a união dos governos internacionais continua a existir mesmo com a impossibilidade de aplicação das mesmas regras.
Além disso, Biden confirmou que os EUA vão liberar 60 milhões de barris de petróleo que estão em estoque para "garantir que o fornecimento de energia global continue" e que metade desse montante vai ficar para o país conseguir manter preços.
“Putin já está afetando a vida dos norte-americanos com o preço dos combustíveis", pontuou ainda, dizendo que o governo vai fazer de tudo para ajudar a conter os valores e negando a história de que Washington está freando a produção nacional de petróleo para focar em outras matrizes energéticas mais sustentáveis.
"Os Estados Unidos produziram mais petróleo no meu primeiro ano do que no primeiro ano do meu antecessor e 90% do petróleo produzido aqui não é de propriedade do governo. [...] Mas, eu não vou voltar atrás nas medidas de energia mais limpa. Vamos usar o dinheiro do contribuinte substituindo o que ele usa, por exemplo, nos carros elétricos. Daqui a algum tempo, ninguém mais vai se preocupar com o preço da gasolina", disse ainda.
Boa parte do discurso de Biden foi usada para relembrar as sanções já aplicadas por norte-americanos e europeus contra o governo de Putin, classificadas por Biden como "o maior pacote de sanções da história" contra um único país.
O democrata lembrou do derretimento do valor do rublo, "que hoje vale menos que um centavo de dólar"; das punições contra oligarcas que tiveram "barcos, iates e apartamentos de centenas de milhões de dólares apreendidos, como vocês viram em matérias da TV"; e das empresas que optaram por deixar a Rússia desde que o conflito começou "sem que nem precisássemos pedir por isso".
"A Ucrânia não vai ser uma vitória para Putin. Ele pode conseguir tomar uma cidade, mas nunca vai tomar um país. Faço um apelo ainda para que o Congresso aprove rapidamente o nosso pacote bilionário para ajudar o povo ucraniano. Preciso elogiar mais uma vez a bravura do povo ucraniano defendendo sua liberdade", afirmou ainda ressaltando que a "Ucrânia vem inspirando o mundo com sua coragem e com sua bravura pra defender a liberdade nessa guerra de Putin".
Lamentando as mortes de civis e os ataques contra escolas, hospitais e apartamentos residenciais, Biden pontuou que "estão morrendo russos também", mas "Putin parece determinado de seguir no caminho da morte".
Reações e ações anteriores - Já com as especulações de que os EUA tomariam essa medida, o preço do barril de petróleo brent disparou e estava na faixa dos US$ 130 antes do pronunciamento, em valor que deve continuar a subir.
A gigante britânica Shell anunciou nesta terça-feira que também planeja se retirar da Rússia "gradualmente". A União Europeia também devem anunciar medidas mais duras nesse sentido.
Já o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, quase ao mesmo tempo do discurso de Biden, anunciou que o governo vai se empenhar em "reduzir para zero" o fornecimento de gás e petróleo russos até o fim de 2022.
Diferentemente de outros países continentais da Europa, a ilha britânica importa pouco combustível fóssil russo porque consegue suprir quase toda a sua necessidade com petróleo e gás local.
Por outro lado, a Rússia, maior produtora de petróleo no mundo, ameaçou cortar o fornecimento para a Europa via o gasoduto Nord Stream 1 - cerca de 40% do petróleo consumido pelos europeus vem dos russos e 30% do gás natural. Já o plano do Nord Stream 2, que dobraria a capacidade de fornecimento de gás do país para o Velho Continente, virou pó.
O novo pacote de punições por conta da invasão russa, iniciada em 24 de fevereiro, atinge uma área especialmente estratégica de Moscou, que depende muito financeiramente dos combustíveis fósseis para manter sua economia forte.
Os pacotes anteriores miraram mais no congelamento de bens e dinheiro do presidente da Rússia, Vladimir Putin, de seu chanceler, Sergei Lavrov, e de oligarcas e empresas ligadas ao mandatário e ao governo. Além disso, focaram em afetar as negociações dos bancos russos no sistema internacional Swift, e no congelamento dos montantes do Banco Central do país no exterior.
Com isso, diversas grandes empresas multinacionais anunciaram sua saída temporária ou definitiva da Rússia.
As medidas, além de isolarem Moscou de maneira aguda, afetaram duramente a vida dos civis, que saíram correndo para sacar dinheiro dos bancos. O rublo se desvaloriza em patamares recordes - chegando a bater 154 rublos por dólar - e o poder de compra também diminuiu com as principais bandeiras de cartão de crédito encerrando operações no país.
No entanto, essas medidas têm também efeito contrário, derrubando as bolsas de valores pelo mundo e fazendo aumentar ainda mais o preço dos combustíveis de maneira global.
Da Ansa