A Petrobras fará pelo menos mais uma captação no mercado externo neste ano, em dólar, e não voltará mais ao mercado europeu em 2014, disse, nesta quarta-feira, 15, o diretor Financeiro da petroleira, Almir Barbassa. A empresa não descarta buscar recursos também em outros países, como China, Japão e Canadá, caso haja condições de mercado favoráveis. Mas, de acordo com o executivo, esses mercados alternativos não se mostraram interessantes para a companhia até o momento.
A Petrobras fechou na terça-feira, 14, uma captação equivalente a quase 3,8 bilhões de euros a maior já feita na Europa por uma companhia de país emergente. A demanda de investidores foi quase três vezes superior ao montante captado, com o equivalente a US$ 15 bilhões de oferta. Para Barbassa, que falou ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, por telefone, foi uma prova de confiança na empresa e que se opõe ao pessimismo do mercado com as ações da companhia.
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"Ficamos muito felizes com o resultado, a demanda foi extraordinária, o volume foi melhor do que estávamos almejando, o que contradiz um certo pessimismo que existe", disse, sobre a petroleira, e posteriormente estendendo o comentário a outras empresas brasileiras que precisam se financiar no mercado.
Foram registradas 1.300 ordens de compra, com as mais relevantes partindo de Inglaterra (23,5%), Alemanha (18,3%), Suíça (15,6%) e França (9%).
Sobre a captação no mercado americano, Barbassa preferiu não comentar previsão de data, dizendo que a companhia vai avaliar as condições de mercado. "Pode acontecer entre amanhã e 31 de dezembro", limitou-se a dizer. Em 2013, a empresa captou ao todo cerca de US$ 20 bilhões. A petroleira tem como política fazer apenas uma captação por ano em cada moeda e o executivo garantiu que em 2014 não será diferente.
Há alguns anos a Petrobras cogita fazer captação em outras moedas, como o yuan chinês. Barbassa reforçou que a estatal avalia permanentemente oportunidades e "opera todas as possibilidades". "Mas a China não se mostrou ainda madura para as nossas necessidades", disse.
A Petrobras pagou nesta operação juros maiores do que sua última captação no mercado europeu, em 2012. O diretor Financeiro diz que as condições no cenário internacional pioraram desde então e que, diante do cenário atual, as taxas foram muito positivas para a Petrobras. "O mercado aumentou os custos de uma maneira geral", disse.
A empresa emitiu 3,05 bilhões de euros em títulos denominados em euro com prazos de quatro, sete e 11 anos. Além disso, fechou uma emissão de 600 milhões em libras esterlinas com prazo de 20 anos. Os títulos pagarão retornos ao investidor de 2,829% a 6,732% ao ano. O menor valor vale para o vencimento de quatro anos e o maior para os papéis que expiram em 2034. A operação foi divulgada no dia 7 deste mês.
Barbassa disse que a liquidez internacional no início do ano contribuiu para a escolha do momento da captação, mas apostou que parte do resultado se deveu a uma aposta de investidores no crescimento da companhia. "A Petrobras tem projeto muito bom, isso ajuda. Mas é claro que também precisa de um pouco de liquidez no mercado", disse.
Impacto
A captação equivalente a quase 3,8 bilhões de euros anunciada pela Petrobras na semana passada terá um impacto de US$ 5 bilhões no endividamento bruto da empresa, disse Barbassa. Ele reconhece a preocupação do mercado com o endividamento, mas falou que o efeito da captação não tem impacto significativo nas contas da petroleira.
"As captações estão previstas no plano de negócios (referente ao período 2013-2017), não é novidade para ninguém. É um recurso que tem um destino muito positivo para a empresa, que ajudará a capacidade produtiva", comentou. O plano de negócios da empresa prevê uma captação bruta de US$ 12,3 bilhões por ano, em média. Em 2014, as captações devem ficar em um valor alto (em 2013, foram quase US$ 20 bilhões).
Sem entrar em detalhes, Barbassa disse que nos últimos anos deste plano de negócios em vigor as captações "serão bem menores, necessárias apenas para eventuais amortizações e administração" de carteira. "Os primeiros anos são os que vamos precisar de mais (recursos). Nos últimos vamos estar pagando dívida", disse.
Barbassa não quis comentar rumores sobre um suposto empréstimo bilionário da companhia com o banco de desenvolvimento chinês China Development Bank. Disse apenas que a Petrobras conversa com todos os grandes bancos do mundo. "Não comentamos operações bilaterais", falou..