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O vereador do Recife Tadeu Calheiros (Podemos) denunciou, nesta segunda-feira (29), que profissionais de saúde estão usando máscaras de proteção inadequadas para lidar com pacientes da Covid-19. Segundo o vereador, a equipe de saúde da Policlínica e Maternidade Professor Barros Lima, em Casa Amarela, Zona Norte da capital, tem usado máscaras de baixa qualidade, com duas camadas de proteção em vez de três.

"Recebi, ao longo de todo o final de semana, fotos que comprovam a qualidade pífia do material que está sendo fornecido aos profissionais. Máscaras que deveriam ter três camadas só tem duas, rasgam e não se adaptam ao rosto", disse o vereador. Imagens enviadas por ele mostram uma profissional de saúde com uma máscara rasgada. “As imagens mostram a fragilidade do material. Não é um material com a gramatura adequada, que transmita confiança”, declarou.

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Segundo ele, a direção e a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) da Barros Lima já condenou o uso desse tipo de máscara. "E a resposta que os profissionais têm da PCR [Prefeitura do Recife é que 'é o que tem'", afirmou Calheiros.

O vereador usou sua conta no Twitter para denunciar a situação da policlínica. Ele disse que, após a postagem, recebeu informações que situação semelhante ocorre com os profissionais de saúde do Hospital de Pediatria Helena Moura, também na Zona Norte da cidade.

"Há uma falta de organização, de priorizar a saúde desses profissionais e de cuidado. Independente da vacinação, os profissionais já mereciam este equipamento com maior qualidade", acusa Calheiros, que é oncologista pediátrico e ex-presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe). Ele lembra que, mesmo com a vacina, existe o risco da infecção em sua forma leve. “Quando você contrai pode se tornar um agente disseminador para seus familiares, sua casa e toda sociedade. Então, a falta de investimento nesses equipamentos de proteção de qualidade não é só um desrespeito aos profissionais, mas sim para toda sociedade, pois a gente não quebra o ciclo de transmissão.”

O parlamentar informou que vai protocolar requerimento na Câmara de Vereadores pedindo a regularização do fornecimento de EPIs em conformidade com as especificações da Anvisa. Ele também pretende levar o caso aos órgãos de fiscalização e ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE). 

Em nota, a Secretaria de Saúde do Recife informou que as máscaras N95 e PPF2 distribuídas aos profissionais de saúde da rede municipal atendem às especificações das normas da ABNT, definidas pela Anvisa. "Este tipo de Equipamento de Proteção Individual (EPI) pode ser produzido com duas ou três camadas de proteção, conforme especificado na normativa", diz trecho da resposta.

A secretaria acrescenta que a empresa que fornece os equipamentos apresentou documento que comprova a qualificação técnica dos produtos, que inclui quase dez testes de eficiência. "Além disso, a Gerência Geral de Assistência Farmacêutica do Recife verifica cada EPI recebido no município, garantindo que todos se enquadram nas especificações exigidas pela Anvisa e que, portanto, estão adequados para uso dos trabalhadores", afirma a pasta. 

De acordo com a secretaria, o Ministério Público do Trabalho atestou que as máscaras PFF2 são adequadas para proteção de aerossóis, podendo ser utilizadas em áreas de isolamento. A Prefeitura do Recife adquiriu mais de três milhões de itens de EPIs, entre máscaras cirúrgicas, N95, luvas, aventais, toucas, óculos de proteção e protetores faciais.

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Uma jovem de 23 anos denuncia negligência médica na Maternidade Barros Lima, localizada em Casa Amarela, Zona Norte do Recife. Segundo Ellem Cardoso de Santana, seu filho morreu em sua barriga após descasos vividos na unidade de saúde. A jovem afirma que a equipe médica da maternidade ainda forçou para que o feto fosse expelido de sua barriga através de um parto “natural”, aplicando medicamentos após estourar a bolsa de água. Antes da morte do bebê, a jovem peregrinou por quase um mês para que o parto fosse realizado.

O primeiro socorro aconteceu no dia 27 de dezembro. Com 8 meses de gestação, Ellem foi levada pelos familiares para o Posto de Saúde da Família (PSF), do bairro de Casa Amarela. Sentindo muitas dores, a jovem foi orientada pela médica da PSF para que procurasse atendimento na maternidade do Hospital Agamenon Magalhães, também localizado no mesmo bairro.

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Na unidade, a jovem foi atendida, medicada e, em seguida, recebeu alta médica. Pouco tempo depois, no dia 31 de dezembro, Ellem sentiu novas dores e procurou atendimento na Maternidade Professor Barros Lima, situada na Avenida Norte, Casa Amarela, onde escutou a mesma coisa: “Não está na hora do bebê nascer”. Por isso, tomou uma medicação e recebeu alta, conforme relata.

Reclamando de dores mais fortes, na última sexta-feira (18), às 5h15 da manhã, Ellem Cardoso retornou à Barros Lima, onde só foi atendida às 9 horas e 45 minutos da manhã, exatamente quatro horas e meia depois de sua chegada na unidade.

Na triagem, “a médica falou que não tinha ninguém para fazer a ultrassom e teria que estourar a minha bolsa de água”, relembra Ellem, com exclusividade ao LeiaJá. Segundo a jovem, foi nesse momento que médica revelou à gestante: “Você vai ser internada, mas se conforme porque o seu bebê já está morto”.

“A médica disse à minha mãe que o meu filho tinha feito cocô na minha barriga”, lembra a jovem, que mesmo correndo risco de vida, já que o bebê defecou dentro dela, foi obrigada pela equipe médica a passar pelo parto “natural”.

Ellem relata que a médica responsável colocou um comprimido pela via vaginal, para forçar o corpo da gestante a expelir o feto. “Meu filho nasceu todo roxo, com a língua para fora (da boca) e com o cordão umbilical todo enrolado em seu corpo, dos pés a cabeça”, recorda.

A jovem garante que, quando chegou na maternidade Barros Lima, sentia o seu bebê mexendo e em momento nenhum passou pela sua cabeça a possibilidade do seu filho estar morto, até o momento em que foi atendida pela equipe médica da unidade de saúde.

“Tudo aconteceu quando ela (a médica) estourou a minha bolsa. Foi por conta disso que ele ficou sem ar”, acredita Ellem Cardoso.

Se tivesse nascido vivo, esse seria o seu terceiro filho. Tudo já estava comprado, berço armado, só esperando a chegada do tão esperado bebê. O que não acontecerá mais.

O menino foi enterrado neste último domingo, dia em que Ellem teve alta médica da maternidade. “Eu não queria deixar enterrar o meu filho, foi muito doloroso ver aquilo”, salienta a jovem.

Após o enterro do pequeno, na segunda-feira (21) Ellem Cardoso de Santana precisou procurar por atendimento médico e ser internada porque, segundo afirma, a maternidade Barros Lima não fez a limpeza corretamente e deixou resto de parto dentro dela.

Desde então, a jovem está internada no Hospital Agamenon Magalhães para que os médicos façam os procedimentos necessários. A previsão de alta é daqui a sete dias, quando Ellem poderá, enfim, chegar em casa e rever seus outros dois filhos.

Processo

Os familiares pretendem processar o Estado pela morte do bebê. Eles afirmam que tudo se deu por conta da negligência médica. “Já estamos em contato com o advogado. Não vamos deixar passar barato o que aconteceu”, acentua Luis Eduardo de Jesus chagas, padrasto de Ellem.

O que diz a Secretaria de Saúde

A equipe de reportagem do LeiaJá entrou em contato com a Secretaria de Saúde do Recife, responsável pela Maternidade Professor Barros Lima. Confira a nota na íntegra.

Após análise do prontuário dos atendimentos da paciente na Barros Lima, a direção da Maternidade verificou que a mesma deu entrada na unidade no último dia 2 de janeiro, alegando sentir uma diminuição de movimentos fetais. Ela foi examinada, e nada foi constatado. A maternidade a encaminhou para um exame de ultrassonografia obstétrica, realizado no dia seguinte, com resultado normal.

A paciente voltou à Barros Lima nesta sexta-feira (18), com 4 centímetros de dilatação. Desta vez, não houve escuta fetal. O feto estava morto.

No prontuário que consta na Maternidade há relato de familiares alegando que, no dia 26 de dezembro, durante o pré-natal, a paciente fora diagnosticada com uma infecção urinária. Foi-lhe receitado um antibiótico. Ainda segundo consta no prontuário, a jovem não seguiu o tratamento, com receio pela gravidez. O uso de antibiótico foi reforçado em seu atendimento na Maternidade Barros Lima, no dia 2.

Seguindo todos os protocolos, o caso será encaminhado aos comitês da Secretaria de Saúde para averiguação.

Profissionais da área de saúde do Recife, Movimento Popular Nascer Bem e mais outros 14 movimentos sociais protestam nesta quinta-feira (5) por melhorias na Maternidade Barros Lima, localizada na Avenida Norte, Zona Norte da capital. O grupo denuncia que a maternidade está passando por sérios problemas estruturais, superlotação e que até ratos estão sendo encontrados dentro do bloco cirúrgico. Até o quadro de funcionários, segundo os manifestantes, opera com uma equipe de profissionais incompleta.

"As condições físicas não permitem a parturiente em trabalho de parto terem uma assistência ao parto de forma adequada. Hoje nosso ato é de abraçar simbolicamente as pessoas que estão na Barros Lima", diz a nota enviada à imprensa.

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E a reclamação segue: "inexistência de leitos com divisórias no pré-parto, bisturis elétricos não funcionam, das três salas cirúrgicas duas estão interditadas, os profissionais não dispõem de fios de sutura adequados, sem roupas cirúrgicas suficientes, sem cobertores de cama suficientes para as pacientes", afirmam na nota. Toda essa reclamação vem sendo divulgada para a sociedade em geral, "para que o poder público possa olhar para a situação em que se encontra o Sistema Único de Saúde (SUS); a população precisa", informa Marcus Silvestre, um dos organizadores do ato.

São as mais variadas reclamações sobre o estado do local, dentre elas, os profissionais que trabalham na maternidade informaram que "ocorre ainda problema nas transferências dos pacientes da obstetrícia, clínica médica e pediatria. Profissionais e usuários relatam que muitas vezes as pacientes são removidas sem maca, além de não ter ambulâncias suficientes".

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