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O Itamaraty confirmou em nota que o presidente Jair Bolsonaro (PL) viajará aos Estados Unidos para a IX Cúpula das Américas, marcada para ocorrer em Los Angeles entre os dias 6 e 10 de junho. Será o primeiro encontro do brasileiro com o presidente americano, Joe Biden, desde a posse do democrata em 2021.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, Bolsonaro resistia a participar do encontro multilateral para focar em sua agenda doméstica, incluindo a eleitoral, mas acabou convencido a ceder por conselheiros políticos e diplomatas, segundo apurou a reportagem. Os EUA chegaram a escalar o ex-senador americano Christopher Dodd para entregar o convite a Bolsonaro pessoalmente, o que aconteceu na última terça-feira, 24.

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O Ministério das Relações Exteriores evitou fornecer mais informações sobre a viagem e disse que detalhes sobre a agenda devem ser apurados junto à Secretaria de Comunicação (Secom). "O Itamaraty adota as medidas preparatórias à visita do Presidente da República a Los Angeles, para participar da próxima Cúpula das Américas", informa a pasta.

A Cúpula das Américas, a primeira sediada nos Estados Unidos desde o encontro inaugural em 1994, deve discutir temas como democracia, direitos humanos e preservação do meio ambiente, calcanhar de Aquiles para o presidente brasileiro, criticado internacionalmente pela devastação da floresta amazônica.

Bolsonaro e Biden colecionam trocas de farpas desde o período da eleição americana, sobretudo quando o assunto é preservação do meio ambiente.

Na contramão do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que determinou a abertura de um inquérito para investigar o advogado Marcelo Feller por críticas dirigidas ao presidente Jair Bolsonaro no quadro "O Grande Debate", da emissora CNN, a Procuradoria da República no Distrito Federal se manifestou pelo arquivamento do caso. Em parecer enviado ao juízo da 12ª Vara Federal do Distrito Federal nesta quinta-feira (21), o procurador João Gabriel Morais de Queiroz avalia que não há indicativo de crime a ser investigado, sob pena de constrangimento ilegal.

Para o advogado Alberto Zacharias Toron, que defende Marcelo Feller no caso, a manifestação reforça e "independência funcional" do Ministério Público Federal "O MPF revela uma independência funcional que resgata os valores mais importantes da nossa democracia e sepulta a opressão pela via da repressão policial", disse.

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O inquérito foi aberto em agosto de 2020 por ordem do próprio ministro da Justiça, André Mendonça, que usou como fundamento jurídico a Lei de Segurança Nacional (LSN), sancionada durante a ditadura militar para listar crimes que afetem a ordem política e social - incluindo aqueles cometidos contra a democracia, a soberania nacional, as instituições e a pessoa do presidente da República. Desde o início da pandemia, o dispositivo foi encampado pelo governo em pelo menos quatro outras ocasiões, a maioria contra profissionais da imprensa.

No caso em questão, o artigo citado é o 26, que prevê como crime "caluniar ou difamar o Presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, imputando-lhes fato definido como crime ou fato ofensivo à reputação". A pena é de um a quatro anos de prisão.

Na manifestação, a Procuradoria observa que a LSN não pode ser usada para "constranger ou perseguir" opositores políticos, por mais "ásperas" que sejam suas críticas. "Apesar dos arroubos antidemocráticos e da proliferação de defensores da ditadura observada nesses últimos anos, (ainda) vivemos, no Brasil, um sistema democrático de direito e, portanto, é com base nesse contexto democrático que a LSN deve ser interpretada e aplicada", pontua o procurador.

No documento, Queiroz afirma ainda que o uso do dispositivo deve ser reservado a "casos extremos" em que houver propósito de atentar contra a segurança do Estado e potencialidade de efetivamente cumprir esse objetivo. O procurador aproveitou para fazer uma defesa da liberdade de manifestação.

"É sempre bom relembrar que num Estado Democrático de Direito a liberdade de expressão é um direito fundamental e, dessa forma, deve ser assegurado o seu exercício ainda que vá de encontro aos interesses dos governantes de ocasião, não podendo ser tolerado o uso da força policial e, em última instância do direito penal, para coibir manifestações pacíficas e exercidas dentro da lei tão somente por conter críticas a autoridades públicas", escreveu.

Entenda o caso

O advogado criminalista Marcelo Feller está sendo investigado por declarações feitas durante uma das edições do quadro "O Grande Debate", da emissora CNN, por onde teve uma breve passagem. A atração reúne dois debatedores para defender posições contrárias sobre um tema previamente definido pela produção do programa. No dia 13 de julho, o assunto escolhido foi a atuação do governo federal na pandemia da covid-19 e o impacto dela sobre a imagem das Forças Armadas.

O tema foi definido na esteira da fala do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, de que Exército está se associando a um "genocídio", em referência à presença de militares no Ministério da Saúde durante a crise sanitária provocada pelo novo coronavírus. O ministro comentava a ausência de um titular na pasta, então comandada interinamente pelo general Eduardo Pazuello desde a queda do médico Nelson Teich mais de 50 dias antes.

Na ocasião, o advogado citou o estudo "Mais do que palavras: discurso de líderes e comportamento de risco durante a pandemia", desenvolvido em parceria por pesquisadores da Universidade de Cambridge e da Fundação Getulio Vargas. A pesquisa concluiu que atos e discursos do presidente Jair Bolsonaro contra o isolamento social como estratégia de combate à pandemia podem estar por trás de pelo menos 10% dos casos e mesmo de mortes pela Covid-19 registrados no Brasil.

Durante o debate, o criminalista usou termos como "genocida, politicamente falando", "criminoso" e "omisso" para se referir ao presidente. À reportagem do Estadão, Feller explicou que a menção a genocídio foi feita sob uma perspectiva político-social e que vê o inquérito como uma tentativa de silenciamento.

"Eu fui instado ao debate público, jornalístico, e consignei o estudo. Expliquei como, ao meu modo de ver, pelo menos naquele momento, era um erro juridicamente se falar em genocídio. Mas que a palavra genocídio não pode só ser vista sob uma perspectiva jurídica. Tem uma construção político-social em torno da palavra. E aí, o que eu disse, e ainda acredito, é que política, antropológica e socialmente falando, baseado neste estudo, isso é um genocídio", disse.

Com a repercussão do caso, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, e o Grupo Prerrogativas, que reúne cerca de 400 juristas e entidades representativas do Direito, saíram em defesa do advogado. Enquanto Santa Cruz classificou a iniciativa como uma tentativa de "intimidar", "criminalizar" e "tentar calar" as críticas sobre a condução da pandemia da Covid-19, o coletivo criticou a atuação "obscurantista" do ministro André Mendonça, a quem chamaram de "cão de guarda do Presidente da República".

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, no Rio de Janeiro, que a população está indo às ruas neste domingo (26) para defender o futuro do país. “Hoje, por coincidência, é um dia em que o povo está indo às ruas não para defender o presidente, um político ou quem quer que seja. Ele está indo para defender o futuro desta nação, uma manifestação espontânea com uma pauta definida, com respeito às leis e às instituições, mas com firme propósito de dar um recado àqueles que teimam, por velhas práticas, não deixar que esse povo se liberte”, afirmou, durante culto na Igreja Batista Atitude, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.

Dirigindo-se aos cerca de 4 mil fiéis que lotam a Igreja, Bolsonaro disse que, pela primeira vez na história do Brasil, há um presidente eleito que está cumprindo o que prometeu durante a campanha. “As palavras na política nem sempre representam a prática. Nós estamos casando a palavra com a prática, [e] os problemas se avolumam. Se fosse só eu a sofrer, eu até diria que vale a pena, mas quem está ao meu lado, parente ou não, também sofre. Nós estamos mudando o paradigma, mudando a forma de se apresentar junto a vocês, 208 milhões de pessoas às quais eu devo [ser] obediente, devo lealdade, devo o norte que tem que ser dado para o futuro do nosso Brasil.”

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Bolsonaro lembrou-se do momento em que levou uma facada no abdômen durante a campanha presidencial e, dirigindo-se ao pastor Josué Valandro Júnior, líder da Igreja, afirmou que não há um dia em que não agradece a Deus por ter sobrevivido. “Se os senhores estão aqui é porque acreditam em Deus. Juntos e somente com a força de vocês nós poderemos governar.”

Como fez em novembro, quando ainda presidente eleito e participou de um culto na igreja, Bolsonaro destacou a superação do povo de Israel das diante das dificuldades daquele país. Contou que já visitou Israel duas vezes, sendo a última como chefe de Estado. “Temos como exemplo aquela nação cujo povo sofreu muito mais do que nós. O que nos diferencia deles, ou o que nos une, é a fé. Nós temos como transformar o Brasil em uma grande nação. Peço-lhes oração para mim. Orações para o Brasil. Orações para as autoridades para que nós consigamos, de verdade, vencer esses obstáculos. Se lá, quase do outro lado do mundo, eles venceram, com a mesma fé seremos vitoriosos aqui no Brasil”, acrescentou.

O presidente agradeceu a confiança e a consideração que muitos tiveram por ele, afirmando ainda que a responsabilidade de conduzir o país é muito grande. “Essa missão Deus me deu e juntamente com vocês, no espírito fraterno, nós chegaremos a um porto seguro. Meus irmãos da Igreja Atitude, brasileiros de todos os rincões dessa nação maravilhosa, vamos juntos, tendo Deus no coração, colocar o Brasil no local de destaque que ele merece. Meu muito obrigado a todos”, concluiu.

Antes de passar a palavra a Bolsonaro, o pastor Valandro Júnior agradeceu a presença do presidente. “Quando alguém é eleito presidente da República, ele não é presidente apenas de quem votou nele. Ele passa a ser presidente de toda uma nação. É presidente dos que votaram e daqueles que nem sabem que houve eleição, porque vivem em um cantão do Brasil aonde a informação nem chegou”, disse.

Valandro Junior chamou o presidente e a primeira-dama ao palco para fazer a oração e os dois, de joelhos, ouviram o pastor. “Uma oração pela sua vida, pelos seus ministros por aqueles que estão em Brasília no Congresso Nacional e tenham uma proteção para esta nação para que seja uma nação melhor onde não haja divisão por raça, por sexo, por ideias”, destacou Valandro Junior.

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