Tópicos | Cúpula das Américas

O presidente Jair Bolsonaro esteve nos Estados Unidos na última semana para participar da IX Cúpula das Américas. Na quinta-feira (9), Bolsonaro teve uma conversa com Joe Biden, presidente dos EUA, que durou de 40 a 50 minutos e, dentre os temas, o presidente brasileiro pediu para Biden rever as taxas sobre aço por causa da sobretaxa criada por Donald Trump em 2018. 

Ainda no encontro, Bolsonaro chegou a pedir ajuda a Biden para vencer o ex-presidente Lula (PT) nas eleições de outubro. De acordo com fontes, Bolsonaro chegou a retratar Lula como um perigo para os interesses dos EUA e, enquanto isso, Biden destacou a importância de preservar a integridade eleitoral do Brasil e mudou de assunto quando se deu conta do pedido. 

##RECOMENDA##

->> Bolsonaro discursa a líderes na Cúpula das Américas

Ao classificar o pedido de Bolsonaro como “uma atitude de desespero”, o doutor em ciência política pela UFF e professor do curso de ciência política da Unicap e do curso de relações internacionais da Faculdade Damas, Antônio Lucena, informou que foi, “de certa forma”, um crime de lesa-pátria, que é um crime contra a pátria, em que ela foi ofendida ou atentado. 

“Você está pedindo que outro país interfira nas eleições para derrotar um opositor. Isso é o suprassumo de você ter uma interferência dentro de um processo eleitoral que se propõe a ser transferência pacífica de poder. Bolsonaro, além de não ter trato político, de ter endossado a questão das fraudes eleitorais nas urnas com Trump e Biden, ainda pede para Biden, que já tem pouco apreço por Bolsonaro, para interferir nas eleições aqui do Brasil”, expressou o especialista.

->> Biden quebra o gelo com Bolsonaro na Cúpula das Américas

Para ele, a ida do presidente aos EUA foi uma “sucessão de erros e escândalos”. “Também pode ser visto, de forma política, como desespero, porque tudo caminha para que 2022 seja o último ano do governo Bolsonaro”. 

Ainda sobre o desempenho de Bolsonaro no evento, Lucena afirmou que “não houve qualquer ganho para o Brasil”, o que é ruim, tendo em vista que um dos objetivos da Cúpula era o diálogo, sobretudo sobre as taxas do aço. “É para ficar atento como isso vai se desenrolar no futuro, mas esse era um dos objetivos e terminou não tendo [o diálogo]. A Cúpula das Américas também foi uma forma de trazer para a órbita dos Estados Unidos pelo menos o Brasil, que se não fosse ao encontro, ficaria esvaziado. O Brasil foi lá, participou, mas os ganhos não foram palpáveis”, observou.

O presidente Jair Bolsonaro cometeu um ato falho na noite desta sexta-feira, 10, e afirmou, em transmissão ao vivo nas redes sociais direto de Los Angeles, Estados Unidos, que teve uma reunião bilateral com o "presidente Trump".

Na verdade, Bolsonaro se encontrou com o presidente americano, Joe Biden, às margens da Cúpula das Américas. Derrotado por Biden nas eleições de 2021, Donald Trump é ex-presidente dos Estados Unidos e teve a reeleição publicamente apoiada pelo chefe do Executivo.

##RECOMENDA##

Após o erro, Bolsonaro deu uma leve risada. "Vai ser escândalo na imprensa", afirmou o presidente sobre o episódio. Em seguida, corrigiu e disse ter sentido confiança na conversa com Biden. "Preocupação dele é semelhante à nossa sobre as questões que acontecem no mundo todo", declarou.

Bolsonaro foi aos Estados Unidos para a Cúpula das Américas e reunião com Biden. Amanhã, estará em Orlando para a inauguração de um consulado, além de motociata e evento com cristãos, segundo disse o próprio presidente na live.

Líderes latino-americanos adotaram nesta sexta-feira (10), último dia da Cúpula das Américas, a Declaração de Los Angeles, que aplica o princípio da responsabilidade compartilhada para uma migração organizada, como solicita o presidente americano Joe Biden, uma medida ainda simbólica para o tamanho do problema.

"Uma migração segura e organizada é boa para todas as nossas economias, incluindo a dos Estados Unidos. Pode ser um catalisador para o crescimento sustentável, enquanto a migração irregular não é aceitável", afirmou Biden na quarta-feira, no discurso de abertura da nona Cúpula das Américas.

As palavras cruciais para Biden são responsabilidade compartilhada, porque Washington não deseja carregar todo o peso do fluxo migratório. Menos ainda a poucos meses das eleições de meio de mandato de novembro, quando a inflação elevada derruba sua popularidade.

Os detalhes do texto não foram divulgados, mas uma fonte do governo que pediu anonimato afirmou que Biden "está pedindo a todos os governos ao longo da rota migratória que estabeleçam ou fortaleçam o processo de asilo em seus respectivos países".

Também solicita que "reforcem suas fronteiras de maneira mais efetiva, com medidas de controle e expulsando as pessoas que não são elegíveis para asilo", acrescentou.

De acordo com a Casa Branca, com a Declaração de Los Angeles sobre Migração e Proteção, os EUA acolherão 20.000 refugiados da América Latina em 2023 e 2024 (três vezes mais que neste ano) e desembolsarão 314 milhões de dólares em ajuda para migrantes da região.

O número é bem menor do que os 100 mil ucranianos que os Estados Unidos se dispuseram a receber após a invasão russa.

Quase 7.500 migrantes sem documentos, em sua maioria procedentes da América Central, tentam atravessar diariamente a fronteira com os Estados Unidos, de acordo com dados oficiais do mês de abril.

O México aumentará de 10 mil a 20 mil o número de Cartões de Trabalhador de Fronteira e lançará um novo programa de trabalho temporário para entre 15 mil e 20 mil pessoas da Guatemala a cada ano, e espera ampliar o benefício para Honduras e El Salvador.

Belize, Costa Rica e Guatemala, entre outros, também colaboram, mas estas iniciativas estão longe de aliviar a situação dos migrantes que fogem massivamente da pobreza, violência e corrupção.

- Caravana -

Os migrantes passam pelo México, onde uma caravana de milhares de pessoas avança atualmente em direção aos Estados Unidos. Vários deles contaram à AFP que estão exaustos e alguns, em um ato de protesto pela demora nos procedimentos de salvo-conduto, costuraram os lábios.

A lista de países convidados à reunião de cúpula provocou discórdia, depois que o governo Biden optou por excluir Nicarágua, Cuba e Venezuela.

Em resposta, alguns países, liderados pelo México, decidiram boicotar o evento, como Bolívia e Honduras.

Outros participam do encontro, mas como porta-vozes dos que não foram convidados ou para expressar suas reivindicações.

- "Imperdoável"-

Na primeira sessão plenária da cúpula, na quinta-feira, o presidente argentino, Alberto Fernández, confrontou Biden ao discursar na qualidade de presidente 'pro tempore' da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), organização que conta com os três países excluídos pelos Estados Unidos.

"O fato de ser país anfitrião da Cúpula não outorga a capacidade de impor o direito de admissão", disse.

O primeiro-ministro de Belize, John Briceño, acompanhou o protesto. "Esta reunião de cúpula pertence a todas as Américas. Portanto, é imperdoável que todos os países das Américas não estejam aqui".

O presidente chileno, o esquerdista Gabriel Boric, reforçou sua reprovação às exclusões. "Seria diferente discutir em um fórum como este, com todos os países presentes, incluindo aqueles que decidiram não participar, a urgente necessidade da libertação dos presos políticos da Nicarágua e também a importância moral e prática de terminar de uma vez por todas com o injusto e inaceitável bloqueio dos Estados Unidos ao povo de Cuba", afirmou.

Além dos protestos pelas exclusões, existe, segundo a Argentina, a necessidade de "reconstruir instituições que foram pensadas" para a integração.

"A OEA, se quer ser respeitada e voltar a ser a plataforma política regional para a qual foi criada, deve ser reestruturada, removendo imediatamente aqueles que a dirigem", disse Fernandez, somando-se às críticas do México ao secretário-geral da organização, Luís Almagro.

Irritado com as exclusões, o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador não compareceu à cúpula e enviou o chanceler Marcelo Ebrard, que chamou as ausências de "erro estratégico".

Ebrard também criticou Almagro e defendeu "refundar a organização interamericana" durante a cúpula que, segundo declarou nesta sexta-feira, lança resultados muito positivos no tema migratório.

Reuniões bilaterais também ocorreram durante a cúpula, como a de Biden e o presidente Jair Bolsonaro, que afirmou ficar positivamente surpreso com o primeiro encontro entre ambos.

Bolsonaro, criticado com frequência por ecologistas por suas posições, surpreendeu nesta sexta-feira ao afirmar que não precisa da Amazônia "para expandir o agronegócio".

Além da Declaração de Los Angeles sobre Migração e Proteção, a reunião de cúpula deve adotar projetos de compromisso político sobre a governança democrática, saúde e resiliência, mudanças climáticas e sustentabilidade ambiental, transição para energia limpa e a transformação digital.

Diante de líderes das Américas na manhã desta sexta-feira, 10, o presidente Jair Bolsonaro se defendeu de acusações a respeito do desmatamento da Amazônia, disse estar "maravilhado" com o americano Joe Biden e reiterou as pautas ideológicas do bolsonarismo como defesa da família, dos militares e de liberdades de expressão e religiosa.

Criticado pela comunidade internacional durante os primeiros anos de seu mandato pelo afrouxamento dos controles de desmatamento e aumento nos índices de queimadas na Amazônia, Bolsonaro usou boa parte do discurso para falar da preservação da Floresta. "Somos um dos países que mais preserva o meio ambiente e suas florestas. Mesmo preservando 66% de nossa vegetação nativa e usando apenas 27% do nosso território para pecuária e agricultura somos uma potência agrícola e sustentável. Não necessitamos da região amazônica para expandir nosso agronegócio", afirmou.

##RECOMENDA##

Desde que Biden tomou posse, o governo brasileiro foi pressionado a mudar sua política ambiental e se comprometer com ações concretas para redução do desmatamento. Em abril do ano passado, Brasília fez uma inflexão na sua retórica ambiental durante a Cúpula Climática promovida por Biden e, desde então, os americanos têm elogiado nos bastidores o compromisso do governo brasileiro sobre o assunto.

"Os nossos desafios são proporcionais ao nosso tamanho. Lembro que a área da região amazônica equivale à toda Europa Ocidental", justificou Bolsonaro, que afirmou que o Código Florestal deveria "servir de exemplo" a outros países.

Fã declarado do ex-presidente americano Donald Trump, Bolsonaro repetiu - desta vez em frente aos demais presidentes e diplomatas da região - que ficou "maravilhado" com Joe Biden. "A experiência de ontem (quinta, 9) como a de Biden foi simplesmente fantástica. Estou realmente maravilhado e acreditando em suas palavras e naquilo que foi tratado reservadamente", disse. O presidente contou aos presentes que, além da bilateral com o americano, manteve uma conversa reservada com Biden. Bolsonaro também quis demonstrar que os dois mantiveram proximidade e afirmou que ficaram sentados em uma distância inferior a um metro e "sem máscara", apesar de não estar vacinado contra covid.

O presidente dos EUA tentou se manter o mais distante possível de Bolsonaro desde que chegou à Casa Branca, em janeiro de 2020. O encontro entre os dois em Los Angeles foi costurado a contragosto por ambos. Biden se curvou à ideia de convidar Bolsonaro para um encontro bilateral diante do risco de sediar uma Cúpula das Américas esvaziada e depois de assistir a aproximação de Bolsonaro e de Alberto Fernández (Argentina) a Vladimir Putin, na iminência do início da guerra na Ucrânia.

"Senti muita sinceridade e muita vontade (do Biden) em resolver os problemas que fogem, obviamente, da total responsabilidade de cada um de nós, mas juntos poderemos buscar alternativas para pôr um fim nesse conflito. Eu acredito que todos trabalhando dessa maneira atingiremos os nossos objetivos, em especial o governo americano", emendou. Apesar da alegada boa conversa com Biden, Bolsonaro faltou ao jantar oferecido pelo americano aos líderes estrangeiros na noite de quinta-feira.

O presidente brasileiro também incluiu no discurso falas que reforçam as bases ideológicas de seu governo, como costuma fazer desde nos pronunciamentos perante os presentes na Assembleia-Geral da ONU. "Atualmente vemos ataque claro às liberdades individuais", afirmou Bolsonaro. "Afirmamos que temos um governo que acredita em Deus, respeita os seus militares, é favorável à vida desde sua concepção, defende a família e deve lealdade a seu povo", disse.

Biden não estava no local. O governo americano foi representado pelo Secretário de Estado, Antony Blinken, enquanto o presidente dos EUA fazia, fora dali, um discurso sobre inflação e economia doméstica no porto de Los Angeles.

'Busca incansável'

Em discurso na plenária da Cúpula das Américas, em Los Angeles, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que autoridades do País têm trabalho "desde o primeiro momento" para localizar o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira. "Desde o último domingo, quando tivemos informação que dois cidadãos desapareceram na região do Vale do Javari, desde o primeiro momento, as nossas forças armadas e PF têm se destacado na busca incansável da localização dessas pessoas. Pedimos a Deus que sejam encontrados com vida", disse Bolsonaro.

Reportagem desta sexta-feira, 10, publicada no Estadão mostra que, passados cinco dias do desaparecimento da dupla, o governo federal ainda não enviou para a região do Vale do Javari a Força Nacional de Segurança, ao contrário do que costuma ocorrer em casos que envolvem regiões com pouca estrutura de segurança. Além disso, a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos (ACNUDH), Ravina Shamdasani, afirmou nesta sexta-feira, 10, que o governo brasileiro foi "lento" para reagir ao caso.

O desaparecimento do jornalista e do indigenista na Amazônia foi um foco de tensão na passagem de Bolsonaro pelos EUA. Além do protesto de ativistas na frente do hotel do presidente, parlamentares do partido democrata e ativistas queriam que Biden cobrasse Bolsonaro sobre posicionamento a respeito do caso.

O ministro da Justiça, Anderson Torres, teve reuniões com o governo americano e britânico sobre o desaparecimento do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira na Amazônia. Em Los Angeles, Torres se reuniu com o assessor para meio ambiente do governo Biden, John Kerry, e com diplomatas britânicos. Britânicos e o americano pediram que o Brasil esgote as possibilidades na investigação.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Brasil possui desafios na área ambiental proporcionais ao seu tamanho, mas enfatizou que o seu governo reforçou o combate ao desmatamento, passando a incluir o Ministério da Justiça. Segundo ele, o Brasil é um dos países que mais preserva o meio ambiente e possui uma legislação ambiental "completa e restritiva".

"Os nossos desafios são proporcionais ao nosso tamanho. Lembro que a área da região amazônica equivale à toda Europa Ocidental", disse Bolsonaro, durante discurso na IX Cúpula das Américas.

##RECOMENDA##

O presidente afirmou ainda que o Brasil é uma "potência agrícola sustentável" e que não necessita da região amazônica para expandir o setor de agronegócio. "Nosso Código Florestal deve servir de exemplo para outros países".

Durante discurso na Cúpula das Américas, Bolsonaro disse ainda que, para a proteção das florestas, o governo federal reforçou o combate ao desmatamento e estabeleceu operações sob a coordenação e controle do Ministério da Justiça. Afirmou também que o Brasil é pioneiro na transição energética, com recordes de energia eólica e solar em 2021.

"Nesse momento, em que países desenvolvidos recorrem a combustíveis fósseis, o Brasil assume papel fundamental como fornecedor de energia totalmente limpa rumo a uma nova economia neutra em emissões", afirmou o presidente brasileiro.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o acordo de gás da "vaca muerta" com a Argentina está mantido, mas que o Brasil não deixará de importar gás da Bolívia.

"Presidente argentino, Alberto Fernandéz, continua em frente o nosso acordo de gás da Vaca Muerta. Pode ter certeza, será bom para nossos dois países e nós não deixaremos de continuar importando gás da Bolívia", disse, durante discurso, na IX Cúpula das Américas.

##RECOMENDA##

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que há no Brasil e em parte do mundo um "claro ataque" às liberdades individuais por opiniões diferentes. Disse ainda, durante o seu discurso na IX Cúpula das Américas, que o Brasil assume o compromisso com a integração das Américas como continente "próspero e democrático".

"Atualmente vivemos, no Brasil e em parte do mundo, um ataque claro às liberdades individuais por opinar de forma diferente. Deixo aqui uma mensagem de compromisso do Brasil com a integração das Américas como continente próspero e democrático", afirmou Bolsonaro.

##RECOMENDA##

Segundo ele, em seu mandato, o Brasil manteve presença nos fóruns hemisféricos e regionais e trabalhou pela democracia, liberdade e prosperidade econômica e social. "No Brasil, já se entende que a liberdade é um tema que é a própria vida, pois um homem ou mulher sem liberdade não tem vida", concluiu.

O presidente Jair Bolsonaro discursa, nesta sexta-feira (10), na segunda sessão plenária da IX Cúpula das Américas, às 9h15 de Los Angeles (13h15 de Brasília). A cada dia, líderes da região fazem rodízio e sobem ao púlpito para falar a uma plateia com representantes de mais de 20 países, apesar das baixas pelas exclusões de Venezuela, Cuba e Nicarágua.

Na agenda de Bolsonaro de hoje, após discursar na Cúpula, deve ter reuniões bilaterais com outros países, como Colômbia e Equador, e ainda fará sua tradicional live, às 19 horas, de Brasília. A transmissão ocorre geralmente às quintas-feiras, mas foi remanejada para hoje em razão da reunião bilateral do brasileiro com o presidente Joe Biden, na noite de ontem.

##RECOMENDA##

No primeiro encontro com o norte-americano, temas globais e o meio ambiente dominaram a conversa, segundo fontes da comitiva brasileira. Bolsonaro teria pedido ainda a Biden para rever as tarifas extras sobre o aço por conta da sobretaxa criada em 2018, ainda no governo de Donald Trump. Biden ficou de avaliar o tema.

O encontro teria durado entre 40 minutos e 50 minutos. Deste período, metade da reunião contou com a presença de ministros do Brasil e o restante foi uma conversa tête-à-tête entre Bolsonaro e Biden. O papo reservado foi um pedido do próprio brasileiro e teve, além dos presidentes do Brasil e Estados Unidos, os chanceleres dos países, que atuaram como tradutores.

Bolsonaro não abriu os temas da conversa e disse que são "segredos de Estado". Apesar do contragosto de ambos os líderes para o encontro, o brasileiro disse que foi "melhor do que ele esperava".

Encerrada a agenda em Los Angeles, Bolsonaro embarca para Orlando, na Flórida, reduto de brasileiros, onde deve inaugurar amanhã a vice-presidência do Consulado do Brasil, às 9h30, no horário local (10h30 de Brasília). Na sequência, o presidente terá um encontro com a comunidade brasileira, em Orlando, conforme a sua agenda oficial. Uma motociata com a participação de Bolsonaro também está prevista, segundo apoiares.

O presidente Jair Bolsonaro desceu da posição de chefe de Estado para trocar provocações com o ator Mark Ruffalo nas redes sociais. Ele rebateu as críticas em uma piada com o nome do interprete do Hulk e menosprezou o trabalho do ator como um dos heróis do universo Marvel.

Antes do encontro entre o brasileiro e o presidente norte-americano Joe Biden na Cúpula das Américas, Ruffalo publicou uma mensagem de alerta para que o chefe da Casa Branca não confiasse em Bolsonaro. "O homem com quem você está se encontrando hoje não respeita a democracia e ameaça consistentemente um golpe", escreveu.

LeiaJá também: Reunido com Bolsonaro, Biden defende democracia e Amazônia

##RECOMENDA##

Assim como Leonardo DiCaprio, o artista é uma das estrelas de Hollywood que criticaram publicamente a política promovida pelo brasileiro, especialmente à sua falta de comprometimento com a agenda ambiental.

Bolsonaro voltou às atenções ao ator e fez piada com seu nome para iniciar uma série de publicações em tom de zombaria. Ele diminuiu a atuação do personagem Hulk e disse que apenas está protegendo o Brasil. 

"Caro Mark Ruffles, calma! Tenho certeza que você nunca leu a Constituição brasileira, mas posso garantir que não é nada como os roteiros complicados do Hulk que você tem que memorizar: ‘AHGFRR’", respondeu.

O chefe de Estado ainda fez um comparativo com o confronto de super-heróis para rechaçar o posicionamento de Ruffalo, no qual o próprio Bolsonaro se identificou como o Capitão América e deixou para o ator o papel do vilão Thanos.

Por fim, afirmou que o "Hulk original" vivido no final da década de 70 pelo fisiculturista Lou Ferrigno era muito mais legal. "Ele não precisava de um computador para parecer forte e realmente entendia algo sobre a natureza", apontou.

[@#video#@]

O encontro do presidente Jair Bolsonaro com Joe Biden nesta quinta-feira, 9, o primeiro entre os dois líderes, teve a pauta ambiental e a democracia no Brasil como temas centrais. Os dois assuntos são caros para os americanos. Biden defendeu as instituições do País e elogiou o governo pela proteção da Amazônia, enquanto Bolsonaro manteve sua retórica e afirmou que por vezes sente a soberania brasileira ameaçada quando o assunto é a Floresta.

A imprensa pôde acompanhar a abertura da reunião, momento em que os presidentes normalmente trocam rápidos cumprimentos. Biden fez um curto pronunciamento. "O Brasil é um lugar maravilhoso. Por sua democracia vibrante e inclusiva e instituições fortes, nossas nações são ligadas por profundos valores compartilhados", afirmou Biden. O americano também falou sobre a proteção da Amazônia, disse que o Brasil tem feito um bom trabalho para proteger a floresta e que defende que o resto do mundo ajude a financiar a proteção da área.

##RECOMENDA##

Também afirmou que já esteve no Brasil três vezes. A fala inicial do americano foi protocolar e durou cerca de um minuto e meio.

Já Bolsonaro fez um discurso longo para os padrões do momento, de mais de 6 minutos, no qual deu justificativas para três assuntos que preocupam os americanos: seu posicionamento sobre eleições brasileiras, a proteção da Amazônia e a relação com a Rússia. Ele não recuou, no entanto, na retórica que tem mantido no Brasil.

Sobre eleições, Bolsonaro falou que o País terá eleições livres, justas e que trabalha para que sejam auditadas. "Nós queremos, sim, eleições limpas, confiáveis e auditáveis", disse.

A Casa Branca sabe que a retórica do presidente brasileiro para atacar o sistema eleitoral passa pela alegação de que urnas eletrônicas não são auditáveis. Pouco antes da reunião com o americano, na saída do hotel onde está hospedado, Bolsonaro disse que o sistema é inauditável, o que é falso.

Também antes do encontro, Bolsonaro disse que não faria comentários sobre as eleições americanas de 2020. Último líder do G-20 a cumprimentar Biden pela vitória contra Donald Trump, Bolsonaro repetidas vezes repetiu alegações do republicano que põem em dúvida a legitimidade da eleição de Biden. "Vocês sabem que eu tive um excelente relacionamento com o presidente Trump. Isso é passado", afirmou Bolsonaro antes da reunião.

Bolsonaro mantinha com Trump uma relação de admiração e replicava, no Brasil, o estilo e as políticas do republicano. Durante os dois anos em que ambos exerceram a presidência, Trump recebeu Bolsonaro nos EUA duas vezes -- uma delas na Casa Branca e a outra na residência de verão do presidente americano, em Mar-a-Lago. Eles também se encontraram no G-20 em Osaka, Japão. Todos os encontros foram amigáveis e com declarações públicas de admiração. Quebrando uma tradição diplomática, Bolsonaro declarou sua torcida pela vitória de Trump.

A reunião com Biden foi bastante diferente. Os presidentes não sorriram, não deram aperto de mão em frente aos jornalistas e não se elogiaram. Em boa parte do tempo, Biden olhava para as próprias mãos enquanto Bolsonaro discursava.

Ao sair para o encontro com Biden, Bolsonaro falou calmamente com a imprensa e respondeu todas as perguntas dos jornalistas. Declarou-se "tranquilo" e "em paz", para o encontro com o democrata. O presidente dos EUA tentou se manter o mais distante possível de Bolsonaro desde que chegou à Casa Branca, em janeiro de 2020. O encontro entre os dois foi costurado a contragosto por ambos. Biden se curvou à ideia de convidar Bolsonaro para um encontro bilateral diante do risco de sediar uma Cúpula das Américas esvaziada e depois de assistir a aproximação de Bolsonaro e de Alberto Fernández (Argentina) a Vladimir Putin, na iminência do início da guerra na Ucrânia.

Com o encontro Biden tentou um equilíbrio delicado. Como anfitrião e responsável pelo convite a Bolsonaro, foi aconselhado a evitar o que os diplomatas chamam de "caneladas". Por outro lado, foi cobrado por sua base política e de eleitores a cobrar Bolsonaro pela defesa do sistema eleitoral brasileiro, de compromissos ambientais e democráticos.

Viagem

Nesta sexta-feira, Bolsonaro fará um curto discurso na plenária da Cúpula das Américas. Depois, terá encontros bilaterais com os presidentes da Colômbia, Iván Duque, e do Equador, Guilherme Lasso. Ele não se reunirá com os presidentes de esquerda do Chile, Gabriel Bóric, e da Argentina, Alberto Fernández.

De Los Angeles, o presidente viaja a Orlando, na outra costa dos Estados Unidos, onde fará uma agenda política. Ele irá inaugurar o vice-consulado de Orlando, um pleito antigo dos brasileiros que moram no local. Reduto da comunidade brasileira nos EUA, a região concentra lideranças evangélicas e apoiadores de Bolsonaro no exterior. Ele deve participar ainda de uma motociata em sua homenagem e pode encontrar o blogueiro foragido da Justiça, Allan dos Santos, que estará na cidade.

O presidente Jair Bolsonaro disse que promessas de recursos para a Amazônia sempre surgem, mas muitas não se concretizam. "O pessoal sempre fala em botar dinheiro na Amazônia, mas na hora de botar na mesa, não acontece", reclamou a jornalistas, ao deixar o hotel em que está hospedado, em Los Angeles, com destino à Cúpula das Américas.

Bolsonaro também lamentou o desaparecimento do inglês Dom Phillips e do brasileiro Bruno Pereira. "Não tenho notícia do paradeiro deles, a gente pede a Deus para que sejam encontrados vivos, mas a gente sabe que a cada dia que passa essas chances diminuem", afirmou.

##RECOMENDA##

Segundo o presidente, desde o primeiro dia, quando foi dado o sinal de alerta pelo desaparecimento, a Marinha entrou em campo e, na sequência, outras Forças Armadas e a Polícia Federal foram acionadas. Há, conforme ele, quase 300 pessoas nas buscas - dois aviões, helicópteros e barcos. "Agora eles entraram numa área, não participaram à Funai. Tem um protocolo a ser seguido, e naquela região normalmente você entra escoltado. Foram para uma aventura. A gente lamenta pelo pior", afirmou.

Bolsonaro também voltou a criticar organizações não governamentais (ONGs). Disse que é preciso ficar preocupado com os recursos administrados por essas instituições. "Parte não trabalha corretamente", afirmou.

Ao se referir a temas globais, Bolsonaro disse que o fenômeno de inflação está no mundo todo e que o Brasil não está fora.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que não veio a Los Angeles, onde terá a primeira reunião bilateral com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, falar do passado, ao ser questionado sobre as eleições presidenciais dos Estados Unidos, quando apoiou Donald Trump.

"Não vim aqui tratar desse assunto. Já é passado. Vocês sabem que eu tive um excelente relacionamento com o presidente Trump. O presidente agora é Joe Biden, é com ele que eu converso, ele é o presidente e não se discute mais esse assunto", disse a jornalistas, ao deixar o hotel em que está hospedado com destino à IX Cúpula das Américas.

##RECOMENDA##

Bolsonaro afirmou que foi convencido a vir para o encontro com Biden após acertar as agendas com os EUA. Disse que está "tranquilo" para a reunião, que "estudou bastante sobre os interesses" do País e que espera uma "boa conversa". "Estou em paz, tranquilo, estudei bastante o assunto. (Vou) Defender os interesses do meu país, não o meu interesse".

Sobre demandas do Brasil a serem feitas no encontro com Biden, Bolsonaro afirmou que não trouxe nenhum pedido formal, mas que falará de temas importantes como a guerra na Ucrânia e fertilizantes. "Espero que o conflito na Ucrânia acabe rápido. O mundo todo está sofrendo". Seu intuito, emendou, é conversar com o presidente dos EUA, grande parceiro do Brasil, e aprimorar as relações entre os países. "Queremos aproximação cada vez maior com países democráticos como os Estados Unidos", afirmou.

Ao ser questionado sobre a fala do presidente norte-americano, que disse que a democracia estaria em risco ao redor do mundo, Bolsonaro disse que a América Latina é muito grande e que sua briga é pela liberdade. "Quanto mais transparência nas eleições, melhor", afirmou o presidente, acrescentando que o sistema eleitoral brasileiro é inauditável, quando perguntando sobre o fato de não terem sido encontrados indícios de fraude.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, se encontraram nesta quinta-feira, 9, durante a Cúpula das Américas, em Los Angeles. Segundo comunicado da Casa Branca, os dois líderes discutiram os desafios do cenário global, entre eles gargalos na cadeia produtiva, pandemia e guerra na Ucrânia.

Os chefes de Estado conversaram sobre o potencial de os dois países desenvolverem conjuntamente a capacidade de produção de minerais, em um esforço para tornar as cadeias globais mais resilientes, de acordo com a nota.

##RECOMENDA##

Biden e Trudeau ainda ressaltaram o compromisso em responsabilizar a Rússia pela invasão da Ucrânia, além de fornecer apoio econômico, financeiro e humanitário a Kiev.

O presidente Jair Bolsonaro desembarcou no Aeroporto Internacional de Los Angeles, nos EUA, para participar da IX Cúpula das Américas, conforme imagens divulgadas pelo Planalto. Ele já deixou o local e se encaminhou para um hotel, no centro de Los Angeles. Além da imprensa que acompanha a comitiva brasileira e a equipe de segurança do chefe brasileiro, alguns poucos apoiadores do presidente já estavam no local.

Bolsonaro vai participar hoje da sessão plenária com chefes de Estado na Cúpula das Américas, que acontece às 17h45, no horário de Brasília, início da tarde em Los Angeles, conforme agenda oficial do presidente. Em seguida, terá um encontro bilateral com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, previsto para às 19h10, no mesmo local do evento, que acontece no Centro de Convenções de Los Angeles. É o primeiro encontro entre os líderes de EUA e Brasil desde que o democrata assumiu a Casa Branca, em janeiro de 2021.

##RECOMENDA##

Na sexta-feira (10), Bolsonaro participa da segunda sessão plenária da IX Cúpula das Américas - que acontece às 9h15, em Los Angeles; 13h15 no horário de Brasília -, onde deve discursar. Depois, parte para a Flórida, reduto de brasileiros, para inaugurar o vice-consulado do Brasil na manhã de sábado. A agenda de Bolsonaro em Orlando ainda não foi divulgada.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, assumiu interinamente nesta quarta-feira (8) a Presidência da República, em função da viagem internacional do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, onde participa da 9ª edição da Cúpula das Américas, até esta sexta-feira (10), em Los Angeles. O encontro reúne líderes dos países da América do Norte, América do Sul, América Central e Caribe. Pacheco assumiu porque o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, está em visita oficial à Espanha, até o próximo sábado (11), e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, segundo na linha sucessória, está na comitiva de Bolsonaro.

Na sexta-feira, na condição de presidente da República, Rodrigo Pacheco visitará João Pessoa e Campina Grande, na Paraíba, para participar das festas de São João. Paralelamente, a Presidência do Senado será assumida pelo 1º vice-presidente da Casa, senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB).

##RECOMENDA##

Esta é a segunda vez que Rodrigo Pacheco assume a Presidência da República em caráter interino. A primeira ocorreu no início de maio, com a viagem de Bolsonaro a Guiana. Na ocasião, Mourão estava no Uruguai e Lira, nos Estados Unidos.

De acordo com o artigo 80 da Constituição, em caso de impedimento do presidente e do vice-presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal (STF).

*Da Agência Senado

Joe Biden terá nesta quinta-feira (9) sua primeira reunião desde que chegou à Casa Branca com o colega brasileiro Jair Bolsonaro, um encontro no âmbito da Cúpula das Américas, onde o presidente dos Estados Unidos defendeu unidade e diálogo.

"Vamos trabalhar para construir o futuro que esta região merece", disse Biden na quarta-feira ao final do discurso de abertura do evento, no qual afirmou que a democracia "é o ingrediente essencial para o futuro".

"Nossa região é grande e diversificada. Nem sempre concordamos em tudo, mas em uma democracia abordamos nossas divergências com respeito mútuo e diálogo", disse.

Uma afirmação que ele poderá colocar em prática nesta quinta-feira com o presidente de extrema-direita.

Inicialmente, Bolsonaro relutou em comparecer à Cúpula das Américas, mas um cenário de intensa atividade diplomática e a oferta de um encontro bilateral acabaram por convencê-lo.

Grande admirador do ex-presidente republicano Donald Trump, Bolsonaro tem pouca afinidade com Biden e foi um dos últimos líderes mundiais a reconhecer sua vitória eleitoral.

As divergências entre ambos são óbvias: o Brasil permanece neutro a respeito da guerra na Ucrânia, na qual os Estados Unidos lideram a mobilização ocidental e, assim como Trump, Bolsonaro levantou sem provas o fantasma de uma possível fraude eleitoral nas eleições presidenciais de outubro, quando enfrentará o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Este será um dos temas abordados na reunião bilateral, quando Biden mencionará a importância de "eleições abertas, livres, justas, transparentes e democráticas", afirmou na quarta-feira Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional de Biden.

Os dois presidentes também discordam sobre a mudança climática. Bolsonaro considera que Biden tem uma "obsessão pela questão ambiental" devido às pressões para que o Brasil combata de maneira ativa o desmatamento na Amazônia.

A nona Cúpula das Américas é afetada pela ausência de vários presidentes, incluindo o mexicano Andrés Manuel López Obrador, descontente com a decisão de Washington de excluir os governos de Cuba, Nicarágua e Venezuela, por considerá-los ditaduras.

López Obrador enviou seu chanceler, Marcelo Ebrard, que considerou a exclusão um "erro estratégico" e disse que o México defende "refundar a ordem interamericana". "É evidente que a OEA e sua forma de atuar estão esgotadas", afirmou sobre a Organização dos Estados Americanos.

O governo dos Estados Unidos precisa atuar com cuidado para não perder influência em uma região na qual a China avança e se tornou a primeira ou segunda sócia comercial de muitos países.

A Cúpula das Américas deveria servir justamente para estimular a relação de Washington com os países latino-americanos e superar Pequim.

De acordo com o Council of Foreign Relations, o presidente chinês, Xi Jinping, visitou a região 11 vezes desde que assumiu o cargo, em 2013, e Joe Biden nenhuma desde janeiro de 2021.

- Anúncios a conta-gotas -

Washington não tem a intenção de reagir com anúncios financeiros astronômicos, explicou Jake Sullivan, e sim com ações para "desbloquear quantias significativas de financiamento privado".

Desde o início do evento, o governo americano anunciou algumas iniciativas: uma aliança para a prosperidade econômica, uma proposta de reforma do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e 1,9 bilhão de dólares do setor privado para estimular a criação de empregos e conter a migração a partir de Honduras, Guatemala e El Salvador, assim como a criação de um Corpo de Saúde das Américas para melhorar a formação de 500.000 profissionais da região.

Nesta quinta-feira, os líderes dos países participam na primeira sessão plenária. Na sexta-feira acontecerão as duas restantes.

Cinco projetos de compromisso devem ser adotados na cúpula para cinco áreas: governança democrática, saúde e resiliência, mudanças climáticas e sustentabilidade ambiental, transição para energia limpa e a transformação digital.

Além disso, durante o evento será adotada a chamada Declaração de Los Angeles sobre Migração. Enquanto os representantes dos países debatem, milhares de migrantes sem documentos avançam pelo México em uma caravana com destino aos Estados Unidos.

A Meta, casa matriz do Facebook, quer garantir a difusão de informação confiável em suas plataformas, populares na América Latina, e um acesso seguro a seu metaverso, afirmou seu presidente de Assuntos Globais, Nick Clegg.

Queremos "que quando nossos serviços forem usados em eleições e momentos de maior debate, tenhamos um papel responsável para garantir às pessoas acesso a informação autorizada", disse Clegg em entrevista à AFP em Los Angeles, onde participa da Cúpula das Américas.

##RECOMENDA##

"E se observamos a forma como nossos serviços têm sido usados na América Latina durante a pandemia (...), o WhatsApp foi uma das formas mais importantes em que as pessoas encontraram acesso a informação confiável sobre onde poderiam conseguir uma vacina", avaliou.

"Trabalhamos com 'fact checkers' independentes na América Latina, trabalhamos no WhatsApp com muitos governos na região para ajudar as pessoas a encontrar informação confiável sobre a pandemia e eleições", explicou.

"Se as pessoas não se sentem seguras, não vão usar nossos aplicativos. É para a sociedade, mas também para nosso próprio interesse", acrescentou Clegg.

A AFP faz parte do programa de verificação digital da Meta em mais de 80 países e 24 idiomas. No âmbito deste programa, a Meta paga a cerca de 80 organizações, incluindo meios de comunicação e checadores especializados, em troca de usar suas verificações em Facebook, WhatsApp e Instagram.

Assim, o conteúdo qualificado como "falso" atinge um público menor. O usuário que tenta compartilhar essa publicação recebe um artigo explicando que o mesmo é enganoso e quem já a compartilhou recebe uma notificação com um link para a verificação. Nenhuma publicação é retirada das plataformas e os checadores de fatos são livres para escolher como ou o que averiguar.

- Metaverso -

Número três no comando da gigante californiana, Clegg avaliou que há grandes oportunidades para a América Latina com o metaverso, universo virtual onde é possível ter uma vida paralela, a grande aposta de Mark Zuckerberg.

"Vai beneficiar a América Latina porque haverá uma economia digital totalmente nova e as pessoas vão vender e comprar serviços e benefícios digitais que ainda não foram inventados. O potencial é enorme no continente", afirmou.

Mas ele não se arriscou a antecipar planos de investimentos. "Estamos em uma viagem, nas primeiras etapas desta viagem para o metaverso, e não posso dizer hoje exatamente como vamos investir no futuro", acrescentou.

Diferentemente das redes sociais atuais, onde uma publicação com ameaça ou assédio pode ficar no ar por horas antes de ser derrubada, com o metaverso isto poderá ser melhor controlado, explicou.

"No futuro seria muito diferente. Isso vai dar às pessoas muito mais controle, como controlar sua interação. Se eu não quero falar com você no futuro do metaverso, eu posso simplesmente sair do espaço de um momento a outro", como na vida cotidiana, quando não se quer interagir com alguém.

Um dos princípios "fundamentais" do metaverso "será a interoperabilidade".

Isso significa que "no futuro, se estamos falando no metaverso da Meta e queremos ir juntos ver um show no metaverso da Microsoft (...), podemos passar de uma parte a outra do metaverso", detalhou Clegg.

Por isso mantêm conversas com Microsoft, Google, Magic Leap, além de governos e especialistas, para estabelecer as regras, destacou.

"Que seja uma experiência que tenha liberdade de circulação de um metaverso para outro, mas também segurança. Esse equilíbrio entre liberdade e segurança é fundamental", explicou.

- A essência do WhatsApp -

Sobre o WhatsApp, outra ferramenta popular na região, Clegg disse que estudam a forma de monetizá-la, mas sem perder sua essência.

"Agora não monetizamos o WhatsApp muito em comparação com o Facebook e o Instagram porque não há publicidade da mesma forma", lembrou.

"Estamos tentando ver como as pessoas podem usar o WhatsApp para pagar" suas compras "sem trocar" o motivo pelo qual "as pessoas gostam de usar o WhatsApp, que é (ser) simples, privado, seguro", detalhou.

Outro dos objetivos da Meta, segundo Clegg, é garantir que as pequenas e médias empresas latino-americanas que usam suas plataformas para negócios continuem a fazê-lo sem contratempos.

O presidente Jair Bolsonaro se reunirá pela primeira vez com o contraparte americano, Joe Biden, nesta quinta-feira (9), em Los Angeles, após ter mantido uma relação fria devido à sua proximidade com seu antecessor, Donald Trump.

Confira a seguir alguns dos temas que mais dividem os dois presidentes e marcarão o encontro, previsto à margem da Cúpula das Américas.

- "O Trump dos trópicos" -

Bolsonaro, conhecido como o "Trump dos trópicos", é um grande admirador do ex-presidente republicano, de quem copiou métodos e estratégias, segundo analistas, como sua preferência pelas redes sociais como meio para se comunicar.

O presidente brasileiro foi um dos últimos líderes mundiais a reconhecer a vitória de Biden sobre Trump, o que só fez 35 dias depois das eleições, em dezembro de 2020. Além disso, adotou o discurso do republicano de que pode ter havido "fraude" na votação.

Em seguida, prometeu uma relação "pragmática" e de "aproximação" com Biden, que de fato avançou pouco.

Na terça-feira, dois dias antes da reunião, Bolsonaro afirmou em uma entrevista que ainda duvida do resultado da eleição americana: "Trump estava muito bem. E muita coisa chegou para gente que a gente fica com pé atrás".

- Desafio ao sistema de votação -

Assim como Trump nos Estados Unidos, Bolsonaro levanta - sem provas - o fantasma de uma possível fraude orquestrada através do sistema de urna eletrônica para favorecer o esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva, favorito nas pesquisas para a eleição presidencial del 2 de outubro.

Altos membros da Justiça brasileira e políticos opositores temem que as ameaças de Bolsonaro podem se tornar um desafio concreto ao resultado, caso ele seja derrotado.

Nesta quarta, um assessor de Biden afirmou que o presidente democrata "discutirá eleições abertas, livres, justas, transparentes e democráticas" com Bolsonaro.

- "Neutralidade" perante a Ucrânia -

A Ucrânia representa o mais recente episódio controverso na relação bilateral.

Em fevereiro, a visita de Bolsonaro ao presidente russo, Vladimir Putin, a quem ofereceu sua "solidariedade" dias antes de que invadisse a Ucrânia, gerou mal-estar nos Estados Unidos. O país garantiu que a viagem havia deixado o Brasil isolado da "grande maioria da comunidade internacional".

Bolsonaro declarou que mantém uma posição "neutra" em relação ao conflito.

- Desmatamento e mudança climática -

Biden tem sido um dos presidentes que mais aumentou a pressão sobre o governo brasileiro para que combata ativamente o desmatamento na Amazônia, que registrou os piores indicadores em uma década durante o mandato de Bolsonaro.

Durante sua campanha, o democrata prometeu se unir a outro países e disponibilizar um fundo milionário para que o Brasil detenha o desmatamento ou, caso contrário, sofra "consequências econômicas significativas".

Em uma cúpula climática organizada por Biden em abril de 2021, Bolsonaro prometeu buscar a neutralidade de carbono até 2050, dez anos à frente da meta anterior, não conseguindo convencer seus críticos de sua súbita conversão a uma agenda ambientalista.

Para Bolsonaro, o governo Biden tem uma "obsessão pela questão ambiental" que "dificulta um pouco" a relação, conforme declarou em agosto de 2021.

"É importante equilibrar a visão: Nós temos dever de casa e eles têm dever de casa. Não se trata de um pedindo coisas ao outro, mas os dois dizendo que vão fazer em termos dos compromissos que assumiram", afirmou à AFP Pedro da Costa e Silva, secretário das Américas do Itamaraty.

- Relação comercial estreita -

Apesar das desavenças diplomáticas, a relação comercial se mantém próxima.

Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. Os intercâmbios entre os dos países ultrapassaram os 26 bilhões de dólares entre janeiro e abril deste ano, um aumento de 41% em relação ao mesmo período de 2021.

A maior nação da América Latina compra dos Estados Unidos - entre os principais produtos - óleos combustíveis ou minerais e motores e máquinas não elétricas. Enquanto tem como principais itens de exportação produtos semi-acabados de ferro ou aço e aeronaves.

Não há tópicos "fora dos limites" nas conversas entre os presidentes dos Estados Unidos e Brasil, Joe Biden e Jair Bolsonaro, respectivamente, disse o conselheiro de Segurança Nacional americana, Jake Sullivan.

Em coletiva à imprensa, nesta quarta-feira, 8, Sullivan afirmou que a questão climática será tópico importante de debate entre os dois líderes durante a Cúpula das Américas, em Los Angeles. "Acreditamos que essa pode ser uma área de progresso entre EUA e Brasil".

##RECOMENDA##

Eleições "livres e transparentes" também serão abordadas por Biden. "Vamos ver o que Bolsonaro trará à mesa", disse.

O conselheiro frisou a importância de proteger a Amazônia e outras florestas e informou que um valor "modesto, mas significativo" deve ser anunciado na Cúpula diretamente para a floresta Amazônica.

Joe Biden conversará por videoconferência com o líder opositor Juan Guaidó, que ele considera presidente interino da Venezuela, no âmbito da Reunião de Cúpula das Américas, afirmou nesta terça-feira o chefe da diplomacia americana para a América Latina.

"Respeitamos e reconhecemos o governo interino do presidente Juan Guaidó, com quem Biden falará por videoconferência "hoje ou amanhã" para "discutir os temas importantes na relação bilateral", declarou Brian Nichols ao canal VPI em Los Angeles, onde acontece a reunião de cúpula.

"Por ora, é um anúncio unilateral dos Estados Unidos que estamos vendo na imprensa, não houve notificação ou coordenação alguma para isso", afirmaram à AFP fontes da equipe de Guaidó, que não quiseram ser identificadas.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando